O Mundo Dá Voltas. escrita por Cartas Ao Vento


Capítulo 52
Ela mexeu!




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Meu maravilhoso sono foi interrompido pelo barulho initerrupto de meu celular. Tateei a mesinha que tinha ao meu lado ainda de olhos fechados até pegar o bendito objeto que me acordou a sei lá que horas da manhã.

– Alô?! - Falei ainda sonolenta.

– Acorda dorminhoca. - Ouvi a voz mega animada (como sempre) de Lili.

– O que você quer em pleno sábado, às ... - Olhei pro visor do celular. - ... oito horas da manhã?

– Jura que você não sabe o que hoje significa pra mim? - Ela perguntou meio desapontada.

Forcei minha memória o máximo que consegui e quase me dei um soco na cara por tamanho esquecimento! Hojé é aniversário da minha melhor amiga e eu aqui deitada dormindo, ótima amiga eu sou.

– NÃO, CALMA. - Falei despertando-me totalmente. - MINHA LILI HOJE COMPLETA MAIS UM ANINHO DE VIDA, LÓGICO QUE É ISSO! - Ouvi um risinho abafado do outro lado da linha. - Feliz aniversário pra mulher mais incrível que eu pude conhecer na vida, aquela menina que me consolou e aquela mulher que até hoje me aguenta todos os dias de sua vida. - Lili permanecia em silêncio, ouvia-se apenas o som de sua respiração. - Desculpa não ter lembrado, você sabe que eu fico aérea quando acordo. Eu te amo muito irmã, nunca se esqueça disso.

– Você tá me fazendo chorar e tá borrando a maquiagem que eu acabei de passar. - Ela choramingou meio risonha. - Apesar da sua péssima memória... eu te desculpo. - Ouvi mais um riso abafado. - Liguei só pra avisar mesmo... aniversário de Lili sem festa não é aniversário de Lili. - E logo a voz mega animada estava de volta. - Festinha aqui em casa hoje à noite.

– Ai... hoje? - Falei manhosa.

– SIM, HOJE E NÃO ACEITO "NÃO VOU PODER IR" COMO RESPOSTA. - Falou alterada.

– Tô enjoada. - Resmunguei novamente.

– E daí? Eu morria de enjoos e nunca neguei uma saída com você durante toda minha gestação. - Respondeu birrenta. - E mais, se você não vier pode se preparando pra ficar NO MÍNIMO um mes sem sua melhor amiga por perto.

– CHANTAGISTA. - Falei irônica. - É lógico que eu vou né sua tonta, estava só fazendo charme.

– Sou mesmo. - Concluiu convencida. - E antes que você me pergunte... vão estar amigos do meu trabalho e amigos do trabalho de Bryan, você conhece alguns deles já.

– Aquela... mulher vai estar aí também?

– A Nanny?

– É. - Respondi seca.

– Acho que o Bryan a convidou... - Ela disse incerta.

– Não gosto dela. - Falei birrenta.

– Eu também não, mas é amiga do Bryan e acho que ele a convidou.

– Mas é SEU aniversário, se você não quiser não precisa chamá-la.

– Com Bryan não é assim. - Ela disse baixinho. - Mas ai daquela p... se der em cima do marido de alguém dessa festa, boto ela pra voar literalmente da janela da minha sala.

Gargalhamos juntas e nos despedimos. Só de pensar que a tal da Nanny poderia estar lá, me causou náusea. Tomei nojo da cara daquela mulher desde o dia que Bryan fez um almoço na casa dele para comemorar sua promoção de cargo na empresa e lá estava ela, com aquele vestido mega decotado, dando olhares matadores para Bruno. Eu a encarava e ela cinicamente nem se importava. Logo Bruno percebeu a minha ira e se juntou a mim em um espaço mais afastado de todos. Argh!

Me levantei da cama e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal. Caminhei até a sala e vi um bilhetinho de Bruno grudado na geladeira avisando que teve que sair cedo para resolver alguns assuntos com a banda.

Fiquei sentada certo tempo apenas admirando minha barriga, minha Marie. Era gostoso ficar imaginando como ela seria. Muitas pessoas diziam que meninas nasciam parecidas com o pai e meninos com a mãe, o que só me causava alegria, sorria involuntariamente só de pensar que minha Marie poderia ter os olhos arredondados de Bruno, olhos que eu tanto amo.

Preparei umas panquecas para mim pois por incrível que pareça me deu uma vontade enorme de comer panquecas, sentei-me no sofá e liguei a televisão para assitir um de meus desenhos favoritos: Bob Esponja. Chegava à ser engraçada a forma como eu ria sozinha, feito criança.

Comi umas três panquecas e joguei o prato de lado, continuando assistindo desenho. Minha atenção no desenho se perdeu quando senti uma leve pressão na barriga, uma cócega pra falar a verdade. Olhei para ela meio confusa e passei minha mão por cima.

Outra cócega.

Um sorriso involuntário surgiu em minha boca e logo lágrimas de felicidade percorriam por meu rosto. Minha pequena Marie se mexeu. Ela se mexeu!

Meu coração explodiu de felicidade naquele momento, permaneci com minhas mãos sobre minha barriga na tentativa de sentir mais uma vez aquela sensação tão maravilhosa e única, tão mágica!

Sequei as lágrimas que caíam e corri até meu quarto para pegar o celular. Eu tinha que compartilhar esse momento com ele, sem pestanejar disquei o número de Bruno, sentia que meu coração ia pular pela boca à qualquer momento de tanta felicidade.

– Oi vida. - Ele disse animado.

– Bruno... - Disse emocionada.

– O que houve? Tá tudo bem com você? Por que está chorando? - Uma sessão de perguntas preocupantes foram feitas.

– Tá tudo mais que ótimo, tá maravilhoso. - Respondi sorrindo. - Ela mexeu, nossa Marie se mexeu.

– Sério? - Perguntou ainda animado.

– Sim, comi panquecas e algum tempo depois ela se mexeu, foi tão mágico, tão... emocionante. - Respondi sorridente. - A Lili precisa saber disso, e por falar nela, hoje é aniversário dela, tem festa à noite, quando voltar pra casa passa na joalheria e compra um colar bem lindo pra ela?

– Claro. E quando eu chegar, vamos fazer essa princesinha se mexer de novo porque eu quero sentí-la.

Estendi um sorriso e me despedi, ligando pra Lili logo em seguida que por sua vez, ficou fascinada dizendo que foi o presente de Marie para ela.

Passei a tarde escolhendo que roupa usar, até optar por um vestido na altura dos joelhos soltinho na cor rosa bebê e uma de minhas sapatilhas favoritas, nada de salto pelo amor de Deus né. Eu sentia Marie cada vez mais viva dentro de mim e isso me deixava muito, mas muito feliz.


[...]


– Como vão minhas princesas? - Fui surpreendida por um abraço de Bruno, me envolvendo com seus braços e colocando suas mãos por cima de minha barriga.

– Muito bem papai. - Respondi risonha.

– Oi filha, mexe só um pouquinho. - Disse se ajoelhando em minha frente com as mãos ainda na barriga. Foi meigo.

– Sinto que ela tem a teimosia da mãe e só vai mexer novamente quando ela quiser. - Respondi gargalhando. - Trouxe o presente de Lili?

Bruno fez um bico engraçado e levantou-se me dando um selinho estalado.

– Vê se é bonito. - Disse pegando uma caixinha quadrada preta.

– PERFEITO! - Respondi ao olhar o colar com um pingente de dois bonequinhos; um menino e uma menina, de brilhantes.

– São a Britt e o Brendon. - Ele brincou. - Acho que ela vai gostar.

– Você tá brincando?! Ela vai AMAR. - Respondi envolvendo sua nuca com minhas mãos.


[...]


– Você está linda. - Bruno disse ao me ver pronta. - Corrigindo: você É linda.

– Não preciso dizer o mesmo né?! Você sabe que eu digo "você tá lindo" até quando você acorda com cara de urso amassado. - Gargalhamos e descemos até o carro.

Fomos o caminho todo conversando, Bruno me contando como foi o dia e eu contando mais detalhadamente como foi quando Marie se mexeu.

Entramos no apê de Lili e soltamos juntos um "uau". Bryan nos recebeu com um abraço e logo Britt e Brendon vieram correndo para nos abraçar também, impressionante como eles cresciam rápido.

– O que ela fez com esse apartamento? - Disse completamente encantada com a decoração. Luzes coloridas enfeitavam a sala completamente sem móveis, uma mesa cheia de aperitivos me chamou logo a atenção e a música altamente agradável completava o local.

– Típico de Lilian. - Bruno sussurrou em meu ouvido.

Passei meus olhos por toda a sala até encontrá-la abraçada com o Sr Desmon, seu padrinho. Andei em passos rápidos até lá e a abracei com toda a força que eu possuía.

– Ufa, é impressão minha ou você tá mais forte. - Disse sorrindo assim que soltei-a.

– Abraço duplo tá pensando o quê?! - Respondi sorrindo.

Logo Bruno também cumprimentou-a e eu virei para falar com o Sr. Desmon que me parabenizou pela gravidez, ele era um senhor muito divertido, me sentia bem com ele.

Uma música leve ecoava pela casa e logo vi pares formarem-se pela sala, unidos.  Fui puxada por Bruno e começamos à nos movimentar na melodia

– Minha. - Ele disse olhando-me fixamente.

– Sua. - respondi sorrindo. - Só sua.

Encostei minha cabeça em seu ombro e fixei meus olhos no que eu menos queria ver ali. Ela estava lá, com uma taça de champagne na mão e com aquele olhar cínico para mim. Nanny, aquela mulher me causava repulsa, nunca havia conversado uma palavra sequer com ela, porém, seu olhar não me trazia tranquilidade, era um olhar falso.

– Tô sentindo uma tontura, preciso sentar. - Falei rente ao ouvido de Bruno.

Caminhamos até um sofá que estava afastado para dar espaço na sala e sentei-me sentindo a leve tontura passar.

– Quer beber alguma coisa? - Bruno perguntou assim que me sentei.

– Pega um copo de coca? - Falei quase infantil.

Observei ele se afastar e logo o perdi em meio à multidão.


Bruno POV:


Andei até a mesa e servi um copo com coca e outro para mim, com champagne. Senti mãos finas e delicadas tocarem meu braço quando ia me afastar para voltar ao sofá.

– Olá Bruno. - Olhei em direção à voz feminina e avistei Nanny com um sorriso travesso no rosto.

– Olá, Nanny. - Respondi voltando à caminhar.

– Preciso conversar com você. - Ela disse ainda segurando em meu braço.

– Vamos até o sofá, minha esposa está lá, podemos conversar juntos. - Falei desvencilhando meus braços de suas mãos.

– Não, eu quero conversar com você, só com você. - Disse com um olhar sedutor.

– Seja breve. - Respondi seco.

Coloquei os copos de volta na mesa e respirei impaciente, sabendo que se Jessie me visse conversando com ela, poderia tirar conclusões precipitadas e ficar irritada.

– Lembra de quando Bryan nos apresentou?! - Ela foi falando com o mesmo sorriso travesso do primeiro olá. - Você não era casado com essa songa monga... nós nos div...

– Ela é minha mulher e eu exijo que você dirija-se à ela como Jessie. - Interrompi-a irritado.

– Você não era casado com a Jessie. - Continuou irônica. - Nós nos divertimos áquela noite.

– Só isso? - Questionei impaciente. - Diversão, isso que você foi naquela noite. - Respondi friamente, pegando os copos da mesa novamente.

Senti seus olhos pousarem com ira em mim. Soltei um ar pesado e segui até o sofá, onde Jessie já estava acompanhada por Lili.

– Foi fabricar a coca? - Lili indagou brincalhona.

– Você acha que é fácil se desviar da quantidade de gente que tem aqui? - Respondi com um sorriso tentando fugir daquele assunto. - Desde quando você tem tantos amigos? - Brinquei entregando a coca para Jessie.

– A grande maioria são amigos de Bryan. - Ela disse parecendo irritada.

– Vi aquela mulher aqui. - Jessie disse dando um olhar cúmplice para Lilian. Será que ela havia visto que eu conversei com a Nanny? Eu sabia a repulsa que ela causava em Jessie, por isso evitava ao máximo qualquer contato com ela.

Fui salvo daquele clima estranho que se formara por Bryan que chegou me puxando para uma roda de amigos do trabalho dele.


Jessie POV:


– Vou pegar algo pra você comer, deve estar com fome né princesa? - Lili disse animada, pondo suas mãos em minha barriga. Ponto! Eu estava mesmo com fome.

Continuei sentada bebericando minha coca quando senti um perfume doce exalar ao meu lado.

– Oi. - Uma voz não conhecida por mim disse num tom não muito agradável.

Virei-me para o lado e fechei o sorriso que eu mantinha até então.

– Oi. - Respondi seca. O que aquela mulher queria comigo?

– Sou a Nanny... mas isso você já deve saber. - Disse sarcástica. - Como vai o bebê?

– Muito bem, obrigada. - Respondi forçando um sorriso.

Ela desceu seu olhar até minha barriga e fez uma careta estranha.

– Boa sorte na gravidez. - Disse levantando-se do sofá. Senti a falsidade em cada sílaba pronunciada.

Contei até três assim que ela saiu e respirei fundo. Que nojo!

– Tá tudo bem? O que essa puta queria? - Lili disse irritada me entregando um prato bem apetitoso.

– Veio com um papo estranho, desejando "boa sorte" na gravidez. - Respondi pondo uma garfada de comida na boca, estava deliciosa por sinal.

– Desculpa por isso, eu não a convidei, foi Bryan. - Lili disse encarando o chão. - Argh! Não suporto essa mulher.

– Somos duas. - Respondi bebericando a coca.

Vi que Lili riu ao notar que eu tinha acabado com o que ela me dera em menos de 3 minutos e fiz uma careta.

– Não tem graça.

– Comigo realmente não tinha, mas vendo você... tem sim. - Ela continou rindo.

Um movimento forte fez eu soltar um resmungo e rapidamente as mãos de Lili voaram para minha barriga.

– Mexe Marie. - Ela dizia birrenta.

Alguns segundos depois um movimento um pouco mais fraco aconteceu novamente.

– QUE LINDA DA TITIA. - Lili berrou alegremente.

Rolei os olhos pela sala até encontrar Bruno, queria que ele sentisse. Acenei assim que o encontrei e logo ele veio rapidamente.

– Perdeu ela se mexendo lalalalalala. - Lili zombou de Bruno, que por sua vez deu língua para ela.

– Marie está de birra comigo, é isso mesmo? - Ele resmungou colocando suas mãos na minha barriga na tentativa de sentí-la.

Nada.

– HORA DOS PRESENTES. - Bryan gritou no meio da sala fazendo todas as atenções voltarem-se para ele.

– OBA! - Lili saltitou do sofá e foi para perto dele.

Ela ganhou de tudo, seu sorriso era contagiante.

– E por fim, o nosso presente. - Bruno disse agarrado à mim.

Entreguei a sacolinha presenteável e ela logo esboçou um sorriso ao ver a caixinha preta que ela já conhecia bem.

– NOSSA SENHORA DOS BRILHANTES PERDIDOS, acho que achei todos os brilhantes perdidos nesse colar. - Todos gargalhamos e ela veio em minha direção, virando-se para que eu colocasse o cordão em seu pescoço.

– São meus bebês. - Murmurou ao meu ouvido enquanto me dava um abraço.

Sorrimos juntas e ela pegou Britt e Brendon no colo, dando um beijo na bochecha de cada um e mostrando è eles o pingente que representava cada um deles.

Passamos mais umas horas dançando e fotografando, eu tentava ignorar ao máximo a presença de Nanny. Ela me olhava vez ou outra com uma certa ira nos olhos e eu nem sabia o porquê.

– Vamos embora? - Disse rente ao ouvido de Bruno, que assentiu positivamente com a cabeça.

Nos despedimos de Lili e Bryan e mandei um beijo pras cranças que já dormiam.

Meus olhos já se fechavam quase que por impulso de tanto sono. Bruno me aconchegou delicadamente no banco do passageiro e seguimos tranquilamente até minha casa.

Acabei nem percebendo quando chegamos em casa, quando me dei conta já tinha sido deitada na cama e aconchegada no peito quente de Bruno.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo.
Espero que gostem =P