O Mundo Dá Voltas. escrita por Cartas Ao Vento


Capítulo 46
Melhor assim.




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Acordei no dia seguinte completamente nauseada com o cheiro fortíssimo de ovo que vinha da cozinha. Eca! Corri pro banheiro com aquela vontade enorme de vomitar, porém, nada foi expelido.

- Tá se sentindo bem? - Ouvi Bruno perguntar ao me ver de cabeça baixa encostada no chão do banheiro.

- O que você acha? - Respondi seca. Puta que pariu, além de enjoada eu estava de mal humor?!

- Não me trata assim. - Ele falou já se agachando ao meu lado. - Foi algo que eu fiz?

- Foi. - Respondi tampando a boca com as mãos, já sentindo a forte náusea de novo.

- Então me fala o que foi, posso consertar. - Ele disse mexendo em meus cabelos.

- Dá um jeito de tirar esse cheiro horrível de ovo frito que tá em você e na minha cozinha. - Falei ainda com a boca tampada. - Desinfeta isso Bruno, agora.

- É isso? Tá brincando né?! - Ele falou prendendo um riso. - Você nunca reclamou do cheiro de ovo frito e eu estava com fome, foi o mais prático à fazer.

Dei um olhar matador nele, tão matador que nem precisou de palavras para ele perceber que eu o queria fora dali. Fiquei sentada no chão do banheiro por uns minutos, sentindo as várias ameaças de vômito que insistiam em aparecer. Depois de um certo tempo sentada, tive coragem de levantar e tomei um banho frio, bem frio na verdade.

- Tudo limpo na cozinha. - Ouvi Bruno falar da porta do banheiro.

- Melhor assim. - Falei me enrolando na toalha. - Agora vai você, fique limpo, sem cheiro de ovo, ou nem um beijo na bochecha vai ganhar hoje.

- Nem quero arriscar. - Ele falou rindo. - Me empresta aquele seu shampoo novo?! Eu sei que é "só seu", mas eu gosto tanto do cheiro dele.

- Escondi de você na minha bolsa. - Falei rindo. - Pega lá.

Virei pra secar meu cabelo e após feito, fui para a sala, fiz uma salada de frutas e sentei-me no sofá. A tv ligada servia apenas de enfeite, pois meus pensamentos estavam em como eu ia contar para Bruno que logo ele seria pai. Nós já havíamos falado nisso várias vezes, Bruno sempre sorria ao pensar na possibilidade de ter um filho comigo, acho que não seria algo tão difícil de se contar.

Depois de um certo tempo apenas sentada com minha enorme tigela de frutas, vejo Bruno vindo um tanto quanto sério do quarto.

- Que foi? - Perguntei pondo mais uma colherada de frutas na boca.

- Nada. - Ele respondeu com um sorriso de canto.

- Tem certeza? - Perguntei insistente.

- Vem pra cá. - Ele falou fazendo sinal com os dedos.

Levantei-me e caminhei até a cozinha para pôr a tigela na pia. Me sentei perto de Bruno que logo me envolveu num abraço apertado seguido de um beijo colado.

- Quer me contar algo?! - Ele me perguntou olhando nos olhos.

- Por que a pergunta? - Fiz-me de desentendida.

- Por que não me contou logo? - Ele disse esboçando um sorriso enorme. Gelei. 

- Bruno... - Falei desviando o olhar do dele.

- Jéssica... - Jéssica?! Quase nunca ele me chamava assim. - Eu já sei de tudo.

- S-sabe? - Perguntei meio alienada.

- Eu te amo. - Ele disse segurando meu rosto com as duas mãos. - Você não sabe a alegria que está me dando com essa gravidez. É uma dádiva Divina.

Meus olhos encheram-se de lágrimas no mesmo instante. 

- Como soube? - Perguntei chorosa.

- A bolsa... - Ele falou ainda com um sorriso bobo no rosto. - Vi uns papeis da mesma clínica que Lili fez todo o acompanhamento da gravidez no seu nome. Fiquei curioso e abri.

- Você é muito cara de pau. - Falei secando umas lágrimas dos olhos. - Se bem que foi melhor você descobrir por si só.

Bruno apenas esboçou outro sorriso e me abraçou dando-me selinhos distribuídos pelo rosto e pescoço.

- Menino ou menina? - Ele falou entre os beijos.

- Não sei. - Falei rindo. - Você tem alguma preferência?

Bruno me olhou nos olhos novamente, numa expressão "pensativa",

- Acho que não. - Ele respondeu alguns segundos depois. - Se for menino, vai ser lindo, vai me puxar modéstia a parte.

- QUE BOBO! - Falei jogando uma almofada nele.

- Mas se for menina... ah se for menina vai ser como você. Pele clara, cabelos cacheadinhos e castanhos. Boca em formato perfeito. Uma princesa. - Ele falava enquanto acariciava minha pele.

- Meu cabelo é liso. - Falei já esperando algo debochado vir dele.

- Por conta desses produtos químicos que você VAI SER OBRIGADA à parar de usar. - Ele falou devolvendo a almofadada que havia levado.

- Mas meu cabelo cacheado fica feio. - Falei fazendo bico.

- Mentirosa. - Ele disse me envolvendo com os braços à frente dele. - Quer almoçar fora hoje?

- No japa! - respondi animada. - E quero Lili, Bryan e as crianças junto.

- Ótimo. Vamos comemorar. - Ele falou sorridente.

.

.

- Como ele descobriu?! - Lili insistia na pergunta por todo o percusso que fazíamos até chegar ao toalete do resutarante.

- Calma mulher. - Era só o que eu respondia, deixando-a irritada. - Tá, senta aí agora.

- Pronto, desembucha! - Ela falava balançando os pés loucamente de tanta curiosidade.

Expliquei todo o ocorrido e tive de suportar aqueles gritinhos de felicidade insuportáveis que ela tinha que dar sempre que ficava animada com uma notícia.

- Parabéns papai. - Ouvimos Bryan falar enquanto cumprimentava Bruno com um aperto de mão.

- Que louco. - Ele dizia rindo.

Almoçamos e rimos bastante. Mais rimos do que comemos pra falar a verdade. Britt e Brendon estavam enormes, já falavam de tudo (ou quase). Crianças precoces, como dizia Bryan. E eu me arrepiava só de pensar que daqui a uns tempos eu estaria com o meu (ou a minha) bebê no colo, amamentando e dando todo o carinho possível. Carinho que eu sempre recebi de minha mãe quando pequena.

.

- Tenho que passar na agência. - Falei logo que entrei no carro.

- Pra? - Bruno falou olhando as horas.

- Pra falar com Allan ora essa. - Falei meio ... óbvia. - Estou ficando irresponsável nos meus deveres, faz tempo que não passo um dia inteiro cuidadno dos assuntos de lá com ele. Culpa sua.

- Culpa minha? - Ele falou gargalhando. - Eu sei que você prefere mil vezes ficar comigo, do que lá, com ele. 

- Convencido. - Falei mimada.

.

- Apareceu a margarida. - Allan falou ao me ver entrar na sala. - Hm... e o insuportável também. - Mudou completamente o tom da voz ao ver Bruno.

- Boa tarde pra você também Allan. - Bruno respondeu meio provocativo.

- Não começem. - Falei encarando os dois. 

- Almoçou bem hoje, borboleta? - Allan falou ignorando totalmente a presença de Bruno.

- Maravilhosamente bem. - Respondi com um sorriso. - E ah, ele já sabe.

- Sério que fui o último à saber Jessi? Sério isso? - Bruno disse enquanto folheava umas revistas.

- O último foi Bryan. - Respondi gargalhando.

- Parabéns viu insuport... Bruno. - Allan ia insultando-o novamente, só parou porque eu lancei um olhar matador nele. - Você não merece ela, mas parabéns mesmo assim.

- Obrigado pela parte que me toca. - Bruno riu de canto.

- Vocês são muito estranhos. - Falei observando a vontade de Allan de cumprimentar Bruno com um abraço. - Muito estranhos mesmo.

- Ele me provoca, você que não vê. - Allan disse pondo as mãos na cintura. - Tá cega de amor também né.

- Besta. -. Falei gargalhando. - Então, quer ajuda em algo?

- Se for ficar aqui avisa que eu vou embora. - Bruno falou num tom meio tosco. 

- Agora que eu já organizei tudo? - Allan falou debochado. - Nem precisa Jessi. Mas amanhã te quero aqui, tá ficando muito folgada. Só porque sabe que eu não tenho coragem de demití-la, ainda mais agora.

- Ela não precisa trabalhar para viver. - Bruno falou intrometido.

- Não te perguntei nada ô insuportável. - Allan falou arqueando as sobrancelhas. - Ai desculpa Jessi, mas seu marido é muito chato que que isso. Você jogou purpurina na cruz pra merecer isso. Tinha ninguém melhor não?

- Ele é o melhor. O meu melhor! - Falei gargalhando. - Tchau meu amor. - Falei dando um beijo na bochecha de Allan.

- Tchau meu amor. - Bruno falou me imitando, porém, sem beijo na bochecha como já deve-se imaginar.

- Hum. É um insuportável mesmo. - Ouvi ele resmungar enquanto saíamos.

Fomos para casa e passamos o resto do dia inventando guloseimas na cozinha. Boa parte delas dando errado, mas a diversão foi garantida.


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