I Feel Pretty Unpretty escrita por GabanaF


Capítulo 7
Epílogo — Into Your Arms


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas lindas, como vocês estão? Espero que bem. Enfim, eu prometi a vocês um epílogo, para terminar bem essa fic, e antes de deixar vocês lerem, só queria dizer obrigada para todas que deram reviews dizendo do que gostaram, do que não gostaram e principalmente me apoiando.
Só vamos dizer que o que algumas queriam desde o começo da fic se torna realidade aqui, neste epílogo... Espero que curtam!



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— Não precisa dizer nada.

Minha boca se abriu num esgar surpreso. Presumi que meu salto alto denunciava minha presença no telhado do hotel em que nós nos hospedávamos em New York. Rachel havia dito a frase num tom misericordioso, como se esperasse que eu estivesse ali apenas para ralhar com ela pelos últimos acontecimentos do dia.

Eu sabia que aquilo aconteceria. Sabia desde o velório de Jean, quando Finn terminara comigo, sabia desde o dia em que tínhamos começado a namorar oficialmente. Eu sempre soube que ele faria aquilo, que tentaria de tudo para que Rachel ficasse ao lado dele, ignorando todos os sonhos e esperanças dela de ser uma estrela.

Aquele maldito tinha beijado ela no palco das Nacionais.

Assim, no meio de duas mil pessoas. Com Jesse e Mr. Schue na platéia, com os jurados olhando para eles como se fossem dois malucos, desperdiçando a primeira grande chance de um grupo de coral de excluídos vindo de uma cidadezinha de Ohio. Ele arruinara nossas chances de termos o mínimo de orgulho sobre o que fazemos de melhor sem sequer pestanejar.

— Não estou aqui para isso, Rach — falei num tom protetor, me aproximando dela lentamente. Rachel estava encostada na sacada do prédio, balançando de forma perigosa entre os vinte andares que nos separavam da rua movimentada lá em baixo e o nosso chão. — Você sabe que eu jamais faria isso.

É claro que eu não colocaria Rachel numa posição desconfortável em relação ao beijo, ela era minha melhor amiga, eu estava lá para dizer que tudo terminaria bem (assim que eu descobrisse como acalmar os membros do Glee, especialmente Santana). Quem eu deveria realmente socar a cara era Finn Hudson.

Antigamente, Finn era um cara bobo, porém lindo, que me fazia rir. Ele era bizarramente alto e isso o deixava muito atrapalhado, mas era legal assisti-lo sendo tão descoordenado. Então, de uma hora para outra, ele era Finn, o idiota, o garoto que não tinha respeito nenhum pelos sentimentos de Rachel, brincando com eles enquanto saía comigo apenas por que ela, num momento de tristeza e chateação, tinha saído com o Puck.

Finn mudou drasticamente. Ele continuava sendo descoordenado, mas meu ódio por ele crescia. O garoto tinha plena certeza do que estava fazendo e não se arrependia em nada por isso. A gente se envolveu num jogo horroroso, em que um usa o outro, e tudo isso teve um péssimo fim no baile. Éramos para termos sido rei e rainha, só que aquele idiota não podia ver Rachel se divertindo e tendo um ótimo tempo com Jesse. Ele tinha que intervir.

Perdi a coroa. Perdi todo o pouco respeito que tinha conseguido depois da história da Lucy Caboosey, pois todo mundo naquele colégio preconceituoso tinha votado em Kurt. Felizmente, eu tinha Rachel. Eu, bem, não me orgulho em dizer que bati nela no calor do momento, mas ela me ajudou mais do que Finn jamais ajudaria. Afinal, ela correu atrás de mim, não de Jesse.

— Me sinto uma babaca — desabafou Rachel. Cheguei perto o bastante dela para notar uma garrafa de vodka pela metade na mão dela. Perguntei-me onde ela arranjara aquilo. — Você me avisou disso. Eu lembro. Quando cantou Wonderwall para mim. Você disse que eu não poderia voltar com ele mesmo que ele me beijasse no palco das Nacionais.

Rachel deu um soluço, tentando contê-lo com as costas da mão. Tirei a garrafa dela, deixando-a de lado. Ela tentou reclamar, pegá-la de volta, mas logo caiu nos meus braços, chorando. Acariciei seus cabelos, dando-lhe um beijo na testa enquanto ouvia os gemidos e sussurros dela no meu peito.

Doía ver Rachel daquela maneira, talvez mais do que deveria. Ela era uma estrela, me peguei pensando ao observar as luzes do Empire State Building brilhando no horizonte. Rachel era demais para Lima, ela pertencia a New York, mais do que ninguém. Eu não permitiria que alguém como Finn a segurasse naquela cidadezinha.

— A questão agora é... — disse cuidadosa, soltando-me do abraço de Rachel para encará-la. — Você voltaria com ele?

— Não — respondeu Rachel num fiapo de voz, me largando e voltando a encarar fixamente o horizonte.

Minha reação nesse momento foi estranha. Pareceu que minha mente ficou feliz em ouvir a decisão final e difícil de Rachel. Como se um peso enorme havia saído das minhas costas. Tentei esconder o sorriso, mas acabei sendo pega.

— O que foi?

— Nada! — exclamei nervosa. Rachel riu da minha inquietação. — Não é nada, que coisa!

— Qual é Quinn, te conheço! Alguma coisa tá acontecendo.

As lágrimas de minutos atrás foram substituídas por um sorriso maroto. Rachel virou-se para mim com um olhar divertido e me atacou inesperadamente, me abraçando pela barriga numa tentativa de fazer cócegas, o que teria dado certo se ela não tivesse enrolado seus braços completamente em volta da minha cintura e me olhando hipnotizada, parecendo que era a primeira vez que me via de verdade.

Engoli em seco. Meu cérebro dizia que deveria continuar com os órgãos vitais em movimento, porém a imagem de Rachel me olhando de baixo para cima com os olhos tão famintos à procura de algo inexistente por ali varreu tudo da minha cabeça. Por um momento, só houve eu, ela e a bela New York como plano de fundo.

E todos os sentimentos da noite do baile vieram à tona novamente.

Afastei-me bruscamente de Rachel, mantendo o máximo possível de distância entre nós duas. A noite do baile fora um desastre, uma das piores da minha vida, mas durante a madrugada do sábado enquanto eu pensava no abraço que Rachel me dera depois de eu ter lhe batido, foi o momento mais assustador.

Sentimentos. Coisas confusas. Figuras imaginárias de Rachel e eu em New York com sorriso a todos que passavam, felizes por estarem ali juntas. Um pequeno toque. A sensação de saber que a pessoa que fizera parte por tanto tempo na sua vida e você pensava que ela não significava nada até bater na cara dela.

Eu havia me apaixonado por Rachel.

Incrível, eu sei. Talvez nem fosse de verdade. Fosse uma ilusão. Era preferível dessa forma. Talvez tendo alguém que se importasse comigo pela primeira vez na vida me fizera questionar os sentimentos que eu sentia por ela. Talvez... Sentir-se amada faz você se perguntar esse tipo de coisa.

— Quinn, o que foi? — indagou Rachel tentando se aproximar de mim. Afastei-a com um empurrão delicado e me cheguei mais perto da porta do terraço. — O que tá acontecendo?

— Eu escrevi Pretending — disse num suspiro só.

Minhas mãos tremiam conforme a compreensão invadia o rosto de Rachel. Procurei a maçaneta da porta, querendo me afastar o máximo possível da majestosa vista de New York, do medo de Rachel. Queria me afastar de mim também.

— Como...? — A voz de Rachel falhou, obviamente buscando os versos da música na cabeça. — Isso é impossível, Finn e eu...

— Finn não escreveu nada — disse com desgosto, a da maçaneta sumindo magicamente da porta, me deixando trancada com Rachel no terraço. — Depois do seu encontro no Central Park, ele pediu ajuda aos garotos. Eu estava no quarto e me ofereci. Ele me fez prometer que eu não diria nada. Mas aquele babaca estragou tudo beijando você.

Eu precisava focar meus sentimentos. Após o término do namoro, as pessoas pensavam que continuava querendo algo com Finn, por causa da confusão das minhas palavras, do meu olhar perdido na maioria das reuniões do Glee durante a semana em New York, mas a verdade era que eu necessitava de tempo para ter certeza do que estava sentindo. Escrever uma canção parecia ser a perfeita válvula de escape.

Finn me agradeceu quando entreguei a letra a ele no começo da noite anterior. Disse que era exatamente como ele se sentia em relação a Rachel. Se Mr. Schue permitisse um dueto entre meninas, eu teria o maior prazer de matar Finn ali mesmo naquele quarto de hotel. Provar por que eles todos me consideravam uma serial killer.

Mas não. Precisávamos dele. Meu orgulho ferido poderia agüentar algumas horas até a nossa maravilhosa apresentação para mais de duas mil pessoas num palco das Nacionais. Ganhar um troféu daquele tamanho para preencher mais espaço na sala de coral. Me sentir viva de novo sem precisar de Rachel ao meu lado.

Então ele beija Rachel no palco das Nacionais. Destruindo nossas chances, detonando com todo o trabalho duro de um ano por causa do maldito orgulho ferido dele, sem jamais pensar uma única vez no time. Acho que é isso que se ganha com trabalho duro.

Rachel permanecia terrivelmente quieta. Deixara-se escorregar na parede, sentando no chão sujo do terraço. Olhava-me, assemelhando a letra da canção com o que tínhamos passado juntas, com o que eu já tinha lhe confiado. Ela conhecia cada parte de mim mesmo, não teria como negar nada.

— Foi mal, Rach — eu disse por fim, sentando-me ao lado dela. — Eu jamais iria lhe contar. É informação demais, eu sei, mas eu prometo nunca mais te atormentar com isso. Podemos continuar amigas.

Hesitei ao tocar seu braço para acalmá-la. Seria seguro? Ela não se mexia ainda, poderia desviá-la do óbvio estado de choque. Passei a língua pelos lábios, corajosamente levantando os dedos da mão para tentar tirá-la de seu estado.

— Gardênia.

Meus dedos formigaram e se uniram num punho fraco que caiu ao meu lado. Se Rachel tinha ficado impressionada com minha revelação de há pouco, eu poderia dizer o mesmo da única palavra sussurrada que ela tinha dito.

Meu corsage do baile era de gardênia. Não era possível, Finn disse que ele o comprara sem ajuda de ninguém. Claro, eu não confiava cem por cento nele, mas pensei que daquela vez ele estava feliz por estar comigo e que nos divertiríamos no baile.

Estava terrivelmente errada, porém eu mantinha o corsage na minha caixinha de jóias como uma pequena lembrança da noite que eu percebera meus sentimentos por Rachel.

— Foi v-você? — Minha voz estava fraca, rouca pelo vento frio que passava naquelas alturas. Rachel tinha escolhido meu corsage de uma das noites mais confusas da minha vida, claro que tinha sido.

Rachel confirmou e enfiou a cabeça dentre os joelhos, parecendo querer começar um enorme berreiro. Talvez fosse a bebida, mas Rachel estava mais emotiva que o normal. Dessa vez, não vacilei em mostrar meu apoio por ela colocando minha mão em seu ombro, afagando-o num movimento silencioso.

— Sabe o que ela significa? — ela indagou por entre suas pernas, o tom de voz abafado. No entanto, Rachel não esperou para responder num murmúrio apressado: — Amor secreto.

Definitivamente, essa noite ultrapassou a noite do baile. Vê-la tão desesperada por causa de um simples arranjo de flores foi bonitinho, mas eu jamais queria ver outra vez. Doía demais ver Rachel ruim por minha causa.

— Será que eu vou ter que acalmar as pessoas aqui? — indaguei com um risinho bobo, que fez Rachel imediatamente levantar a cabeça, os olhos molhados de lágrimas. — Então a gente se ama, grande coisa.

Era, sim, grande coisa. Enorme. Gigante. Tínhamos todo o mundo para enfrentar se quiséssemos assumir, mas não era tão importante naquela hora. Era Rachel e eu, pelo amor de Deus. Não tinha grande coisa nisso. Metade do colégio já nos olhava estranho só por sermos amigas, algumas raspadinhas a mais não fariam diferença.

Rachel riu fracamente. Desisti de acariciá-la para englobá-la nos meus braços, como fiz muitas vezes naquelas últimas semanas. Bizarro pensar nisso, mas eu gostava de imaginar que eles se uniam. Nunca diria isso a Rachel, mas era interessante pensar que, de alguma forma, nos completávamos.

— Acho que eu te amo mesmo — admitiu Rachel depois de algum tempo, tirando a cabeça do meu ombro e me olhando profundamente. Acenei feliz, mas ela não me deu tempo para pensar ao mover sua boca alguns centímetros para colá-la na minha.

***

— Então? — perguntou Santana com um sorriso presunçoso.

Olhei para ela, começando a me arrepender de tê-la chamado pra passar a noite na minha casa. Nós estávamos nos dando bem depois do baile, pois a única coisa que nos restou fazer foi apoiar Kurt. Além disso, metade da nossa amizade se baseava em brigas, então eu não deveria estar chateada em relação ao fato de termos competido por duas longas semanas.

Tínhamos chegado da bela e mágica New York há menos de dois dias, porém eu não chamara Santana por que estava com saudades. Eu não conversava ou via Rachel desde o dia da nossa conversa no terraço do hotel. Ela sabia que estaríamos presas juntas por mais algumas horas, e logo arranjara um ótimo esconderijo.

Eu não agüentava manter meus sentimentos escondidos. Tudo bem, eu fora muito boa em guardá-los no fundo do meu coração durante muito tempo, mas era diferente antes. Eles nunca envolviam amor e essas coisas caretas (à exceção da época em que gostava de John).

Eu amava Rachel, e precisava desabafar sobre isso. Kurt sempre seria a primeira opção para, hm, casos como aquele, mas ele era amigo de Rachel e Senhor que me proteja se informações extras das que eu havia contado chegasse às mãos dela. Preferi Santana: ela não era uma lésbica assumida, mas tinha se assumido para mim os sentimentos que tinha por Brittany, além de somente se dirigir a Rachel para insultá-la. Ela me ajudaria a lidar melhor com a situação.

— Eu... — comecei, torcendo as mãos no colo, nervosa — tenho sentimentos por Rachel.

Inspirei, querendo colocar todo o ar ao nosso redor em meu pulmão. Santana, por outro lado, nem se mexeu. Sequer mudou a expressão no rosto.

— Eu sei — disse simplesmente.

Minhas mãos pararam de tremer. Encarei-a com incredulidade enquanto um sorriso maroto começava a tomar conta do rosto daquela vadia.

— Além de amizade, eu digo — acrescentei, mas Santana já ria alto.

— Fabray, eu sei que você gosta do hobbit desde o primeiro dia de aula do primeiro ano. — Ela soltou outra gargalhada, como se minha dor constante fosse a coisa mais engraçada do planeta. — Eu vi você trombar com ela assim que te apresentei à escola, vi seus olhos perseguirem ela até sair de seu ponto de vista. Achei que naquela semana do dueto de vocês, admitiria o que sentia por ela. Pelo jeito estou errada, ou você errou a semana.

— Idiota — murmurei irritada, mas minha voz não se estendia à minha expressão risonha. — Como você pode guardar isso para si durante três anos?

— Faço a mesma pergunta.

Aquela era Santana Lopez, senhoras e senhores. Minha melhor amiga e ao mesmo tempo pior inimiga. Fazendo-me perguntas sem respostas desde o primeiro dia em que nos vimos.

— Eu odeio você — falei séria, o que era inglês para “obrigada por ouvir a maior revelação da minha vida e não fazer alarde sobre”. Ah, e também, “eu te amo”.

— O que vai fazer? — ela indagou após alguns minutos, distraída com minha coleção de CDs e DVDs. — Em relação a Rachel.

— Talvez esperar que ela apareça — respondi dando de ombros. — Não a vejo desde New York.

Santana virou-se para mim, indignada.

Tu eres loca? Não pode esperá-la para sempre. Aposto que ela tá deitada nesse momento no quarto dela com Kurt reclamando por que você não foi atrás dela depois do sexo que fizeram. — Ela voltou à atenção à prateleira, como se não tivesse dito nada demais.

— Nós só nos beijamos, Santana — retruquei, corando fortemente. A menção do beijo que Rachel me dera ainda me deixava desconfortável.

— Foda-se. A questão é que você não pode esperar para fazer seu movimento, ou ela vai direto pros braços do T-Rex.

Latina filho-da-mãe, a amiga que eu tinha. Embora eu odiasse concordar com Santana, tinha que admitir que — talvez — ela estivesse certa. Droga, não havia talvez. Santana estava certa. Em todos os sentidos, em todas as maneiras. Eu não poderia esperar nenhum minuto a mais, eu estava perdendo Rachel aos poucos. Isso não deveria acontecer. Quer dizer, se não pudesse haver romance, eu precisava de sua amizade.

— Ei — chamou Santana depois de alguns minutos.

Ergui meus olhos e a encontrei com um CD da banda The Maine nas mãos. Exibia um de seus sorrisos vitoriosos e de total vadia quando a compreensão chegou ao meu cérebro relativamente lento.

— Não... — murmurei debilmente, negando com a cabeça. — Não, Santana, isso é estupidez!

Quem disse que Santana Lopez ouvia minhas palavras? Ela pegou minha mão e me puxou para fora da cama, correndo loucamente pelas escadas da mansão Fabray, louca para sair dali e entrar em seu carro.


— Santana, você tem sérios problemas! — exclamei num sussurro urgente quando o carro dela parou em frente à casa dos Berry. — Não vou fazer isso, pode esquecer.

— Fique quieta, Fabray, você vai fazer isso, sim — ela retrucou irritada ao estacionar e pegar o stéreo que havia roubado do meu quarto para aquela maluquice.

Era mesmo maluquice. Discutir durante todo o caminho com ela não tinha adiantado muita coisa, a não ser convencê-la a parar num bar de um conhecido dela em Lima Heights para me comprar uma dose de uísque, o que Santana tomou como um sim à sua decisão maluca.

Não, eu não iria fazer aquilo. Não mesmo. O uísque era somente para acalmar meus ânimos, afinal eu veria Rachel novamente depois de dois dias. Qualquer pessoa normal estranharia meu comportamento, no entanto, a garota aqui tinha certos problemas quando mencionavam que iria encontrar pessoas que amavam secretamente durante pouco mais de dois meses.

— Está pronta? — indagou Santana com seu sorriso maligno e característico no rosto após me empurrar para fora do carro, causando na minha mão um arranhão enorme. Ela caminhava decidida pelo gramado perfeito dos Berry, numa mão o stéreo, e na outra segurando a minha machucada, o sangue prensando entre elas.

— Não, agora muito menos! — respondi irritada.

— O quê? O que foi? — perguntou ela inocentemente.

— Minha mão tá sangrando, filha-da-mãe! — eu disse; larguei-me de Santana e fiz com que ela se virasse para mim. Estávamos em baixo da janela de Rachel e eu podia ouvir sussurros vindos de seu quarto. O que significava que qualquer coisa que eu e Santana disséssemos ali, as duas pessoas que estavam no quarto de Rachel ouviriam. — Você não percebeu o sangue enquanto a segurava, não?!

Santana me fitou incrédula.

— Amor... — ela chamou num tom perigosamente fofo. — Você entrou em Lima Heights hoje. Viu como é lá. Sangue nas mãos é a coisa menos perigosa que se pode encontrar.

Meu queixo caiu enquanto tentava descobrir se sentia medo ou se ficava assombrada pelo fato de Santana continuar viva. De fato, o bairro dela tinha tudo o que ela clamava na escola. Inclusive bares que dão bebidas a menores.

— Agora, você vai fazer isso, e então Rachel vai cair diretamente em seus braços. — Ela soltou uma risadinha. Ligou o aparelho de som e escolheu a música que eu deveria cantar, lembrando-me do dia em que cantei a Rachel Wonderwall.

A música começou a tocar no volume máximo, atraindo a atenção de dois velhos que passavam no meio da rua calma dos Berry. Eles nos encaravam em total desaprovação, ralhando em voz alta por causa do barulho que estávamos fazendo. Santana gritou com eles em espanhol e os dois foram embora mais irritados, reclamando de como os jovens haviam mudado.

— Quinn! — exclamou ela ao perceber que a luz da sala dos Berry fora ligada. Hiram poderia gostar de mim por aqueles tempos por eu ser a única a suportar suas maratonas de Rock Band, mas eu duvidava que Leroy ignorasse os pedidos dele de me mandar para a cadeira naquele momento. — Você tem que cantar! Essa é uma parte necessária de qualquer serenata!

I'm falling in love, but it's falling apart… — comecei a cantar já no refrão junto com John, mas minha voz foi falhando e falhando até não existir mais. — Santana, não dá! Sinto muito...

— Puta que pariu Quinn, continua cantando! — gritou Santana com o stéreo acima de sua cabeça e apontando para a janela de Rachel.

Rachel se debruçava na sacada de seu quarto, tentando decifrar quem seria a louca que estava tocando The Maine às onze da noite para ela. Quando me viu, entretanto, seu sorriso que sempre me iluminava quando estava cabisbaixa surgiu em seu rosto. Ela acenou para mim, e isso, mais do que os gritos e os xingamentos de Santana, foi o que mais fez a continuar com a serenata.

She made her way to the bar

I tried to talk to her

But she seemed so far

Outta my league

I had to find a way to get her next to me


— Muito bom! — comemorou Santana pulando no gramado, parecendo uma completa maluca. Acho que eu nunca a tinha visto tão alegre sem o assunto envolver Brittany. — Continua!

Rachel riu com a aprovação de Santana e também fez movimentos para que eu continuasse. Meu pescoço doía de tanto olhar para cima e olhar o semblante surpreso e apaixonado dela, mas mais tarde, pensei que tudo valeria à pena se fosse por Rachel.


I need to find my way back to the start

When we were in love

Things were better than they are

Let me back into...

Into your arms

Into your arms


O sorriso de Santana diminuiu um pouco quando Hiram e Leroy saíram pela porta da frente da casa, de roupões e expressões totalmente confusas. Ela apressou-se a explicar tudo com gestos, apontando entre Rachel, na sacada com seu sorriso enorme, e eu, que estava começando a achar a ideia de Santana não tão boba agora.


Oh she's slipping away

I always freeze when I'm thinking of words to say

All the things she does

Make it seem like love

If it's just a game

Then I like the way that we play


Então, Rachel desapareceu da sacada. Correu para dentro de seu quarto, me fazendo franzir a testa e parar de cantar por um segundo. Olhei perdida para Santana, mas ela continuava sorrindo animada, e estava meio que começando a me assustar. Quer dizer, Santana Lopez feliz longe de Brittany era um momento raro.

E bizarro.

A música continuava tocando, agora chegando ao fim. Leroy acompanhava tudo com um sorriso orgulhoso; Hiram, por outro lado, balançava a cabeça no ritmo da canção, inclusive fazendo um pequeno solo imaginário de guitarra. Definitivamente, se eu quisesse namorar Rachel, tinha que pensar em Hiram como alguém normal — ou quase normal, pelo visto.

Rachel reapareceu, dessa vez no meio do portal da entrada de sua casa, mordendo o lábio e me olhando da mesma maneira que naquele terraço em New York, como se estivesse me vendo pela primeira vez. Ela não hesitou nenhum passo em minha direção, correndo para atravessar o gramado impecável rapidamente, quase atropelando os pais.

O impacto de nossos corpos foi tão grande que por pouco não caímos na grama. Ríamos estupidamente, e da minha parte eu culpava a dose de uísque que Santana me comprara, mas também ao fato de que Rachel estava de volta aos meus braços.

De onde, na verdade, jamais deveria ter saído.



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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Ficou bom? Espero reviews de vocês galera, só para terminar a fic com chave de ouro ~le expressão brega~
À propósito, a música que a Quinn canta é Into Your Arms, da banda The Maine.
Beijos para todo mundo e vejo vocês por aí :)



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