Quando ela estacionou em frente a houseparty logo vi que era uma festa à Layla. No gramado da frente tinham garotas sem camiseta dançando e sendo contempladas por homens sem camisa também... Cada um tinha uma bebida diferente na mão, ou uma garrafa de cerveja.

- Não acredito que você me trouxe para um lugar desses! – bufei irritada e ela me lançou um de seus sorrisos meigos.

- Desculpa amiga, mas nem eu sabia que esse era o tipo de festa. – dei de ombros saindo do carro.

  Layla veio ao meu lado e à atenção atraiu-se a nós duas, não por minha causa, mas sim pela criatura de cabelos azuis ao meu lado... Com certeza o azul na cabeça e o coturno nos pés combinados ao vestido rendado estavam chamando atenção dos bêbados do recinto.

  Adentramos na casa que mais parecia um antro de possuídos diabólicos, às vezes tínhamos que empurrar algum descontrolado ocupando nosso caminho, mas graças a uma força divina não demorou que ela achasse “o” cara.

- Ali está ele! – apontou para um homem que usava boné ele se virou para nós esboçando um sorriso.

- SID WILSON? Você está de brincadeira comigo né Layla? – indaguei estupefata enquanto o via se aproximar de nós trazendo James ao seu lado.

- O que eu fiz Lise? – seus olhos negros acinzentados arregalaram-se.

- Deve estar armando junto deles para me juntar ao Corey! – nesse momento os meninos já estavam ao nosso lado.

- Hei Anna, não brigue com a Layla, isso não é armação nada ok? – pediu Sid passando um dos braços por meus ombros.

- É só o destino se encarregando de unir os caminhos de vocês de novo minha cara... – murmurou Root e eu lhe lancei um olhar fuzilador.

- Escutem aqui, não sei que tipo de plano o Paul fez com vocês novamente! Mas já digo que não irá dar certo. – virei às costas para todos e comecei a andar para fora do lugar.

- Anna! – gritou a voz conhecida ao longe e eu fui obrigada a me virar.

- O que foi agora Sid? – perguntei melancólica vendo-o se aproximar com Layla.

- Só quero explicar que não tem plano nenhum, eu a convidei para vir à festa e disse que trouxesse uma amiga. Aliás, acho que o Corey nem vem para  cá, deve estar ocupado trancado no quarto do hotel... –suspirei aliviada vendo a veracidade de suas palavras.

- Está bem, agora venha cá, estava com saudades! – admiti abrindo os braços e prendendo ele e James que estava atrás contra mim.

- Também sentimos pequena destruidora de lares! – comentou o guitarrista.

- Dá pra alguém me explicar que merda é essa que está acontecendo? – perguntou a azulada gesticulando com as mãos e ambos rimos dela.

- Acontece o seguinte Smurff, conheci esses caras antes de você saber o que era Slipknot ok?

- COMO VOCÊ NUNCA ME CONTOU UMA COISA DESSAS? – gritou brava avançando em mim.

- Melhor deixar as duas se entenderem. – comentou Sid levando James para pegar uma bebida.

- Você sabe, nunca gostei de falar do meu passado... Pensei que tinha enterrado ele. – comentei sem me importar muito. – Agora você me diga, porque não contou que Sid era o cara que te convidou para  a festa?

- Na hora nem pensei muito... – admitiu baixinho olhando para as unhas pintadas de preto.

- Ok, agora vá se divertir, mais tarde conversamos! – ela assentiu e saiu saltitante na direção de seu encontro que a observava com malícia nos olhos.

  Vaguei pelos cantos da casa a procura de mais algum dos meninos, e terminei sentando nos degraus da escada que levava ao andar dos quartos. Pessoas esbarravam em mim quando subiam ou desciam, mas uma em especial se sentou ao meu lado.

- Quanto tempo Anna. – disse baixinha a voz adocicada em meu ouvido.

- Ei Joey. – respondi encarando seus olhos azuis contornados pelo lápis preto borrado.

- Corey sentiu sua falta, assim como todos nós.

- Porque todos vocês colocam o nome dele no meio? – indaguei um tanto irritada.

- Porque não há como pensar em você sem liga-la a Corey. – respondeu e pronto se levantando e eu o acompanhei. – Espero que não suma dessa vez. – assenti subitamente e o abracei deixando que fizesse seu caminho para baixo.

- Mick, acho que tem uma patricinha perdida por aqui! – exclamou Shawn no pé da escada com o outro ao seu lado, corri até ele me atirando em seu abraço.

- Cadê meu abraço também? – resmungou Mick e eu me atirei a ele.

- Senti falta de vocês grandões! – desci os poucos degraus deixando minha mixuruca altura saliente perto deles.

- Fazia tempo que não encontrávamos uma anã tão rabugenta que nem você! – resmungou o de olhos claros mexendo em meu rabo de cavalo.

- Também sentimos sua falta little queen. – e estavam de volta os apelidos carinhosos.

- O que faz sozinha nessa escada? – perguntou Shawn me levando para a mesa de bebidas.

- Estava esperando para encontrar o resto de vocês, agora vou embora... Pelo visto não encontrarei o Chris e o Craig tão cedo.

- Alguém disse meu nome? – perguntou o homem de cavanhaque.

- CRAIG! – gritei pulando em seus braços.

- Anninha capetinha! – brincou me tirando do chão. – Senti sua falta cara de melão! – mostrei a língua para ele.

- Não cansa dessas comparações insanas do meu rosto com frutas? – indaguei arqueando uma das sobrancelhas.

- Não. – respondeu brevemente sorrindo.

- Ok, agora eu realmente vou indo, digam ao Chris que eu deixei um beijo pra ele. – os maiores assentiram voltando a misturar vodka com outro líquido.

- Porque vai tão cedo Anna? – Craig dizia num tom quase triste.

- Não estou para festa hoje, mas na próxima nos vemos ok? – ele balançou a cabeça repetidas vezes e eu lancei um beijo no ar a todos antes de me virar para sair.

  Próxima à saída vi ao longe a pequena smurff sentada no colo de Sid que murmurava algo em seu ouvido. Neguei com a cabeça pensando no quanto aqueles dois se deixariam loucos. Layla com seu desmazelo e carinho excessivo, Sid com sua falta de afeto e ciúme possessivo. Uma combinação... Interessante.

  Atravessei a porta sentindo a brisa gélida em meus cabelos e corri para o carro que se encontrava num caos total enfeitado por latas e faixas de papel crepom colorida. Resolvi limpá-lo antes de sair dali, e talvez essa tenha sido uma das minhas piores escolhas.

- Mas que porra! – gritei tentando tirar um pedaço de papel crepom amarelo de meu dedo.

- Quer ajuda? – perguntou a maldita voz perto de meu ouvido e eu virei para encará-lo.

  Os cabelos tinham sumido, dando boas-vindas a um corte que o deixava quase careca, a luz refletia nos fios ralos que contrastavam com o tom azul escuro de seus olhos, e não pude deixar de mencionar o quanto ele estava bonito. Vestido numa camiseta branca de mangas curtas. O que me remetia a mais uma lembrança...