Eu tento, eu juro que eu tento não surtar por qualquer coisa e tentar manter o clima bom como antes, a questão é que as pessoas tem um sério problema com a minha felicidade e começam a fazer de tudo para estraga-la em qualquer momento. Ver Rachel chorando no corredor por medo de me perder faz com que eu me sinta culpada por tudo isso e me faz sentir raiva de Santana por ser muito inconveniente quando quer.  E tudo parece piorar quando essa latina dos infernos convida quem para um jantar de amigo? Exato, aquela metida a musicista hipster. Ódio é um sentimento puro perto dela.

 O jantar todo ela ficou provocando Rachel com sorrisinho e olhares e eu tentei me manter calma o suficiente e não acabar sendo presa por bater em alguém até a morte da pessoa, a questão é que só a presença de Katie me irrita, todo o seu ar presunçoso é patético e a suas tentativas de galantear Rachel são mais do que desnecessárias. Eu precisava dar um fim nisso.

 Assim que ela se afastou da mesa me apresei em sair atrás dela. Tentando manter a calma, como sempre... Às vezes eu acho que toda a minha indiferença para certos assuntos vem disso, manter a calma demais, talvez eu só devesse explodir com alguém sobre qualquer bobagem e, consequentemente, me sentir um pouco mais calma. Não era o caso agora, estou tendo no mínimo manter 95% da minha promessa de ser uma boa namorada como antes, até porque além de ter tornado a vida de Rachel caótica, eu estava morando na casa dela e... Deus, eu esta sendo tão ingrata até mesmo com os pais dela.

 Enfim chegamos ao estacionamento, eu me sinto como uma assassina psicótica atrás da sua próxima vitima... Bem, talvez metáforas agora não sejam uma boa escolha, pelo menos envolvendo morte e violência, não para alguém que está preste a explodir a qualquer momento. 

- White! Temos algumas coisas para se resolver. – Minha voz saiu firme, porém baixa... Juro que me sinto uma mafiosa.

- Não me venha com conversinhas sobre minha amizade com Rachel, eu não vou te ouvir de qualquer jeito. – Ela disse voltando para mim, ela estava completamente indiferente. 

- Não... É só um aviso bem simples. – Ela revirou os olhos. Ela estava me testando ou que? – Fique bem longe dela, mantenha suas mãos perto de seu corpo e nada acontece contigo, White.

- Eu não tenho medo de você Fabray.

- Bem... Eu sou bem intima da treinadora Sylvester e bem, tenho favores pendentes a ela e Sue pode detonar com a sua vida, tanto pessoal, quanto acadêmica em um piscar de olhos... Então, eu não sei se Yale vai aceitar uma traficante de drogas ou coisa pior.  – Sorri cinicamente para ela.

- Você é patética Fabray. Acha mesmo que uma ameaça vai me impedir de fazer o que quero? Acho que não, não é mesmo?Porque não vai atrás de Lindsay e deixa Rachel com alguém que realmente vai saber o que fazer depois de uma discussão ao invés de fugir.  – Mantive minha postura, porém eu sabia que ela estava certa, pelo menos a parte de eu sair fugindo.  – Até porque eu soube que você e Lindsay não da mesma laia, então não tem porquê você ficar fazendo Rachel se sentir mal.

- Eu acho que na verdade você, Lindsay e Finn se merecem... Definitivamente, vocês são sujos e não sabem lidar quando estão sobre pressão... Não é tão difícil aceitar que perdeu algo, ela tem namorada e pela ultima vez, fique bem longe de Rachel.

- Peça para ela se manter longe de mim também. – Katie riu e entrou em seu carro. Logo ela já havia partido e eu continuei ali, parada sentindo o vento gélido do inverno bater em meu rosto. As palavras de Santana passaram a fazer um certo sentido em minha cabeça, que por outro lado tentava achar aquilo ridículo. E se Lopez estivesse certa? Ela é minha melhor, ela me alertaria se algo assim estivesse acontecendo, ainda mais quando eu estivesse fora.  Não, Rachel não faria isso comigo, eu confio nela... É eu confio nela, Santana faz isso porque  é uma sádica e gosta de ver o circo pegar fogo. O que não fazia muito sentido até porque fora ela quem me deu maior apoio para ficar com Rachel. Argh! Muita informação em pouco tempo.

 Respirei fundo e tentei voltar ao meu estado de alegria e... Na verdade eu estou confusa demais para qualquer coisa. Voltei para o restaurante e fui até a mesa, onde Santana e Puck riam de algo, não conseguia ver Rachel, ela estava de costas para a porta. Me aproximei da mesa, mas as risadas não se cessaram, Rachel me olhou ansiosa e eu sorri fracamente para ela.

- Eu acho que eu e Quinn vamos indo. – Rach disse se levantando.

- Por quê? Quinn ainda não nos contou sobre seu encontrinho com White, vamos Quinn no conte quantos dentes aquela branquela perdeu. – Santana tinha um brilho no olhar que dava medo.

- Santana, vá se foder. – Rachel disse, antes de me puxar para longe dali. Ela não estava no seu momento mais calmo.

- Você está bem? – Pedi, depois de um tempo que saímos do estacionamento.

- Sim... Só... Você não bateu nela, certo? – Rachel pediu, enquanto analisava meu rosto.

- Não, claro que não... Só avisei o que havia de ser avisado, só isso. – Dei de ombros.

- Eu não quero você se irritando por pouca coisa, ok? Santana está falando bobagens para te deixar nervosa. E nós não queremos isso, certo? Estamos felizes e nada vai mudar isso, não é? – Rachel estava nervosa.

- Claro que sim amor, Santana só está sendo... Santana, não se preocupe. E eu estou calma. – Pelo menos uma precisava se manter calma agora.

- Ok... – Rachel assentiu e sorriu brevemente, antes de estabelecermos um silencio entre nós.

- Você mandou Santana Lopez se foder...  – Disse quebrando o silencio. Rindo.

- Eu provavelmente vou perder um braço por isso.  – Rachel disse, rindo também.

-Acho que essa semana que eu fiquei fora te deu poderes badass. – Rachel gargalhou.

- Yeah, vamos bater em alguns traseiros. – Rachel disse dando socos no ar.

- Meu deus, isso soou muito fofo vindo de você Berry. – Ela sorriu.

- Eu sou uma pessoa meiga até mesmo sendo durona, eu sei. – Isso me fez rir.

- E muito modesta também.

- Eu estou trabalhando com meu egocentrismo, não se preocupe Fabray. – Ela me empurrou fraco.

- Oh não faça isso, Rachel Berry sem seu ego maior que o universo não é Rachel Berry. – Ela riu.

- Eu não sou tudo isso ok, eu sou insegura às vezes também. 

- Eu sei, só estou tentando te fazer rir. Eu gosto de te ouvir rir. – Wow, isso foi bem meloso.  Ela corou.

- Eu também gosto de te ver assim, feliz e melhor, do meu lado... E do meu ego gigantesco. – Nós rimos.

- Não sei como eu estou dentro desse carro Rach, não faço ideia. – Ela riu.

- Idiota. – Ela disse, ainda rindo.

- Isso foi um insulto Berry?

- Uhum. – Ela assentiu.

- Não vai ficar assim e a senhorita sabe muito bem disso. – Eu disse, tentando não parecer uma idiota apaixonada.

 Segui até chegarmos em casa. O caminho inteiro ficamos nos alfinetando... Acho que isso é pelo tempo que ficamos sem aquela coisa Cheerio e judia cantante irritante. Não que eu sinta falta disso, muito pelo contrário, mas eu acho que transformamos isso numa coisa ridiculamente carinhosa, mesmo com uma chamando a outra de idiota ou man-hands... Sério, se tornou uma espécie de apelido carinhoso. Rachel sempre diz que eu a chamava de apelidos masculinos porque eu tinha a necessidade de ver ela como um homem e tornar um pouco mais aceitável minha “queda” por ela... Faz sentido, mas estamos falando de Rachel Berry, então... É lá de se desconfiar. 

- Ei Berry, temos contas a acertar! – Eu disse assim que saímos do carro. Ela me fitou confusa, antes de sair correndo pelo jardim, enquanto eu a seguia.

- Nem vem Quinn, você não vai me pegar. – Ela disse enquanto estava quase chegando à varanda.

- Quem foi a cheerio aqui? Exato... – Dei uma pausa, antes de pela cintura. – Eu.

- Me solta Quinn. – Ela pediu rindo.

- Viu, às vezes seu ego não te torna tão forte quando uma ex- cheerleader. – Rimos.

- Como eu fui acabar com uma cheerleader estranha...? Com um nível tão alto de idiotice.

- Ei! Isso foi ofensivo.  – Rachel riu, antes de voltar para mim.

- Foi a intenção. – Ela disse, dando um sorrisinho malicioso. – Mas eu espero que a cheerleader idiota saiba que eu amo ela. – Eu acabei sorrindo.

 - A cheerleader idiota também ama a egocêntrica irritante. – Rimos.

- Parecemos duas estranhas usando esses termos, não é?

- Sim.

- Vem, vamos para dentro... Está muito frio aqui. – Ela disse se afastando um pouco. Eu segurei o seu pulso e a puxei para perto.

- Ei, antes só me diga uma coisa e eu preciso que você seja o mais sincera possivel. – Ela me olhou confusa, mas assentiu. – O que Santana disse é 100% mentira, certo? Ela só está nos provocando.

- Claro que sim Quinn, eu... Eu não seria capaz de fazer isso, ainda mais com você longe. – Eu a fitei por alguns instantes e assenti... Como eu disse, não havia porque desconfiar tanto de Rach... Eu pelo menos tento acreditar que não.