Vinha o loiro caminhando despreocupadamente sobre o sol que ardia sobre sua cabeça. Era uma típica tarde de verão, a única diferença era todos reunidos pelas ruas que agora estava cheia de atrações devido ao festival bon.

Grandes lâmpadas em forma de balão eram distribuídas pela cidade, admirando as crianças. Barracas de alimentos e jogos também foram montadas por vendedores que se aproveitavam da data para lucrar.

Nada mudara, em todo esse tempo. O garoto respirou profundo, sorridente com o clima nostálgico deste local, que o recordava de todas suas lembranças. Nascera ali há dezoito anos, viveu por lá até os seis, época em que se esquentou uma grande guerra e perdeu seus pais. Embora o trauma enorme, ainda sim, suas recordações de criança eram felizes, uma vez que talvez já tivesse se acostumado com guerras.

Seu nome é Uzumaki Naruto, era um ninja. Após sua vila natal ser arrasada, fugiu perdido e parou em uma vila de ninjas onde um velho chamado Jiraiya o acolheu e transmitiu importantes ensinamentos da arte de combate e, por ironia do destino, havia sido professor também de seu pai.

Mas agora isso já não importava mais. O país passava por uma paz momentânea por 2 anos, e muitos locais já se ergueram, e todo ano, Naruto visitava sua antiga vila.

Observava as crianças correndo com palitos de maçã caramelizada e com os lábios todos sujos. Já não conhecia mais ninguém por lá, mas era como se tudo fizesse parte de sua rotina.

Continuava a vagar, um tanto devagar por conta da dificuldade das sandálias. Não era acostumado com elas, nem com o kimono que trajava. Um Kimono laranja com detalhes verdes. Moças sorriam e riam para ele, talvez por seu modo estranho de andar. Sorria devolta, e ficavam envergonhadas. Embora não soubesse, sua aparência era deveras agradável.

Por um momento, sentiu um aroma tão agradável que parara imóvel, se embriagando com a essência suave e doce. Olhou para os lados, e viu longos cabelos azuis quase negros, sendo movidos pela brisa onde ressoava um véu escarlate sobre sua cabeça. Desejava ver esta mulher. Correu atropelando as pessoas a sua frente causando certo alvoroço, pessoas reclamavam, mas nem ouvia, seu pescoço se mexia procurando pela mulher. Assim que fizeram uma roda em cima dele, percebeu a confusão que tinha arrumado, tentou se desculpar.

Perdera aquela pessoa... Mas de longe viu, aquele véu vermelho. Ela estava de frente, seus olhos alvos eram tão gentis, sua pele tão branca quanto a neve. Quisera poder olhar mais, entretanto a moça havia um leque em sua frente. queria ver o sorriso daquela mulher misteriosa. Esta se virou, Naruto fitou-a até desaparecer.

"Tão linda..."-Pensou.

Outro grupo de lindas moças passou com véu na cabeça. Pensou em segui-las, pois assim poderia achar aquela moça novamente. E decidiu por isso.

Eram garotas de aproximadamente sua idade. Havia uma de longos cabelos loiros preso em um rabo de cavalo e olhos verdes, uma morena que usava dois coques no topo da cabeça com olhos castanhos, e a mais bonita que tinha uma pele cor de pêssego, cabelo rosado caído sobre os ombros e olhos verdes. Todas conversavam e riam alegremente. Causavam pescoços tortos por parte dos homens e olhares invejosos por conta das mulheres.

Pararam assustadas, Naruto estranhara. Logo uma muher com peitos enormes e cabelos de cor de mel presos e com uma jóia em sua testa resmungava alto com as meninas.

–Estão todas muito atrasadas! Podem se arrumar agora! -Lançou a garrafa de sake sobre o chão e todas correram para dentro de um estabelecimento. -Essas meninas... No meu tempo era só um erro e eu era punida. -Bebeu outra garrafa.

"Parece uma velha resmungando... E ainda por cima está bêbada..."

–Não olhe para meus peitos desse jeito pivete! -Apontou a mulher para Naruto.

–Mais o que... Eu nem estava olhando!

Agora estava... Eram tão..ENORMES!

–Por punimento você será o novo carregador da lâmpada gigante já que o nosso antigo fraturou as costas.

–Você está louca velha? Por que uma lâmpada gigante?

A mulher virou a garrafa.

–Pra que? Você não quer que nossos mortos sejam bem iluminados e possam voltar a seus lugares felizes?! -Disse com fogos nos olhos.

"Essa...é louca mesmo..."

–E DO QUE VOCÊ ME CHAMOU?DE VELHA?!Não pense que eu me esqueci disso! - Deu um soco em Naruto que desviou e pulou sobre o telhado.

"Acho que já sei por que o cara antigo fraturou as costas..."

–Ora rapaz! -Falava tão alto que parecia um grito. -Me ajude, minhas garotas dependem disso... Você pode até conseguir um encontro com elas, eu posso providenciar isso!

Naruto por certo tempo pensou.

–Você está encarregada de organizar o Odori?

–Sim, pela primeira vez eu consegui essa função! -Respondeu entusiasmada.

–Realmente, essa cidade está decaindo... Pensei que só pessoas responsáveis pudessem organizar o evento...

–ORA SEU!Você sabe com quem está falando?!Com Tsunade-Hime!

Tsunade... Tsunade...Esse nome ressoava na cabeça do garoto de forma tão familiar...

–Nunca vi mais gorda.

Tsunade se enfureceu e socou o muro atrás dela que aos poucos se rachou. Naruto enguliu em seco.

–Tsunade é? LEMBREI! Você vivia indo na casa dos meus pais... PERA AÍ, QUANTOS ANOS VOCÊ TEM?

–Isso não é pergunta que se faça a uma donzela, garoto! E essa é sua única recordação de mim? Sou a coordenadora do hospital e chefe da casa do distrito dos prazeres!

–Não conheço.

–Esses turistas... Acham que podem chegar a qualquer momento e falar mal daqui! Agora desça e me ajude!

O muro atrás de Tsunade se despedaçou em pó. Naruto desceu do telhado e curvou em frente de Tsunade.

–E-Está bem!

Tsunade riu e abriu a porta violentamente, então entraram.

–Achei um homem para segurar a lâmpada garotas!

A luz penetrou dentro do cômodo e Naruto ficou boquiaberto com tamanha beleza das garotas dentro da saleta. Todas pareciam tão perfeitas.

Ouviram-se passos afobados atrás deles.

–Me desculpe, eu me atrasei! -Uma voz baixa e delicada misturada com a respiração ofegante.

O loiro olhou de relance para trás e viu as mãos da pessoa, uma apoiada em sua coxa e outra na porta como se estivesse cansada. Levantou a cabeça, e vi um rosto esculpido pelos deuses. O véu escorregava por seus cabelos.

Lançou-se para pega-lo e devolver para ela. Ela havia se abaixado na mesma hora.

Fitara os olhos alvos. Encontrara a mulher misteriosa.