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Capítulo 13
Escolha




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Andei em direção ao chalé de Hades querendo reviver um morto só para poder matá-lo novamente depois.

Fui muito grosso com Leon. Quero dizer, nem tanto assim, mas deve ter sido pior do que me pareceu.  Ele realmente estava agindo como um idiota. Mesmo assim, não deveria ter dito daquele jeito.

Leon deve ser aquele tipo de pessoa que quer desaparecer por qualquer coisinha. Qualquer problema que pareça estar causando.

Espero que ele não tenha sumido.

Mas ele tinha que entender. Eu não podia contrariar Quíron, não quando ele estava tentando levar as coisas para um lado bom. E mesmo que ele fosse punido, isso não acalmaria os outros campistas.

Os outros não descansariam até que ele fosse embora. Era melhor assim, deixá-los pensar que é um truque. Apenas alguns saberiam a verdade, e apenas eu poderia conviver com ele.

Como um segredo, partilhado entre poucos.

E Mike... O que diabos deu nele?

Sei que ele costuma ficar sozinho de vez em quando, fazendo não sei o quê. Ele nunca falou a respeito disso comigo nem com ninguém. E eu sei que deveria respeitar seu momento.

Porém, eu não poderia deixar meu amigo sozinho depois de ver a expressão angustiada no rosto dele.

Eu o segui, e quando me pareceu seguro, fui falar com ele.

Mike costuma ser despreocupado e brincalhão, e algumas vezes fica sério. Mas ele estava estranho. Estranho de verdade.

Por que ele ficara tão nervoso quando cheguei perto dele? Fiz alguma coisa errada? Sei que não foi legal ter esquecido da primeira vez que nos encontramos, só que eu só tinha 9 anos de idade! Como ele quer que me lembre perfeitamente?

Com Leon, eu até sabia o que havia feito. E ia pedir desculpas. Mas eu tinha a impressão de que meu problema com Mike era algo além do que as desculpas podem resolver.

Chutei a porta do chalé e entrei. Era uma sorte não ter irmãos. Todos os mais velhos não moravam mais ali, e não tem ninguém mais novo, pelo menos não que eu saiba.

-- Eu ainda vou enlouquecer por causa do convívio com outros seres vivos. – resmunguei, e então lembrei de Leon – com seres mortos também.

Arranquei minha camisa e joguei em cima da cama de qualquer jeito. A inspeção dos chalés ia ser daqui a três dias. Eu ia ter que dar um jeito naquela pilha de pacotes de chocolate.

Resolvi tomar um banho antes de dormir. Outra vantagem de estar sozinho: Posso ficar quanto tempo quiser no chuveiro, e posso sair a vontade.

Deixei a água escorrer pela minha cabeça, esfriando meus pensamentos. Algumas coisas realmente doidas aconteceram hoje.

E se Leon tiver ido embora... Se ele tiver...

-- Leon... – murmurei, afastando o cabelo do rosto.

-- Que foi? – a voz dele respondeu, logo atrás de mim.

Escorreguei e caí no chão, engolindo água.

-- O que voc... Mas na... Eu estou no banho! – foi tudo que consegui gritar.

Leon estava parado perto da porta, me olhando com cara de quem não entendeu.

-- E daí?

-- E. Daí. Que. Eu. Estou. Sem. Roupa!

-- Mas qual é o problema disso? Eu também sou um garoto, não tem probl...

-- TEM PROBLEMA SIM! DÁ O FORA!

-- Ei, você sabia que você tem uma pinta na...

-- DÁ O FORA! POR FAVOR!

Ele deu de ombros e atravessou a porta. Ok. Agora não basta ser um fantasma, é um fantasma stalker.

Fechei o chuveiro e me vesti correndo. Quando saí do banheiro, Leon estava olhando meus CDs.

-- Que é isso daqui? – ele perguntou, apontando um deles.

-- São CDs. É bem velho, a maior parte das pessoas não usa mais, mas eu acho legal.

-- Tenho a impressão de que quando eu era vivo isso não era velho.

-- Bom sinal. Quer dizer que você morreu faz mais de quinze anos.

-- E onde isso é bom?

-- No mesmo lugar que não tem problema invadir o banho dos outros.

-- Mas você disse o meu nome...

-- E você já estava lá antes disso, não estava? Que é? Passou esse tempo aqui espiando os campistas no banho?

Leon ficou vermelho.

-- N-não fiz isso. Não tem motivo.

-- E por que você entrou no meu? Queria falar comigo?

-- Sim. E... Você costuma dormir com a roupa do avesso?

-- Aaaah! Droga! – olhei para baixo, e ele tinha razão. Abri a porta do banheiro para ir me trocar.

Não bastava estar do avesso, eu tinha pego uma camiseta regata e um shorts velho para dormir. Nada de pijama. Eu nem tenho um. Não recebo visitas, muito menos visitas noturnas.

Quando saí, Leon estava esticado no chão.

-- Hein?

-- Eu... Tropecei.

-- Como um fantasma tropeça?

-- Sei lá. Se eu soubesse não tinha tropeçado.

Me sentei na cama, sentindo o cansaço chegar.

-- O que quer que queira dizer, fale logo. Estou quase dormindo.

-- Pode dormir. Posso contar amanhã... – ele parou no meio da frase e me olhou meio temeroso – Eu posso continuar aqui amanhã, não posso?

-- Pode. Não tem problema nenhum.

Sem problemas, Nicholas. Só tente parar de suar frio.

Leon sorriu e se sentou no beliche ao lado.

-- Você não cai?

-- Hum. Acho que algumas coisas conseguem me segurar... Mais ou menos.

Franzi a testa. Tinha algo diferente nele. Foi uma mudança progressiva, durante o dia, mas só agora eu reparei.

-- Você parece... Mais sólido.

-- Como assim?

-- Dava pra ver um pouco através de você antes. Agora tá mais embaçado.

Ele levantou uma sobrancelha.

-- Não é você com sono?

Dei de ombros.

-- Se for, é melhor eu dormir. Não quero harpias piando na minha janela.

-- Não tem janelas aqui.

-- Foi modo de dizer.

Me enfiei embaixo das cobertas e dei boa-noite para Leon. Ele me respondeu meio aéreo, mas não pensei nisso. Adormeci assim que fechei os olhos.

E acordei o que me pareceu dois minutos depois, com um barulho estranho na minha orelha.

Virei a cabeça devagar, e tinha alguma coisa do meu lado...

-- Já acordou?

-- O QUE VOCÊ PENSA QUE TÁ FAZENDO?

-- Hã? É que eu lembrei de uma coisa e...

-- E resolveu se enfiar na minha cama?

-- Por aí. Tinha um cara parecido com você...

-- Leon. Olhe bem pra minha cara.

Ele olhou, com aquela mesma expressão de desentendimento.

-- Eu. Dormir. Você. Fora.

-- Mas é que...

-- Vou tentar de outro jeito. Eu não sei quem é essa pessoa que você se lembrou, eu não sei o que ela fazia nem qual era a relação entre vocês. Mas não sou eu, ok? Eu sou Nicholas. E eu estou com sono.

-- Eu queria poder dormir também.

-- Por que não tenta? Tem uma cama ali, ó. – apontei, para dar efeito.

-- Aqui é reconfortante.

-- Que tipo de frase é essa?

-- Eu disse algo estranho?

Mais estranho que isso só se você pular em cima de mim, caramba.

-- Não, não disse. É só que... Eu não quero outro cara dormindo na mesma cama que eu, ok?

-- Mas eu sou um fantasma. Não vou atrapalhar.

-- Você é teimoso que nem o cão. Tá bom, fica aí. Eu vou... Tentar ficar normal.

Me acomodei, mas não ia dar certo. Era diferente demais, tirando toda a parte estranha e constrangedora. E eu sou daquelas pessoas que não consegue dormir nem se a fronha do travesseiro for diferente.

Mesmo assim... Aos poucos, o cansaço me tomou. Fechei os olhos novamente, respirei fundo, e minha consciência foi arrastada pelo sono...

Eu estava em um... Quarto? Não, parecia ser maior do que isso... Muito, muito maior... Na completa escuridão... Não havia nada para ver, nem para ouvir. Apenas uma sensação de estar perdido em um espaço enorme. Apenas o nada.

"Você tem o direito de lembrar" uma voz ecoou na minha cabeça. Não era como se houvesse alguém ali, naquele mesmo espaço, falando comigo. Era mais como se falassem diretamente de dentro da minha cabeça, de uma área tão vazia e escura quanto o espaço em que eu me encontrava.

-- Lembrar... do quê?

"O direito lhe foi dado. Lembre-se."

-- Lembrar do quê, caramba?

"A vida... Lembre-se... De sua... Vida..." o som foi ficando distante... Ou melhor, foi sumindo em minha própria mente. Gritei, chamando, mas não obtive resposta.

Lembre-se de sua vida.

O que isso significa? Eu não preciso lembrar da minha vida, eu não esqueci dela. Eu ainda estou vivo.

Lembrar... Vida... Tem o direito...

Uma noite estrelada que eu nunca havia visto... Um rosto impossível de se distinguir...

Eu estou parecendo o Leon desse jeito, tendo flashbacks.

Leon... Ele não saía da minha cabeça. Acordado, dormindo... Ele estava lá. Como um perseguidor. Não conseguia parar de pensar nele.

Eu tinha plena consciência de que estava sonhando. O sonho era vazio, sem significado, mas quando me concentrava em Leon, era como se eu pudesse ver o que não via.

Era como se eu estivesse cego e surdo, e com ele, meus sentidos voltassem.

Para mim, naquele momento, ele não era só um amigo. Só um cara que eu conheci há pouco tempo. Algo nele me dava uma nostalgia, como se eu já o conhecesse, mas como se esse conhecimento tivesse sido apadago. Só conseguia sentir que já o conhecera antes. E meus sentimentos daquela época, eram os mesmos de agora, porém mais aconchegantes, menos forçados...

Como se ele fosse a coisa mais importante do mundo.

Que besteira, insisti. Não posso considerar uma pessoa, viva ou morta, a coisa mais importante do mundo. Existem milhares de coisas importantes no mundo. Uma pessoa ou outra não faz diferença. Eu não faço, meus amigos não fazem, nós não importamos realmente para o mundo.

Dane-se o mundo, outra parte de mim retrucou. O mundo pode escolher quem ele quiser para ser o mais importante. Para mim, será ele.

Que tipo de frase é essa? Parece com aquelas coisas estranhas que Mike diz com relação a mim de vez em quando...

Mike. Pensar nele fazia o oposto de pensar em Leon. Ele apagava tudo, voltando às trevas, mas, estranhamente, as trevas eram reconfortantes. Não me sentia mal. Era a felicidade da ignorância. Ele me trazia isso.

Leon me faria lembrar de algo que eu deveria esquecer. Não por ser ruim, nem por ser bom. Era uma regra. Todos deveriam esquecer.

Vida... Esquecer...

Eu deveria lembrar... De minha outra vida? Minha vida anterior?

Isso é impossível. Mesmo que eu tenha tido uma, devo ter sido mergulhado no rio Lete. Memórias permanetemente apagadas. Não há volta.

"Você tem o direito"

Se eu tenho o direito de me lembrar... Eu poderia, se tentasse?

Espera, eu realmente queria lembrar?

Pode até ser legal, e eu entenderia qual a minha relação com Leon, mas...

Algo me prendia ao presente.

Eu deveria continuar um dos dois. Continuar o passado, de onde ele parou. Ou ignorar tudo isso, e continuar o presente em direção ao futuro.

Leon era o passado. Isso era óbvio.

Então, Mike... Ele era o presente.

E eu posso escolher o futuro.

-- Nicholas...

Isso é pressão demais. Nunca fiz grandes escolhas. Eu sou só mais um meio-sangue dentre tantos...

-- Nicholas...

Mas o futuro que vou mudar é o meu próprio. Então, não importa o que eu escolha, não vai afetar os outros...

-- Nicholas... Acorda...

Ou vai? Vai afetar o futuro daqueles que estão envolvidos nisso. Não posso escolher sozinho. E não posso pedir ajuda aos outros. Isso eu compreendia muito bem.

-- Nicholas... Acooordaaaa! - alguém estava puxando minha camisa pelas costas. Por reflexo, segurei a roupa da pessoa e a trouxe para minha frente, enquanto abria os olhos.

Mike estava a dois centímetros do meu rosto, com uma expressão assustada. Olhei para o lado, e Leon estava encarando Mike com uma aura assassina. Não parecia ele. De jeito nenhum.

-- Pensei que tivesse morrido. Que bom que está vivo. Vai me poupar uma grande viagem para ressucitá-lo.

-- Mike... - resmunguei - Me deixe dormir...

-- Nem a pau! Já são quase dez e meia da manhã, sabia? E eu tinha que me desculpar por ontem.

-- Dez e meia da madrugada..? - eu comecei a fechar os olhos novamente, mas Mike ergueu minha camisa e começou a fazer cócegas em mim. Leon cerrou os punhos, arregalando os olhos, como se tentasse matar meu amigo com o olhar.

-- Pára com isso, seu retardado mental! - reclamei, tentando afastá-lo.

-- Você ainda está dormindo. Quer um beijinho pra acordar?

-- Pare com essas brincadeiras estranhas... Deixa eu dormir...

Ele olhou para mim com uma expressão séria. Não estava mais sorrindo. 

-- Mike... Você está em cima de mim...

-- Eu não estava brincando, Nicholas. - ele sussurrou, e fez o que havia oferecido.

Senti meu rosto ficando vermelho quando seus lábios encostaram nos meus. A sensação era tão diferente daquela vez em que a garota psicopata do chalé de Hermes me obrigou a beijá-la. Ela era rude e mimada. Mike era gentil... E quente. Muito quente.

Ah, droga. Eu não podia dizer que era ruim... Mas era vergonhoso dizer que era bom... Fora o fato de que eu sentia que havia algo errado. Isso não deveria estar acontecendo.

Todos esses pensamentos se passaram numa fração de segundo. Tentei dar um soco na cara dele, mas Mike pulou longe. Me levantei, pegando qualquer coisa que servisse de arma - no caso, um abajur em forma de caveira, e me preparei para atirá-lo. Então vi a expressão de Leon. Ele parecia insano.

-- Acordou. - Mike deu um risinho de satisfação, e por algum motivo percebi que ele não estava satisfeito porque eu tinha acordado, e sim por outro motivo.

-- Seu... Seu... Seu lesado! - gritei - O que você fez? Quer que pensem coisas estranhas?

-- Estamos sozinhos aqui.

-- Não estamos! Leon está aqui!

-- Leon? -  o tom de voz dele mudou de repente. Mike parecia sombrio. Ele esticou as costas e abaixou o rosto, deixando os cabelos bagunçados cobrirem os olhos. Era uma postura ameaçadora, algo que eu nunca havia visto ele fazer antes.

-- Ei... Ei... Calma lá... Os dois. Parecem querer matar alguém...

-- Eu quero matar alguém - Leon sibilou - E acho que esse alguém também quer me matar, mas infelizmente já estou morto.

-- Mesmo morto, eu ainda posso fazer algo de ruim - Mike respondeu.

Espera.

-- Você ouviu o que ele disse? - perguntei, estupefato.

-- Não. Mas posso deduzir. E vou dizer uma coisa... Eu não gosto de você, fantasma. Tenho meus motivos para isso. Não gosto nem um pouquinho de você.

-- Então estamos iguais.

-- Só vou considerar o fato de que Nicholas o considera um amigo. Só por isso, vou te aguentar. Mas se fizer algo ruim para ele, se deixá-lo triste, se fizer ele derramar uma lágrima sequer, eu acabo com você. Nicholas - Mike se virou para mim - Saiba que eu estarei sempre do seu lado. A escolha é sua, e não importa o que escolher, eu vou te ajudar.

-- Mike... Do que você está...

-- Se for preciso, eu vou enfrentar todos os deuses e monstros com um palito de dente para te ajudar. Entendeu?

-- Hã... Isso é meio estranho...

-- Entendeu? - ele repetiu.

-- ...Sim.

-- Não seja idiota! - Leon cortou - Eu nunca faria nada para te machucar, Nicholas. Nunca. Diga a ele que está errado. Diga que eu... Que eu me importo mais com você. Diga para ele ir embora! Fale que não quer mais ele por perto!

-- Chega. - eu disse, levantando o tom de voz - Se vocês não gostam um do outro, não posso fazer nada a respeito. Leon, Mike é meu amigo. Eu não posso simplesmente mandar ele dar o fora e não voltar mais. Não seja possessivo.

-- Mas...

-- Não seja possessivo. Eu não sou seu. Nem dele. Eu sou de mim mesmo, e eu vou decidir o que fazer. Mike, agradeço que você se disponha a conviver, mesmo que indiretamente, com Leon.

-- Não há de quê.

-- Então, pronto. Sem brigas.

-- Acho melhor eu ir dar uma volta - Mike murmurou, virando as costas.

-- Ei, onde você vai?

-- Escolha, Nicholas. Pense. Ele não vai deixá-lo em paz para sempre. Quando vier falar com você, quero que escolha pensando no que você sente, não no que é melhor para os outros. Por favor - ele terminou, e saiu do chalé.

-- Ele... quem..?

-- Nicholas... Eu... Me desculpe... Não sei o que deu em mim... - Leon colocou as mãos na cabeça e soluçou.

-- Não comece a chorar, vamos. Você é mais forte do que isso.

-- É como se... As coisas saíssem... Sem eu poder controlá-las. Eu não queria isso. Mas quando aquele garoto te... Te... Eu perdi a calma...

-- Respire fundo.

-- Eu não respiro. Eu sou um fantasma.

-- Então não respire! Droga! - chutei a cama. - Sabe que é difícil? Eu quero te ajudar, mas não posso nem encostar em você! Eu... Estou atrasado. É melhor trocar de roupa.

Peguei qualquer coisa sem nem ver o que era e entrei no banheiro. Leon não me seguiu.

Minha cabeça está confusa, ainda mais confusa do que antes. Lembrar de algo que eu não deveria poder lembrar. Escolher entre o passado e o presente. Era muita coisa para uma pessoa só.

O que eu sinto... Não o que é melhor para os outros? Isso seria muito egoísmo.

Mas não importa qual lado eu escolha, alguém vai se sentir mal no fim.

Eu realmente tenho que escolher entre Mike e Leon? Não posso ser amigo dos dois?

Amigo? Era realmente isso que eu deveria ser?

Por que eu tinha a sensação de que eu deveria escolher entre duas pessoas que não queriam ser só amigas? Parecia ser... Algo mais.


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