A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 8
CAPÍTULO VI: Ruínas imemoriais




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178257/chapter/8

Alan e Ezequiel seguiam em sua caminhada, até chegarem a uma pequena colina, de sobre a qual já se podia avistar a cidade abandonada. Era uma grande cidade. De inicio, pouco após a base da colina, via-se o que teria sido um bairro residencial, com casas baixas e sobrados, e a medida que se seguia a visão, as casas iam dando lugar a prédios cada vez mais altos, até chegar ao centro da cidade, que parecia ser constituído apenas por enormes arranhas-céus, tantos que chegavam a encobrir o horizonte, uma verdadeira selva cinza, de concreto e aço.

Parados sobre a colina, Alan pega seu revolver e comenta com seu jovem companheiro de viajem: “Antes de entrarmos ali, é melhor você treinar um pouco com isso... Você tem um tambor para treinar...” Após dizer isto, ele lhe oferece a arma, segurando-a pelo cano e lhe apontando a coronha. O rapaz pega a arma, enquanto Alan segue ate uma grande rocha nas proximidades. Ele apanha quatro pedras do chão e as posiciona sobre a rocha, uma ao lado da outra, com certa distância entre cada uma. Após arrumá-las, ele se assenta sobre uma outra rocha, pouco atrás do jovem, e lhe pede que atinja as pedras com tiros. Ezequiel dispara uma primeira vez, o tiro a tinge a grande rocha, bem longe das pedras que seriam os alvos. Vendo a cena, Alan sorri, e até deixa escapar algumas risadinhas, comentando: “Você está muito afobado, se uma criatura o estiver atacando, ela não irá se assustar com o som do tiro, você realmente precisará acertá-la...” Ele se levanta, vai até o jovem e começa a lhe oferecer algumas dicas: “Não se preocupe com pose ou qualquer outra coisa... se preocupe apenas em acertar o tiro. Estenda o braço, incline a cabeça, feche um dos olhos e mire só com o outro, você pode até prender a respiração para se concentrar melhor; faça o que for preciso para mirar bem, o importante e você saber o que precisa fazer para acertar o tiro antes de precisar atirar, porque se estiver sendo atacado, você não terá tempo para descobrir, terá que fazê-lo...” O jovem responde um "OK", respira fundo e se volta para as pedras novamente, enquanto Alan torna a se afastar. O jovem se concentra, estende o braço na direção dos alvos, inclina a cabeça, encostando-a no braço para mirar melhor, e atira. Ainda desta vez o tiro não acerta nenhuma das pedras, porém atinge a rocha bem próximo a elas. Ele se volta para Alan, que sorri e exclama: “Melhorou! Tente novamente...” O jovem volta a mirar cuidadosamente, chegando a prender a respiração para se concentrar melhor, e atira; o projetil corta a ar velozmente e atinge uma das pedras, partindo-a e derrubando-a de cima da rocha. O jovem exulta de alegria, enquanto Alan, sorrindo, lhe parabeniza pelo feito. O jovem volta a se concentrar e rapidamente dispara o quarto tiro, porém desta vez volta a errar, atingindo a rocha próximo ao espaço entre uma das pedras e outra. Ele se decepciona com o resultado, ao que Alan lhe adverte: “Não fique confiante demais, confiança em excesso o tornará arrogante, e a 'arrogância precede a ruína'.” Ezequiel responde com um gesto de cabeça, indicando que entendeu, e volta-se novamente aos alvos, e nos próximos dois tiros ele acerta outras duas pedras derrubando-as de cima da rocha.

Após acertar a terceira pedra ele se volta para Alan, oferecendo-lhe de volta o revólver, ao que este lhe indica que ainda havia uma pedra sobre a rocha, ao que o jovem responde: “Mas foram seis tiros, é a carga de um revólver, não?”, ao que Alan lhe responde: “Sim, um revólver usual tem um tambor para seis balas, mas o meu é customizado, comporta sete...” “Sete balas?”, o jovem questiona, ao que lhe é explicado: “Justamente pelo fato dos usuais terem seis, assim, caso me envolva em um tiroteio, quando alguém pensar que tenho que parar para recarregar, eu o surpreendo com a sétima bala, é simples, e até mesmo infantil, mas acredite, é funcional.” Ezequiel se volta novamente para o alvo, ao que Alan questiona: “Isso é meio estranho... Você nem se lembra de quem é, como poderia lembrar de que a carga usual de um revolver é de seis balas...” O jovem, um pouco perplexo com o comentário de Alan, se volta para ele e comenta confuso: “Eu não sei... eu apenas sei....” Então se volta novamente para a pedra sobre a rocha, mira e dispara, atingindo-a e derrubando-a.

Após o rápido treino, os dois descem a colina até a cidade. Alan havia pego as coisas de seu “trenó” e colocado as principais em uma mochila, que carregava nas costas, deixando o que parecia menos importante, junto com o “trenó” no topo da colina. Eles chegam aos limites do bairro residencial, logo na base da colina, e adentram o quintal de uma das casas por uma abertura no muro da mesma. Os dois atravessam a parte externa da casa (que estava bem deteriorada) e chegam até o portão da frente, um portão de grades, bem enferrujado, que ainda se mantinha trancado por um velho cadeado, diante disto, Alan simplesmente pega uma faca e o força, o cadeado acaba por ser facilmente estourado, devido ao seu alto grau de oxidação. Os dois chegam na rua e começam a segui-la na direção do centro da cidade, cujos altos prédios podiam ser vistos a certa distância. Alan andava alguns passos a frente, com sua espingarda engatilhada e em mãos, enquanto Ezequiel seguia um pouco atrás, atento a tudo ao seu redor.

A medida que seguiam por aquela rua repleta de escombros e veículos abandonados a ferrugem, a medida que se aproximavam do centro da cidade, as casas começavam a dar lugar a sobrados e pequenos prédios. O apavorante silêncio daquela cidade deserta e em ruínas só era quebrado por ocasionais trovões que ecoavam dos céus cinzentos acima deles. Após um bom tempo caminhando, eles chegam ao centro da cidade, o ambiente de altos prédios e largas avenidas, no qual são recepcionados por uma chuva fina e um vento suave e frio.

Eles continuam caminhando, seguindo por algumas ruas, sempre atentos ao derredor, embora não se via, nem se ouvia nada por aquelas paragens, a não ser o fraco som das gotas de chuva caindo sob o asfalto. Até se aproximarem de uma esquina, onde um cheiro pútrido começa a ser sentido no ar. Eles cruzam a esquina cautelosamente e se deparam com uma grande quantidade de corpos de seres infectados espalhados pelo chão, todos mortos, com marcas de tiros nos corpos. Também se observava uma infinidade de cartuchos de munições vazios caídos pela área. Os dois caminham um pouco pela área, constatando que não havia nada vivo ali, até que se deparam com um corpo de uma pessoa não infectada, morta no meio daquelas criaturas. O corpo usava um grosso sobretudo de coloração cinza e com capuz, que lhe cobria a cabeça, Alan se aproxima e o analisa, constatando que estava com muitas feridas. Após analisar a cena ao redor, ele conclui: “Eles chegaram aqui em um grupo, estavam até que bem armados, e foram atacados pelos infectados. Começaram a disparar com seus rifles, porém este não teve muita sorte e foi alcançado pelas criaturas, por várias delas... Os companheiros conseguiram eliminá-las, porém já era muito tarde para salvá-lo, e lhe deram um golpe de misericórdia...”, Alan termina sua conclusão apontando para o orifício de tiro na cabeça do cadáver. “Nossa, como concluiu tudo isso?”, Ezequiel o questiona, ao que lhe é respondido: “Olhe ao redor, diversos cartuchos e alguns pentes vazios, porém nenhuma arma... e este orifício na cabeça foi feito por um tiro de pistola, calibre 9mm, enquanto que as marcas nos corpos das criaturas são de grosso calibre... Os companheiros lhe deram um golpe de misericórdia para evitar que ele se tornasse um infectado, e levaram suas armas, equipamentos e provisões, para evitar desperdícios...”, após as explicações, Alan continua: “Melhor sairmos daqui, essa área foi limpa, mas é só questão de tempo até que mais infectados cheguem aqui...” Porém, enquanto ele ainda pensava em que direção tomar, o jovem Ezequiel lhe chama atenção para algo: uma nuvem de fumaça começava a subir para os céus não muito longe de onde estavam. “Infectados não sabem fazer fogo...”, Alan comenta, “...são pessoas, talvez possam nos ajudar, vamos!” Porém Ezequiel se mostra cético: “Talvez tenha sido um raio que atingiu alguma casa...” Mas Alan ignora o comentário e insiste para irem até lá.

Os dois avançam até a origem da fumaça, e chegam a lateral de uma catedral, que ficava ao centro de uma praça cujas plantas ressecaram. A fumaça saia por algumas janelas quebradas, demonstrando que o fogo se encontrava em seu interior. “Prova de que o fogo tem causa humana, se fosse um raio estaria queimando por fora e a chuva já teria apagado o fogo... Mas um incêndio interno...” Alan refuta o comentário anterior de Ezequiel, ao que o jovem responde: “Bem, então agora só nos falta encontrar os causadores deste incêndio...”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Esperança Dos Renegados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.