A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 40
CAPÍTULO XVIII: O epitáfio de Targut


Notas iniciais do capítulo

muito tempo sem escrever, decidi tentar terminar esta história, bem este é um capitulo um pouco longo, se alguém ler, espero que goste...



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Os três chegam em uma das construções abandonadas do que parecia ser um pequeno complexo (na verdade, em tempos passados, uma pousada campestre). Eles deitam a garota sobre um balcão. Alan, ajudado por Ezequiel, estanca o sangramento na coxa dela e improvisava um curativo com algumas tiras de tecido.

Enquanto se distraíam com os cuidados médicos, Tainã e seu ajudante aproximavam-se lentamente das construções, porém não eram os únicos. Longe o bastante para não ser percebido, mas o suficiente para ver os dois chegando sorrateiramente à área, estava Targut.

Tainã logo se põe por trás de uma mureta, por sobre a qual ele conseguia ver o trio através da armação de uma ampla janela (apenas a armação metálica restara, e já estava enferrujada, os vidros a muito já havia se estilhaçado), eles estavam no que teria sido uma sala de recepção. Tainã logo apóia o rifle de precisão sobre a mureta e começa a mirar, decidido a eliminar aqueles que lhe atrasaram em pegar sua recompensa. Ele mira tranquilamente, para garantir que não gastaria mais do que um disparo por pessoa ali. Quanto estava a ponto de posicionar a mira sobre a cabeça de Alan, seu ajudante o chama bruscamente, enquanto engatilhava a própria arma. Tainã se volta para o que o ajudante lhe apontara e vê Targut caminhando na direção deles, sem mostrar qualquer receio em ser visto ou atacado. Quando ele se aproxima um pouco mais, é recebido pela mira das armas, porém ele, sem demostrar qualquer intimidação, lhes responde fulminantemente, antes que qualquer dos dois lhe pudessem dizer qualquer palavra:

– Estou aqui simplesmente para lhes dizer que saiam de meu caminho e não atrapalhem-me no cumprir de minha missão.

Diante de tais palavras, o ajudante de Tainã tom a frente e inicia uma resposta arrogante: “Você é que está nos atrapalhando!”, porém antes mesmo dele terminar a frase, Targut desembainha sua espada, e em um rápido movimento transversal atinge o rapaz, decepando suas mãos e partindo seu fuzil. Com o golpe o rapaz gira para a esquerda, enquanto Targut emenda ao golpe um forte estoque, que atravessa toda a lâmina no corpo do ajudante, chegando a encostar a empunhadura em forma de crucifixo no peito dele, com a imagem do Cristo volta para seu rosto. A cabeça dele pende para baixo, e o ajudante tem aquela imagem sacra profanada por seu sangue como sua última visão. Diante do ocorrido, Tainã dispara sua arma contra o Cavaleiro, o grosso calibre lhe faz sentir um pouco o disparo, mas não é capaz de lhe atravessar as vestes e lhe ferir. Diante de tal atitude, Targut se volta contra ele e começa a ir em sua direção, Tainã, andando de costas, tentara manter distancia, enquanto insistia em atirar contra seu atacante, ainda que os tiros se mostravam incapazes de derrotá-lo, o impacto dos disparos ao menos eram suficiente para retrasá-lo, sento que em alguns até o empurravam um passo para trás. Logo o Cavaleiro percebe que tais disparos, mais do que atrasar seus passos, também alertaram Alan, Ezequiel e Deborah, e estes se esforçavam para deixar o hall em que se encontravam (ainda que no susto e na pressa, Ezequiel acabara por abandonar sua arma no local, ele a havia encostado no balcão em que deitaram a garota para fazer os curativos). Não querendo dar-lhes a chance de escapar, ele simplesmente ignora Tainã, e muda de direção, correndo para dentro da construção abandonada atrás de seus alvos. Tainã, percebendo que escapara, aproveita a oportunidade e se afasta, embora com o olhar fixo e determinado, que revelara que não iria fugir, mas buscaria um meio de contornar a situação.

Alan corria a frente por um dos corredores do local, sendo seguido por Ezequiel, que ajudava Deborah a andar, lhe oferecendo o ombro como apoio. Porém não demora muito até que Targut rompesse uma das portas do corredor e lhes interceptasse o caminho. Ele se põe diante deles com a espada em punho.

– “Voltem para o saguão” - Alan diz a seus companheiros enquanto fitava fixamente seu oponente, o qual se limitava a encará-lo de volta. Enquanto Ezequiel e Deborah retornavam pelo corredor, Alan empunha sua espingarda e dispara contra seu atacante, retornando ele também pelo corredor, porém de costas para manter Targut em sua mira, porém os disparos nada fazem além de atrasá-lo, e logo a arma se descarrega, dando tempo ao Cavaleiro de alcançá-lo, tomar-lhe a arma e jogá para trás de si. Após desarmar Alan, Targut investe com a espada contra ele, porém o rapaz consegue se esquivar dos golpes, sacar seu revolver e lhe disparar continua e rapidamente. Três tiros lhe acertam em uma linha diagonal ascendente, da direita para a esquerda, pelo tórax, um quarto tiro lhe empurra o ombro direito e outros dois lhe acertam a face encoberta pela mascara metálica (um na altura da bochecha esquerda e outro na testa), porém nenhuma das balas é capaz de atravessar as vestes protetoras (incluso as que lhe acertam a mascara fazem o metal ressoar com o impacto, mas mesmo elas não causam qualquer dano ao Cavaleiro).

Novamente Targut o alcança, acertando sua arma com o pomo da espada e a lançando para longe, após desarmá-lo novamente lhe desfere um forte chute no peito, que lança ao chão. Ao derrubá-lo, o Cavaleiro percebe que ele carregara também um sabre, e lhe desafia:

– “Lhe dou a chance de morrer com alguma honra, desembainhe sua espada e me enfrente.”

Alan se levanta, enquanto o Cavaleiro se põe em posição de duelo, e empunha com as duas mãos o sabre que carregara na cintura. Targut investe ferozmente contra ele e lança uma sequência de ataques muito fortes, ante os quais Alan não consegue far mais do que se defender, porém ainda assim consegue se manter firme diante do adversário. Porém, após resistir fortemente a sucessivos ataques, Targut consegue abrir sua defesa com um golpe amplo, girando o corpo consegue lhe acertar um chute giratório após o golpe da espada, fazendo Alan girar e se desequilibrar. O Cavaleiro então levanta a espada acima da cabeça, empunhando com as duas mãos e desfere um golpe vertical com toda a força, em um reflexo Alan consegue se pôr em postura defensiva e bloquear o ataque, ainda que para isto lhe fosse necessário apoiar a lâmina com a mão esquerda, e dobrar as pernas para absolver o golpe, de forma que seu joelho esquerdo tocara o chão. Targut, percebendo-o preso ao chão, continuou forçando a espada contra ele, mas Alan resistia.

– “A ladra deve ter-lhes roubado algo de muito valor para persegui-la com tanto afinco...” - Alan murmura a seu atacante.

– “Não é a garota minha prioridade, irás perecer sem nem mesmo saber por quem...” - Targut lhe diz de forma arrogante.

– “Ezequiel?!” - Alan concluí

– “Assim que o chamas? Nem sabes quem ele é e estás ai, a ponto de sacrificar-se por ele. Patético.”

Enquanto a luta era travada, Ezequiel e Deborah, a distância observava. “Temos que ajudá-lo”, o jovem afirma, ao que a garota simplesmente lhe lembra: “Qual é, ele descarregou duas armas no maldito e nem o arranhou, o que acha que pode fazer?!”

– “Descarregou?!” - Ezequiel se porta como se obtivesse uma revelação – “Ele deu seis tiros com o revolver não foi?” - Deborah lhe confirma com um “acho que foi”, o que faz com que o jovem percorra as cercanias em busca da arma, até localizá-la no chão a alguma distância deles. Ele deixa Deborah apoiada em uma das paredes do local e segue em busca do revolver, ignorando o “O que você está fazendo?!” com o que ela lhe questiona.

Neste meio tempo, Targut continuava a força sua lâmina contra a defesa de Alan, a qual estava cedendo lentamente, porém, enquanto lhe forçara cada vez mais o ataque, insistia em lhe flar arrogantemente:

– “Queres levar um segredo ao túmulo? Saber a verdade sobre nós Cavaleiros? E sobre o jovem a que chamas Ezequiel?”

– “Por que me contaria algo?” - Alan questiona.

– “Você é um adversário digno, merece ao menos saber o por quê de morrer. Sabes que não somos daqui. As 'cidades fortaleza', é assim que vocês que vivem neste inferno as chamam não é? Alguns nem acreditam nelas, mas elas são reais, viemos de lá, vivemos lá. Aqui não nos passa de uma área de lazer, para onde vamos como um passatempo, quase um esporte. As cidades se tornaram chatas, monótonas, toques de recolher, racionamentos, tudo se mantendo sobre absoluto controle... Mas aqui é uma terra selvagem, sem leis ou regras, onde podemos fazer tudo o que quisermos. Muitos em nossas enfadonhas cidades pagam fortunas por esta emoção, por ter a chance de viver 'tempos bárbaros e aventuras épicas como em tempos imemoriais'. Estes são os 'Clã dos Cavaleiros', os abastados de uma sociedade entediada em busca de emoções que a muito não se veem em nosso mundo, mas com toda a segurança que nossa mais alta tecnologia lhes pode propiciar. E nosso 'grão-mestre' nada mais é do que quem organiza e lucra com estas excursões de aventura, e vocês que sobrevivem neste lugar, assim como os monstros que se arrastam por ai, nada mais são do que brinquedos com os quais podemos nos divertir a vontade. Mas isto não é nada perto do que nossos antecessores fizeram. A guerra que destruiu o mundo, nosso grupo a planejou, pois era preciso algo de tal magnitude para nós dar o controle de toda a sociedade. Eles precisavam que suas vidas dependessem totalmente de nós, e assim o é nas cidades que nós construímos...”

Neste instante se ouve um disparo ecoar na sala, ele acerta Targut na nuca e, embora não conseguira atravessar suas vestes protetoras, fora o suficiente para distraí-lo e fazer seus ataque contra Alan enfraquecer o suficiente para ele sair para o lado e se livrar da posição em que estava preso. Para trás deles estava Ezequiel empunhando o revólver de Alan. Os dois amigos se encaram, ao que o jovem lhe comenta: “A sétima bala, funciona.” Nisto, Alan torna a se voltar contra Targut, gira o sabre por sobre a cabeça e lhe desfere um poderoso golpe. O Cavaleiro consegue defender o ataque com sua espada, porém ele ainda assim lhe abre a defesa, permitindo a Alan lhe acertar o rosto com o punho.

Porém o ataque não se mostra muito eficaz, Targut se recupera da surpresa rapidamente, e logo torna a atacar, com golpes ainda mais fortes que os anteriores, Alan retorna a defensiva, porém acaba por ser desarmado e novamente jogado no chão. Targut se dobra por sobre ele e lhe agarra o pescoço com a mão esquerda começando a sufocá-lo.

– “De fato se mostrou um adversário valoroso, é quase uma pena ter que matá-lo” - Targut se vangloria.

Porém, no momento em que o Cavaleiro olhava fixamente, através de sua máscara, para Alan, enquanto esticava a mão que empunha a espada para estocar-lhe o último golpe, Alan estica seu braço direito na direção do rosto de seu inimigo, acionando o mecanismo retrátil que levava até sua mão a pequena pistola de tiro único que Esquyeu lhe havia dado no vilarejo. Alan consegue empunhá-la e encaixar seu cano na abertura para os olhos que o Cavaleiro tinha em sua máscara. Um único disparo. A cabeça de Targut demostra sentir o impacto indo para trás bruscamente, sua espada cai ao chão e ele próprio ainda dá dois passos para trás, cambaleando, antes de cair ao chão, primeiro de joelhos e depois estirado de bruços. Logo o capuz que cobria sua cabeça começa a se tingir de vermelho e sangue também começa a escorrer pelos buracos dos olhos de sua máscara, como se fossem lágrimas.

Os três então se reúnem para partir do local, deixando o cadáver do invencível Cavaleiro para trás, abandonado naquele local desolado.


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