A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 22
PRÓLOGO: O Cavaleiro e o Assassino




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178257/chapter/22

No interior de uma residência abandonada, havia um cômodo inicial amplo e vazio, o qual era iluminado pelos raios solares que o adentravam por duas grandes janelas que se dispunham uma de cada lado de uma porta dupla. A maçaneta da porta é girada, a porta range enquanto é aberta e adentra-se à residência um homem vestindo uma blusa grossa, que mais lembrava um manto, de coloração cinza-esbranquiçado, um pouco suja e um tanto desgastada, sem mangas e com um capuz lhe cobrindo a cabeça. Ele usava calças igualmente grossas, de cor escura, e botas. Via-se, sobre sua coxa direita, um coldre armazenando uma pistola com silenciador embutido. Em sua mão esquerda, ele usava uma luva sem dedos e com uma grossa braçadeira que cobria seu antebraço, na parte posterior da braçadeira, havia uma bainha que resguardava uma faca militar, encaixada em seu final, próximo ao ombro, na parte superior, por sobre o antebraço, havia outra bainha, tripla, onde se encaixavam três facas de arremesso. No braço direito, havia um luva sem dedos simples, terminada com uma munhequeira curta. Ao adentrar o cômodo vazio, ele retira o capuz descobrindo a cabeça, revelando um homem de feições rudes, cabelos negros, curtos e bagunçados e uma barbicha (composta de bigode e cavanhaque) em torno da boca. Ele atravessa o cômodo abandonado até chegar ao próximo, que ainda mantinha os restos de um balcão e alguns armários nas paredes, e diz: - “Ele o irá receber...” No interior daquele segundo cômodo, parado diante da armação da larga janela que teria tido aquele cômodo, olhando através da abertura, Malachie responde ao homem, sem nem mesmo se preocupar em lhe olhar: - “Já era hora, estou cansado de esperar...”

 

Os dois saem da casa e seguem pela rua em sua frente. Ao derredor da rua via-se diversas casas abandonadas e em ruínas, porém de arquitetura luxuosa, quase todas com o que pareciam ser jardins ressecados e mortos à suas frentes. Também percebiam-se alguns carros abandonados pela rua e nas garagens, os quais, apesar do estado desgastado pelo tempo, ainda se mostravam de modelos luxuosos. Nos telhados das casas, por vezes se viam de relance, outros homens trajados de forma semelhante ao que fora buscar Malachie, muitos deles com fuzis de precisão, como se fossem sentinelas vigiando um território. Os dois homens caminhavam ao longo da rua, Malachie uns passos atrás, como se estivesse sendo conduzido pelo outro, em direção ao final da rua, onde se destacava desde longe uma grande construção, de pelo menos uns quatro andares, um prédio amplo e grande. Em sua fachada se via um enorme letreiro em letras garrafais e estilo gótico, seriam de uma coloração vermelha, porém, devido ao desgaste do tempo, estavam despotadas, e detinham apenas um tom rosa esbranquiçado, faltavam algumas letras na inscrição e outras estavam quebradas, o que se conseguia ler seria algo como “Cen_cul_ _e J__us _rist_”, havia também na fachada, mais abaixo da escritura, e acima da ampla porta de folha dupla, um grande símbolo de uma cruz. A medida que se aproximavam, ainda mais homens com vestes semelhantes as do que guiava Malachie apareciam. Estes pareciam se concentrar em torno de tal construção; embora muitos deles mantinham a cabeça encoberta pelo capuz de seus mantos, podia-se perceber que encaravam o “visitante” de forma antagônica. A medida que avançavam, podia-se ouvir alguns deles murmurando coisas do tipo: “O que este palhaço faz aqui?”, “Hã, porque ele ainda esta vivo?!” e “Se eu pudesse...”

 

Os dois adentram ao prédio, após atravessarem as grandes portas, eles seguem por um pequeno corredor que terminava em um amplo salão. O salão era bem iluminado, com diversas janelas estreitas e altas, a iluminação do salão também adentrava por uma grande estrutura ao longo do teto, em forma de cruz e constituída por vidrais coloridos decorados por motivos de mosaicos geométricos, embora as cores de diversos deles já estivessem desbotadas pelo tempo e a poeira, e não fossem poucos os vidrais trincados ou mesmo ausentes na estrutura. As paredes estavam deterioradas pelo tempo, embora se viam sinais de pelo menos tentativas de reforma, assim como também se podiam ver nelas diversas marcas de infiltrações e partes onde o reboco havia caído. No interior do salão se viam ainda mais homens, trajados como os de fora, não apenas no salão, mas também nas galerias acima dele. Todos andavam armados, segurando rifles, geralmente tendo também pistolas, além de facas, punhais e outras armas brancas. Nas galerias também se viam diversos deles com fuzis de precisão.

 

Ao final do salão havia um grande púlpito, sobre o qual havia mais alguns homens. Logo que entrara, Malachie fora conduzido em tal direção. Ao se aproximar, o homem que o guiava, se curva diante dos que estavam em cima do púlpito saudando: - “Grande Al-Naum, conforme ordenado, eu lhe trouxe o Cavaleiro.” Com a saudação um dos homens que estava por sobre o púlpito toma a frente, ordenando que os demais se retirassem (apesar de dois deles permanecerem, um de cada lado do púlpito, próximo aos degraus que subiam a ele, como seguranças). O que recebera  a saudação e tomara a frente, era um homem moreno, com bom porte físico, ainda que não muito alto, o rosto tinha formado retangular, com feições rudes, olhar penetrante, cabelos grossos e de comprimento mediano, raspado nas laterais, não possuía barba, usava uma linha de cinco ou seis brincos na orelha esquerda, que iam deste o meio da cartilagem até o lóbulo e um pequeno alargador na orelha direita, destacava-se ainda em seus rosto duas pequenas cicatrizes, ambas do lado direito, uma vertical, na lateral da mandíbula, indo ate o começo do pescoço, e outra horizontal na testa, pouco acima da sobrancelha.

 

Após despedir o seu soldado, Al-Naum encara Malachie, ao que este responde seu olhar dizendo: - “Então finalmente conheci 'O Grande Al-Naum', do qual tantos falam... Mas bem, tenho que dizer, que não me parece o gigante de quase 3 metros de altura, cujo apenas o olhar já seria suficiente para fazer a alma de um homem deixar seu corpo, como nas histórias que ouvi...” Al-Naum, ignorando o comentário, caminha até uma das cadeiras que havia por sobre o púlpito (que pareciam ser feitas de alguma madeira nobre e tinham certas ornamentações, parecendo móveis luxuosos), vira-a na direção do Cavaleiro e se assenta, encarando-o. Com um tom de voz sério e firme, porém, ao mesmo tempo, calmo e sereno, ele responde:

 

— “Deve saber que muitas das histórias que se contam por aí são muito exageradas... Se eu fosse dar atenção a elas, estaria aguardando que se apresentasse em minha frente um morto-vivo, um vampiro ou qualquer outro ser sobrenatural, uma nova raça de infectados ou até mesmo uma criatura alienígena, mas tudo o que vejo é um homem como qualquer outro, trajando curiosas vestes, o que com certeza deve ter uma explicação bem racional... Mas não quis vê-lo para compartilhar as histórias que o povo conta, o que quero é saber exatamente o que ocorreu no abrigo de Kutscher, para que alguns de meus homens e também diversos civis tenham sido mortos.”

 

— “Isto é algo simples”, o Cavaleiro responde, “meu Senhor me concedeu uma missão, a qual realizarei, e nada nem ninguém ficará em meu caminho, nem mesmo o 'grã-mestre assassino'...”

 

Diante de tal comentário, um dos homens que havia permanecido sobre o púlpito reage, empunhando o rifle M4 que segurava, apontando para Malachie, gritando com ele: - “Como ousa falar com tamanha insolência diante do grande Al-Naum!”, esta reação logo se espalha pelo salão, e rapidamente se ouve um coro de armas sendo engatilhadas, todos apontando para o Cavaleiro, tanto no chão, quando nas galerias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Esperança Dos Renegados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.