Memórias De Uma Caçadora escrita por Giovana Rebelo


Capítulo 5
Uma quebra desnecessária


Notas iniciais do capítulo

Ridículo.



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Uma passagem estreita, difícil de ser cruzada. O cheiro de bolor e carne apodrecendo aumentava enquanto eu passava pelo cominho. Ainda dava tempo de voltar, mas permaneci seguindo. O túnel levava para o subterrâneo. E se minha senhora me expulsasse por não cumprir sua ordem? Não sabia nada, mas continuei.

Saí em uma câmara deformada. Havia, em certos cantos, peles de animais e, em outros, suas carcaças parcialmente devoradas. No outro lado da sala, percebi a existência de um pano cobrindo algo. Em meio a algumas peles, pude perceber o menino que vi na floresta. Olhei para os lados, me certificando de que não haveria mais ninguém conosco.

Aproximei-me da tal criança. Era um menino pequeno. Segurava sua adaga como se estivesse pronto para se defender. Porem, percebi em seus olhos certo pavor. Ele era pequeno, tinha cabelo preto e olhos pretos.

-O que aconteceu? – lhe perguntei.

- Ele prometeu, ele prometeu, mas acho que ele não vai cumprir. Quer dizer, ele não cumpriu da outra vez - ele falava quase gritando, com um som de pavor e indecisão na voz.

- Quem é você? O que esta acontecendo? Quem prometeu?

- Ele prometeu- percebi uma lagrima estava escorrendo de seus olhos.

- Primeiramente, quem é você e quantos anos você tem? – perguntei, tentando parecer calma.

- Meu nome é Marcos e eu tenho 11 anos.

- Ok. O que aconteceu?

- Eu estava em casa com meu pai. Ele saiu pra comprar comida. Fiquei sozinho por pouco tempo. Mas invadiram a casa e me levaram – percebi que ele estava revivendo todo o momento em sua cabeça e que ele estava apavorado - Onde esta meu pai?

- Eu não sei, mas se acalme. Vamos achá-lo. Quem fez isso com você?

-Ele me prometeu que se eu falasse aquilo ele me deixaria voltar pro meu pai. Ele mentiu.

- Quem? – perguntei. Estava ficando estressada.

- Eu tenho medo dele. Ele disse que se eu não fizesse o que ele mandava ele iria me matar. – ele disse, enquanto chorava – Eu preciso do meu pai. Eu não gosto dele. Mas agora ele disse que me devolvia.

- QUEM? –repeti a pergunta, estressada.

- Era errado, mas ele disse que me libertava. Eu não agüento mais ficar aqui. Fede, e eles voltam a noite com mais comida. Eles colocam lá – ele apontou para as carcaças – e eu não como. Me recuso. Já estou há quatro dias sem comida.

-QUEEM?! – gritei o mais alto que pude, tentando parecer calma.

- Ele – Marcos apontou para as minhas costas. Olhei, e vi a encrenca em que tinha me metido.

Meu velho companheiro, Lícaon.

- O que traz uma caçadora aqui? – ele perguntou sarcasticamente.

- O que você faz aqui? – perguntei, tentando parecer corajosa.

- Você trouxe a garota errada – disse, rispidamente, para Marcos.

- Desculpe, mas, por favor, me leve para meu pai – ele respondeu.

- Não – disse Lícaon.

- Deixe o menino ir Lícaon. Acho que até ele ganha de você – disse

Rindo, ele andou em direção ao objeto coberto.

- Conhece esse espelho? – ele me perguntou, apontando para o objeto que o pano cobria – É o espelho de Zagreu. Quando ele foi morto, o espelho se perdeu. Porem, Quione o achou. Pediu para que eu testasse, vesse se é verdade a lenda. Dizem que ele pode levar a pessoa à loucura, fazendo a pessoa questionar sobre seus atos, mas, se essa sobreviver, terá poderes imagináveis. Pensei em usar a boba da Thalia Grace…

- NÃO FALE ASSIM DA THALIA! VOCÊ NÃO TEM O DIREITO. – gritei, decidida.

-…mas como nosso amiguinho falhou, vou usar você. – ele tirou o pano.

Cometi, naquele instante, o maior erro de minha vida. Olhei para o espelho.

            A voz passou em minha cabeça, juntamente com flachebacks. Me vi em um lugar estranho, escuro, gigante. A parede era coberta de imagens de milhões de eras. Já havia visto esse povo, mas não me lembrava quem era.

            Havia um homem sentado em um cadeira ao final.

            -Vou sentar-me e descansar e você, meu tesouro, irá comigo. – ele disse.

Pensei. Minha cabeça estava a ponto de explodir, mas não estava tão mal quanto achava. Lembrei-me do momento. Após aquele lugar, sei para onde havia ido. Simplesmente sabia: havia achado milady.

- Pare – supliquei, fingidamente – por favor, eu não agüento mais.

- É – Lícaon respondeu – você é fraca demais. Onde eu estava com a cabeça, uma mortal sendo colocada sobre algo divino. Bom, se una a mim ou morra.

- Gosto de suas piadas– respondei bruscamente

Saquei Kiempf  e atirei na perna de Lícaon. Este ganiu de dor, mas investiu contra mim. Saquei minha adaga, desviei. Porem, uma das garras dele rasgou meu braço.

Sangue jorrava do ferimento. Tentei permanecer em pé, mas a dor era imensa. O bastardo havia colocado veneno. Sabia que era meu fim: sempre fui uma péssima esgrimista.

 Antes de desmaiar, vi Lícaon se levantando. Fiz a única coisa que poderia fazer: quebrei minha pena.


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Notas finais do capítulo

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