De manhã cedo (ao menos para os padrões dela) Freddie toca a campainha da sua casa.

Resmungando, Sam se levanta, com o cabelo todo armado e com roupas para dormir (uma camiseta surrada do Cuttlefish e uma calça moletom igualmente velha), calça suas pantufas e vai abrir a porta.

Sorridente, Freddie coloca um chapéu de maquinista.

“Bom dia, minha flor! Vamos ao encontro dos maquinistas, lembra?”

Eles se dão um selinho.

“Lembro... entra aí, vou me arrumar.”

Sam diz isso sem nenhuma empolgação. Aliás, o que ela menos tem com relação ao programa com o namorado deste dia é empolgação. Atendendo a uma sugestão da Carly, eles haviam concordado que um devia participar das atividades do outro. Sam seria a primeira, indo ao encontro semanal de maquinistas mirins, do qual Freddie fazia parte. Basicamente, seriam vários bobões usando chapéus de maquinistas brincando com seus trenzinhos de brinquedo. Que programa para ela.

Ela rapidamente passa uma escova no cabelo, coloca uma blusa cinza listrada com um colete preto com detalhes metálicos por cima, uma calça jeans e botas com saltos. Ela se olhou no espelho e gostou do que viu. O ar ainda era agressivo, mas estava mais feminina. Sam tinha mudado um pouco seu jeito de vestir.

“Tô pronta. Vamos lá, bebê.”

Eles se dão as mãos e vão ao carro do Freddie. Ela olha com um pouco de desdém, não considera o veículo muito bonito, nem muito conservado. O casal entra no veículo e vai até o galpão onde o encontro será realizado.

Chegando ao local, a loira coloca sua mão esquerda sobre seu rosto. A coisa é pior do que ela pensava, todos os ‘integrantes’ tinham cara de nerd e, a bem da verdade, o único bonito lá era Freddie. Aliás, as duas únicas pessoas realmente bonitas lá eram ela e Freddie.

“Looonga manhã pela frente.”, ela pensa.

Todos parecem olhar para ela com pouco interesse, o que ela não entende, pois a maioria dali devia ser virgem de boca. Ela pensa que provavelmente eles se agarram depois.

“Minha namorada, Sam, galera.”

“Você sabe que é contra as regras trazer mulheres aqui, Benson.”

“Calma, ela não vai atrapalhar...”

“Tá bom, cara... mas é bom ela ficar quieta.”

Sam resolve se sentar em um canto. Aquilo era muito chato, eles faziam um tipo de cumprimento a cada um que chegava, como num ritual. Como podiam ser tão nerds assim? Freddie tinha muita sorte de que uma garota do nível dela gostasse dele.

Enquanto eles brincam com seus trenzinhos, ela sai mexendo nas coisas, e começa a bolar alguma coisa sobre fazer um mini acidente ferroviário. Ela dá um sorriso.

Só que seus pensamentos maquiavélicos são interrompidos pelo seu celular vibrando. Ela pega o aparelho e vê que Brad quer iniciar uma conversa com ela. Brad e Sam tinham ficado amigos depois que ela começara a namorar o Freddie.

E aí, loira, se divertindo com os trenzinhos? ; P

Ô... o.0

O Freddie me falou que vocês não vão sair amanhã, tah a fim de ir num evento?

Sei lá... o nerd não vai gostar.

Só como amigos! Eu não queria que vc ficasse sem fazer nada à tarde... Carly vai sair, Freddie também...

Só como amigos?

Que é isso, Freddie é um dos meus melhores amigos. Só como amigos. O evento é uma sessão de autógrafos do DVD contendo os nocautes do campeão peso pesado do EFC, Constantine Quebra Ossos. Viu, nada romântico!

Beleza!!! : D

OK, amanhã, lá pela 1 da tarde eu te pego na sua casa.

Marcado. Inté!

Sam coloca o celular em seu bolso e olha para Freddie, que está gargalhando ao comandar seu trenzinho. Ela reflete um pouco, e chega à conclusão de que talvez ele não vá gostar de saber que ela vai sair com outro cara, ainda que não seja com fins românticos. Resolve então não contar nada a ele.

Depois de mais meia hora de tortura para Sam, eles saem do galpão. O sentimento de culpa por esconder algo do namorado a fez desistir de aprontar com os ‘nerds ferroviários’.

“Agora, é a hora de você ir visitar meus parentes comigo. E não se esquece do presunto.”

“No problema, señorita.”

Esse espanhol randônico dele a irrita tanto...

Freddie a leva até o presídio estadual, onde estão presos seu tio Carmine e seu primo Chaz. Freddie visivelmente está nervoso, enquanto Sam está tranquila e à vontade no lugar.

Sam estava esperando que Freddie fosse se dar mal com seus parentes, mas, surpreendentemente, ele se dá muito bem com os dois, que dão várias risadas com o que Freddie fala.

“... e então minha mãe me fez uma... lavagem de colo... argh.”

“AHAHAHAH!!! Sammy, esse rapaz é demais!”

“Escolho bem, né, tio?”

“E o... pacote?”

“Aqui! Fiquei treinando como fazer isso.”

Freddie entrega uma enorme peça de presunto de forma discreta, sem que os guardas percebessem. A peça estava escondida na sua calça.

“Sammy, esse garoto é de ouro. É um pra se manter.”

Os dois homens escondem a peça de presunto e, quando termina o horário de visitas, eles dão um abraço caloroso em Freddie, e logo depois na Sam.

“Você se deu bem com meus parentes.”

“São gente boa.”

Ao sair do presídio, Freddie beija Sam, coloca seu braço por cima do ombro dela e ambos vão até o carro.

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Jade está muito estranha nos últimos dias.

A alva garota não larga do pé da Cat, que, obviamente era amiga dela, mas Jade jamais fora tão apegada a ninguém, exceto ao Beck.

“Cat... vamos ver na loja um novo modelo de tesoura que acabou de chegar?”

“Jade, não é por nada, mas eu quero ficar um tempo sozinha pra me organizar antes de me mudar!”

“Hnf. Tudo bem, não preciso da sua companhia.”

Jade se levanta e Cat olha para cima, como que pedindo paciência aos céus.

“Jade, olha aqui. São só seis meses... e eu vou vir aqui em alguns fins de semana, Seattle não é tão longe assim. Não precisa ficar desesperada, eu vou estar por aqui!”

“Quem disse que eu vou sentir sua falta?”

“Ninguém disse, mas eu vou estar sempre por aqui!”

A ruivinha deu um abraço na amiga, que acabou se desarmando e retribuindo o carinho.

“Ah, Jade... seria melhor se você liberasse suas emoções...”

Cat dá um sorriso quando se lembra do que falou para si própria. Era um mês difícil mesmo.