Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 13
A Nova Profecia


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu tenho plena consciência de minha demora em postar. Todavia, eu estava bastante ocupado com o vestibular no ano passado e realmente não tinha tempo sobrando para escrever. Mas, eu passei (viva!) e agora não preciso me preocupar com estudos por um tempo, de forma que pretendo terminar a história. Se vocês ainda tiverem disposição para ler, depois de todo esse tempo, por favor, espero que gostem do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/177825/chapter/13

Percy deu um chute no tronco de árvore que estava na sua frente. A madeira podre quebrou-se sob seus pés e voou para longe dele. Ele olhava incrédulo para o Acampamento Meio-Sangue. Como foi que algo assim pôde acontecer?

                Quando voltaram do Olimpo, na noite passada, Quíron informou a todos que passaria no Acampamento, na manhã seguinte, para avaliar os estragos que o furacão poderia ter causado. Assim sendo, ele criou um pequeno grupo para que o acompanhasse na tarefa. Percy e Annabeth haviam prontamente se voluntariado. Connor havia decidido que os acompanharia.

                - Caraca, isso aqui está podre – foi o comentário eloquente que o filho de Hermes conseguiu formular, quando deu uma olhada no Acampamento. Percy, Annabeth e Quíron não puderam fazer nada, se não concordar.

                O furacão havia removido as árvores do solo, e carregado-as grandes distâncias. Algumas, haviam partido-se com a força do vento, aterrissando no meio do Acampamento. Outras voaram até que se chocassem com algum dos chalés. Percy notou, tristemente, que o chalé de Ares era o que estava em melhores condições – e ainda assim, havia perdido uma parede, a maior parte das janelas estava quebrada e somente Zeus saberia dizer aonde a porta da frente foi parar.

                Percy correu até o seu próprio chalé, para avaliar os estragos. Para sintetizar a situação, metade da construção havia desmoronado e a outra metade sugeria que estava prestes a seguir pelo mesmo caminho. Aquilo o entristeceu profundamente.

                Há anos, aquele era um dos poucos lugares que poderia chamar verdadeiramente de lar. E agora, não era nada, se não uma doce lembrança do passado. Olhou para o lago que se estendia atrás do chalé. Nem mesmo ele havia sido poupado da destruição: grandes troncos, agora apodrecendo, boiavam morbidamente sobre a água turva. Os peixes que morreram durante a tempestade podiam ser vistos flutuando, ao lado da madeira. Uma única coisa vinha a mente de Percy e Connor já a havia dito: podridão.

                Annabeht apareceu ao seu lado e pareceu sentir o estado de espírito de seu namorado. Colocou as mãos ao redor dele.

                - Não fique assim, sempre poderemos construir tudo de novo.

                Todas as minhas lembranças residem nessas construções destruídas. Não nas novas! Percy queria gritar, mas sufocou o impulso. O comentário teria sido infantil e, até mesmo, mal-educado. Ainda mais quando se considerava que Annabeth apenas estava tentando ajudar. Ao invés disso, simplesmente perguntou:

                - Já viu o seu chalé?

                A garota assentiu com a cabeça.

                - Não está em uma situação muito melhor que essa – ela admitiu tristemente. Percy a consolou como ela havia feito com ele.

                Os dois decidiram que não queriam mais ficar vendo seus chalés destruídos e decidiram ir procurar Quíron e Connor. Na pior das hipóteses, todos poderiam sofrer juntos.

                Atravessaram o Acampamento e encontraram o centauro encarando a Casa Grande. O local talvez tivesse sido o mais atingido. Os chalés, por pior que estivessem, ainda eram portadores de alguma estrutura, que lhes permitia serem identificados como uma construção. A Casa Grande, por outro lado... Não havia sobrado pedra sobre pedra para contar história. Aquilo não passava de um grande amontoado de madeira, entulho e sujeira.

                Era estranho ter essa visão. A Casa Grande sempre parecera a todos como o lugar mais sólido do Acampamento, seja porque era o local onde Quíron ficava, seja porque era o local onde as decisões importantes eram tomadas. Agora, aquela solidez toda havia se convertido em um grande entulho. O entulho parecia bem sólido, se é que isso servia de algum consolo.

                - O que faremos? – Annabeth verbalizou a pergunta mais importante.

                - Hoje – disse o centauro. Se ele estava comovido com a destruição do Acampamento, sabia mascarar a voz  -, não faremos nada. Estamos aqui apenas para avaliar os estragos, não consertá-los. Terei que discutir com Dumbledore a melhor forma de contornarmos essa situação. Tenho que admitir que, em todos esses anos, jamais pensei que algo desse tipo pudesse acontecer.  É como se... – Quíron não conseguiu se expressar com exatidão.

                - Nós entendemos – afirmou Percy. A sensação era indescritível, mas ainda assim, bastante dolorosa.

                - Acho que talvez devêssemos voltar para Hogwarts – Annabeth contornou a situação – Já vimos demais para uma manhã.

                Eles já estavam virando de costas quando o barulho os atingiu. Era como se alguém estivesse soterrado nos pedregulhos da Casa Grande e estivesse, desesperadamente, lutando para tirar todas aquelas pedras de cima de si. Essa, é claro, era uma hipótese absurda, visto que nenhum campista havia sido deixado para trás – Quíron checara duas vezes – e, mesmo que tivesse sido abandonado, não poderia ter sobrevivido àquela tempestade e nem passado tanto tempo soterrado nos restos do Acampamento.

                Ainda assim, o barulho era de alguém tentando sair debaixo das pedras. Todos viram algumas pedras se mexendo, indicando que, o que quer que estivesse tentando se livrar do entulho, estava conseguindo.

                Percy destampou Contracorrente, esperando pelo pior.

                Vários segundos tensos se passaram, até que por fim, as pedras voaram e a coisa conseguiu sair de debaixo dos restos da Casa Grande.

                Era o Óraculo de Delfos.

                Os olhos dos três se arregalaram ao ver aquela múmia erguer-se de todo aquele lixo. As bandagens estavam completamente desfeitas, as poucas que ainda restavam encontravam-se rasgadas e desgastadas. Por baixo, podia-se ver o corpo em putrefação. Séculos haviam se passado desde a última vez que aquela carne pudera contemplar a luz do sol.

                 O Óraculo podia morrer? Por que, se podia, parecia surreal que ele tivesse sobrevivido ao desmoronamento da Casa Grande. O que ele poderia querer? Vingança por terem o esquecido, quando tudo estava sendo devastado? Pouco provável, alguém com séculos de idade deveria ter coisas mais importantes com o que se preocupar do que essas futilidades.

                Então, a fumaça laranja, típica, apareceu. Annabeth não saberia dizer de onde tinha vindo, mas agora estava lá, cercando-os todos. O Óraculo, fiel a sua profissão até o fim, fez sua profecia:

A revolta da natureza se fará ouvir

Após séculos, os titãs irão se reunir

A criança é uma peça fundamental, sem a qual não se pode jogar

A mãe fará de tudo para não se revelar

Os Oito mais uma vez são necessários

Somente eles vêem verdade no que está mal contado

A paz é o objetivo final

Mas os dois lados brigam por causa do conceito de 'paz ideal’

                Quando se silenciou, o corpo do Óraculo pendeu para frente e ele caiu de joelhos nas ruínas. Por fim, desprovido de toda e qualquer força, rendeu-se a se destino. Sua cara inclinou-se para a frente e atingiu a madeira da Casa Grande, que, por séculos, fora seu lar.

                - Ele não irá mais fazer profecias – disse Quíron saturnamente – Receio que tenhamos ouvido a última coisa que ele tinha para dizer.

=-=-=-=-=-=-=-

                Snape estava prestes a cometer um homício.

                Não bastava ser o professor de um bando de pirralhos incapazes de aprender a fazer uma única poçãozinha simples, não, Dumbledore ainda tinha mais planos para ele. Dadas as novas circunstâncias, de toda aquela coisa de Gaia, o diretor havia mandado que ele ficasse vendo os canais do tempo trouxa.

                - Gaia possui poder sobre todos os fenômenos naturais – dissera o diretor -, é preciso que fiquemos de olho no que ela está fazendo, se quisermos ter esperança de entender o que ela pretende.

                E aqui estava ele, desperdiçando todos os seus conhecimentos bruxos para saber que “as roupas de banho deviam ser tiradas do armário, porque, esse fim de semana, Miami chegaria a 37º graus!”.

                Snape não gostava do tempo, não gostava de canais trouxas e, certamente, não gostava de roupas de banho. Assim, ele não estava lá em seu melhor humor.

                O que Dumbledore queria? Que Gaia usasse a lava de algum vulcão para escrever, em letras garrafais, o plano dela? Não havia nada que alguém pudesse deduzir a partir da aparente onda de calor que havia atingido o litoral sudeste americano. Foi então que o cara do tempo foi cortado do ar. Em seu lugar, apareceu outro homem, igualmente desconhecido:

               

                “Atenção, telespectadores, interrompemos essa programação para trazer notícias urgentes. Um grande terremoto atingiu o centro do Oceano Atlântico na noite passada e o seu epicentro foi capaz de mobilizar uma grande quantidade de água. Enormes tsunamis foram formadas e ameaçam atingir a costa leste de países da America Central, Estados Unidos, Brasil e a costa oeste de países da África. Pedimos a todos os habitantes da área de risco que mantenham a calma e evacuem a área imediatamente. Repetindo, evacuem a área imediatamente.”

                Snape revirou os olhos. Gaia pelo visto, nem sequer era criativa. Ela já havia atingido o Japão e o que fazia agora? Mandava mais tsunamis, para outras partes do mundo. O plano dela devia ser afogar a todos com ondas gigantes. Puro brilhantismo.

                O professor desligou a TV e foi informar as novidades a Dumbledore.

-=-=-=-=-=-=-=-=

                - Entre – disse Dumbledore, sem erguer os olhos das folhas que lia, com seus óculos meia-lua.  Desde que Snape o informara do maremoto no Atlântico, ele vinha tentando descobrir o significado de tudo aquilo.

                Quíron entrou acompanhado dos Oito escolhidos.  Eles haviam escolhido o horário dessa reunião para que fosse propositalmente tarde da noite. Mellany estaria dormindo, assim, não precisariam se preocupar com ela.

                - Como está o Acampamento Meio-Sangue? – perguntou o diretor de Hogwarts.

                - Devastado – o centauro respondeu sem delongas. Não havia motivos, ou tempo, para floreios – O furacão devastou tudo o que se possa imaginar. Não há pedra sobre pedra...

                - Sinto muitíssimo...

                - Todavia – interrompeu Quíron -, isso não é o mais interessante. O Óraculo de Delfos nos concedeu uma última visão, antes de...

                Ele não sabia bem o que dizer. Acreditava que o termo certo não fosse “morrer”, visto que não achava que o Óraculo estava vivo. Deixou que Dumbledore tirasse suas próprias conclusões sobre o que havia acontecido com o mensageiro de Apolo.

                A novidade pareceu chocar a todos, com exceção de Percy e Annabeth que haviam presenciado a cena em primeira mão.

                - O que ele disse? – perguntou  Dumbledore.

                O centauro então recitou a profecia para todos. Ouviram em silêncio.

                - Bem – disse Thalia quando o Quíron terminou de falar -, ao menos sabemos quem é a criança.

                - Mellany? – Nico estava  incrédulo – Não pode estar falando sério! Ela é jovem demais e, além disso, o que teria de tão fundamental?

                - Você não prestou atenção à profecia? É pra que ela seja jovem demais, uma criança.

                - Além disso – notou Hermione -, ela é filha de Voldemort e de uma Deusa. Testemunhou o renascimento do pai e sabemos que, por algum motivo, Gaia está interessada em capturá-la.

                - Hermione está certa – notou Quíron -, as chances de Mellany serem a criança da profecia são quase astronômicas. O que, é claro, ainda não nos responde o que ela tem de tão fundamental.

                - Se soubéssemos o que Gaia quer – sugeriu Percy -, talvez pudéssemos ter uma ideia melhor de como Mellany se enquadra nesse quebra-cabeças.

                - Bom, o objetivo de Gaia está bastante claro na Profecia – notou Gina.

                Todos olharam para ela como se a garota tivesse acabado de recitar a poesia em aramaico.  A garota deu de ombros.

                - “A paz é o objetivo final” – disse ela – Está na profecia. Gaia quer paz.

                Todos esperaram para  que a digestão das palavras se efetivassem. Estavam tão acostumados com os conselhos enigmáticos do Óraculo – procurar os verdadeiros significados das visões nas entrelinhas de palavras lhes vinha tão naturalmente – que nenhum deles havia pensado que aquele verso pudesse dizer o que de fato dizia: paz.

                - Então Gaia quer... Paz?

                - É o que parece – Gina deu de ombros novamente.

                - Mas como assim? – Rony pareceu possesso – Nós somos os mocinhos por aqui. Nós queremos paz! Ela, como boa vilã, deveria querer o caos, a dominação das pessoas, a destruição mundial.  Sabe? Coisas assim...

                - Bom, destruir nosso Acampamento com um furacão e enviar uma tsunami ao Japão parecem formas bastante únicas de conseguir paz – notou Percy, ao que ninguém discordou.

                - Dumbledore, você está calado – disse Quíron – O que acha disso?

                - Poderia repetir a profecia, por favor?

                E assim o centauro o fez. O rosto do diretor ficou lívido.

                - Não posso ter certeza sobre se Gaia quer ou não paz, mas acredito que saiba qual será seu próximo movimento.

                A sobrancelha de Quíron se arqueou.

                - E qual seria?

                - Você poderia me dizer quais são os titãs que existem no mundo mortal?

                - Bom, existem vários titãs. Mas, desde os primórdios dos tempos, três destacam-se dos demais. Um deles era Cronos, cuja existência foi cessada há três meses. Os outros seriam Atlas e Oceano.

                - E qual seria a localização deles?

                - Se não me engano, Atlas está aprisionado em São Francisco, enquanto Oceano está preso em algum lugar do centro do Oceano Atlântico.

                O rosto do diretor de Hogwarts ficou ainda mais branco.

                - Então, minhas suspeitas estão corretas.

                - Do que você está falando? – perguntou Annabeth.

                - Eu coloquei Snape para assistir os canais de tempo dos trouxas o dia inteiro, na esperança de descobrir algo. E, aparentemente, houve um maremoto no centro do Oceano Atlântico. A América Central, Portugal e a costa leste da África estão esperando por tsunamis.

                - Gaia lançou outra tsunami – disse Nico – Ok, tudo bem, mas no que isso nos ajuda?

                 - Você não percebe? – Annabeth e Hermione já haviam entendido tudo – A profecia diz que os titãs estão para se reunir novamente. Com Cronos fora da jogada, sobra somente Oceano e Atlas.

                - Você acha que...

                - Gaia está prestes a liberá-los de suas prisões! – Gina estava em choque. Lutar contra Cronos já havia sido uma experiência ruim o bastante, ele fora apenas um titã. Imagine dois!

                - Nesse caso, o maremoto poderia significar que Oceano já está em fase de ser liberto? – perguntou Percy.

                - Isso ou pior – respondeu Hermione -, o maremoto pode significar que ele já está livre.

                A sala mergulhou em silêncio.

                 - Temos que alertar os Deuses – disse Rony – Eles precisam saber disso.

                - Não há tempo – retrucou Quíron – Atlas pode estar se libertando enquanto falamos, se é que já não está livre. Os Deuses estão espalhados pelo mundo, sabe-se lá onde. Nunca conseguiremos encontrar um deles a tempo. Vocês precisam ir até o Oceano Atlântico e garantir que o titã permaneça como está.

                - E quanto a Atlas?

                - Um problema de cada vez. Gaia está tentando libertar Oceano, ao que parece. Vamos tentar nos focar nisso, inicialmente.

                Nesse momento, a porta do escritório de Dumbledore bateu novamente.

                - Entre – ordenou o diretor e Severo Snape apareceu na sala.

                - Senhor, achei que gostaria de saber, houve um terremoto sem precedentes na costa oeste dos Estados Unidos, próximo a região de São Fransisco.

                Dumbledore se deixou cair em sua poltrona. A situação estava pior do que o imaginado. Se Gaia já estava se preocupando com Atlas, então Oceano talvez já estivesse...

                - Ela talvez esteja libertando os dois ao mesmo tempo – sugeriu Hermione.

                - Por que ela faria isso?

                - Para minimizar a chance de erro.

                - O que quer dizer?

                - Pensem bem, se ela tentasse libertar Oceano primeiro, iríamos todos juntos tentar impedi-la de fazer isso, e depois iríamos todos juntos tentar impedi-la de libertar Atlas. Libertando os dois juntos, ela nos força a nos dividirmos. Um pequeno grupo tenta atacar Oceano e outro grupo, Atlas.

                Todos pensaram na sabedoria daquelas palavras.

                - Vamos rezar para que você esteja certa, Srta. Granger – disse Dumbledore.

                - Então, o que faremos?

                - Salvaremos o dia, oras – disse Percy confiante.

                - Certo – Quíron tomou as rédeas da situação – Harry, Gina, Rony, Thalia, vocês vão atrás de Atlas na região de São Francisco. Percy, Annabeth, Nico e Hermione, vocês irão atrás de Oceano.

                - Quando partimos? – perguntou Nico.

                - Vocês já estão atrasados!

                - Sinto muito, mas não há tempo para outros meios de transporte – disse Dumbledore – E é impossível aparatar dentro de Hogwarts, vocês terão que usar pó de flu.

                Percy fez uma oração silenciosa para seu pai e prometeu que lhe ofereceria  seu jantar inteiro, caso saíssem dessa confusão. Não sabia dizer se os Deuses aceitavam promessas de oferendas, ao invés das oferendas em si, mas achou que a tentativa seria gratuita.

                Em questão de segundos, todos já haviam entrado na chaminé.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? O que acharam?