Worlds Crash II escrita por The_Stark
Notas iniciais do capítulo
Sim, eu tenho plena consciência de minha demora em postar. Todavia, eu estava bastante ocupado com o vestibular no ano passado e realmente não tinha tempo sobrando para escrever. Mas, eu passei (viva!) e agora não preciso me preocupar com estudos por um tempo, de forma que pretendo terminar a história. Se vocês ainda tiverem disposição para ler, depois de todo esse tempo, por favor, espero que gostem do capítulo.
Percy deu um chute no tronco de árvore que estava na sua frente. A madeira podre quebrou-se sob seus pés e voou para longe dele. Ele olhava incrédulo para o Acampamento Meio-Sangue. Como foi que algo assim pôde acontecer?
Quando voltaram do Olimpo, na noite passada, Quíron informou a todos que passaria no Acampamento, na manhã seguinte, para avaliar os estragos que o furacão poderia ter causado. Assim sendo, ele criou um pequeno grupo para que o acompanhasse na tarefa. Percy e Annabeth haviam prontamente se voluntariado. Connor havia decidido que os acompanharia.
- Caraca, isso aqui está podre – foi o comentário eloquente que o filho de Hermes conseguiu formular, quando deu uma olhada no Acampamento. Percy, Annabeth e Quíron não puderam fazer nada, se não concordar.
O furacão havia removido as árvores do solo, e carregado-as grandes distâncias. Algumas, haviam partido-se com a força do vento, aterrissando no meio do Acampamento. Outras voaram até que se chocassem com algum dos chalés. Percy notou, tristemente, que o chalé de Ares era o que estava em melhores condições – e ainda assim, havia perdido uma parede, a maior parte das janelas estava quebrada e somente Zeus saberia dizer aonde a porta da frente foi parar.
Percy correu até o seu próprio chalé, para avaliar os estragos. Para sintetizar a situação, metade da construção havia desmoronado e a outra metade sugeria que estava prestes a seguir pelo mesmo caminho. Aquilo o entristeceu profundamente.
Há anos, aquele era um dos poucos lugares que poderia chamar verdadeiramente de lar. E agora, não era nada, se não uma doce lembrança do passado. Olhou para o lago que se estendia atrás do chalé. Nem mesmo ele havia sido poupado da destruição: grandes troncos, agora apodrecendo, boiavam morbidamente sobre a água turva. Os peixes que morreram durante a tempestade podiam ser vistos flutuando, ao lado da madeira. Uma única coisa vinha a mente de Percy e Connor já a havia dito: podridão.
Annabeht apareceu ao seu lado e pareceu sentir o estado de espírito de seu namorado. Colocou as mãos ao redor dele.
- Não fique assim, sempre poderemos construir tudo de novo.
Todas as minhas lembranças residem nessas construções destruídas. Não nas novas! Percy queria gritar, mas sufocou o impulso. O comentário teria sido infantil e, até mesmo, mal-educado. Ainda mais quando se considerava que Annabeth apenas estava tentando ajudar. Ao invés disso, simplesmente perguntou:
- Já viu o seu chalé?
A garota assentiu com a cabeça.
- Não está em uma situação muito melhor que essa – ela admitiu tristemente. Percy a consolou como ela havia feito com ele.
Os dois decidiram que não queriam mais ficar vendo seus chalés destruídos e decidiram ir procurar Quíron e Connor. Na pior das hipóteses, todos poderiam sofrer juntos.
Atravessaram o Acampamento e encontraram o centauro encarando a Casa Grande. O local talvez tivesse sido o mais atingido. Os chalés, por pior que estivessem, ainda eram portadores de alguma estrutura, que lhes permitia serem identificados como uma construção. A Casa Grande, por outro lado... Não havia sobrado pedra sobre pedra para contar história. Aquilo não passava de um grande amontoado de madeira, entulho e sujeira.
Era estranho ter essa visão. A Casa Grande sempre parecera a todos como o lugar mais sólido do Acampamento, seja porque era o local onde Quíron ficava, seja porque era o local onde as decisões importantes eram tomadas. Agora, aquela solidez toda havia se convertido em um grande entulho. O entulho parecia bem sólido, se é que isso servia de algum consolo.
- O que faremos? – Annabeth verbalizou a pergunta mais importante.
- Hoje – disse o centauro. Se ele estava comovido com a destruição do Acampamento, sabia mascarar a voz -, não faremos nada. Estamos aqui apenas para avaliar os estragos, não consertá-los. Terei que discutir com Dumbledore a melhor forma de contornarmos essa situação. Tenho que admitir que, em todos esses anos, jamais pensei que algo desse tipo pudesse acontecer. É como se... – Quíron não conseguiu se expressar com exatidão.
- Nós entendemos – afirmou Percy. A sensação era indescritível, mas ainda assim, bastante dolorosa.
- Acho que talvez devêssemos voltar para Hogwarts – Annabeth contornou a situação – Já vimos demais para uma manhã.
Eles já estavam virando de costas quando o barulho os atingiu. Era como se alguém estivesse soterrado nos pedregulhos da Casa Grande e estivesse, desesperadamente, lutando para tirar todas aquelas pedras de cima de si. Essa, é claro, era uma hipótese absurda, visto que nenhum campista havia sido deixado para trás – Quíron checara duas vezes – e, mesmo que tivesse sido abandonado, não poderia ter sobrevivido àquela tempestade e nem passado tanto tempo soterrado nos restos do Acampamento.
Ainda assim, o barulho era de alguém tentando sair debaixo das pedras. Todos viram algumas pedras se mexendo, indicando que, o que quer que estivesse tentando se livrar do entulho, estava conseguindo.
Percy destampou Contracorrente, esperando pelo pior.
Vários segundos tensos se passaram, até que por fim, as pedras voaram e a coisa conseguiu sair de debaixo dos restos da Casa Grande.
Era o Óraculo de Delfos.
Os olhos dos três se arregalaram ao ver aquela múmia erguer-se de todo aquele lixo. As bandagens estavam completamente desfeitas, as poucas que ainda restavam encontravam-se rasgadas e desgastadas. Por baixo, podia-se ver o corpo em putrefação. Séculos haviam se passado desde a última vez que aquela carne pudera contemplar a luz do sol.
O Óraculo podia morrer? Por que, se podia, parecia surreal que ele tivesse sobrevivido ao desmoronamento da Casa Grande. O que ele poderia querer? Vingança por terem o esquecido, quando tudo estava sendo devastado? Pouco provável, alguém com séculos de idade deveria ter coisas mais importantes com o que se preocupar do que essas futilidades.
Então, a fumaça laranja, típica, apareceu. Annabeth não saberia dizer de onde tinha vindo, mas agora estava lá, cercando-os todos. O Óraculo, fiel a sua profissão até o fim, fez sua profecia:
A revolta da natureza se fará ouvir
Após séculos, os titãs irão se reunir
A criança é uma peça fundamental, sem a qual não se pode jogar
A mãe fará de tudo para não se revelar
Os Oito mais uma vez são necessários
Somente eles vêem verdade no que está mal contado
A paz é o objetivo final
Mas os dois lados brigam por causa do conceito de 'paz ideal’
Quando se silenciou, o corpo do Óraculo pendeu para frente e ele caiu de joelhos nas ruínas. Por fim, desprovido de toda e qualquer força, rendeu-se a se destino. Sua cara inclinou-se para a frente e atingiu a madeira da Casa Grande, que, por séculos, fora seu lar.
- Ele não irá mais fazer profecias – disse Quíron saturnamente – Receio que tenhamos ouvido a última coisa que ele tinha para dizer.
=-=-=-=-=-=-=-
Snape estava prestes a cometer um homício.
Não bastava ser o professor de um bando de pirralhos incapazes de aprender a fazer uma única poçãozinha simples, não, Dumbledore ainda tinha mais planos para ele. Dadas as novas circunstâncias, de toda aquela coisa de Gaia, o diretor havia mandado que ele ficasse vendo os canais do tempo trouxa.
- Gaia possui poder sobre todos os fenômenos naturais – dissera o diretor -, é preciso que fiquemos de olho no que ela está fazendo, se quisermos ter esperança de entender o que ela pretende.
E aqui estava ele, desperdiçando todos os seus conhecimentos bruxos para saber que “as roupas de banho deviam ser tiradas do armário, porque, esse fim de semana, Miami chegaria a 37º graus!”.
Snape não gostava do tempo, não gostava de canais trouxas e, certamente, não gostava de roupas de banho. Assim, ele não estava lá em seu melhor humor.
O que Dumbledore queria? Que Gaia usasse a lava de algum vulcão para escrever, em letras garrafais, o plano dela? Não havia nada que alguém pudesse deduzir a partir da aparente onda de calor que havia atingido o litoral sudeste americano. Foi então que o cara do tempo foi cortado do ar. Em seu lugar, apareceu outro homem, igualmente desconhecido:
“Atenção, telespectadores, interrompemos essa programação para trazer notícias urgentes. Um grande terremoto atingiu o centro do Oceano Atlântico na noite passada e o seu epicentro foi capaz de mobilizar uma grande quantidade de água. Enormes tsunamis foram formadas e ameaçam atingir a costa leste de países da America Central, Estados Unidos, Brasil e a costa oeste de países da África. Pedimos a todos os habitantes da área de risco que mantenham a calma e evacuem a área imediatamente. Repetindo, evacuem a área imediatamente.”
Snape revirou os olhos. Gaia pelo visto, nem sequer era criativa. Ela já havia atingido o Japão e o que fazia agora? Mandava mais tsunamis, para outras partes do mundo. O plano dela devia ser afogar a todos com ondas gigantes. Puro brilhantismo.
O professor desligou a TV e foi informar as novidades a Dumbledore.
-=-=-=-=-=-=-=-=
- Entre – disse Dumbledore, sem erguer os olhos das folhas que lia, com seus óculos meia-lua. Desde que Snape o informara do maremoto no Atlântico, ele vinha tentando descobrir o significado de tudo aquilo.
Quíron entrou acompanhado dos Oito escolhidos. Eles haviam escolhido o horário dessa reunião para que fosse propositalmente tarde da noite. Mellany estaria dormindo, assim, não precisariam se preocupar com ela.
- Como está o Acampamento Meio-Sangue? – perguntou o diretor de Hogwarts.
- Devastado – o centauro respondeu sem delongas. Não havia motivos, ou tempo, para floreios – O furacão devastou tudo o que se possa imaginar. Não há pedra sobre pedra...
- Sinto muitíssimo...
- Todavia – interrompeu Quíron -, isso não é o mais interessante. O Óraculo de Delfos nos concedeu uma última visão, antes de...
Ele não sabia bem o que dizer. Acreditava que o termo certo não fosse “morrer”, visto que não achava que o Óraculo estava vivo. Deixou que Dumbledore tirasse suas próprias conclusões sobre o que havia acontecido com o mensageiro de Apolo.
A novidade pareceu chocar a todos, com exceção de Percy e Annabeth que haviam presenciado a cena em primeira mão.
- O que ele disse? – perguntou Dumbledore.
O centauro então recitou a profecia para todos. Ouviram em silêncio.
- Bem – disse Thalia quando o Quíron terminou de falar -, ao menos sabemos quem é a criança.
- Mellany? – Nico estava incrédulo – Não pode estar falando sério! Ela é jovem demais e, além disso, o que teria de tão fundamental?
- Você não prestou atenção à profecia? É pra que ela seja jovem demais, uma criança.
- Além disso – notou Hermione -, ela é filha de Voldemort e de uma Deusa. Testemunhou o renascimento do pai e sabemos que, por algum motivo, Gaia está interessada em capturá-la.
- Hermione está certa – notou Quíron -, as chances de Mellany serem a criança da profecia são quase astronômicas. O que, é claro, ainda não nos responde o que ela tem de tão fundamental.
- Se soubéssemos o que Gaia quer – sugeriu Percy -, talvez pudéssemos ter uma ideia melhor de como Mellany se enquadra nesse quebra-cabeças.
- Bom, o objetivo de Gaia está bastante claro na Profecia – notou Gina.
Todos olharam para ela como se a garota tivesse acabado de recitar a poesia em aramaico. A garota deu de ombros.
- “A paz é o objetivo final” – disse ela – Está na profecia. Gaia quer paz.
Todos esperaram para que a digestão das palavras se efetivassem. Estavam tão acostumados com os conselhos enigmáticos do Óraculo – procurar os verdadeiros significados das visões nas entrelinhas de palavras lhes vinha tão naturalmente – que nenhum deles havia pensado que aquele verso pudesse dizer o que de fato dizia: paz.
- Então Gaia quer... Paz?
- É o que parece – Gina deu de ombros novamente.
- Mas como assim? – Rony pareceu possesso – Nós somos os mocinhos por aqui. Nós queremos paz! Ela, como boa vilã, deveria querer o caos, a dominação das pessoas, a destruição mundial. Sabe? Coisas assim...
- Bom, destruir nosso Acampamento com um furacão e enviar uma tsunami ao Japão parecem formas bastante únicas de conseguir paz – notou Percy, ao que ninguém discordou.
- Dumbledore, você está calado – disse Quíron – O que acha disso?
- Poderia repetir a profecia, por favor?
E assim o centauro o fez. O rosto do diretor ficou lívido.
- Não posso ter certeza sobre se Gaia quer ou não paz, mas acredito que saiba qual será seu próximo movimento.
A sobrancelha de Quíron se arqueou.
- E qual seria?
- Você poderia me dizer quais são os titãs que existem no mundo mortal?
- Bom, existem vários titãs. Mas, desde os primórdios dos tempos, três destacam-se dos demais. Um deles era Cronos, cuja existência foi cessada há três meses. Os outros seriam Atlas e Oceano.
- E qual seria a localização deles?
- Se não me engano, Atlas está aprisionado em São Francisco, enquanto Oceano está preso em algum lugar do centro do Oceano Atlântico.
O rosto do diretor de Hogwarts ficou ainda mais branco.
- Então, minhas suspeitas estão corretas.
- Do que você está falando? – perguntou Annabeth.
- Eu coloquei Snape para assistir os canais de tempo dos trouxas o dia inteiro, na esperança de descobrir algo. E, aparentemente, houve um maremoto no centro do Oceano Atlântico. A América Central, Portugal e a costa leste da África estão esperando por tsunamis.
- Gaia lançou outra tsunami – disse Nico – Ok, tudo bem, mas no que isso nos ajuda?
- Você não percebe? – Annabeth e Hermione já haviam entendido tudo – A profecia diz que os titãs estão para se reunir novamente. Com Cronos fora da jogada, sobra somente Oceano e Atlas.
- Você acha que...
- Gaia está prestes a liberá-los de suas prisões! – Gina estava em choque. Lutar contra Cronos já havia sido uma experiência ruim o bastante, ele fora apenas um titã. Imagine dois!
- Nesse caso, o maremoto poderia significar que Oceano já está em fase de ser liberto? – perguntou Percy.
- Isso ou pior – respondeu Hermione -, o maremoto pode significar que ele já está livre.
A sala mergulhou em silêncio.
- Temos que alertar os Deuses – disse Rony – Eles precisam saber disso.
- Não há tempo – retrucou Quíron – Atlas pode estar se libertando enquanto falamos, se é que já não está livre. Os Deuses estão espalhados pelo mundo, sabe-se lá onde. Nunca conseguiremos encontrar um deles a tempo. Vocês precisam ir até o Oceano Atlântico e garantir que o titã permaneça como está.
- E quanto a Atlas?
- Um problema de cada vez. Gaia está tentando libertar Oceano, ao que parece. Vamos tentar nos focar nisso, inicialmente.
Nesse momento, a porta do escritório de Dumbledore bateu novamente.
- Entre – ordenou o diretor e Severo Snape apareceu na sala.
- Senhor, achei que gostaria de saber, houve um terremoto sem precedentes na costa oeste dos Estados Unidos, próximo a região de São Fransisco.
Dumbledore se deixou cair em sua poltrona. A situação estava pior do que o imaginado. Se Gaia já estava se preocupando com Atlas, então Oceano talvez já estivesse...
- Ela talvez esteja libertando os dois ao mesmo tempo – sugeriu Hermione.
- Por que ela faria isso?
- Para minimizar a chance de erro.
- O que quer dizer?
- Pensem bem, se ela tentasse libertar Oceano primeiro, iríamos todos juntos tentar impedi-la de fazer isso, e depois iríamos todos juntos tentar impedi-la de libertar Atlas. Libertando os dois juntos, ela nos força a nos dividirmos. Um pequeno grupo tenta atacar Oceano e outro grupo, Atlas.
Todos pensaram na sabedoria daquelas palavras.
- Vamos rezar para que você esteja certa, Srta. Granger – disse Dumbledore.
- Então, o que faremos?
- Salvaremos o dia, oras – disse Percy confiante.
- Certo – Quíron tomou as rédeas da situação – Harry, Gina, Rony, Thalia, vocês vão atrás de Atlas na região de São Francisco. Percy, Annabeth, Nico e Hermione, vocês irão atrás de Oceano.
- Quando partimos? – perguntou Nico.
- Vocês já estão atrasados!
- Sinto muito, mas não há tempo para outros meios de transporte – disse Dumbledore – E é impossível aparatar dentro de Hogwarts, vocês terão que usar pó de flu.
Percy fez uma oração silenciosa para seu pai e prometeu que lhe ofereceria seu jantar inteiro, caso saíssem dessa confusão. Não sabia dizer se os Deuses aceitavam promessas de oferendas, ao invés das oferendas em si, mas achou que a tentativa seria gratuita.
Em questão de segundos, todos já haviam entrado na chaminé.
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Então? O que acharam?