The Coldest Christmas Eve escrita por Leh-chan


Capítulo 3
DIA 24 - Surpresas, Descontentamento e a Festa


Notas iniciais do capítulo

"Amanhã, mesmo que seus sentimentos se separem de mim,
com certeza continuarei te amando.
Amanhã, mesmo que você não possa me ver, com certeza
continuarei te amando."



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:: DIA 24 – Surpresas, Descontentamento e a Festa ::


[R
uki’s POV]

           A noite passou rápida enquanto eu pensava em como resolver os problemas dos outros. É, eu tinha um plano... Apesar de que Kou deu a impressão de também ter um. Em todo caso, ter o plano B nunca é ruim, né?

           Os meninos realmente apreciam uma boa bebida. Talvez eu pelo menos consiga descobrir o que se passa entre eles depois de um ou dois copos, não é mesmo? Aí fica mais fácil de resolver.

           Hm, de todo jeito, era o dia. Eu precisava fazer muitas coisas ainda, e comecei indo à cozinha: cozinhar não era meu forte e resolvi começar cedo. Quando se faz um prato simples, não tem erro: uma bela travessa de bolinhos de arroz daria conta do recado. Consegui fazê-los sem muita confusão e mais rápido do que pensei. Eram três da tarde e eu ainda tinha tempo de sobra. Mas... Pra que eu precisava de tempo mesmo?

           Bem, esse tempo foi cedido à minha ânsia de pensar mais e mais sobre os acontecimentos. E foi quando me lembrei de mais uma coisa que Uruha disse... E como não lembrei isso antes? Acho que estava irritado demais com a “ceninha” dele...

“Eu não sei o que vai acontecer daqui em diante e...”


           Como ignorei essa parte tão importante do que ele disse? Certamente... Se essas intriguinhas continuassem, a banda provavelmente se despedaçaria: mais uma motivação para que meus planos dessem certo hoje. Não importa o que vai acontecer comigo e com o Aki-chan... Quer dizer... Vamos resolver os problemas mais fáceis antes. Não deve ser difícil achar outro baixista, né?

           Pensar em outro baixista doía um pouco, mas eu teria que pensar nisso mais tarde. Fui tomar um banho para me acalmar, mas água nenhuma podia levar minhas incertezas embora. De qualquer forma, coloquei uma roupa e me aprontei para partir. Já disse que demoro muito pra me arrumar? É que acredito que uma beleza exímia deve ser acentuada. Enfim, quando terminei de me arrumar (e modéstia a parte, estava bastante agradável) já passavam das 18 horas.

           Juntei todas as minhas coisas (que incluíam os presentes, a comida e a bebida que eu teria que levar) e fui levando aos poucos para o carro, uma vez que minha baixa estatura não me permitia levar tudo de uma só vez. Finalmente resolvi esse pequeno problema, tudo estava no carro e eu estava pronto. Sentei-me no banco atrás do volante e olhei o relógio em meu pulso, que me dizia faltarem alguns minutos para as sete horas. Isso significava que ainda era cedo para sair. Mas não havia motivos pra permanecer em casa... Resolvi ficar no carro esperando. Não sei por que, mas ficar no carro sempre me agradou. Acho um lugar bastante aconchegante, na verdade.

           Liguei o rádio. Havia um CD dentro, e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, começou a tocar. Notei logo que aquele CD não me pertencia... Era do Akira, e tocava... A nossa música, por assim dizer. Era engraçado ouvir minha voz saindo das caixas de som.

“Ah... Zutto kurikaeshiteta
 Zutto kanashimasete bakari datta...”


           Aquilo era realmente nostálgico. Foi ouvindo essa música que passei muitos dos bons momentos de minha vida... Minha vida com ele. Foi cantando ela que vi muitos fãs rirem, muitos chorarem, muitos gritarem... Era realmente uma música que me emocionava. E sem notar, eu e minha própria voz fazíamos um dueto. Estava cantando, automaticamente... Algumas lágrimas começaram a cair sem permissão, e eu não conseguia impedir...

           Não era só a música em si, mas cada nota grave que o baixo produzia parecia um milhão de vezes amplificada em minha mente. Ele era nosso baixista... Meu amigo de muitos anos, amigo de todas as ocasiões... E meu namorado, meu eterno amante. Ou pelo menos pensei que fosse eterno.

           Alguns minutos passaram. Por que essa música é tão longa?

           Por mais que eu tentasse, minha mão não permitia que eu desligasse. Então apenas esperei... Esperei que alguém viesse limpar minhas lágrimas, me abraçar e dizer que ficaria tudo bem. Mas isso não aconteceu.

           Tive que exercer uma força descomunal para afastar as lágrimas dos olhos, e enfim, desligar o aparelho que acabou com a minha noite.

           Fitei meu relógio outra vez. Dezenove horas e dezessete minutos. O tempo voa quando você quer que ele pare, não?

           Dei partida no carro e comecei a dirigir. O caminho, graças a Deus, eu sabia de cor. Poderia fazer o percurso de olhos fechados... Isso era bom porque eu realmente não estava prestando atenção no que fazia.

           Logo, alcancei a gravadora. Parei em uma rua lateral, porque tinha muita gente chegando para a famosa festa da PS Company. Rapidamente pude avistar Miyavi, que chegou bem na hora marcada. Buzinei de leve e ele achou meu carro. Veio correndo, sorridente, carregado de sacolas. Destravei as portas e fiz sinal para ele entrar. Assim ele fez: entrou e sentou-se no banco do carona, sorrindo radiante.

           – Yoooo, Ta-ka-no-ri-saaaan! – Falava separando as sílabas. Estava realmente feliz... Fui obrigado a retribuir o sorriso, mesmo que não fosse tão verdadeiro quanto eu desejava.

           – Oi, Myv. – Disse então, sorrindo tontamente. Bem, ele sempre teve uma percepção além da minha compreensão. Não sei como, mas ele notou que havia algo errado. Fitou-me por um instante, em que eu fiquei realmente desconfortável.

           – Tudo bem com você, Taka? – Parecia desconfiado.

           – Hmm... Tudo bem sim, e com você? – Mais um sorriso tosco.

           – Não convenceu.

           – Hã? – Será que se fazer de desentendido funciona?

           – Você tem algo. Mas se não quiser falar... – Ah... Fazendo charminho que nem o Uruha, né? Acho que não...

           – Eu ‘tô bem, sério... Mas... – Mude de assunto, mude de assunto... Qualquer outro... – Você viu o Uruha?

           – Não falei mais com... – A voz dele foi cortada por um som estridente. Uma musiquinha daquelas bem alegres mesmo, sabe? Logo senti algo vibrando no meu bolso...

           – Alô?

           Oi Taka... É o Kou. – Ouvi a voz grave respondendo. Estava num lugar silencioso.

           – Cadê você, sua puta de estrada? Eu e o Miyavi estamos te esperando!

           – Ah, então... Aconteceu um probleminha e eu não vou poder buscar vocês. Pode vir sozinho?

           Sozinho com o Miyavi? No mesmo carro? No escuro? COM O MIYAVI?  Ok, isso é loucura. Mas o que eu poderia ter falado com ele ao meu lado?

           – ‘Tá bom... Chegamos em 10 minutos.

           – Certo... Ja ne.

           – Ja ne... – E desliguei, levemente nervoso com essa nova perspectiva.

           – Era o Kou, né? – Perguntou-me o moreno. Kouyou realmente fala muito alto no celular, acho que qualquer pessoa no raio de 500 km ouviu o que ele tinha a dizer. Mesmo assim, resolvi informar ao Takamasa o novo plano.

           – É, ele não vai poder buscar a gente e pediu pra eu ir sozinho. Presta atenção no caminho, assim da próxima você não precisa me esperar... – Usei isso como pretexto pra ele não precisar ficar olhando para mim, para ter algo o que fazer.

º~*~°

           Dez minutos. Foram dez minutos realmente calmos: acho que ele entendeu que eu não queria conversar, e ficou olhando as casas decoradas passando pelo vidro. O único comentário que ouvi dele (e não respondi, não sabia o que dizer) foi o seguinte:

           – As luzes de Natal são tão mágicas... Dá a impressão que curariam qualquer mal...!

           E eu que pensava que o Kai era o único que brisava assim... E o Uruha, claro. Mas ele só faz isso no Natal, o Yutaka é em período integral. Talvez o tempo que o Takamasa tem passado com nosso baterista o influenciou um pouco, ou algo assim.

º~*~°

           Por fim, chegamos. Era a casa mais brilhante da rua, tantos eram os pisca-piscas que havia ali. Pinheiros enfeitados na calçada e uma figura tamanho real do Papai Noel (que será que o Takashima faz com isso o resto do ano?)... Ver essa estátua me fez lembrar algo realmente engraçado: todos os anos, Kou se vestia de Papai Noel para a festa. Só que era um Papai Noel meio... Sem-vergonha.

           Desliguei o carro, saí dele e me certifiquei de que tudo estava fechado. Em seguida, eu e o moreno (tão mais alto que eu) caminhávamos em direção à porta, carregados de coisas (ele fez questão de levar grande parte das minhas sacas, uma vez que eu me contorcia pra tentar pegar).

           O jardim estava muito bem enfeitado também: principalmente com várias guirlandas de visco e azevinho. Tomei cuidado para ficar bastante afastado de Takamasa e das plantas, uma vez que, apesar do relacionamento com Kai, todos sabem que Miyavi é um grande safado. Deixei que ele fosse beeeeem na frente.

           Quando cheguei perto da porta, Myv já ia entrando. Tinha mais uma guirlanda bem grande de visgo ali em cima: só podia mesmo se coisa do Kou.

           Já esperava vê-lo com as perninhas de fora segurando a porta quando...

           Meus olhos encontraram os dele. Aqueles olhos escuros que eu tanto amava ver...

           Ele estava bastante agasalhado (ao contrário de mim, que ignorei a neve e já estava me arrependendo). Estava segurando a porta... E virou seus olhos para qualquer outro ponto que não fosse eu, levemente corado. Senti meu rosto esquentar também.

           Por vários minutos, ficamos ali, parados. As sacolas que eu segurava escorregaram por entre meus dedos... Não estava preparado. Ainda mais depois de tudo que aconteceu hoje, eu... Não estava pronto, apenas

           – Você n-não... Ia...?

           – Kouyou insistiu para que eu ficasse. Devia isso a ele, que esteve cuidando de mim esses dias... – DEVIA ISSO A ELE? Por quanto tempo eu não tomei conta desse idiota? Por quanto tempo eu não fiz tudo por ele? Era assim que me agradecia...?

           Sentia que as lágrimas não tardariam a vir. Meu corpo tremia, não sei se de raiva ou frio. Estava apto a ir embora, juro que estava... Já estava quase me virando quando senti algo segurando meu ombro. Depois outra coisa me puxando pela cintura, e então... Meu frio foi embora. Reita me abraçou com vigor, parecendo que nunca mais iria soltar. O vento bateu a porta atrás da gente.

           – Taka eu... Sinto muito... Não devia... – Ficou quieto. Estaria... Chorando?

           Abracei-o também, e carinhosamente afaguei seus cabelos. Ele encostou a cabeça no meu ombro e eu pude ouvir sua respiração descompassada e leves gemidos. Ele realmente estava chorando.

           Não sei por quanto tempo ficamos assim. Pareceu muito, e eu não queria mais largá-lo. Parecia tão frágil... Entretanto, depois de algum tempo, se afastou de mim, só o suficiente para olhar meu rosto, e eu também pude ver o dele.

           Seus olhos estavam vermelhos e inchados, ainda escorrendo algumas lágrimas. Tirei uma das mãos com a qual o segurava, e cuidadosamente afastei o as gotículas que escorriam por sua face. Não pude evitar um leve sorriso. E assim, foi como se tivesse perdido o controle sob meu corpo: simplesmente me aproximei inconscientemente, depositando um beijo em seus finos lábios. Senti muita falta disso...

           Quando abri os olhos, um segundo mais tarde, e ele já não chorava mais. Eu já não tinha mais frio algum. E a nossa volta... Várias luzes, piscando... Acende, apaga... Acende, apaga... Acende, apaga...

           Muito obrigada... “Luzes Mágicas de Natal” (também conhecidas por pisca-pisca). Finalmente entendi o que esses doidos queriam dizer, huh?

º~*~°


           Quando entramos, todos os olhares viraram para nós. Estávamos de mãos dadas, e Kouyou sorriu. Sorriu diante de minha cara de surpresa, eu acredito, pois quando entrei, ele estava sentando no colo do Aoi, segurando uma taça com um líquido alvo. Do outro lado, Kai e Miyavi também pareciam bastante... À vontade.

           Acho que posso dizer que aquele foi o melhor Natal da minha vida, e dos meninos também. Toda hora a gente via o Uruha falando com os pisca-piscas (Loucura, não? Parecia agradecer, acho que ele já tinha bebido bastante.)

           Aquele foi o Natal em que ganhei o presente mais precioso de toda minha vida... O amor daquele que eu mais amava. E me prometeu que nunca mais me abandonaria. Visto que ele também levava promessas muito a sério, isso foi bem legal. Que mais eu poderia querer? E eu nem precisei recorrer à vodka.

º~*~°


"Desejo caminhar sempre, ao futuro não prometido.
Caminhando e guardando sempre, para o futuro pensando em você
."


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Notas finais do capítulo

N/A: Bem, finalmente, chegamos ao final... Gostaram?

Queria agradecer à todos que leram e à minha beta dorminhoca, Luana.

Agora, meus sinceros votos para que a última comemoração do ano de vocês seja feliz, e não apenas isso, que o ano que segue seja cheio de alegrias. Feliz 2009.