The Coldest Christmas Eve escrita por Leh-chan


Capítulo 1
DIA 22 - Discussões, Infantilidade e Partida


Notas iniciais do capítulo

"Ah, eu estava sempre repetindo isso...
Eu estava sempre te fazendo sofrer...
Ah, provavelmente te machuquei e nem fiz nada...
As coisas que te fazem tremer... Por que doem tanto em mim?"



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:: DIA 22 – Discussões, Infantilidade e Partida ::


[R
uki’s POV]


           Dia 22 de Dezembro. O fim do ano estava muito próximo, principalmente a comemoração que todos insistem em... Comemorar; o famoso e amado Natal. Por acaso, a maioria nem sabe que o verdadeiro significado disso tudo é o nascimento de Jesus.

           Para a maioria das pessoas fúteis, é só mais um feriado. Para mim, é um misto de hipocrisia e exibicionismo, onde as pessoas sorriem como se estivessem estupidamente felizes, mas na verdade, estão olhando o suéter da pessoa ao lado e pensando como aquela rena é ridícula. Apesar de tudo o que as pessoas fizeram umas às outras no decorrer do ano, no Natal, trocam presentes e se abraçam. Aí que entra a parte do exibicionismo, claro: tentam surpreender umas às outras com presentes caríssimos, enormes, ou qualquer outro fator que chame a atenção. Enfim, um feriado capitalista.

           Ainda assim, acredito, certamente, que existem pessoas com o verdadeiro sentimento de confraternização. Creio que ainda haja as verdadeiras amizades, os verdadeiros amores. Uruha é uma prova viva disso: todos os anos, dá uma “Festa Natalina Particular”, onde chama apenas os amigos mais próximos para ir à casa dele desfrutar de um delicioso banquete preparado por cada um de nós. Cada um leva um prato, e não vale comprar: tem que por a mão na massa.

           Como todos os anos, antes do Natal, estamos sempre muito ocupados pondo o trabalho em dia para podermos passar a véspera juntos. Também como acontece a anualmente, recebi uma carta em envelope vermelho e verde do Kouyou, que geralmente é o mais animado e espirituoso de todos. Abri. Dizia com uma caligrafia cheia de floreios, porém não muito mais legível que o usual, as seguintes palavras:


           “Taka-chan!

           O natal está chegando, você sabe... Eu não pretendo ir à festa da gravadora, e conhecendo sua opinião, acho que também prefere ser torturado. Então realizarei a nossa tradicional festa Natalina. Este ano seremos apenas eu, você, os meninos da banda e o Myv-san, que concordou cordialmente em vir sob ameaça de morte
(ao lado desta frase havia um projeto falido de desenho dele próprio com uma cara maligna.)

           Enfim, mesmo esquema de sempre... Traga seu prato de comida se não, não entra. Traz também refrigerante e bebida – MUITA bebida.

           A gente se vê dia 24, às 20:00hs em ponto lá na gravadora (a anta do Takamasa não sabe chegar aqui, já que é a primeira vez dele.)


  Beijinhos no bumbum,        
Kouyou.”       


           Como fazia sempre, saí para comprar alguns presentes. Peguei um agasalho bem pesado: estava um frio insuportável. Procurei fazê-lo o mais rápido possível, não só por causa do frio... Mas é que eu e Aki íamos sair àquela noite, e ele ia passar em casa pra me buscar.

           Fiz tudo correndo, cheguei em casa congelado. Entrei bem a tempo, porque logo que o fiz, começou a nevar.

           Escondi a sacola com as caixas embrulhadas e fui me arrumar, o que, pra falar a verdade, demorei bastante para fazer. Dentro de algumas horas terminei, e foi apenas questão de minutos até que Reita chegasse.

           Desci as escadas correndo e abri a porta, me deparando com um loiro todo coberto de neve e bem agasalhado. Achei a visão linda e o abracei: estava até mais fofo, tantas eram as blusas que vestia. Por um instante, me veio em mente que teria muito trabalho para retirar aquilo tudo.

           Ele entrou, despiu a touca e o blusão e sentou-se na sala, silencioso. Me aproximei e sentei no colo dele, enroscando minhas pernas em sua cintura e chegando bem perto.

           – ‘Tá com frio? – Ele assentiu positivamente com a cabeça. Passei meus braços por trás de sua nuca e o beijei, um ósculo suave e inocente. Antes que tivesse a intenção de aprofundá-lo, me detive. Parecia não retribuir... Parecia haver algo errado. Afastei-me um pouco.

           – Aconteceu algo, koi? – Minha voz soou mais baixa que um sussurro e mais preocupada do que pretendia, e ele pareceu notar. Passou a mão por meu rosto, bastante sério, dizendo as palavras que eu não queria ouvir.

           – Precisamos conversar. – Aquilo foi mais terrível que tudo que eu já senti na vida. Temi pelo pior. Ele indicou o lugar ao lado dele no sofá para que eu me sentasse, o que eu fiz pesaroso. E fitou-me por um longo tempo... Pareceu uma eternidade até que ele começou a gesticular novamente.

           – Etto... É que... Bem... Eu não sei se vou poder ir passar o natal com vocês... – Era isso?! Bem, não era nada bom, mas nem de longe era tão ruim quanto eu pensava.

           – É só isso? – Disse, com um sorriso leve no rosto, aliviado. Cedo demais.

           – Bem... Eu iria passar o Natal com meus pais... Na casa da Aka-chan. – E aquilo me atingiu como uma bomba. Era nítido que o senhor e a senhora Suzuki me odiavam. Odiavam o fato de o filho namorar um homem, e até hoje não aceitam isso. Akane, vulgo Aka-chan, era a ex-namorada dele, com a qual talvez viesse a se casar. Graças à Deus eu cheguei a tempo de impedir essa atrocidade: em minha opinião, ela é uma completa falsa estúpida. Akira nunca notou isso, claro. Estava cego de amores por ela.

           Fiquei quieto por um instante, paralisado com a verdade. Finalmente a resposta saiu baixinho de meus lábios:

           – Você não poderia simplesmente dizer que não vai?

           – São meus pais, Takanori. – Ele me chamou pelo nome. Mau sinal...

           – Mas você nunca se importou com isso antes. Sempre desobedeceu aos limites que eles traçaram, sem pensar duas vezes. Pensei que nem estivessem se falando! – Proferi, aumentando o tom.

           – Takanori, eles são meus pais e... – Ele ia falando calmamente, e eu o cortei.

           – NÃO SÃO OS SEUS PAIS! É A AKANE!!! – Quando vi, já havia gritado. Estava em pé e nem notei quando me levantei. Punhos e dentes cerrados, olhava pra ele. Minha expressão devia ser muito audaz, pois ele continuou calmamente:

           – Deixa de ser infantil, pelo-amor-de-Deus. – Falava tão rapidamente que nem separava as palavras.

           – Não estou sendo infantil, você sabe muito bem que isso é mais que apenas uma brincadeira.

           – Não está sendo infantil? Está sendo, sim senhor. Aliás, como sempre é. Sua infantilidade já está me dando nos nervos.

           – AKANE É QUE JÁ ME DEU NOS NERVOS! – Acho que bradei mais alto do que queria. Ele só olhou pra mim por uns instantes... E se levantou em direção à porta.

           – Neste caso, é melhor deixar você um pouco sozinho. Até mais ver. – E saiu, batendo a porta atrás de si. Esqueceu o blusão e a touca... E esqueceu... De mim...

º~*~°

           A raiva foi muita, mas apenas durante dois minutos. Caí no sofá e, sem ter mais o que fazer, desatei a chorar. Reita.... Se foi. Como eu pude ser tão idiota? Realmente, estava sendo muito, muito infantil... Naquela noite, eu não dormi. Passei quase todo o tempo chorando feito um bobo... Afinal... Por que eu fiz isso?

           Ah sim... Ficou claro para mim... Que minha vida toda era dividida em duas partes distintas, quase como universos paralelos: a vida com Akira, e a vida sem ele. Mas será que ele pensava assim? Certamente que não... Devia estar agora indo ver a tal Akane... E eu não o diria nada disso, jamais saberia que derramei tantas lágrimas por ele. Idiota.


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Notas finais do capítulo

N/A: Bem, gente... Escrevi isso prara as minhas queridas amigas e amigos daqui do Nyah...

Desejo a todos um Feliz Natal e um Ano novo cheio de alegria. Também espero que vocês saibam o verdadeiro significado do natal, por trás dos presentes e comida gostosa, caso contrário, não tem significado.

Depois me contem como foras as festas, migz -q