Nico andava pelas ruas de Nova York. Fazer aquele caminho, que sempre fazia acompanhado por Thalia era cada dia mais complicado.

Fazia vinte anos. Vinte anos que se passaram muito rápido. Ou nem tanto. Dependia do ponto de vista que vissem. Para ele, fora uma eternidade aqueles vinte anos.

Aos poucos, viu o Cemitério se aproximando. Entrou dentro do lugar e viu o túmulo da menina. Fazia vinte anos, mas a dor parecia que acontecera há algumas horas.

- Eu ainda lembro seu nome, Thalia. Sabe, hoje faz vinte anos, sabia? Todos esses vinte anos você recebeu uma dúzia de flores minhas. Sempre as suas preferidas: Violetas. Elas são extremamente simples, não são? Igual a você. São lindas, igual a você. Podíamos estar juntos, vendo nossos filhos crescerem, sabe? Podíamos estar brincando com eles pela nossa casa, ensinando-os a andar. Mas não. Você está ai, morta. E eu aqui, limpando as folhas, de joelho. Mas... Eu preciso conversar. Tenho algumas coisas que eu preciso lhe dizer. 

O menino suspirou, olhando para frente com uma leve esperança que ela estivesse ali, olhando para ele.

- É. Agora que tudo acabou, eu só queria abraça-la. Ver você olhando para mim, sorrindo. Eu só queria vê-la de novo. Agora eu tenho que viver com as escolhas erradas que fiz e já não posso viver comigo hoje. Você poderia voltar para mim, não acha?

Desenhou um coração na neve que estava ali e enxugou uma lágrima que escorria.

- Eu me lembrei do seu aniversário. Disseram-me que parariam de falar um pouco seu nome, para não me deixar pior. Se eu tivesse outra chance, faria tudo diferente. Mas não tenho, não é? Só tenho essas rosas pra te dar e elas não irão te trazer de volta e muito menos, me ajudar a fazer as pazes com você.

“Essa noite eu sonhei, sabia? Sonhei com você. Sonhei que eu te abraçava e que te tinha de volta. Você estava nos meus braços. Eu nunca quis algo tanto antes. Mas aqui estou eu, não é? Contando-te algo que poderíamos ter tido. Algo que poderia ter acontecido. Poderíamos ter vivido a vida que tanto eu queria ao seu lado. Eu e você, andando de mãos dadas. E agora eu vivo com as más escolhas que eu fiz. Ah! Como eu queria voltar no tempo, Thalia.”

O menino abaixou a cabeça, olhando para o nome da menina gravado ali. Escreveu, na neve que estava ali, seu sobrenome.

- Ficaria lindo, não? Thalia di Ângelo! Mas isso não vai acontecer... Por que agora você se foi. E eu tenho que viver sem você. E dói. Muito... A verdade é que eu queria refazer tudo, mas dessa vez, tudo certo. Sem me arrepender depois.

“Hey Thalia, eu ainda lembro seu nome.”