POV Justin (ON)

– KENNY, CUIDADO! – gritei, mas já era tarde demais. O carro provavelmente arrastou a garota á uns 2 metros. Só consegui ver um cara saindo correndo por uma rua escura.

Desci correndo do carro e fui até a mulher. NÃO! NÃO! Não pode ser elas.

Kenny já estava ligando para ambulância, mas Alice estava sangrando muito. Anna se mexeu e pude ver que os braços de Alice a protegeram de qualquer machucado grave. O máximo que ela tinha era a blusa rasgada e uns arranhões pelo braço. Já Alice...

– Eles já estão vindo Justin! – Kenny gritou para mim, mas tudo o que eu conseguia fazer era praguejar. Porque Alice? E porque eu estava praguejando? JUSTIN, isso não é momento de pensar em você e nos seus sentimentos estúpidos, antes de qualquer coisa ela é uma garota, e está gravemente ferida!

Lentamente, sem fazer movimentos muito bruscos consegui tirar Anna dos braços de Alice. Ela estava com a roupa toda ensangüentada e molhada, e chorava muito.

– Justin entra na van! – gritou Scooter, mas eu não me importava se ia ficar doente por causa da chuva. O pior seria se Alice não sobrevivesse. O que seria de Anna? Eu posso não conhecê-la, não sei por que, mas me sinto no dever de protegê-la.

– Meu filho, venha para de baixo do guarda-chuva. – minha mãe me chamou. A chuva não tocava mais meu corpo, mas eu não estava ligando. Minha mãe me abraçou e tentou me acalmar...

– ANNA! – gritei. Ela já não estava mais ao meu lado. Onde ela estava?

– A garotinha? – minha mãe perguntou e eu só balancei a cabeça positivamente. – Ela está no carro junto da Jazmyn. Mama Jan foi enxugá-la e trocá-la.

– Obrigada! – sussurrei, mas não passou de um sussurro.

A ambulância chegou e perguntou quem iria com ela até o hospital, eu disse que iria, mas Scott não me permitiu.

– Eu vou. – ele disse. – Vocês podem ir com o carro. Será mais seguro. Eu iria questionar, mas ele não me interrompeu antes que pudesse abrir a boca. – Tente consolar a garotinha, ela parece bem mal. – Anna, ela precisava de mim! Fui derrotado até o carro e tentei passar segurança á Anna enquanto íamos em direção ao hospital, mas não estava conseguindo, talvez pelo fato de que eu estivesse com medo! Do que? Eu também não sei, só sei que o que estou sentindo agora é terrível, não desejaria para ninguém...

– Justin, ela vai ficar bem? – Anna perguntou pela milésima vez.

– Acho que sim. – disse tentando me convencer de minhas próprias palavras. Ela TEM que ficar bem.

– Ela vai fica bem sim... – Jazmyn disse abraçando Anna de lado. – Ela é legal! – queria que isso fosse verdade, mas não podia ter tanta certeza assim.

Meu celular começou a tocar, era Selena. Rejeitei no segundo toque, mas foi o bastante para ela me ligar mais umas duas vezes e me mandar uma mensagem:

“Justin Drew Bieber, trate de atender sua namorada, ou tem coisa melhor para fazer? Claro que não tem! Quem você está pensando que é para rejeitar minhas ligações?

Ah, garoto, se eu souber que você esta com alguma vadiazinha ai, eu não respondo por mim! “

Puta que pariu. Mais essa agora! Não respondi a mensagem e dois minutos depois Selena ligou de novo.

– Justin, chegamos! – Kenny disse parando o carro.

Meu celular ainda esgoelava em minhas mãos. Resolvi atender!

– Até que enfim né Senhor Bieber. O que você está pensando hem? Não pode ficar ignorando minhas chamadas assim, eu sou sua namorada! – Selena gritava do outro lado da linha, nem prestei muita atenção, quando a encontrasse eu sei já estaria tudo bem.

– Selena, não dá para falar agora, estou entrando no hospital, tchau. – disse e desliguei.

A partir do momento em que Alice passou pela porta de emergência, não tivemos mais notícia alguma. Ligamos para a mãe dela, mas ela disse que estava ocupada e não poderia vir. Meu Deus, que mãe é essa? E não tinha NINGUÉM nos registros dela, mas aparentemente ela tinha feito uma ligação ás 21:45h para uma tal de Jullie. Não pensei duas vezes, disquei o número e apertei o chamar.

– Vadia, você ainda não chegou, cadê você? – a garota perguntou.

– É- É, quem fala? – perguntei gaguejando.

– Jullie, quem é? E porque ta com o celular da Alice? – ela perguntou eufórica

– Alice está no hospital, ela sofreu um acidente. – falei tentando não chorar novamente.

– Ok. Estou indo para i. – ela disse e desligou.

A culpa me dominava. Alice estava ali por minha causa, eu que distrai o Kenny, como não sentir culpa? ...

Flashback on

– Vai Kenny, dirige mais rápido! Eu quero chegar logo no hotel! – gritei

– Não enche Justin! – Kenny disse. Já estava o azucrinando desde que saímos do estacionamento.

– Se você não for mais rápido eu vou jogar seu celular e seu boné pela janela – ameacei.

– Você não faria isso! – ele disse com os olhos arregalados.

– Quer ver? – coloquei meus braços para fora e comecei a balançá-lo. Kenny se virou para trás para me impedir e foi quando uma garota que saia de uma rua escura atravessou correndo e tudo que consegui dizer foi – KENNY CUIDADO!

Mas já era tarde demais...

Flashback of

Estávamos há algum tempo já na sala de espera, Jazmyn e Anna dormiam no colo de Mama Jan e de Ryan G. Eu já havia avisado que não sairia dali sem a Alice e minha mãe disse que ficaria comigo. Quando estava levantando para ir atrás de algum médico, uma mulher toda de branco apareceu.

– Vocês que são os acompanhantes da – ela olhou o nome na pasta – Alice Brock?! – disse olhando para nós novamente.

– Sim! – respondemos em coro.

– Alice está em coma induzido, a causa é o traumatismo crânio-encefálico, devido á forte pancada. Ela está sob efeito de remédios, ainda está dormindo, mas vocês já podem ir vê-la.

Olhei para minha mãe ainda sem reação, quer dizer que foi sério,e que a Alice pode, pode ficar muito tempo em coma?! Meu Deus! Abracei minha mãe e não me preocupem que todos me vissem chorando, a culpa foi minha e ninguém poderia se sentir pior que eu naquele momento. Eu merecia toda dor e toda crítica possível.

– Então, quem vai? – a médica perguntou.

Minha mãe afagou meus cabelos, depositou um beijo ali e me perguntou se eu queria ir.

– Eu vou! – disse tomando fôlego o suficiente.

– Ok. Por favor me siga!

Passamos por muitas salas, mas Alice estava numa mais isolada. O quarto era todo branco, tinha flores por todo lugar e havia uma janela enorme. – sim, eu havia pedido o melhor quarto para ela- Tinha uma TV e mais algumas coisas, mas o que mais me chamou atenção foi a garota presa por fios e aparelhos deitada logo á frente.

– Se precisar de algo é só apertar aquele botão que está ao lado da cama. – a médica disse com um sorriso e saiu, me deixando ali a sós com minha culpa e Alice.

Aproximei-me lentamente para poder fitá-la melhor. Sua cabeça estava toda enfaixada, seu braço esquerdo estava engessado e sua perna estava com ferimentos bem profundos, tapados apenas por alguns algodões molhados em gaze. Passei meus dedos por sua perna e fui subindo até seu braço. O braço que não estava engessado tinha alguns cortes próximos ao pulso, mas pareciam já cicatrizados, ou seja, não eram do acidente. Ela se cortava... Subi mais minhas mãos e pude chegar ao seu rosto.

Seu olho esquerdo estava com um hematoma roxo e seus lábios estavam cortados. Mas mesmo assim, apesar de todos os arranhões ao decorrer de todo seu corpo, ela continuava linda. Preferia pensar que ela estava apenas dormindo, nada mais que isso...

– Alice, me desculpe... – sibiliei antes que as lágrimas voltassem e a culpa me dominasse por completo.