Eu não sabia o que dizer. Não sabia o que pensar. Nunca estive nessa situação. Bem, não exatamente. Era você que me reconfortava em todos os momentos, não ao contrário.

E eu não sei o que dizer.

Ver você chorando assim... Onde está a justiça desse mundo? Uma coisa tão bela não merecia chorar. Uma amiga como você não merecia sentir dor.

Mas eu, Harry Potter, sou a maior prova que a justiça não existe (afinal, perder os pais com apenas um ano de idade não é exatamente uma bela definição de justiça).

Você finalmente nota minha presença. Não disse nada, apenas me olhou com os olhos castanhos banhados em lágrimas e esticou os braços para mim. Não foi preciso dizer nada, entre nós nunca foi necessário palavras. Eu sabia pelo seu jeito vulnerável, raramente visível, que precisava de mim. E logo a coloquei em meus braços, balançando-a como uma criança, como um pai velando o sono de uma filha, como um irmão mais velho dando consolo... Como um melhor amigo tentando limpar qualquer dor.

- Quer me dizer alguma coisa? – pergunto afagando de leve os cabelos cheios.

- Não precisa. – fala baixinho, com a cabeça no meu ombro, os lábios tocando levemente meu pescoço. – Sua presença é reconfortante. Apenas me abraça.

E fiz o que ela mandou. Também, não sou muito bom com palavras, nem posso adivinhar o motivo que a tenha deixado mal. Briga com Ron? Desentendimento com os pais? Algum problema mais grave? Não importava o motivo, sempre estaria do lado dela, e eu precisava que ela soubesse disso.

- Você sempre foi minha protetora. Desde aquele dia no 1° de setembro. Desde seus primeiros sermões sobre a escola, desde que mentiu pra Prof.ª Minerva para me tirar daquela confusão com o Trasgo no primeiro ano... – deu um leve riso com essa lembrança. - Você sempre foi minha protetora, Mione. E eu só queiro que saiba que sempre estarei do seu lado. Da mesma forma que você sempre esteve do meu.

Sua única resposta foi me abraçar com mais força.