A Cura Do Meu Coração escrita por Rafa SF


Capítulo 11
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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—-/-/Sesshoumaru/-/-

—Então essa é a misteriosa mulher, é um prazer finalmente conhecer o motivo desse seu mau humor._ O tom divertido irritou-me profundamente. Havia passado a manhã inteira com ele, revisando a administração do território. 

Ryou Tachibana, meu general mais antigo era ousado. Nesses 300 anos de convivência, sempre demonstrou um prazer imensurável em me tirar do sério e fez questão de provar sua capacidade de manter esse comportamento. A complacência que lhe demonstrei pelos anos de companheirismo lhe dava a segurança de permanecer com a língua afiada. Revisei mentalmente os motivos pelos quais suporto sua insolência. Se não fosse por sua competência exemplar, eu arrancaria esses dentes na primeira piada que ousasse sair de seus lábios.

—General.

— Eu disse alguma mentira, Lorde Taisho?

Medi suas intenções, os olhos amarelos brilhavam em diversão. Continuei meu percurso, não lhe dando mais motivos para continuar nesse assunto. Na porta de meu escritório, lhe ordenei.

— Chame minha hahaue, Ryou. 

— Não precisa se dar ao trabalho, estou aqui, criança._ Minha genitora se fez notar de dentro do cômodo. Estava confortavelmente sentada em minha poltrona de meu escritório. Atitude extremamente rude, mas que lhe era comum. Como sempre, fazia questão de demonstrar que essa já foi a sua própria casa e por isso, tinha a autoridade de ser livre em suas ações.

— Criança, é assim que cumprimenta sua mãe? 

Suspiro silenciosamente, esse dia seria longo. Permaneço de pé, à frente de minha mesa. Os papéis impecavelmente organizados acima dela, assim como havia deixado até momentos atrás, quando Rin veio me procurar.

— Satori-hime._ disse, como forma de saudação, com o objetivo de terminar esse assunto banal. Minha hahaue não era uma mulher simples e nem aceitava ser contrariada, como a anciã do clã Daiyoukai, tinha a autoridade que poucos mereciam. 

Mas a imagem do odioso ser à minha frente, confortavelmente sentada na cadeira do Lorde dessas terras, ultrapassa qualquer limite do aceitável. A tiraria a força, se não visse o brilho desafiador que me transmitia, odiosamente certa de que não teria suas intenções questionadas.

— Vamos ser diretos, Satori-hime._ Indiquei, sem mover-me, de pé a sua frente.

— Você, general, traga-nos um chá, pelo visto seu Lorde perdeu o tato com visitas. Jasmim e laranja. 

Ousou ordenar e, por um segundo, Ryou buscou a minha autorização, saindo após lhe autorizar. Sabia que Satori-hime não agia sem pensar. Ponderadamente, sugeriu-me o assento à sua frente, numa indicação de que seria uma conversa demorada. Sentei e esperei que iniciasse suas exigências. Entretanto, Satori-hime fez questão de aguardar seu chá ser servido. Os olhos atentos para cada um naquela sala.

— Um General bem útil, Sesshoumaru._ disse despreocupadamente, aguardando sua saída. Kyou curvou-se com a face vermelha em ódio, mas nada disse ao retirar-se do local.

— Hm.

— Como bem sabe, o senhor do Norte está descontente com o clã Inu. Durante sua breve ausência, declarou guerra ao Oeste ao atacar alguns vilarejos nos limites do território. Meu povo está servindo de empecilho aos seus objetivos, mas esse é o seu dever, Sesshoumaru. 

— Estou ciente sobre o que ocorre em minha terras.

Cortei seu discurso fajuto, como sempre, Satori-hime busca adiar esses momentos familiares, mas ambos sabemos que é uma farsa sentimental.

— Há, orgulhoso. Isso é bom. 

— Não é de seu feitio vir até aqui para me tecer elogios, Lady Satori-hime. 

A observo repousar sua xícara no pires e fazer notar um pergaminho selado. 

— Recentemente, recebi uma proposta do Lorde, uma carta de intenção para essa disputa. Os anciões decidiram por me ter como mediadora, dessa vez. Talvez assim, o coração de meu filho se compadecesse com a situação.

Permiti que continuasse.

— Sesshoumaru, está no poder há duas centenas de anos, já foi o bastante para aprender como funciona o equilíbrio de forças dessa família.

.

Sozinho, refletia a discussão de hoje cedo. Satori-hime representou os anciões quando me aconselhou. A carta, escrita a mão pelo Senhor do Norte, era a prova do que aconteceria caso eu recusasse sua oferta.

A longa lista continuava por uma ou duas páginas, mas poderiam resumir-se em poucas palavras. Sempre soube que consequências viriam após tomar certas decisões, ainda assim, considerava ousada a proposta do Senhor do Norte.

O Lorde era o Youkai cão mais antigo no poder de um território, sem conseguir dar cria a um herdeiro homem, não pôde repassar o posto para sua descendência. Além do mais, ambas as suas filhas recusaram-se casar com seus outros pretendentes, prepotentes de sua posição de direito. Consequentemente, isso tornou a situação do norte complicada, seu território estava sempre passando por embates, e isso fez com que suas duas filhas, atuais generais de seu pai, adquirissem uma vasta experiência nos últimos 50 anos. Eram uma força implacável em batalha, todos sabiam. Esse contexto fez com que o Lorde atual se tornasse prepotente, após vencer todas as últimas batalhas, se tornou exigente com os pretendentes de suas filhas e pelo visto, eu estava em sua lista.

Não era incomum que os nobres se despossem entre si para manter a linhagem no comando, porém, sentia-se colérico ao ser considerado como cão reprodutor para si. Um herdeiro, ele exige por baixo e estava disposto a entregar ambas as filhas, tudo para que sua vontade fosse suprida. Insolente.

O motivo pelo qual pude evitar qualquer embate, além de minha conhecida força, era por não possuir fraquezas a serem exploradas. Até surgir com uma criança humana sob minha guarda. Nesses anos, eu decidi que tornaria Rin minha herdeira, satisfeito com seu posto e sem planos próprios para mudar isso. Eventualmente, eu permaneceria como Lorde, enquanto vivesse, propiciando-lhe a pacífica vida a qual desejo para si. 

Este sesshoumaru jamais servirá para seus propósitos.

.

—/-/Kagome/-/-

.

Chegamos ao vilarejo após o horário de almoço, apesar de não termos respeitado a refeição, já que lanchamos tarde. Dessa vez, minha vestimenta foi escolhida pelas servas, assim como meu cabelo e maquiagem. Ao fundo, um traje sacerdotal elaborado, com o tradicional kosode em branco, tecido de nobre seda e um hakama vermelho profundo, quente o suficiente para suportar o clima, era estendido sob minha vista. Por cima, uma chihaya finamente ornamentada com fios prateados, replicavam a imagem de um cão. Era um exagero vestir desse modo para visitar um vilarejo, mas fui instruída a fazê-lo pela empregada-chefe, que acompanhou todo o processo, independente de meus protestos por privacidade, recitando os costumes que deveria seguir ao acompanhar a pequena hime. Ao sair, me foi sugerido carregar o arco sagrado, que aceitei, para ter ao menos algo familiar por perto. Estava arrependida deveria ter prestado atenção no que Rin dizia mais cedo!

Quando encontrei com Rin, deparei-me com uma visão madura de si, elegantemente ornamentada, penteada e maquiada, jamais me passaria a imagem da garota ativa de costume. Não tive coragem de buscar qualquer explicação perante a culpa em seus olhos. Subimos na carruagem e tentei animá-la durante o percurso, no entanto, tudo que tive foi uma resposta contida. 

— Esse é o meu papel, Senhorita Kagome.

Rin explicou-me, com a paciência exemplar, que estávamos ali como representantes de Sesshoumaru, segundo ela, vez ou outra era seu papel visitar os locais que exigiam interações sociais entre os lugarejos. Questionei-lhe muitas coisas, mas aceitei a explicação da menor, parecia difícil o suficiente ter de agir assim para que eu servisse como mais um empecilho em sua missão. Somente agora pude perceber o quão importante era o lugar de Rin nessas terras. Não bastava ser a humana protegida pelo frio Lorde, num local com uma imensa população demoníaca, ainda servia de representante do Senhor do Oeste, estando a mercê do julgamento de muitos e ciente de que seus comportamentos refletem em Sesshoumaru. Era demais para uma criança suportar sozinha. Lamentei comigo.

— Estarei aqui para o que precisar, Rin-chan._ Segurei suas mãos, dando-lhe forças.

Haviam lanternas de papel espalhadas por todo o local, tornando o grande vilarejo um lugar alegre, uma visão tão bonita.  Suas ruas principais estavam limpas da neve e bem adornadas, mas a população parecia mais interessada no novo grupo. Por onde passamos, a atenção era desviada para a pequena criança que estava a frente de nossa “comitiva”, por assim dizer.

Alguns guardas abriram caminho para Rin. De perto, a menina estava acompanhada de Arurun e Jaken, enquanto eu seguia logo atrás de si. A imagem madura contrastava com seus 14 anos de vida.  Sob tanta vigilância, a vi exibir um ar nobre intocável, similar ao comportamento de Sesshoumaru, apesar dele agir assim quase o tempo inteiro, muito diferente do espírito livre e risonho que a mesma possuía.

Não conseguia parar de avaliar a criança. Essa não é a Rin que conheço.

 — Parece que haverá uma comemoração aqui, Rin._ comentei, procurando distraí-la.

— Hai, será festejado o dia da fundação da vila. _ Disse com a voz tristonha, mas sem o sentimento ser demonstrado por seu rosto.

— Entendo. 

Todas as ruas pareciam guiar os visitantes por uma trilha, cujo final revelava uma praça florida, organizada como se fosse receber uma apresentação no local, mas esse não era o nosso destino. 

Lá, encontramos um servo que nos indicou o caminho da casa principal. Acompanhamos em silêncio, no portão, fomos recebidas por uma dama ornamentada por jóias da cabeça aos pés. Ela indicou ser a senhora da residência e servirá de companhia esta tarde. 

— Estamos deslumbrados pela honra de receber a Hime do Oeste, quem vos fala é Yuriko Naori._ Curvou-se e com muito respeito, nos orientou até o salão de visitas, servindo-nos chá e trocando amenidades com Rin. Ela indicou que estava aqui como representante de Sesshoumaru, para agraciar a comemoração com sua presença. 

O que fez a Senhora se animar.

— Não somos dignos de tamanha consideração, Hime-sama.

Meia hora se passou, para mim, demoradamente. A youkai a nossa frente reprimia seu youki. Ainda assim, eu observava, sem ousar me pronunciar ou atrapalhar a pequena, enquanto agia tão adequadamente ao papel de princesa. Jaken e Arurun nos deixaram ainda nos portões da residência, então seríamos só nós duas aqui. Mas Rin não se abalou, como se soubesse das intenções dos dois, uma atitude calculada, denota segurança de sua posição aqui, imaginei. Enquanto isso, a pequena continuava a conversa com gestos calculados e sorrisos gentis à mostra, respondendo com graça as considerações da senhora.

Isso até sermos interrompidos por duas novas presenças, provavelmente o patriarca e seu filho mais velho, ambos perfeitamente arrumados e curvados perante Rin.

— Perdão pelo atraso, Hime-sama, alguns afazeres exigiam minha atenção pessoal. É uma honra recebê-la num dia tão importante para nosso vilarejo!

— Eu que agradeço o convite, Patriarca Naori. Sua senhora alegrou-me o suficiente para não perceber o tempo passar. 

.

Acompanhamos o filho do patriarca por todo o vilarejo, um verdadeiro tuor arquitetado para promover o contato entre os dois jovens e o garoto não media esforços para galantear a pequena, um sem vergonha de um youkai de 100 anos achava-se o último grão de areia do deserto!  Observei tudo em silêncio, esperando que Rin lidasse com o assunto, pois se eu agisse, não me importaria com a imagem daquele Cachorro arrogante e explodiria esse ser detestável. 

A menina foi amável ao agir e sempre retornava o assunto de sua conversa para o vilarejo e sua administração. Sondando a qualidade dos serviços do patriarca e a qualidade de vida de seus habitantes, isso para logo depois ser elogiada pela abusada criatura ao seu lado. 

Definitivamente Kami-sama agraciou-me com paciência.  

Após retornarmos ao castelo, expus todos os xingamentos que teci durante a tarde para aquele pedaço de lagarto arrogante, o que só a fazia rir de minha indignação. Continuei até que me desse por satisfeita ao vê-la vermelha pelas risadas, feliz por ter pelo menos amenizado toda a pressão que ela deveria estar sentindo. 

—Aquele garoto sem vergonha!_ Exclamei por último, sendo agraciada pelo som de suas gargalhadas. Até que Rin, se contém e pega minhas mãos. 

— Obrigada por estar comigo hoje, Kah-chan, eu estava insegura._ Ela confessou.

Sorri condescendente. Estava orgulhosa por vê-la ser tão forte.

Originalmente, eu achei que nosso objetivo de hoje era ter um passeio, almoçar pelo vilarejo próximo, talvez eu comprasse algum presente para Rin, se algo a interessasse e depois voltaríamos ao castelo, para mais uma noite agradável no salão. Mas com certeza, esse não foi um dia esperado. 

— Rin, o festival irá durar dois dias, correto?

—Aham. 

—E seu aniversário é amanhã.

—Não é exatamente o meu aniversário, foi só uma data escolhida pelo Senhor Sesshoumaru. Por que a pergunta?

—Fiquei imaginando se você gostaria de voltar aqui para aproveitar o festival, sem essa história de princesa, somente você, como Rin e eu como Kagome, que tal? Isso a deixaria feliz?

— Sesshoumaru-sama nunca permitiria. 

—Mas você gostaria, pequena?

—Hai! 

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Notas finais do capítulo

Não falarei nada pois tenho medo do que irão me crucificar, então né? gostaram? Será que imaginavam que era isso que a mãe dele queria?

Até a próxima.
Bjus Bjus Bye