Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 6
Daniel Gonzales


Notas iniciais do capítulo

Geralmente eu posto Sexta, eu sei, mas estou tão excitada com essa história que resolvi postar um capítulo hoje e um amanhã. Isso também porque estou ansiosa para postar o próximo capítulo. Então, esse capítulo está um pouco triste. Fiquei até um pouco chateada em escrever, mas todos temos que ter uma reação.
Além disso, o Daniel estava muito "legalzinho".
Aproveitem!



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Capítulo 6 – Daniel Gonzales

Minha respiração acelerou com aquelas palavras. Não poderia ser. Meu pai estava morto a mais de vinte anos, segundo meu avô e Dinnie Ray. Mas ali estava estava ele. Os grandes olhos cinzas, heranças da família Gonzales. Os cabelos loiros familiares das fotos. Como eu não o tinha reconhecido? Era sangue do meu sangue.

Ele continuou se aproximando até colocar as mãos em meus ombros. A expressão séria e um pouco confusa. Eu nem sei como se sentia ao certo. Estava com raiva, isso era óbvio. Mas, tinha algo estranho em meu peito enquanto eu olhava para o meu pai. Talvez fosse ciúmes por ele ter sido amante de Ray.

Então eu entendi as palavras de Ray e do meu avô. As mudanças de humor dela e o jeito como ela ficou no dia da morte de Daiene e Luke. Tudo fazia sentido. O jeito hipnotizado como ela olhava para os meus olhos. Era como olhar para meu pai.

Escutei o seu choro baixo e a encarei com raiva. Me desvencilhei da mão de Marco e caminhei com certeza até onde ela estar. A segurei pelos braços e comecei a sacudi-la. Ela chorou mais alto, mas não levantou os olhos para mim.

“Por que, Ray?”, eu gritava. “Por que me escondeu isso? Você, de todas as pessoas. Eu confiava em você.”

Ela continuava com a cabeça baixa e chorando. Meu peito se apertou e senti meus olhos começarem a arder. Balancei a cabeça com força, expulsando as lágrimas para longe. Ainda pudia sentir meus pai atrás de mim, mas não tinha nenhuma vontade de encará-lo agora. Ainda mais saber o motivo por ele ter um tigre em seu pescoço. Que se danasse ele. Com raiva, empurrei Ray para longe de mim e comecei andar de volta ao apartamento.

“Daniel”, ela me gritou, mas eu continuei andando. Sabia que o meu pai a ajudaria.

A raiva fazia o meu sangue borbulhar. Dinnie Ray iria me deixar matar o meu pai. O deixar ele me matar, dependendo do jeito como ela tinha sido afetada com a sua volta. Pisava nas escadas com força exagerada escutando os demais passos vindos atrás de mim.

“Vá embora, Marco”, escutei Ray dizer. Rosnei alto e continuei meu caminho. “Não é um bom momento.”

“Ele é meu filho, Dinnie Ray.”, meu pai retruquiu. “Você não pode me impedir de ver o moleque. Já teve demais dele, não acha?”

“Cale a boca e saia daqui, se não eu juro que te mato.”, ela ameaçou.

Eu escutei o barulho dos passos se esgotando e podia imaginar os dois se encarando com raiva. Contra os meus instintos, também parei. Se passaram quase que um minuto inteiro, antes que eu pudesse escutar os rudes passos do meu pai se afastando. Parecia que Ray ainda tinha controle em cima do velho. Continuei o meu caminho até o apartamento dela e abri a porta com força. Ela rangeu, mas não caiu. Entrei como um furacão na casa e saí catando as minhas coisas.

Fui ao quarto, jogando a mala no chão e as roupas nela. Escutei Dinnie entrando no apartamento e fechando a porta delicadamente. Mas ela não foi até onde eu estava. Ficou na sala. Era melhor mesmo, de acordo com meu humor. Minutos depois, olhei para a mala pronta e me sentei na cama, afundando meu rosto nas mãos.

Não podia acreditar que, de tantas coisas que ela tinha escondido, ela tinha escondido logo isso. Que o meu pai desconhecido estava de volta. E como vampiro tigre. O que me deixava mais fulo era o fato dela ainda me tratar feito criança. Uma criança não fazia com ela, o que eu fazia. Droga! Eu tinha 22 anos e não 1. Ela tinha que se acostumar com o fato de que eu já sabia o que era certo e errado. E não me esconder que meu pai estava por ai, andando livremente com um bando de vampiros Rebeldes.

Com raiva, peguei o abajur e joguei na parede, vendo-o se espatifar. Escutei o arfar de Ray vindo da sala. Fiquei com mais raiva. Só que raiva de mim mesmo. Em parte por ser tão burro e ter acreditado nela. Em parte por ainda me sentir arrepiado com a sua voz doce. Porque, no meio dessa raiva, ainda me sentia culpado por ter empurrado ela com tanta força.

Ela estava tão (ou mais) confusa que eu. Marco poderia ser o meu pai, mas eu nunca o tinha conhecido. Dinnie Ray, ao contrário, o tinha conhecido bem demais. Meus olhos se estreitaram. Quem me garantia que eles dois não estavam se encontrando pelas minhas costas? Quem me garantia que mais pessoas sabiam? Noah, sabia, com certeza. Luanne, não tinha certeza. Meu avô...

Esse era o motivo deles terem chorado hoje mais cedo? A alegria de ter o meu pai de volta? Não ter mais que lidar comigo? Minha mente corria a mil por hora fazendo milhares de suposições. Mas, de uma coisa eu tinha plena certeza.

Não poderia mais ficar ali. Não quando não tinha mais confiança entre mim e Ray. Primeiro me escondeu o fato de ter um caso com meu pai, depois me esconde que ele estava vivo. O que mais ela poderia me esconder? Quantas vezes mais ela tinha encontrado o meu pai?

Quando vim ao seu apartamento mais cedo, esperava confrontá-la e ouví-la dizer que eu estava doido ou que tinha interpretado errado. Mas, quando escutei os seus sussurros com meu pai e abri a porta, para vê-la a apenas alguns centímetros deles, uma raiva irracional tinha tomado conta de mim. Eu mal sabia que estava pronto para dilacerar a garganta do meu pai. O homem que eu nunca tinha visto.

Ele parecia o mesmo das fotos. Ainda me sentia tão ingênuo por não tê-lo reconhecido de primeira. Eu não deveria ter algum tipo de alarme, que disparasse dentro de mim avisando: Hey, camarada. Cuidado com as presas, esse cara que ajudou a te por no mundo. Eu duvidava muito que, se Marco não tivesse me contado, Ray nunca se daria a essa trabalho. Ela morreria (se caso isso acontecesse), com aquele segredo. Rosnando, soquei a parede com força, deixando um enorme buraco.

Me levantei, arrastando minha malas comigo e indo até a sala. A encontrei com a cabeça entre as mãos. Mesmo não vendo seu rosto, o corpo tremendo já era uma boa prova de que ela estava chorando. Os cabelos castanhos, agora soltos, estavam soltos , e alguns fios caíam em suas pernas. A solitária mecha vermelha em destaque.

Parecendo finalmente me notar ali, ela levantou seus olhos (agora vermelhos), para mim e para as minhas malas. Os grandes rubis que eram seus olhos se ampliaram, entendo a minha intenção, e ela se levantou parando a minha frente. Mantive a minha expressão em branco. Mal sabia ela que aquilo estava doendo mais em mim do que nela.

“Daniel, precisamos conversar.”, ela disse com a voz trêmula, então limpou a garganta e tentou tomar em meu ombro. Recuei.

“Eu vou embora, Ray”, disse prontamente. “E dessa vez, é pra valer.”

Seus olhos já arregalados, quase saltaram de orbita. Me preparei para o seu discurso sobre o quando eu estava sendo idiota ao tomar aquela decisão de cabeça quente e essa coisas. Sobre ela não ter contado o segredo antes por estar com medo e essas coisas. Mas, me surpreendi quando ela cruzou os braços e seus olhos brilharam de raiva.

“Quer saber de uma coisa?”, ela disse rude. Meus olhos se estreitaram. “Vai!”, ela gritou. “Cansei de correr atrás de você”

“Correr atrás de mim?”, estava incrédulo. “Sou sempre eu que vou te procurar”

“E quem está fugindo agora?”, ela retruquiu.

“Não estou fugindo.”, afirmei também ficando com raiva por ela está jogando a sua raiva para cima de mim. “Mas, você esconder que meu pai, seu antigo amante, está vivo é demais.”

“Está insinuando alguma coisa?”, estreitou seus olhos.

Sim, eu estava insinuando que , no segundo que eu passasse daquela porta, ela iria correr direto para os braços do seu antigo amante. Uma parte egoísta quase desistiu da ideia de ir embora e ficar só para ver o que ela faria. Se ela iria me trair ou se iria terminar comigo. Tudo porque ela não conseguia dar um passo a frente em sua relação e ver que, meu pai era um monstro que estava entre uma chacina de vampiros. Que ele estava entre a morte de Mikael e Abigail.

Não, ela estava cega pela reencontro. E eu estava pelo ciúmes. Se ela pudesse, pelo menos, me dar uma certeza de que não tinha mais nada entre ela e meu pai, poderia ficar mais tranquilo. Só que entre ficar inseguro toda as vezes que ela saísse sozinha pela manhã e ir embora, deixando que ela vivesse a sua vida em paz, eu já estava com as malas prontas e um pé na rua.

“Você ainda gosta dele, Dinnie?”, perguntei.

Aquilo estava martelando na minha mente e não me deixava pensar com clareza. A vi ficar ser presa desprevenida e ficar desarmada. Seus braços caíram moles ao lado do corpo e seus olhos se desviaram dos meus para o chão. Tinha pego no ponto certo. Só queria uma resposta. Que aquilo era o maior absurdo que eu já tinha escutado a noite inteira e que ele era só um fio do passado que ela já estava pronta para desatar. Mas o que ela disse foi:

“Eu te amo.”

Fiquei decepcionado e me movi para a porta, passando perto dela e parando. Ela ainda olhava para o chão, talvez com vergonha de ver como a sua vida tinha virado de cabeça para baixo. Eu me sentia confuso. Exatamente como ela disse que eu ficaria. E ela não parecia tão focada para me ajudar. Ela estava tendo distúrbio de humores. Ao mesmo tempo que Ray queria que eu ficasse, ela não podia deixar o orgulho de lado.

“Não foi isso que eu te perguntei, mas essa resposta foi o suficiente.”, sussurrei, triste. “Adeus, Ray.”

Tão rápido que eu nem vi nada além de um borrão, ela parou em frente a porta. Seus olhos determinados. Parei, esperando seu próximo movimento. Sua respiração estava pesada. Eu nem lembrava quando ela tinha respirado tanto em uma noite.

“Daniel, espere”, ela murmurou.

“O quê?”, eu disse rude. Estava esperançoso e com pressa. Tinha medo dela me fazer mudar de ideia. Meus olhos se moveram sem a minha permissão até os seus lábios vermelhos e carnudos.

“Você esqueceu o álbum de fotos.”, ela disse olhando para o sofá onde eu tinha deixado o seu presente de natal propositalmente.

“Fique com ele. Você precisa mais das lembranças do que eu.”, mexi a minha mão como um sinal para que ela saísse da porta.

Dinnie hesitou por um momento, mas logo desistiu e voltou para o sofá. Ao sair, bati a porta com uma força maior que antes e a escutei reclamar e os parafusos começando a se soltar. O ar frio da noite fez com que eu respirasse fundo, antes de continuar o meu caminho. Com certeza ficaria na casa de Luanne. Mesmo sendo sujeito as suas reclamações sobre eu deixar Ray sozinha sem escutá-la.

Mas, naquele momento, antes de ir para a casa da Luanne, precisava de alguém com quem pudesse conversar. Não mais meu avô. Seu coração era frágil demais para muitas preocupações, ainda mais depois da notícia que seu filho estava vivo, mas como vampiro. Contrariando todos os meus pensamentos de hoje mais cedo, puxei meu celular e disquei para alguém que sabia que iria me escutar.

“Alô?”, sua voz doce me atendeu. Um sorriso deslisou por meus lábios.

“Francesca, está ocupada?”


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Notas finais do capítulo

Querem me matar pelo final? Próximo capítulo amanhã. Eu estou contando os segundos. Obrigada a todos que acompanham.
Comentem!