E Depois Do Adeus? escrita por hidechan


Capítulo 1
Capítulo 1: Desencontro




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            “Foi como um pesadelo mesclado a um sonho louco, a derrubada do muro e a convivência com aquele mundo tão diferente deu a mim uma nova visão da vida, passei a entender melhor a sociedade; não sabia que realmente existiam pessoas más que nos enganam e fazem de nossa vida um inferno, mas também existem aquelas que se dispõe a ajudar-nos infinitamente. Porém o que mais mudou minha vida foi aquela pessoa, comecei a querer ser como ele cada vez mais, tão forte, tão determinado... e de repente a admiração virou amizade que virou amor, um desejo incontrolável de te abraçar, de te beijar, de te amar. Você voaria comigo para longe, Nezumi? Se eu te encontrar agora você não negaria a minha presença mesmo que nossa história juntos tenha acabado? Viver sem você está sendo como viver no vazio, uma existência sem sentido... ah se eu pudesse te encontrar, mas toda vez que levanto em busca de ti, algo me puxa para baixo novamente, essa necessidade de me proteger de uma investida sua mas ao mesmo tempo essa necessidade de me ver com você e dizer tudo o que sinto. É tão confuso, tenho tanto medo... o que eu faço?”

            Shion esperou que as estrelas respondessem sua pergunta, os pequenos pontinhos brilhantes e a majestade lua eram as únicas testemunhas de seus sentimentos. O vento calmo balançou os cabelos alvos do menino, os mantivera assim como uma marca de seu passado que fora tão importante, além dos cabelos ainda tinham todas aquelas marcas espalhadas pelo corpo.

- Nezumi... _olhou para seu braço marcado _ eu ainda lembro quando disse que a aparência era a menor das preocupações... e que eu estava ótimo assim _deu um sorriso ao lembrar de coisas tão bobas.

- Shion! Vai pegar um resfriado se continuar nesse jardim...

- Eu já vou entrar _fez menção de levantar mas parou quando sua mãe sentou ao seu lado.

- Estou muito feliz por ter voltado para casa enfim, você foi essencial para tirar aquele vazio do meu coração quando deixei a corporação, você e seu querido pai é claro. _o pai de Shion tinha falecido quando ainda era um bebê

- ... por que está me dizendo isso?

- Eu sou mãe e como tal sei que está sentindo falta dele... _acariciou os cabelos do menino como fazia quando criança _ por que ainda não foi procurá-lo?

- É difícil dizer o que sinto...

- Shion! _levantou a voz assustando o menino _ não cresceu nada nesse tempo todo que ficou fora? Nezumi não tem o direito de te negar depois de tudo que passaram juntos, pense nisso.

            A conversa com sua mãe o surpreendeu, refletiu muito sobre a vida e todos os acontecimentos, seus sentimentos em relação a tudo isso e percebeu que realmente não seria egoísmo ir atrás da pessoa que fazia tanta falta pra si; já faziam parte um do outro mesmo que inconscientemente. Shion ficou ansioso com a idéia de encontrá-lo, sabia onde ele poderia estar e ia lhe arrancar boas desculpas por não ter entrado em contato durante tanto tempo. Seu coração deu um salto ao ter tomado aquela decisão e arrumou suas coisas para partir, seu novo objetivo agora tinha nome: Nezumi.

            Karan concordou com a partida do filho mas o fez prometer que mandaria noticias e que traria o rato para conhecê-la pessoalmente. Com um beijo de despedida de sua mãe Shion partiu para o antigo distrito oeste, era o começo de uma nova aventura, agora por livre e espontânea vontade.

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            - Tamashi yo... Kokoro yo, ai yo... omoi yo...koko ni kaeri koko ni ...todo matte

            Um distraído Nezumi cantava para si mesmo aquela canção tão conhecida que fez parte da sua vida, lembrava Shion, lembrava sua vida no antigo distrito, lembrava também seus sentimentos. Sentimentos... algo pareceu surgir naquela época, mas ele logo reprimiu qualquer coisa que viesse atrapalhar sua vingança contra a nº6; mas e agora que tudo acabou? O caos que ele havia previsto quando derrubassem o muro se concretizou, não era mais uma cidade perfeita com todos aqueles assaltos e assassinatos e com isso seu coração se acalmou, era um mundo novo e tinham aprendido uma grande lição, sua missão estava cumprida.

            Como um herói continua a viver se já não existem mais vilões? E agora que depois de quase meio ano ninguém mais se lembra dos meninos que vieram a destruir a torre central? Um vazio tomou conta de si novamente.

- Shion... _deixou escapar aquele nome pela distração de seus pensamentos.

- Oi, seu rato imundo.

- ... _olhou de canto e viu que era apenas a guarda-cães.  _ o que você quer?

- He... nada, só estou aqui para rir da sua desgraça... _fez uma voz de escárnio porém não houve reação do moreno. _ vai procurá-lo, está me dando náuseas vê-lo assim.

- Por acaso está preocupada comigo? Parece que foi contaminada pela nº6 afinal.

- Cale essa boca! Eu respeito muito o Shion e só acho que não deveria ser egoísta assim com ele. Aposto que aquele idiota sem noção está esperando você dar sinal de vida.

- Acabou, ele está voltando a viver normalmente agora _se levantou da pilha de entulhos onde se encontrava _ vou viver a minha como antes também.

- ... tsc rato idiota, não adianta tentar viver sem um objetivo de vida.

            “Eu tenho um objetivo de vida, ficar ao lado de Shion fazendo seja lá o que ele queira fazer... não existe lugar para mim nesse mundo novo é sua vez de me salvar, mas ao mesmo tempo tenho medo de te arrastar comigo para esse vazio! Você tem uma vida inteira pela frente, cheia de portas que estão para se abrir, eu sou apenas uma pessoa caída que fez tudo pelo mundo e agora tornou apenas um monumento. Talvez eu deva sair em busca de novas aventuras para ver se de repente eu me animo com algo, roubar, descobrir esquemas do governo ou até mesmo ir esquiar num monte bem alto como desejei certa vez que lia um livro para você... fiz coisas naquela época que jamais voltaria a fazer, ler para alguém, ensinar alguém a dançar, jantar todos os dias no mesmo horário; era a primeira – e talvez a ultima – que fiz algo assim por alguém, nunca tive ninguém em minha vida para compartilhar tais coisas era o começo de novas experiências e o término dela me trouxe apenas algo já bem conhecido, a solidão. Shion, é a sua vez de vir me raptar sem pensar nas conseqüências e tirar esse peso na consciência que eu tenho de atrapalhar sua vida.”

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            Ali estava ele mais uma vez, parado diante aquela janela que um dia o salvou, Nezumi deu um pequeno sorriso pela nostalgia que sentiu e já ia dando as costas para deixar o lugar quando alguém lhe chamou.

- Com licença!...

- Hum? _viu que uma mulher o chamava e logo reconheceu como Karan, a mãe de Shion.

- Está procurando por Shion? Eu vi você olhando para a janela de seu quarto...

- Ah... não, eu já estava de saída! _ficou meio embaraçado com a situação.

- ...oh, você não seria... ele?

- ... maltidinhos _viu que um de seus ratinhos de estimação subira em seu ombro direito _ prazer em conhecê-la, sou Nezumi.

- O prazer é todo meu! Ah meu Deus estou esquecendo de algo importante, Shion foi até o distrito oeste procurar por você!

- O que?! _seu coração deu um salto _ ele saiu á muito tempo?

- Faz algumas horas... 

- ...posso conhecer sua padaria, Senhora Karan?

- Mas é claro! _ficou meio sem entender o porque de Nezumi não ter partido ainda atrás de seu filho.

            O estabelecimento de Karan era um lugar agradável e confortável, o moreno se sentiu “em casa”, foi algo nostálgico que não soube explicar.

- Gostaria de me dizer alguma coisa? _serviu chá ao convidado tão especial _ muito obrigada por ter cuidado dele durante todo aquele tempo... Shion às vezes é tão mimado não é? _deu um sorriso, estava nervosa diante aquela pessoa tão misteriosa.

- Hum... Shion foi muito importante o tempo todo.

- E agora, está vivendo como queria?

- ... _ficou sem palavras por um momento, novamente aquele vazio irritante _ eu me libertei de várias coisas, agora quero começar a ter novas experiências.

- Como assim?...

- Vou embora, eu quero viajar e... viajar.

            Mentira, seu coração pareceu querer sair pela boca quando disse aquilo para Karan, estava tão confuso... ao mesmo tempo que isso pareceu ser sua liberdade também o aprisionava, o que estava sentindo afinal?

            Depois de mais alguma conversa o menino resolveu partir de vez, pediu a mulher que dissesse adeus a Shion por ele e entregou o cachecol que usava, o garoto ia entender afinal não gostava de despedidas e esse era a melhor coisa a se fazer.

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            O distrito era um lugar relativamente grande e estava muito diferente da época que morou lá, mas Shion ainda conseguiu encontrar o lugar onde lhe serviu de moradia por tanto tempo. Segurou a maçaneta pensativo, sentia seu coração palpitar e só podia ouvir a sua própria respiração, Nezumi podia estar e não estar ali e então como casquinha de ferida, resolveu empurrar a porta de uma vez só; ela se abriu com um estalo mas não havia ninguém.

- ... quase morri de um ataque agudo do miocárdio por nada. _riu de si mesmo ao pensar algo tão nerd numa hora de tanta angústia.

            Sem ter idéia de onde poderia encontrá-lo, resolveu ir atrás da guarda-cães, sua velha amiga. O local que servia de abrigo para os clientes de Inukashi ainda era o mesmo, um pouco mais arrumado e menos sujo, mas ainda era o mesmo, a menina estava sentada ao sol com vários filhotes que a fazia sorrir, uma coisa rara de se ver.

- Olá!

- SHION! _ a menina levou tamanho susto que os filhotes saíram correndo de perto dela _ não acredito que está aqui!

- Quanto tempo, olá para vocês também! _um monte de cães vieram cumprimentar o velho amigo _ como cresceram e precisam de um banhozinho ein...

- He... veio procurar ele?

- ... hum _concordou _ você sabe onde ele está? Eu não o encontrei no abrigo...

- Ele foi embora, é um fraco.

- ... _ainda agachado dando carinho ao cachorro, evitou o olhar fixo da guarda-cães.  

- hoy, hoy! Ele é um idiota Shion, deveria saber disso desde o começo que esse tipo de pessoa nunca irá mudar!

            A voz da menina sumiu gradativamente, seu mundo de repente desabou, Shion não quis acreditar e voltou correndo ao antigo apartamento onde moraram; o moreno deixou tudo como estava, a chaleira sobre o fogão, os livros ordenados por autor e até mesmo a cama desarrumada; não era possível que nunca mais ia voltar.

            As lágrimas vieram uma após a outra, uma revolta tomou conta de si e começou a jogar todos aqueles livros no chão até cair exausto, sem forças nem mesmo para abrir os olhos.

            “Como pode ser tão egoísta? Eu nunca fui nada para você afinal... nem veio se despedir, nem esperou para ouvir o que tenho a te dizer! Realmente um beijo de despedida – limpou os lábios com força quando se lembrou da cena – eu te odeio, seu rato imundo!” 


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Notas finais do capítulo

É muito difícil tentar continuar uma história já concluída pelo autor, ela é magnífica e bem construída, mesmo reescrevendo várias vezes, parece não se chegar a um nível alto o suficiente que seja justo com o anime...
Espero que todos tenham gostado e continuem lendo ^^



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