Feliz Aniversário, Chama Mortífera! escrita por Landa_R, Princesa do Parker


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Depois eu escrevo com mais detalhes. Juro. ._.
Imaginem o Nico como o Skandar Keynes http://images1.fanpop.com/images/image_uploads/Skandar-as-Edmund-skandar-keynes-1185059_500_782.jpg , mas tira o olho, que é o marido sexy da Joh!



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Oi, meu nome é Johanna, eu tenho 16 anos e estou louca.

Estou escrevendo isso aqui para forçar um pouco de sanidade no meu crânio, colocando os fatos na ordem que aconteceram, e explicando-os detalhadamente. Vovó sempre disse que isso ajuda a pensar melhor, principalmente quando se trata de coisas que você não sabe se inventou, ou se realmente aconteceram.

Você pode até ler e não acreditar em uma palavra, eu entenderia, eu mesma não acredito em uma vírgula sequer, mas isso já é sua escolha, sua responsabilidade.

Tudo começou quando eu estava no meio de uma aula muito chata do Sr. Doreen. Meu cérebro não foi feito para absorver Física- na verdade, acho que meu cérebro não foi feito para absorver coisa alguma- então eu estava compondo uma sinfonia mental com o barulho das moscas voando janela afora. Qualquer coisa para não ouvir aquela aula em mandarim do Sr. Doreen.

Claire estava sentada na minha frente, com as mechas coloridas viradas para trás. O cabelo dela era muito crespo, mas era gostoso de pegar. Eu fazia um dueto entre o barulho das mechas nas minhas unhas e as asas de minhas amigas voadoras.

E claro. Dando uma checada no cenário lá fora.

Era um dia comum sobre o cenário de prédios e casas em NYC. Eu já sabia o que tinha lá, tinha olhado várias vezes, mas de vez em quando, eu via coisas estranhas.

Não do tipo útil. Nada que fosse mudar a história da nossa humanidade. Mas quando eu era pequena, uns seis anos, eu vi um loiro bonito passar pela a cidade voando numa espécie de cesto pela metade. Como eu era pequena, e quando a gente é pequeno o mundo é meio irreal mesmo, achei isso super normal. Talvez seja uma memória falsa. De qualquer jeito, eu me lembro.

Uma outra vez, alguns anos atrás, eu vi um menino montando um cavalo preto alado, passando bem ao lado da janela da cozinha, naquela ocasião eu pensei que fosse um robô ou coisa parecida, mas o cavalo parecia muito real. Sorri e apontei pro céu, pensando que todo mundo ia ficar tão maravilhado quanto eu. Mas Alfred (o esposo imbecil da minha avó) olhou com a mesma ignorância de sempre e Vovó apenas comentou a frequência com que helicópteros passavam voando nessa cidade.

“Helicóptero? Aquilo é um cavalo. Um cavalo voador!”

Vovó nem ligou, mas Alfred olhou para mim de forma diabólica, e eu soube que se me atrevesse a fazer gracinha, ele poderia me trancar num internato do outro lado do país, então eu só fechei a cara e não comentei mais nada. Mas eu juro que aquilo era um cavalo voador. Juro! NÃO, EU NÃO ENLOUQUECI!

Outra vez, um garoto passou correndo atrás de um cachorro gigante. Eu estava com Claire fazendo um trabalho em dupla, nessa mesma sala em que agora se decorria a aula chata de Física. Mas, cara, não era um cachorro comum, era GIGANTE! Assim, quase um leão. Claire disse que era só um poodle (ela me pareceu muito mais interessada nos glúteos do garoto bonitinho correndo atrás do cachorrão). Provavelmente era uma dessas trupes fantasiadas. Mas ainda assim, era estranho.

A minha última lembrança era do último verão. Mas essa era mais nublada, como um sonho. Eu estava andando pela Wall Street e de repente... Nada. Depois gritos, explosões, porcos voadores, cascos, cavalos metade gente, uma loucura, mas é muito confuso por que eu estive lá o tempo inteiro e nada aconteceu. A data era diferente e... Era como se todo mundo estivesse numa bolha. Eu sabia que algo estranho tinha acontecido (cogitei até invasão alienígena), mas a vida continuou e eu deixei para lá.

Agora, bom agora eu tinha certeza que eu tinha perdido totalmente meu juízo, provavelmente em algum momento dessa aula sonífera em mandarim. Sempre achei que algum dia essas equações de Física queimariam tanto meus miolos que uma hora meu cérebro ia começar a dar pane.

Bom, esse dia só pode ter chegado.

Por que eu acabava de avistar um garoto da minha idade, montado num cachorrão muito parecido com o que eu vi tempos atrás.

O garoto usava umas roupas meio obscuras e tinha os dedos cheios de anéis, segurando uma espada negra numa mão e um escudo prateado na outra.

Eu sei que não parece estranho. A parte anormal veio logo atrás. Um dragão enorme de duas cabeças, queimava tudo pela frente lançando colunas de fogo com suas bocas. Tudo no monstro era grande e assustador, começando pelas garras, a quantidade de cabeças, a altura sem falar em sua aparência horrível.


Botei a mão na testa. Engoli em seco. Dei três beliscões.

Jesus, o que eu tinha fumado?


Eles estavam bem no meio da rua, bloqueando alguns carros que buzinavam. Os motoristas pareciam nem perceber que aquilo era um menino lutando contra um dragão. A besta soprou uma lacuna de fogo que queimou um grupo de cinco carros, mas ninguém pareceu perceber.

“Cl-Claire, hey Claire. O-o-o que você vê ali?”

Claire se concentrou na janela e respondeu sem emoção.

“Um ônibus de três andares muito velho soltando fumaça.”

Aquela monstruosidade era bem maior do que um ônibus. Na verdade, sua cabeça mais alta alcançava o segundo andar de um prédio. Nem quis pensar em como era letal. De qualquer jeito, aquilo nem se parecia com um ônibus. Jamais.


Coloquei as mãos no rosto. Eu precisava de um remédio. Estava enlouquecendo, assim como Alfred preveu.


Eu moro com o minha avó desde os nove anos, quando minha mãe desapareceu no mundo, e meu pai teve um surto psicológico se matando com uma adaga no peito. O mesmo aconteceu com a minha avó, cinco anos antes, mas no caso dela, seu corpo foi encontrado completamente queimado. Minha família tinha um pequeno histórico de eventos suicidas. E eu era a próxima.

Assim como Alfred preveu.

Desde que ele se casou com a vovó, ele tem feito da minha vida um inferno particular. Ele sempre defendeu que eu precisava de uma escola especial, para “desequilibrados mentais”, que é só um nome fresco para “manicômio”. Ele também me fez ver um psiquiatra, e falou do problema da minha família na assembleia escolar, na frente de todos os professores de modo que todos sabiam.


Todos na minha escola me tratavam como se eu fosse uma granada prestes a explodir. Todos me olhavam com pena. Todos faziam comentários maldosos. Todos, menos Claire, e é por isso que desde minha infância, ela é minha melhor amiga.


Eu não podia estar enlouquecendo. Eu não podia embelezar ainda mais a cara de vitória do Alfred, não mesmo.


Dei tapinhas nas bochechas, belisquei ainda mais forte e respirei fundo.


Eles vão sumir.


Vão sumir.

Vão sumir.

Lá lá lá.



Não sumiram.


Claire se virou para mim.

“Você realmente vê algo ali?”

Fiz que sim com a cabeça.

“Algo muito estranho e capaz de matar você?”

Era esquisito o jeito como ela conhecia os fatos.

“Não só a mim.”

Ela se aproximou ainda mais de mim.

“Você está pálida. Peça para sair para vomitar e corra atrás. É o único jeito de você ver que não é real e tirar essas bobagens da cabeça.” Ela disse simplesmente.

Eu hesitei por cinco segundos, até perceber que Claire tinha razão. Ir até ali iria confirmar se eu era maluca, ou...


Ou o que? Ou confirmar definitivamente que eu não tinha um único parafuso na cachola.


Levantei e corri até o senhor Doreen sem me preocupar com Claire, ela me conhecia.

“Professor, eu... Preciso sair.” Desembuchei.

Acho que meu rosto estava muito perturbado, por que o Sr. Doreen apenas assinou o papel da enfermaria e me deixou ir.

Corri até o meu armário do outro lado do corredor e peguei meu skate, saí pela lateral da escola dando direto para a avenida em que o garoto lutava com o dragão.


Eles ainda estavam lá. Eles eram reais.


Eu não sabia se ficava feliz por não ser maluca, ou apavorada por ser a primeira a saber que coisas como dragões e cachorros gigantes existem.

O menino pulou em uma das cabeças de dragão e cortou-a. Ela caiu bem do meu lado, eu podia tocá-la, e definitivamente não estava imaginando aquela saliva corrosiva no meio da calçada. O alívio só durou cinco segundos, por que bem no lugar em que a cabeça foi cortada, nasceram mais duas.


O garoto ficou mais assustado do que eu, talvez ele não achasse que aquilo fosse acontecer. Ele olhou ao seu redor vendo que as pessoas continuavam a viver suas vidas sem se preocupar com o que realmente estava acontecendo ali, alguns carros buzinavam para o-que-quer-que-eles-estivessem-vendo saísse do seu caminho. Então ele começou a correr e chamar a atenção do dragão, novamente subi em meu skate e o segui.

A besta correu atrás do menino como um gato atrás de uma formiga. Suas patas tinham muitas garras e de vez em quando tropeçavam na cidade, quase sempre quebrando alguma coisa. A destruição era grande, mas nem por isso chamava a atenção dos novaiorquinos. Era como se todo mundo estivesse hipnotizado, e as únicas pessoas no meio da confusão eram eu, e um garoto montado num cachorro.


Ele correu até se cansar e parar no pátio de um mosteiro que ficava próximo a uma loja de conveniência de beira de estrada. Ele parou para descansar até o dragão se aproximar e recomeçarem a luta. O garoto teimava em cortar as cabeças e elas continuavam a nascer duplicadas. Larguei meu Skate em um beco e aproximei-me do menino.


“O que é isso?” Gritei. Ele rapidamente se virou e ficou me encarando assustado.

“Você pode ver?” Assenti “É uma Hidra, um animal mitológico, corpo de dragão e várias cabeças de serpentes”


A Hidra investiu contra o garoto e ele rapidamente cortou mais duas cabeças com um giro da espada obscura. Ele estava visivelmente cansado e a qualquer momento, iria cair de exaustão.


“O que eu posso fazer?” Perguntei, ele deu uma gargalhada e olhou para mim como se eu estivesse brincando.

“A não ser que tenha fogo você é completamente inútil!”

.

.

.


Dá raiva de ser legal.


Eu vim aqui contrariando meus instintos dizendo para eu deixar os domadores caninos e dragões para lá e tomasse um remédio (coisa que ainda considero fazer), simplesmente para ajudar essa desconhecida pessoa, atravessando a cidade até esse pátio, NUM SKATE! INÚTIL, É A SENHORA SUA AVÓ.


Eu posso fazer várias coisas, tá?


Sou fabulosa.


HÁ!


Tá pensando que é quem, para me chamar de inútil?


Inútil... Que piada.


Olha só o que eu posso fazer. Posso correr e... Não.


Posso pular... NEEEM!


Er... É né? O que que eu posso fazer mesmo?


Só me restam duas opções. A- Posso correr para casa, me enterrar no chão e fingir que nunca ouvi falar em cachorros gigantes e dragões, ou B- Posso assistir essa adorável besta multi-cabeças dar uma bela surra no peão de cachorro, recolher o que sobrar dele no fim, colocar num envelope e enviá-lo à mãe dele.


Tá. Talvez eu seja meio inútil. SÓ MEIO INÚTIL, TÁ?


Decidi escolher a segunda opção.


NÃO, EU NÃO SOU DESSAS GAROTAS FÃS DE UM CEMITÉRIO QUE ADORARIAM VER ALGUÉM MORRER. Qual é? É só que se as pessoas se deparassem com um cara morto carbonizado no meio de uma igreja, com um cachorro gigante em seu encalço e várias cabeças de dragão em volta... Bom... Parece perturbador, não?

Se bem que ninguém na cidade tinha nem reparado naquela bagunça ali. Até mesmo a moça da loja de conveniência não estava nem ligan...


Loja de conveniência?


AAHHHHHHHH, UMA LOJA DE CONVENIÊNCIA, É ISSO!


Eu podia até ver daqui, aqueles galões de gasolina enormes e empilhados. Vasculhei os bolsos atrás do meu isqueiro. Eu só precisava comprar um galão, devia ser suficiente para fazer o fogo do qual ele tanto precisava.

Pus à mão no bolso a procura de algum dinheiro, mas a única coisa que eu tinha era meu dinheiro do lanche que certamente não daria nem para uma caixa de fósforos.


“Hey!” Gritei para o garoto, ele virou para mim impaciente, como se não acreditasse que eu ainda estava lá. “Tem algum dinheiro?”


Ele enfiou a mão livre no bolso e tirou alguns discos jogando-os para mim. Eram moedas. Grandes como minha palma da mão, pesadas, bonitas, em um dourado cintilante, de um lado tinha uma mulher, do outro uma coruja.


“O que é isso?” Falei sacudindo uma das moedas no ar.


“Dracmas!”


WTF? O QUE SERIA UM DRACMA, IDIOTA?


Peguei a nota que havia no meu bolso e sacudi para ele “Tô falando disso. Não de moedas de chocolate!”


Ele enfiou novamente a mão no bolso e retirou um maço de dólares , jogou para mim e depois retornou a luta. Ali havia mais dinheiro do que precisava, guardei os tais dracmas no meu bolso e sai correndo para a loja.

Estava vazio, o que facilitou mais as coisas.

Corri entre as seções até encontrar a gasolina, peguei um galão e corri até o caixa.


A mulher do caixa lia uma revista velha, ela embrulhou o galão de gasolina sem ânimo, lhe entreguei o dinheiro e sai correndo novamente para o pátio da igreja.


“Hey!” Gritei novamente, ele olhou para mim como se não houvesse nada mais impertinente no mundo.


“Eu posso fazer fogo!”


“É perigoso demais para você mortal!” Gritou o cara de bunda. Cruzei os meus braços e fiquei olhando para ele.


“É sua única chance!” Gritei de volta. Ele estava investindo com o dragão, cortando garras, furando olhos, mas isso tudo só parecia deixar a Hidra mais irritada, e forte. Ele sabia que eu tinha razão.

O garoto começou a se mover de forma muito ágil por entre as cabeças da Hidra depois tirou alguma coisa do bolso da mochila e gritou para mim.

“Pro beco, mortal!”

E com essas palavras, jogou uma pedrinha preta no chão, causando um cogumelo de fumaça grande o suficiente para cobrir a Hidra completamente. Eu o obedeci e fui até o beco entre o pátio do mosteiro e a igreja. Ele saiu correndo daquela confusão escura montado naquele cachorro.

“Ali! No beco, Sra. O'Leary, NO BECO!”

A Sra. O'Leary deixou ele bem ao meu lado. Hum, que nome incomum para um cachorro. Mesmo para um cachorro do tamanho de um cavalo.

“Ok, escuta bem. Só teremos chance contra ela se você seguir o que eu te digo. É preciso que o pescoço recém-cortado da Hidra seja queimado, entende?”

Assenti.

“Tudo bem, a cabeça do meio é imortal, é preciso enterrar. Dessa parte eu cuido, mas enfim, não mexa na cabeça do meio. O plano é esse: Escale as costas dela, e seja rápida com o fogo e a gasolina, e assim que eu cortar uma cabeça, use-os.”

“Não sei se você percebeu... mas não é um bom plano!” Gritei. Oh certo, sabe como vamos acabar com aquela coisa altamente destrutiva ali? Simples, simples mesmo. Apenas escalarei as costas da besta fera que se sacode, esperarei meu parceiro cortar uma cabeça e vou fazer uma fogueira em movimento! Tem o detalhe que as outras cabeças podem me pegar, mas quem se importa?

“É o único plano que nós temos.” Respondeu o senhor dos anéis.

Você deve achar que eu sou louca por entrar nessa fria, mas sinceramente, eu não tinha nada a perder. Respirei fundo engolindo as migalhas de bom senso que restavam em mim.

“Eu topo.”

O senhor dos anéis sorriu.

“Obrigada por me ajudar. Se sobrevivermos, eu te pago um lanche. E a propósito, meu nome é Nico.”

“Johanna. Prazer. Quanto tempo temos até a nuvem negra sumir?”

“Uns trinta segundos”

A Hidra voltou de seu passeio nas nuvens mais enfurecida e selvagem do que estava antes, se é que era possível.

Nico montou na Sra. O'Leary e correu para as patas da Monstrenga, onde ele poderia fazer uma boa distração. Era minha deixa. Corri pelo beco até alcançar as portas do pátio do mosteiro. Felizmente, segundo os cartazes e avisos nas paredes, o local estava vazio por causa de um evento em outro estado. Arranquei um cartaz de uma porta e tentei forçá-la, a porta era velha e cedeu ao peso do meu corpo. Uma vez dentro do mosteiro, procurei as escadas do terceiro andar, que me colocariam à altura da Hidra. Tive que forçar mais umas cinco portas até a varanda, acenei para o Nico e ele correu com a Monstra para perto de mim.

Ela virou com suas escamas ameaçadoras completamente levantadas. Era hora de pular. Todas as cabeças estavam concentradas em Nico. Eram oito no total. Nico tinha que correr muito rápido para escapar dos golpes de todas elas.

Tomei fôlego. Tentei não ouvir os gritos de Nico, nem os rugidos da Hidra. Desacelerei. Segurei o galão de gasolina forte na mão direita, e o isqueiro ainda mais forte na esquerda. Respirei fundo, mais fundo, enchendo os pulmões totalmente. Soltei. Eu não tinha nada a perder.

Saltei com meus tênis virados para a Hidra, aterrissei com um baque surdo. Me apressei em prender meus tênis nas escamas eriçadas. Até aqui eu estava em segurança, mas ainda estava longe das cabeças.


Ops...

Por falar em cabeças...

Duas delas estão viradas na minha direção. Esqueça o que eu falei sobre a segurança.


Antes das duas cabeçorras poderem avisar o resto sobre minha indesejável chegada em suas costas, Nico as cortou com um giro de sua espada.

Precisei correr pelas escamas para chegar lá e joguei a gasolina com meus nervos à flor da pele. Agora só precisava acender o isqueiro... O isqueiro...


“AAAAAH! ESSA PORCARIA NÃO FUNCIONA! ACENDE! ACENDE! @#$e%&**%$$%#@ É MELHOR ACENDER AGORA!!” Gritei, talvez mais enfurecida que a própria Hidra.


Nico percebeu que eu estava enrolada, e precisava distrair as outras cabeças que com o grito de raiva que eu dei, já sabiam de minha existência. Me esquivei de um bote. Maldição. Agora tem um monstro do tamanho de um prédio me atacando.

A essa altura, minha mente se perguntava se depois de morrer, quem sentiria realmente minha falta. Pensei em Claire, preocupada por mim, por me ver correr atrás das minha alucinações, pensei nela recebendo a notícia de que eu havia morrido. Pensei em Nico colhendo meu corpo inerte, pegando meu celular no bolso da jaqueta e ligando para a emergência. Provavelmente ele sairia correndo. Ele não me conhecia. Não me forçou a arriscar a vida por ele. Pensei em vovó ouvindo a voz de um enfermeiro dizer que eu jamais voltaria pro almoço. Pensei em quanta dor causaria à Claire e à vovó. E por último, pensei em mamãe. Talvez ela viesse ao meu enterro. Talvez ela me deixasse flores. Eu até tive uma vida feliz com quem eu conheci. Uma pouco solitária, porém feliz.

Enxuguei uma lágrima no canto do olho. Se eu ia morrer, eu ia levar a Hidra comigo. Apertei o isqueiro mais vezes, mais e mais e nada aconteceu. As cabeças estavam começando a sair dos pescoços cortados. Eu tentei pensar, vovó costuma dizer que pensar é a melhor opção para se resolver um problema.


De repente, alguma coisa se moveu dentro de mim. Foi como se alguém me enchesse com uma energia que eu nunca havia sentido antes. Algo me acalmou, e de repente eu soube o que fazer.

Soltei o galão de gasolina e o isqueiro, e quando abri bem minha mãos, vi chamas verdes saírem consumindo os mini pescoços que saíam das cabeças cortadas.

Fiquei tão surpresa quanto Nico, que quase deixou a espada cair. Cinco segundos depois ele se recuperou do choque e começou a rir.

“Me parece que você não é tão mortal quanto eu pensava!” Gritou ele.

Eu simplesmente não sabia o que estava acontecendo. A Hidra berrava com suas cabeças restantes e uma delas tentou me lançar uma coluna de fogo alaranjado, mas eu revidei com uma coluna ainda maior de chamas verdes, e eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo.

Poxa, eu estava enfrentando o monstro. Poucas vezes me senti tão feliz quanto naquele momento mágico, em que eu provei ser mais do que uma granada prestes a explodir, mais do que alguém cujo cérebro não absorvia nada com cálculos, mais do que uma órfã, eu era capaz de enfrentar um monstrengo de oito cabeças, e se eu podia fazer isso, podia fazer qualquer coisa.

Por alguns momentos, Nico pareceu ocupado com outra coisa, e eu fiquei lá, me “divertindo” com a Hidra, não por muito tempo, por que ela se sacudiu me jogando no chão de concreto. A maldita enfiou suas garras em meu braço fazendo um corte muito sério e dolorido. Não pude evitar um grito. Ela também conseguiu me cortar na perna.

Em poucos instantes, Nico voltou para meu lado, me ajudando a levantar.

“Ah cara, isso tá bem feio, mas acho que tem néctar em algum lugar por aqui...”

Enquanto ele falava, nossa amiga cabeçuda resolveu nos lembrar que ela existe, jogando uma coluna de fogo com todas as bocas, bem em cima da gente.

“CUIDADO!” Gritei.

Graças a rapidez do peão de cachorro, nós saímos relativamente bem. Meus cabelos queimaram um pouco, e Nico ganhou uma bela queimadura no braço, mas estávamos inteiros.

“Você está bem?” Perguntei. “Sim, e você?” Rebateu ele.

“Tudo ok, mas parece que vamos ter que derrotá-la primeiro”

“Acha que consegue fazer chamas mesmo nesse estado?”

“Deixe-me ver...” Apontei minhas palmas para o chão e tentei soltar chamas. Estavam fortes, mas fizeram meus ferimentos doerem. Acho que consegui disfarçar.

“Ok, pronta?” Perguntou ele levantando a espada.

“Pronta.”

Nico correu até a Hidra e eu manquei o mais rápido possível atrás dele.

A monstrenga estava irritada por perder duas de suas cabeças. Restavam seis. Nico brandiu a espada para a cabeça mais próxima e cortou. Todas as outras faces berraram e jogaram fogo, Nico levantou o escudo nos cobrindo, e eu levantei minhas mãos.

As chamas não saíram. Me desesperei e forcei por dentro tudo o que podia. Por alguns momentos nada ocorreu, depois as chamas apareceram, grandes, imponentes e vermelhas.

Por um bom tempo, ficamos combatendo as muitas faces da hidra. Chegamos ao ponto em que só restava uma única cabeça.

“Finalmente! Venha, Johanna! Suba na Sra. O'Leary!”

Eu não era doida de desobedecer essa ordem. Corremos com os nervos à flor da pele. A proximidade do corpo quente do Nico me fez perceber o quanto meu próprio corpo estava frio. A adrenalina de consumia totalmente. Minhas mãos tremiam, mas eu nunca tinha me sentido mais feliz.

Nós estávamos indo em direção do outro lado da estrada, onde algumas coisas esquisitas cavavam um buraco muito, muito, muito grande. Parecendo uma toca para um tatu do tamanho da sua casa.

Oh, que adorável. As coisas esquisitas que cavavam eram esqueletos! Como se meu dia pudesse ficar mais estranho.

“Nico, a Hidra não está nos seguindo.”

“Bom, ela é grande e pesada, e a Sra. O'Leary aqui é bem rápida. Ela vai nos alcançar, mas vai levar algum tempo. De qualquer modo, eu vou acabar com ela do meu jeito. Observe.”

“Perdão? Você disse que chamou os esqueletos?”

“Sim, é meio que, um poder meu. Como o seu dom de conjurar chamas.” Disse ele apontando um dedo cheio de anéis para mim.

“Interessante. E como você espera de a gorda cabeçuda fique parada aqui dentro?”

“Vou atraí-la e usar outro 'poder' meu. Não se preocupe, vai dar certo. Descanse perto daquela parede, você está bem machucada”

Eu concordava muito com ele, então obedeci.

Nico correu com a monstra para dentro do buraco depois abriu suas mãos no chão. Eu senti o lugar sacudir, como um pequeno terremoto, depois o chão sobre os pés da Hidra começou a se desfazer, e ela caiu num vão quente e vermelho, berrando com sua única cabeça.

“Digam ao meu pai que eu darei uma explicação quando chegar. Até lá, mantenham-na presa. Ela não deveria ter escapado.” Gritou Nico para os esqueletos, antes deles desaparecerem com a Hidra.


O chão voltou ao normal.


Ficamos sozinhos.

“WOW.” Preferi dizer.

“Então... Que tal eu cuidar desses ferimentos agora?” Disse ele.

“O que... pode fazer por mim?”

“O Néctar!” Disse Nico, tirando uma garrafa do cinto e apontando para mim. “Pode beber.”

Relutei um momento, antes de tomar um gole. Foi a coisa mais deliciosa que eu já bebi.

“Mas só pode beber um pouco!” Exclamou ele, tirando a garrafa da minha boca como um vaqueiro malvado desmamando um bezerrinho.

Magicamente, minhas feridas se fecharam, e o grande hematoma nas minhas costas se curou.

“NOSSA! Nunca vi coisa assim antes. O que exatamente isso é?”

“Uma bebida dos deuses. Nos semi-deuses tem esse efeito. Mas não pode beber demais, é mortal.”

“Deuses? Do que você tá falando cara?”

“Huum... Ninguém nunca te disse nada sobre os deuses gregos?”

“Bom... Sim, mas...”

“Esqueça, vou te levar ao acampamento meio-sangue. Quíron te explica tudo.”

“O quê?! Não! Eu vou para casa, aposto que minha escola já descobriu que eu sumi e...”

“Ok. Suba na Sra. O'Leary.”

Quando o obedeci, ele fez nossa montaria pular em direção a uma parede com sombra. Gritei, pensando que íamos bater, mas ficamos inteiros.

“Johanna. Abra os olhos. Seja bem vinda ao acampamento meio-sangue.”

“Mas eu não estou em casa? O que você pen...”

Fui calada pela beleza do lugar que eu estava visitando. Era mágico, como um paraíso na terra. A maioria das pessoas tinha mais ou menos minha idade, estavam todos entretidos com o monte de coisas que ali havia. Crianças loiras e bochechudas colhiam morangos, meninas bonitas penteavam os cabelos no lago, garotos musculosos jogavam basquete.

Perto da gente havia uma garota de pele morena com o cabelo em uma trança e uma faca prateada na mão, lutando com uma menina muito bonita de cabelos curtos e trancinhas e pele rosada que segurava uma adaga grande e dourada.

“NICO! Ainda bem que você voltou vivo. Quíron me deixou encarregada de te esperar. Você está numa baita encrenca, moço. E quem é essa?” Disse a garota da faca prateada, que tinha uma fala irritante.

“Oi Lana, oi Piper! Esta é Johanna. Estas são Lana Hollywood e Piper Mclean. Filhas de Afrodite.”

Eu não sabia o que “Filhas de Afrodite” significava, então sorri para socializar.

“Prazer!” Disseram as duas.

“Agora o senhor poderia fazer o favor de me falar exatamente O QUE VOCÊ FOI FAZER LÁ FORA? SOZINHO? E SEM AVISAR A NINGUÉM?” Gritou Lana, estapeando Nico.

“OUCTH! Eu recebi um chamado urgente do tártaro, a hidra havia escapado. Ela viajou pelas sombras até NYC. Um dos esqueletos teve que segui-la, e eu tive de combatê-la. Lá, eu descobri minha amiga Johana aqui, e arrastei ela para cá contra a vontade dela, porque ela me parece uma semi-deusa.”

"UMA SEMI- O QUÊ?" Gritei, mas o povo me deixou no vácuo.

“E por quê você foi sozinho? Sabe do perigo que isso significa? Eu teria ido junto. Você sabe que eu iria!” Disse Lana. Ela parecia bem preocupada com o Nico, a fala dela ficava mais irritante quando ela ficava preocupada.

“E eu também!” Completou Piper.

“Desculpem, gente, mas o oráculo disse que eu teria de fazer isso sozinho.”

Lana deu um suspiro, pensando em como tinha ficado preocupada.

“De qualquer jeito, dê uma explicação ao Quíron.” Advertiu Lana.


Duas horas depois, eu estava num chalé muito bonitinho, arrumando uma cama para mim. Era coisa demais para absorver. Nico me levou a um homem metade homem, metade cavalo que me disse... CÉUS, EU NÃO CONSIGO PENSAR COM ESSA LANA FALANDO COM A VOZ IRRITANTE DELA!

“...claro que até um tempo o chalé de Hermes era para os semideuses indefinidos, mas depois de Percy Jackson e a reviravolta que ele deu nos deuses, bom, cada um escolhe onde quer ficar, e tem também...”

“Lana, eu sei que você gostou de mim, e tal, você também é legalzinha, mas eu preciso pensar em tudo que eu vivi hoje.”

“Ah... certo, ok, eu vou... Vou ficar ali com a Piper.”

"Obrigada"

Hum... Ok. Hoje eu conheci um metade cavalo que se chama Quíron, choque 1, ele ligou para minha avó, choque 2, minha avó me deixou ficar nesse hum... como é? "Acampamento meio-sangue", choque 3, e por fim, fiz três amigos, choque 4.

O maior choque foi saber que... Putz, os deuses gregos existem. Eu sei que parece idiota, mas eles existem, e eu não consigo explicar do jeito que o Quíron faz, mas, bom, quem consegue?

É, eu ainda estou bem chocada com tudo isso, mas me sentia feliz. O acampamento me fazia sentir em casa. Eu sentia que pertencia a esse lugar, não era como estar na escola, ou algo assim.

Depois do jantar, Nico apareceu para mim.
"Oi novata, e aí?"
"Oi senhor dos anéis."
"Senhor dos anéis? O que?"
"É, senhor dos anéis, oras."
"É um bom apelido. Melhor do que "Defunto" como a Lana me chama."
"DEFUNTO? HAHAHAHAHA!!" Sim, isso foi minha risada histérica.
"Filho de Hades sofre."
"Isso explica bastante"
"Então... Gostou daqui?"
"Sim. Claro que eu não sei de que chalé eu sou, mas também não sabia isso lá em NYC. Pelo menos agora estou em um lugar com gente igual á mim."
"Entendo. Hey, tome isto."
Nico tirou uma rosa da jaqueta que tinha a exata cor da lua que nos cobria.
"O que é isso?"
"Uma flor da noite. Minha irmã Bianca foi uma caçadora de Ártemis, quando ela morreu, a deusa colocou um pé disso no meu chalé. São lindas, as pétalas, não? Elas me lembram do quanto eu amadureci depois que Bianca se foi. Pode virar um símbolo para você também. A vida de um semi-deus é difícil, mas a partir de hoje, as coisas tendem a mudar para você."
"Que bonito, Nico. Obrigada."
Nico se aproximou mais de mim, e sussurrou. "Feliz aniversário, chama mortífera!"
Dei um pulo.
"Como você sabia?"
"Um certo oráculo me contou." Disse ele com um sorriso travesso. E se foi.
Segurei a rosa rente ao peito, e pensei o quanto aquilo era verdade.
As coisas tendem a mudar para mim.
Fui ao chalé de Arodite cantarolando, feliz. Pela primeira vez em muito tempo, realmente feliz.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que está tosco, e sei que eu preciso melhorar, mas faço isso semana que vem, por que agora eu preciso estudar muuuito! Enfim, foi com muito amor que eu e a AmyB fizemos isso. A GENTE TE AMA, JOH! FELIZ NIVER, MUITOS ANINHOS DE VIDA, ENFIM, CONTINUE A DIVA QUE VOCÊ JÁ É!



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