Samantha ainda segurava seu marido com força contra seu peito, gritando para que ele acordasse e voltasse para ela. Retirando-a temporariamente de seu momento de desespero, um grupo de paramédicos aproximou-se, afastando-a do corpo inerte do Superman.

“Saiam todos do caminho, vamos atendê-lo!”

Posicionaram uma máscara sobre o nariz e boca do herói, forçando sua respiração, ao mesmo tempo em que preparavam o desfibrilador na potência máxima.

“Vou dar carga, afastem-se!”

A carga, por maior que fosse, não fez o corpo do kryptoniano se mover sequer um centímetro.

“Ele não tem pulso, não está respirando!”

Desesperada, Samantha via tudo acontecer de longe, impotente. De repente, a loira sentiu um toque em seu ombro. Virou-se e viu que se tratava da amazona Diana, também com lágrimas nos olhos.

“Irmã... não consegui chegar a tempo...”

As duas mulheres se abraçaram. Juntou-se a elas Carly Lane.

“Diana... será que eles vão conseguir trazer o Freddie de volta?”

Diana olhou para o lado, fechou os olhos, deixou outra lágrima.

“Nós... o perdemos...” - afirmou de forma triste um dos paramédicos.

Uma sensação devastadora tomou conta de Samantha, que sentiu suas pernas fraquejarem. Mas ela não desmaiaria, talvez ainda pudesse fazer algo...

Militares portando fuzis aproximam-se e repelem as pessoas próximas aos corpos de Superman e Apocalypse.

“Afastem-se, civis. A questão agora é com o Exército dos Estados Unidos.”

Sam se aproxima do corpo do marido, mas é empurrada por um militar.

“Não! Tirem as mãos de cima do Fre...”

Antes que Sam pudesse terminar a frase, Diana colocou sua mão acima da boca dela.

“Não, Samantha. Freddie tinha inimigos poderosos, se você expor sua identidade, colocará em perigo a todos que ele se importava. Eu, contudo, posso cuidar desses porcos...”

Carly pega o braço da amazona, detendo-a.

“Não faça isso. Eles são muitos, e garanto que Freddie não gostaria de mais desgraça depois deste dia maldito... É melhor você deixar...”

E, amparada pelas duas amigas, Sam vê o amor de sua vida ir embora em um helicóptero militar.

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“...

E, depois de uma destruição nunca vista antes, que resultou na morte de mais de 4 mil pessoas, incluindo aí o famoso bilionário Nevel Alexander Papperman, Superman finalmente conseguiu deter, depois de uma batalha que durou mais cinco horas, a criatura chamada por todos de Apocalypse, ao custo de sua própria vida.

Eu... sei que houve rumores de uma relação minha com o Superman, mas, garanto a todos que o que sempre tivemos foi uma relação de intensa amizade e respeito mútuo.

O que sei dizer sobre ele é que, ainda que por vezes se sentisse excluído, sendo o único sobrevivente de um planeta extinto entre bilhões de seres, ele foi, sem sombra de dúvida, mais humano do que a maioria de nós.

Um homem com poder para dominar o planeta, dotado de dons quase divinos, e qual foi sua escolha?

Proteger as pessoas, sacrificar sua própria vida para possibilitar nossa existência.

Eu me pergunto se eu, dotada de tamanho poder, faria isso.

E você?

Carly Lane, para o editorial noturno da CNN...”

Click

Esta foi a centésima vez que vi o belo editorial que a Carly fez sobre você, Freddie. Fiquei orgulhosa, realmente não havia pessoa mais indicada pra fazer isso.

Hoje faz dois meses que eu o perdi, amor.

Tenho levado a vida como posso, sua mãe tem sido muito importante nesse processo, ambas estamos nos ajudando a superar o trauma da sua perda.

Sabe o que foi mais triste?

Não poder velar seu corpo de perto, participar apenas como espectadora do seu funeral aberto. Eu mal consegui chegar perto do seu caixão...

Seu funeral foi acompanhado por milhares de pessoas, muitas genuinamente tristes.

Muito falatório político, muita falsidade, mas também muita dor genuína, todo mundo sentiu mesmo sua partida, e muitos de nós nos perguntamos como vamos fazer daqui por diante, sem você. Ou melhor, sem o Superman.

De certa forma, eu as invejo.

Porque, de uma forma ou outra, todas vão superar essa perda, vão continuar com suas vidas. Mas e eu?

Eu perdi uma parte da minha alma, perdi a vontade de seguir em frente.

Estou afastada da polícia todo esse tempo, não consigo vestir meu uniforme sem lembrar de você. Acho até que já perdi meu posto de capitã.

“Sam, querida, tudo bem com você?”

Sua mãe vem ver como estou. Ela é um amor, não sei como eu conseguiria passar por tudo isso sem ela.

“Tudo, Marissa, obrigada.”

Eu esboço um sorriso para agradá-la.

“Você quer... um sanduíche de presunto, querida?”

Marissa entra no seu antigo quarto e se senta na cama, colocando seu braço esquerdo ao meu redor.

“Não, obrigada, mãe...”

Sua mãe me dá um beijo na bochecha e se levanta.

“Tudo bem, amor... se precisar de alguma coisa, me avisa, okay?”

Eu concordo com a cabeça e ela sai do quarto. Que mulher forte é a sua mãe, Freddie. Eu me arrependo tanto de maltratá-la quando éramos adolescentes...

Eu me levanto e saio pela janela, alcançando a escada de incêndio onde partilhamos nosso primeiro beijo. O vento frio bate no meu rosto, e consigo até sentir o calor da lágrima que acabou de cair.

Não sei se é bom eu estar dormindo no seu antigo quarto. Ele está impregnado com seu cheiro, amor...

Meu celular vibra.

“Alô?”

“Oi, Sam... como você está?”

É o Gibby.

“Indo, Gibbs. E você?”

“Eu também... Er... Alguma novidade sobre o Freddie?”

Eu fecho os olhos. Outra lágrima cai.

“... Ainda não, Gibbs... A Embaixada está colhendo informações, mas eles não sabem de nada ainda...”

“Sam, se você precisar, pode me ligar. Você sabe disso, né?”

“Sei, querido. Obrigada mesmo.”

Terminamos a ligação.

Gibby não sabe que você morreu. Aliás, só eu, a Carls, sua mãe e Diana sabemos. Para os outros, você está sumido no Afeganistão, alguns até creem que você esteja sequestrado por algum terrorista.

Mas eu sei que não...

Eu sei que te perdi.

Sabe o que é ruim de ficar aqui? Lembranças remotas começam a aparecer...

flashback

2009

A loira mais temida da escola estava à frente do cartaz do baile da primavera da Ridgeway. Ao seu redor, as meninas se vangloriavam por terem sido escolhidas por alguém para serem levadas ao baile.

“E aí, Sam, com quem você vai?”, perguntou uma garota.

“Eu não gosto disso! Nem faço questão...”, ela respondeu com um sorriso confiante.

“Ah, tá...”

Mas, quando a garota foi embora, Sam abaixou seu olhar. Ela queria ser convidada por alguém, mas nenhum garoto se prontificou a levá-la. Esse provavelmente era o peso por ser a manda-chuva do pedaço.

Cabisbaixa, a loira vai até a sala onde teria sua próxima aula.

Mais tarde, no já conhecido sofá da sala da sua melhor amiga, ela busca conforto.

“Ninguém me chamou pra ir ao baile, Carls...”

“Calma, Sammy... alguém vai chamar, podes crer.”

“Sei...”

Do outro lado do corredor, Freddie ouvia a conversa. Ele se levanta do sofá e entra, sem cerimônia, da forma que estava acostumado, na casa da melhor amiga.

“Oi, Freddie!”

“Nerd...”

Ele se sentou bem longe das duas, a fim de evitar os efeitos da kryptonita.

“Sobre o que vocês estão falando?”

“Ah, sobre o baile da primavera... aliás, Freddie, você já tem companhia?”

“Bom, a Malika quis ir comigo, mas... tipo, não tô muito a fim.”

Sam olhou para cima, balançou a cabeça.

“Porque, óbvio, ele tá esperando que você vá com ele, Carls... O amor da vida dele...”

“Hurh... eu já tenho companhia, o Brandon...”

“Dançou, nerd.”

“Faz parte.”

A conversa fluiu, sobre o iCarly, sobre o baile, sobre algumas meninas do colégio, até que, devido ao adiantado da hora, o futuro casal teve de sair.

“Ei, Sam, espera um pouco.”

“Quié, Freddie?”, perguntou ela impaciente.

Ele manteve uma distância segura dela, o que a irritava profundamente.

“Eu, tipo, tava pensando se você não queria ir ao baile comigo.”

“Hah! Vê se te enxerga, eu?”

“Ué, por que não?”

“Nem pensar...”

E Sam vai para casa, deixando-o para trás.

No outro dia, Freddie estava vendo alguns desenhos matinais, quando ouve a campainha tocar. Conforme se aproximou da porta, sentiu a conhecida fraqueza da kryptonita, e nem precisou da superaudição para saber quem era.

Lá estava Sam, olhando para baixo.

“Sam?”

“Não, sua avó.”

“Delicada como sempre...”

“Calaboca. Eu vim aqui pra dizer... tipo... que eu aceito ir ao baile com você.”

“Ah, legal!”

Ela levanta o olhar, fitando-o nos olhos.

“Mas nada de se aproveitar de mim, nada de querer me beijar, viu. Pra mim, já basta aquele beijo que nós demos...”

Freddie sorriu para ela.

“Claro.”

“Então tá. É isso. Tchau.”

E Sam entra no apartamento da Carly, deixando Freddie sozinho em sua casa.

fim do flashback

Só agora eu entendo porque você ficou suando e tremendo durante todo o baile... era por causa do meu pingente de kryptonita. Eu fiquei fula pensando que você tinha nojo de ficar perto de mim, mas, agora, eu sei o que você pretendia, você queria elevar meu moral... E isso à custa de agonizar de dor por mais de duas horas. E eu ainda te maltratando...

Se eu soubesse na época...

Eu me levanto, porque estou começando a sentir meu nariz coçar, está ficando muito frio aqui fora.

Por mais que me doa, preciso começar a pensar em voltar pra nossa casa, encarar de frente o medo de ver nosso quarto vazio.

Marissa tem sido um amor, mas não quero abusar da sua boa vontade.

De repente, posso até pegar um apê menor...

Entro novamente no quarto e vou até a cozinha pegar um copo d’água.

Quando volto, vejo, embaixo da porta, que há uma iluminação estranha vindo de dentro do quarto.

O que é isso?

Rapidamente, vou até a sala e pego meu revólver, destravando-o. Logo me posiciono ao lado da porta, com ele engatilhado.

Abro delicadamente a porta e meu queixo cai quando vejo quem está lá dentro.

“Você...???”