Domingo - Parte I escrita por ro_dollores


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Minha visão sobre o primeiro encontro !



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O sol parecia querer lhe dizer que seria um dia perfeito !

Os olhares que ela havia lhe lançado talvez carregasse um pouco mais de esperanças, bem mais naquele dia que nos outros. Ela não havia desistido.

Ele se levantou e passou pelo espelho do banheiro. Os cabelos em desalinho, talvez precisasse de um corte na altura do pescoço, e nas têmporas, estavam mais cheias.

Parecia mais velho !

Todo mundo parece mais velho quando acorda, Grissom ! Todo mundo, senhor sabe tudo.

E sabia mesmo, se não fosse tudo, bem … talvez “quase” tudo.

Poderia dizer sobre o átomo uma aula inteira, descrever Dalton, o modelo atômico de Thomson, teoria da relatividade.

Seu repertório poderia preencher uma edição inteira e mais alguns episódios do Nat Geo, com a facilidade de um piscar de olhos. Sabia as causas e seus efeitos !

Mas … sobre mulheres, o que ele tinha ? Quase nada.

Seus relacionamentos foram tão superficiais, assim como sua visão sobre o amor.

Não era homem para viver um romance, era prático demais, estranho demais, complicado demais.

Que mulher suportaria um homem assim ?

O que ele sabia sobre ela ? Que gostava de cabelos grisalhos, que admirava sua inteligência e … o que mais ?

E se nesse momento estivesse com alguém ? Um outro Hank em sua vida.

E se este alguém tivesse energia suficiente para satisfazê -la por uma noite inteira ou uma tarde de chuva, com a proposta de passar o dia todo na cama ?

Não seria velho demais, para esses rompantes ? E se fizesse papel de ridículo ?

Se bem que todas as mulheres com havia feito sexo, tinha sido bem sucedido. Mas tinha sido apenas sexo, necessidade básica de um homem.

Com ela era diferente, existia algo mais em envolvimento, pensando mais profundamente, era algo diferente … muito forte … não conseguia definir.

E a sua barba ? Seria melhor tirá - la? E se ela preferisse um rosto liso, que não lhe arranhasse o rosto perfeito.

Mas ela o havia olhado com tanta … admiração !

Hank não possuía barba, ele só tinha a ele como referência. Mas também não era válido, uma vez que não havia dado certo. Que bom ! Ele não sabia exatamente a verdade sobre seu relacionamento com ele, o porquêde ter terminado. Bem, pouco importava isso, agora.

Deixaria seus pelos, e talvez um dia, perguntasse a ela sobre suas preferências.

O chuveiro lhe trazia uma boa sensação, escovou os dentes por duas vezes, se enrolou em uma toalha e saiu do box esfumaceado com pressa

A manhã já estava passando …

Gaveta de cima, não … gaveta de baixo, apenas peças novas, modelos boxer, eram mais confortáveis, hegemonia da cor branca. Qualquer dia desses talvez colorisse seu armário com alguma coisa diferente. Isso era coisa de adolescente ? Estava velho demais para pensar nessas coisas ? Talvez ela nem chegasse a ver … a sua roupa de baixo. Tudo poderia acontecer … tudo … ou nada !

Uma colônia, tarefa fácil, era unanimidade entre as mulheres que aquele cheiro era delicioso, até mesmo Cath havia dito a ele. Mesmo assim ainda ficou apreensivo, ela não era como todas. Ela era única, maravilhosa e apaixonante.

Jatos generosos e pronto ! Não havia como voltar atrás. Estava feito, lançado à própria sorte.

Até porque não havia muitas colônias em seu armário, não era muito bom nisso. Não era muito bom em muitas coisas.

Escolheu uma polo azul, jeans claros e tênis.

Mulheres gostavam de azul, alguém já lhe dissera.

Penteou seus cabelos, pegou sua carteira, as chaves do carro e saiu.

wwwwwwwwwwww

Sara se espreguiçou na cama, havia sonhado com ele, mais uma vez.

Se levantou, jogando a blusa branca, super cavada e a peça de baixo, minúscula no cesto de vime pintado de branco, dentro do banheiro. Queria caminhar mas precisava daquele banho, se sentiria melhor, mais bem disposta.

O sabonete líquido com cheiro delicioso de ameixa silvestre, a água generosa, abundante, tirava as marcas do sono, de uma noite bem dormida.

A toalha macia acariciou seu corpo delgado e, para completar, o creme amanteigado da mesma fragrância.

Se sentia fresca, suave e deliciosamente cheirosa.

Vestiu seu robe branco, muito curto, preparou seu desjejum. Uma refeição muito bem balanceada. O café da manhã era sua melhor refeição.

Escovou os dentes por vários minutos, até sentir que estavam absolutamente limpos.

Vestiu uma malha em tom cinza claro, cobrindo suas coxas bem desenhadas, marcando-as perfeitamente, uma camiseta canelada sem mangas, branca com um detalhe delicado em seu busto esquerdo. Minusculas flores aglomeradas em um ramalhete delicado, quase imperceptível. Roupas de baixo, brancas. Tênis pretos.

Os cabelos à merce de um potente secador, depois um rabo de cavalo, um livro e pronto.

Ela ganhou a rua respirando profundamente, ainda era cedo, o sol  estava fraco e o parque já estava bem movimentado. Ela deu algumas voltas e se sentou.

Primeiro olhou em volta, algumas crianças brincando com seus cachorros dóceis, raças infinitas, cores diversas. Mães sorrindo, homens compenetrados, outras mais novos, paquerando. Recebera alguns olhares profundos, mas ela fingira não ver. Cabeça pensante, coração errante, ele tinha um dono, pena que ele parecia não estar interessado.

Se bem que no dia anterior aquele seu olhar sobre ela lhe abrira alguns precedentes, quem sabe …

Se permitia sonhar, mas não era bom, perigoso demais. Frustrante demais.

Vário rostos desconhecidos, mais jovens, mais velhos, uns bonitos, outros nem tanto. Vários … até que ela viu um bem conhecido, e estava vindo em direção a ela. Seria possível que sua vontade se transformara em uma miragem ?

wwwwwwwwwwww

Ele sabia exatamente onde ela estaria, algumas vezes se dera ao luxo de passar em frente ao seu prédio e a vira, com roupa de caminhada, comendo maças ou pêssegos e por outras vezes, um livro debaixo do braço, passos largos e espertos.

Hoje era dia de livro, ela estava linda com aquele rabo de cavalo, as pernas dobradas sobre a grama, roupas esportivas, deliciosas.

E olhava para ele.

Seu coração disparou, quase voltou para seu carro, mas já era tarde demais.

Ela abriu um sorriso, depois de ter a testa marcada em dúvida. Mas naquele momento ela sorria.

_Oi !

_Você ?

Ela olhou ao redor, como se não acreditando que ele  estivesse   ali … por ela.

Ele tinha um sorriso tímido, um olhar brilhante, e cheirava bem. Inalou profundamente mais uma vez naquela mesma manhã. Mas desta vez aquele cheiro era um presente ao seu olfato aguçado.

O cheiro dele era tentador.

_Posso me sentar ?

Ela estava hipnotizada, era inacreditável que estivesse ali.

_Algum problema, Grissom ?

_Acho que não. E com você ?

_Mas o que faz aqui ? Também vem a esse parque ?

_Posso me sentar ? - Ele perguntou mais uma vez.

_À vontade ! - ela indicou a grama ao lado dela.

Ele se ajeitou o mais perto que pôde.

_O que foi Grissom ? O que faz aqui ?

_Eu … não posso estar aqui ?

_Claro .. afinal .. é um local público. Já sei, a inauguração do café da esquina ?

_Não !

_Estava passando por acaso e resolveu me dizer oi …

_Não !

_Falar sobre o trabalho ? Mas poderia esperar até amanhã e...

_Também não.

_Não gostaria que eu estivesse aqui, Sara ?

_Se eu disser a verdade … não vai sair correndo ?

_Tente, eu aguento ! - Ele estava muito mais confiante, algumas pistas e ela estava quase se entregando. Até que teve a certeza que precisava.

_Já sei, estou sonhando e você vai desaparecer assim que o sol entrar pelas cortinas,  meu despertador tocar e ….

Ele venceu a pequena distncia e colou seus lábios aos dela.

Esperou.

Ela olhava para ele, estava de olhos abertos, as bocas encostadas. Ele esperou que ela desse o próximo passo.

Seus olhos se fecharam e ela abriu boca bem devagar. Sinal verde.

O gosto dela o atingiu em cheio. Sua boca macia se abria com a graça de uma flor rara, que nasce apenas no deserto de Atacama, a cada dois anos.

Sua língua se movimentou para dentro de sua boca, macia, úmida, saborosa.

O que ele ouviu foi um gemido ?

Seus braços a apertaram contra si, desajeitados. Afinal estavam sentados na grama, mas ele não se importava. Só queria sentir os seios macios contra seu peito, aquele cheiro que ele não soube dizer exatamente o que parecia ser. Um cheiro de … Sara !

Ela estava perdendo os sentidos, estava sendo levada ao céu, por aquele gosto maravilhoso, e aquela língua fazendo maravilhas dentro de sua boca, se encontrando com a dela, numa carícia íntima.

De repente alguma coisa tocou a perna dele, fazendo – o se separar imediatamente.

Uma bola colorida e um garoto de cabelos vermelhos e sardas.

_Me desculpe … pode me dar a minha bola ?

Ele sorriu para o menino com cara de sapeca e a camisa igual a dele.

_Claro … - ele pegou a bola e o entregou.

_Você estava beijando ela ?

Grissom ficou tão sem jeito que suas faces coraram. Um garoto vencendo um homem !

_Sim …

_A sua camisa é igual a minha ! Bem que a minha mãe me disse que estou parecendo um … um … home… homenz....

_Homenzinho ?

_É. Você ouviu ela dizer ? Mas como ? Não estava lá !

Ele riu da inocência dele.

_Cadê a sua mãe ?

Sara estava encantada com o jeito doce em que ele falava com ele.

Ele apontou o dedinho magro em direção à ladeira abaixo, no nível inferior do parque.

Eles olharam e viram ela subir com uma certa dificuldade a distância, estava grávida.

_Você é bonita … parece minha tia May.

_Obrigada. Como é seu nome ? - Sara estava se divertindo com ele.

_Jimmy.

_Você também é muito bonito Jimmy, assim como seu nome.

A mãe do garoto chegou, parecia meio cansada e eles se levantaram.

_Olá ! Jimmy está os importunando ?

_Não, ele é um garoto adorável !

_E terrível também, adora conversar.

Jimmy puxou a blusa de sua mãe fazendo -a se abaixar com dificuldade até ele.

Ele cochichou alguma coisa e ela corou.

_Desculpe … se ele estava interrompendo alguma coisa ?

_Tudo bem. Sem problemas. - Grissom retrucou com simpatia.

_Mamãe ela se parece coma tia May, você não acha ?

_Parece sim, filho … agora vamos … o papai está para chegar.

_Me desculpem meu filho, até mais.

Eles se viraram e antes do garoto irromper em uma corrida ele gritou por sobre o ombro.

_Pode continuar beijando sua namorada, tio !

Eles sorriram para ele, e Grissom tocou a mão dela.

_Podemos nos sentar ?

Ele a levou para um banco sob uma árvore enorme, e se acomodaram.

_Você estava dizendo …?

_Não estávamos falando nada …

_É …

Os olhos dela encontraram os seus e outro beijo aconteceu.

As mãos dela foram parar em seu peito, que parecia feito de aço e batia como um tambor em dia de ritual.

_Sara … eu … preciso te dizer …

Ela piscou várias vezes, estava em estado de graça.

_Você me daria uma chance ? Ainda há tempo ?

_Ainda precisa de uma resposta ? O que aconteceu não … bastou ?

_Eu preciso ouvir de você.

_É … nós podemos tentar, acho que consigo … fazer esse sacrifício.

Ele sorriu para ela e tocou sua testa na dele, puxando seu rosto com suas mãos grandes.

_Posso te dizer uma coisa ?

_Claro.

_Estou morrendo de fome … me acompanha em um café ?

Ela queria lhe dizer que o acompanharia até o fim do mundo …

Até mesmo depois do café …. mas aí é outra história … aguardem !

Fim

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Esta fic terá uma continuação.
Agiardem.
Beijos