Destino Indecifrável escrita por Ayame Tsukinoki


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

. Uchihacest. By Ayame Tsukinoki.



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Ser um Uchiha, o que isso significava? Sasuke sentia seus sentimentos misturados em seu peito, agora que finalmente "matara" Itachi e soubera de toda a verdade pelo Madara, sentia-se mau, perverso e até como uma pessoa bem pior que o irmao. Odiava seu destino, o que fizera, odiava a todos. Madara apresentara-se como seu amigo e o explicara coisas, cuidara de suas feridas e esperou-o adormecer para ficar ali proximo, o vigiando.


Sasuke acordou numa cama de madeira simples e olhou para um dos lados, estava vendo alguem deitado, mas seus olhos cansados apresentavam-se embaçados, sentia forte dor de cabeça e por isso nem sequer levantou, mexeu-se na cama, virou-se de frente para aquela outra cama, via um borrão que parecia ser o corpo de alguem e o borrao pareceu virar a face em sua direçao. Sasuke acabou por adormecer novamente.


Depois de algum tempo de sono profundo, sentiu algo tocar-lhe a testa, parecia ser um pano umido, incrivelmente lembrou-se de sua mae, ela que costumava fazer aquilo quando o mais novo caía doente. Sussurrou o nome da mãe e acabou por perceber que o movimento da toalha em sua testa parara. Teria morrido e agora estava no paraíso com seus pais?


Abriu os olhos algumas vezes e finalmente viu uma face conhecida que o olhava apreenssivo. Sasuke arregalou os olhos, ambos ficaram parados se entreolhando. Itachi vestia um robe de seda branco, tinha algumas ataturas pelo corpo até de algumas parte dele estarem enrroladas com gazes. Sua mão estava depositada em seus joelhos e olhava tenso na direção da bacia com agua ao lado da cama. Temia pela atitude de seu otouto, esperava que fosse a pior possivel.


– Nii...sa... itachi.


Sasuke sentou-se e olhava agora fixadamente para a face do irmão, nao parecia acreditar, sentia o coração aos pulos, pois agora ele sabia que seu irmao era uma pessoa boa, era o seu nissan de quando se lembrava em sua infância. Quanta felicidade! Virou-se e abraçou-o apertado, Itachi se contorceu um pouco, o que fez sasuke parar e segurar-lhe levemente apenas pelos ombros.


– Agora eu sei, eu entendo a sua atitude... niisan... niisan...


Sentiu os proprios olhos chorarem, lacrimejarem rios que desciam-lhe pelas laterais das boxexas. Itachi encarou-o com uma face morna, tranquila e levemente feliz.


– Esta tudo bem, otouto... me perdoe...

– Nissan... nissan...


E sasuke esfregava os próprios olhos que teimavam em brotar agua constantemente. Itachi o abraçou bem de leve, pois seu corpo ainda estava bem debilitado.


– Sasuke, deite-se, devo colocar essas ervas em sua testa... senao voce podera ficar com a visão comprometida... pingarei algumas gotas em seus olhos também, vamos, deite-se.


E o mais novo obedeceu, deitou-se e mantinha um sorriso alegre na boca, estava realmente feliz. Agora, o mundo todo podia explodir, acabar, pois ele estava ao lado da unica pessoa que lhe importava, o irmao.


– Tô muito feliz...


Itachi tentava concentrar-se em tratar das feridas do mais novo, mas não deixou de sentir também a emoção de poder expressar-se agora, verdadeiramente, da forma que realmente se sentia.


– Eu também, otouto... eu também. Vai arder um pouco mas... será para o seu bem.

– Não pretende arrancar meus olhos denovo não neh?


Brincou sasuke comos e tivesse apenas uns 9 anos novamente, conservava um ar infantil e puro. Itachi sorriu com a provocação.


– Nunca faria isso... ao contrário... tentaria te ajudar.


E o mais velho sentiu uma vontade enorme de abraçá-lo, mas se conteve.


– Sasuke, dói menos?

– Sim...


Respondeu com o pano, agora, sobre ambos os olhos.


– Sua visão ficara perfeita...

– Obrigado nissan... tomara que melhore logo porque quero vê-lo muito...

– Voce ficará bem, sasuke.


Itachi levantou-se com dificuldade, sentou-se em sua própria cama e deitou-se sentindo fortes dores por todo o corpo.


– Nissan...


Sasuke sentou-se retirando o pano.


– ITACHI!


Arregalou os olhos quando viu que os olhos do irmao pareciam duas nuvens claras, correu até ele e segurou-lhe forte os ombros.


– Está cego cego! nissan nissan!


Abraçou-o e Madara tocou-lhe um dos ombros, sasuke se surpreendeu.


– Deixe-o descansar... ele fez tudo por voce, deixe-o descansar... ele nem deveria ter tentado tratar de voce. Deite-se...


Sasuke deitou-se e recolocou o pano no rosto, sentia-se raivoso, itachi estava praticamente cego e isso foi para o seu próprio bem, odiava-se mas tentaria cuidar do mais velho, zelar por ele. E quandos e deu conta, estava novamente sentado e olhando na direçao do irmão, se surpreendeu quando viu madara afagar a face de itachi, sentiu raiva e jogou o pano da direçao dele.


– EI!!!

– Sasuke o que eh agora...

– Deixe-o!!! O que pensa que esta fazendo???

– Eu e itachi...

– DEIXE-O!


Itachi ticou a mão de madara a distanciando de seu proprio rosto. Madara entendeu a mensagem e saiu dali. Sasuke estava mto puto e depois tiraria as dúvidas com o irmão, com certeza.


– "Poxa nissan, o Madara? Fala sério... que raiva... voce era gay? Putz..."


E deitou-se agitado cubrindo-se com o lençol. Não demorou muito a sentir uma mão tocar-lhe um dos ombros. Novamente o pano foi recolocado em seus olhos. Sasuke fez uma expressao de choro, era Itachi. Segurou forte uma das maos do mais velho e este correspondeu a apertando tambem.


– Está tudo bem, Sasuke...

– Deite-se niisan, precisa se recuperar...

– Nao tenho mais jeito... ficarei cego.

– Nao diga isso, deve haver uma forma... niisan, cuidarei de voce tambem...

– Obrigado otouto...

– O madara...

– Deixe-o... ele so quer o nosso bem, mas assim que estiver melhor... pretendo levar voce comigo. Vamos morar em outro lugar sasuke... num lugar onde haja paz... que é o que desejo para voce. Eu te amo otouto.


Sasuke sentiu o peito apertar e a respiração faltar, retirou o pano de seus olhos e encarou a face abatida do mais velho, sentiu aquele "amor" brotar tanto da face preocupada de itachi quanto de seu peito, pegou uma das mãos do mais velho e tocou o próprio peito com ela, na altura do coraçao.


– Eu também... Itachi. Agora, deite-se.

– Para que? Sinto-me mais forte ao seu lado... próximo de voce, com você aqui... também no meu coraçao.


Sasuke chegou-se para um dos lados da cama e deu espaço para que o mais velho deitasse ali, ao Itachi acabou por fazê-lo. Sasuke o abraçou.


– Agora é minha hora de cuidar de voce... niisan... durma.


E ambos logo adormeceram.




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Sasuke acordara sozinho, espreguiçou-se e sentou na cama. Olhou para um lado, olhou para o outro. Piscou algumas vezes e tudo que passou pareceu ter feito parte de apenas um pesadelo. O contato com Madara, a morte do irmão, as confusões de informações, o negócio de agente duplo a respeito de Itachi. Bocejou largamente e por alguns minutos pareceu esperar que Karin aparecesse para lhe trazer o café da manhã seguido de um bom banquete carnal. Levantou-se e caminhou até o banheiro, fez suas necessidades, escovou os dentes e tomou um banho. Estava sem pressa, até que ouviu um barulho do lado de fora da casa, na qual estava agora, que parecia a casa que morou quando era pequeno. Vestindo uma bermuda azul e uma camiseta branca, aproximou-se de uma discreta varanda e lá estava seu nissan, colhendo algumas folhas.


Seus olhos arregalaram, não havia sido um pesadelo. Correu até ele e segurando-lhe cautelosamente um dos braços, o amparou.


– Nissan, vamos entrar, as nuvens anunciam chuva. Vamos...

– Sim, está com cheiro de mato úmido.

– Sim, está... vou preparar algo para comermos, vamos.


E acompanhou-o até a porta de entrada, Itachi segurava um chumaço de folhas em uma das mãos, que estava suja com terra.


– Deixe que lavo isso...


Itachi consentiu com a cabeça e seguiu na direção do banheiro, ao vê-lo andando, apenas olhando suas costas, parecia que ele enxegarva normalmente. Sorriu brevemente e só agora, com as ervas em suas mãos, se deu conta de que estavam numa outra casa. Largou as plantas no chão e correu até a entrada. Definitivamente era outra casa e, a princípio, pareciam estar num lugar onde ele nunca estivera antes. Sentiu receio, Itachi o teria levado sozinho até ali? Se esforçou tanto assim? Depois perguntaria melhores detalhes para o irmão e seguiu para a cozinha para fazer algo para eles. Depois de um tempo, Itachi reapareceu na porta da cozinha, mantinha uma expressão singela, calma. Sentou-se na mesa e Sasuke logo começou a arrumar a mesa.


– Finalmente podemos contemplar a presença um do outro, Sasuke.


Sasuke sentiu o peito doer e a boca amargar. Sim, amava o irmão e como! Posta a mesa, logo sentou-se e tocou-lhe uma das mãos.


– Sim, niisan... agora podemos. Só não está perfeito...

– Está tudo bem, otouto, tenho meus sentidos normalmente. Ainda lembro de sua face, não se preocupe..

– To mais feio agora...


Comentou brincalhão servindo-se, Itachi fazia o mesmo.


– Ah é...

– Uhum...

– Tem barba agora, otouto?

– Haha... engraçadinho...


Itachi soltou uma risada jogosa, sasuke também o fez.


– Então não mudou nada...

– Se você diz... tô com uma verruga enorme na testa.

– Não está não...


E ficou encarando sasuke como se conseguisse vê-lo. Só agora o mais novo se deu conta que vestia uma roupa diferente. Olhou para Itachi em silêncio e logo puxou assunto.


– Madara...

– O que deseja saber, otouto?

– Você e ele.. e também, você veio para cá comigo e sozinho?

– Eu e Madara somos pupilo e mestre e agora que estamos juntos, não quero mais os ensinamentos dele... e a segunda, sim...

– Mas...

– Sasuke, não meço esforços para te ajudar... para te proteger, morrerei fazendo isso.


Sasuke bateu com força na mesa.


– NÃO É O QUE QUERO!

– ...

– E O MADARA TE TOCOU, VOCÊS ESTÃO...

– Sasuke, estamos a sós... pode ficar calmo, vamos, coma... explicarei a seu tempo.

– Nissan, explica agora...

– É melhor outro dia, estou cansado.


Sasuke olhou-o levemente corado, sentia o peito doer, o que era aquela sensação? Terminaram de comer, Sasuke se encarregou de lavar a louça e pensava enquanto fazia isso. Embora Itachi estivesse parcialmente cego, sim, ele conseguia ver vultos e algumas cores, conseguia sentir a inquietação do mais novo, mas, mesmo assim, preferiu fazer de conta que não estava percebendo e procuraria um dia mais apropriado para algumas confissões. Ele mencionaria de seu envolvimento com Madara, por falta de opção. E agora que estava com Sasuke, não precisaria mais desse apoio. Sentia-se pleno, feliz. Sasuke significava muito para ele e isto ele mostraria aos poucos e da melhor maneira possível. Amava o seu otouto mais do que tudo, e tinha até um pouco de receio pelo que estava por vir dessa convivência. Porém, o que o animava a continuar, era que sasuke apresentava alguma possibilidade, mesmo que mínima de corresponder-lhe ao afeto tão necessário à sua vida, seu irmão mais novo era importante nela, não conseguia pensar em viver sem ele.


– Sasuke, vou me deitar...

– Certo, aniki... vou ficar aqui na sala e ler um pouco.

– Tá, até mais tarde.


E Itachi retirou-se. Sasuke aproximou-se de um estante com alguns livros abandonados, folheou-os e viu que pareciam cobertos de poeiras acumuladas por anos. Resolveu cuidar da casa, limpá-la e como um bom Uchiha, o fez em minutos. Logo tudo estava limpo e brilhante, algumas paredes foram cobertas por uma tinta abandonada em alguns potes no fundo da casa. Como Itachi havia descoberto aquela moradia?


Sentou-se na beira da varanda e ficou olhando a paisagem, era uma paisagem campestre, longe de muitas outras casas. Era um lugar bem isolado. O caminho que dava para a casa era de barro, cercado por uma floresta densa. Agora, chovia sem parar, era belo observar as gotas tocarem a lama e espatifar-se pela grama rasteira e pouca. Sentia o ar puro e o coração, agora, leve. Levantou-se e foi ver o irmão que estava deitado num dos três quartos da casa. Entrou sem fazer barulho, aproximou-se de um armário e tirou um lençol dali cobrindo o irmão. Itachi se mexeu um pouco e sasuke afagou-lhe os cabelos.


– Durma bem, niisan.

– Obrigado, otouto.


Sasuke se surpreendeu, pois achara que o mais velho estivesse realmente dormindo. Tinha uma expressão triste, pois a chuva lembrava-lhe da noite que tudo aquilo ocorrera e ao mesmo tempo, vendo o irmão deitado, com um corpo debilitado e praticamente cego. Sentou-se na beira da cama e ficou a afagar-lhe as costas. Queria lhe transmitir carinho, amor, coisas que seu pai nunca lhe deram.


– Quer deitar comigo?


Perguntou Itachi olhando-o por cima de um dos ombros.


– Nissan... está tudo bem.


O maior deitou-se de barriga para cima e ficou a olhar a face do mais novo, parecia realmente ver-lhe a face abatida.


– O que foi, sasuke... ainda curioso?

– Não é que...

– ..... Sente-se estranho em relação a tudo?

– Sim...

– É o cansaço... deite-se comigo, vem.


E o fez, abraçou Itachi e fechou os olhos aconchegando-se a ele, o irmão mais velho lhe passava segurança, zelo, apoio, proteção. Sim, logo sentiu todo aquele mau estar se dissipar como as nuvens negras que diminuíam à proporção que a chuva caía. O dia estava silencioso e o único barulho ali presente era dos dois corações batendo juntos.


>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>CONTINUAÇAO


Sasuke acordou em sua cama, não abriu os olhos rapidamente, primeiro, virou para um lado e depois para o outro, a preguiça o entregava aos caprichos da manhã ensolarada e de clima ameno. Pássaros cantavam nos galhos das árvores do lado de fora do dojo, o barulho do riacho ali perto fazia-se presente, intenso, visto que uma noite antes chovera toda a madrugada.


Finalmente sentou-se, espreguiçou-se e respirou profundamente. Estufara o peito para frente e esticava, agora, os braços para cima. Onde estava Itachi? Foi a primeira pergunta que ecoou-lhe pela mente. Levantou e seguiu até a porta do quarto, abriu-a e passou por ela em direção ao banheiro. Ali se preparou para mais um dia ao acaso, de futuro inesperado, mas sublime. Estar ao lado do irmão o glorificava, era uma idéia aconchegante e consoladora. Finalmente juntos como nos velhos tempos.


Saiu dali e foi para a sala e ainda nenhum sinal do mais velho. Onde estaria? Pensou mais uma vez. Foi até a cozinha, bebeu um pouco de suco de laranja e comeu uma fatia pequena de bolo. Dali prosseguiu até a sala, depois até a varanda e a omissão do outro ainda se fazia presente.


– Será que foi atrás de Madara? Pelo que vi a presença dele era mais que a de um singelo mestre, aff... Itachi... eu não conhecia esse lado seu.


Passos foram dados ao lado de Sasuke, uma voz amena e tranqüila cortou-lhe os pensamentos.


– Que lado, sasuke?

– Hã!?


Sasuke virou-se apressado, num agito só. Olhava para Itachi surpreso, não conseguia entender o fato de não ter sentido sua presença ali antes. Itachi comentou brandamente.


– Estava dormindo tão bem, por isso não o acordei. Fiz errado?

– Err... não! Claro que não, hehehehe...

– Hum... conseguiu descansar? Sente-se melhor?


O de cabelos longos ia se aproximando do seu otouto quando este deu passos para trás e abanava ambas mãos.


– Não, não é nada! Estou bem! Estou bem!


Sasuke estava agitado, tenso e levemente corado. Talvez por ainda estranhar que seu aniki finalmente estava ali, não para matá-lo, mas para apenas contemplar sua presença e lhe oferecer qualquer tipo de auxílio. Essa atitude do menor fez com que o mais velho se sentisse reprimido em seu íntimo, mas como era de sua feitura disfarçar seus pensamentos e sensações, resolveu pronunciar algumas palavras.


– Bom saber que está bem, Sasuke... mas só para constar, eu não mordo... ao menos, não mordo mais. Não quero te magoar nem ferir, nunca foi essa a minha intenção.

– Hum...


Sasuke focalizou as nuvens no céu, respirou profundamente e soltou o ar devagar, encostou-se numa pilastra de madeira da varanda, cruzou os braços, ficou quieto.






– Eu sei, Itachi.

–... Sasuke.

– Hum?

– Está feliz em estar aqui, comigo?

– Sim, só me é estranho ainda... um dia você queria me matar e agora... você é uma boa pessoa e Madara é meu cunhado.


Itachi aproximou-se de Sasuke numa velocidade que nem ele mesmo conseguiu perceber a tempo. Quando se deu conta, seu aniki estava a poucos milímetros dele.


– O que está querendo dizer?


Itachi mantinha uma das mãos apoiadas na pilastra na qual sasuke estava encostado, tinha o corpo próximo dele, sua respiração compassada tocava a boca do menor.


– Me enganei?


Respondeu o mais novo, provocador.


– Não estou aqui para julgá-lo, mas até um cego veria o que estava rolando naquele quarto. Madara tocou seu rosto como se tocasse uma frágil flor!

– Sasuke, qual a parte do “quero apenas viver com você” não entendeu? A maior prova disso foi que o deixei para vir viver contigo, quer alguma outra prova?

– O que ele te dava, não posso dar... não é o meu feitio. Itachi, eu estava com a Karin, você sabe do que gosto. E se você curte caras, pode continuar com quem quiser... eu não ligo.


O mais novo se distanciou do mais velho, seguia a passos lentos pela varanda. Itachi sentiu o coração arder em chamas como se tivesse levado um katon bem no meio do peito. De repente, levou uma mão à boca e ajoelhou-se. Começou a tossir constantemente, tosses vorazes e sanguinolentas, o que levou a Sasuke voltar e ampará-lo.


– Niisan! Niisan!

– Sa... cof cof! Aff...afff....


Sasuke o amparou com o próprio corpo, levou-o até um sofá da sala, deitou-o ali.


– Você toma algum remédio?

– Si...sim. Pegue um pouco do chá... cof cof... na geladeira, por favor.


Sasuke prontamente pegou o medicamento, derramou no copo e levou ate o irmão.


– Aqui está... é bom fazer na hora, senão o chá estraga.

– Esse é diferente...


E Itachi sentou-se e tomou uns goles, depois de tomar tudo, levou uma mão ao peito. Sentia-se melhor.


– Sasuke, obrigado.

– De nada... niisan, você tem que ver o que é isso.

– Tenho uma úlcera crônica, sasuke... herança do que fiz na vida, todo o estresse, ela tem fundo emocional e agora... as palavras que me disse.


Itachi virou o rosto na direção oposta, sentia-se o mais infeliz da face da terra. Sua fisionomia derrotada estava estampada em seu rosto.



– Não sei mais se foi uma boa escolha permanecer vivo.

– Do que está falando?

– Sasuke, eu...


E olhava pálido para o mais novo, aparentemente debilitado e frágil como se fosse partir-se no meio a qualquer instante.


– Eu sempre gostei de você, mas... com um sentimento mais forte.

– Itachi...

– Mas eu errei em querer forçar isso em você. Está bem... me consolarei apenas contemplando sua presença.

– Mas niisan, não é melhor garotas? Digo... você está se declarando para... mim?

–... me perdoe sasuke, não é sua culpa... não é culpa do papai e nem da mamãe.


E o mais velho derramava lágrimas que seguiam pelas bochechas. Sasuke o abraçou e o gesto foi correspondido.


– Sempre gostei de você aniki, mas como irmão... me desculpe por não poder corresponde-lo.

– Está tudo bem...


E ambos se distanciaram um pouco, mas só o suficiente para que se encarassem. O clima ali era de paz e um sublime amor, um amor ainda desconhecido ao mais novo, talvez pelo fato dele ser mais devagar para “sentir” as coisas perante o onipotente potencial do mais velho.


Gafanhotos e cigarras cantavam lá fora, pois anunciavam um novo dia chuvoso.


>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>CONTINUA>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>


Itachi abaixou a face, comentou baixo.


– É melhor me lavar, sujei um pouco a blusa.


Sasuke permanecera encarando-o como se estivesse hipnotizado e só acordou quando Itachi falou que iria se lavar.


– Ah...


Talvez só agora, o otouto estava começando a sentir o “clima” que estava desde que chegaram ali. Itachi era um homem bonito, másculo e detinha uma pele impecável, aveludada. Além disso, tinha também cabelos longos e macios. Ele se levantou e seguiu para o banheiro, Sasuke sentou-se no sofá, tinha uma das mãos sobre a boca.


– Eu... me senti... estranho.


Deitou-se ali e ficou encarando o teto. Para ele, o incesto deveria ser algo impensável e pecaminoso, algo que deveria ser afastado da face da terra, mas, naquele momento, pareceu até algo possível. Imagens em seus pensamentos, traziam um Itachi mais brincalhão, sorridente, amoroso e atencioso. Não que seu aniki não fosse, mas com tantas desavenças e brigas, essa imagem ficou meio apagada em suas lembranças e só agora foi retomada. Ele sentou-se no sofá, a curiosidade de ver seu irmão nu lhe perturbou os pensamentos. Levantou-se e seguiu até o banheiro, parou próximo da porta. Itachi logo comentou.


– Quer usar o banheiro, Sasuke?

– Não, está tudo bem.



Tarde demais, Itachi abrira a porta com a toalha enrolada na cintura, ainda não havia entrado no chuveiro, olhava-o calmo e sereno.


– Não precisava se atrapalhar, niisan. Eu poderia esperar.

– Está tudo bem, entre.


E o mais velho seguiu em direção ao chuveiro, retirou a toalha e a jogou sobre um cabideiro que estava ali perto para depois entrar na ducha morna. Sasuke reparou as nádegas do mais velho, corou e reprimiu-se com esse interesse, a seu ver, insano de sua parte. Virou a face na direção da privada, desceu a bermuda que vestia e concentrou-se em aliviar suas necessidades fisiológicas. O que estou pensando? Perguntava para si mesmo em pensamentos. Itachi deixava a ducha aliviar-lhe todo o cansaço e dores corporais que aqueles acessos de tosse lhe davam. Sasuke resolveu se expressar, timidamente, mas mesmo assim o fez.


– Itachi, o que sente por mim?

– Sasuke?

– Desejo?


Itachi virou-se e deparou-se com seu otouto corado e com a face virada em alguma direção mais acomodada, sem nudez aparente.


– É que estou começando a ficar incomodado com essa situação, nunca me senti assim antes.


O mais velho não deixou de notar que o outro apresentava um início de ereção e só agora se dera conta de que havia deixado a porta do Box aberta, deduziu que o mais novo, com certeza, havia visto seu corpo exposto e mais precisamente, sua bunda.


– Sasuke... sente-se incomodado?

– Sim, uma sensação... de carência, de procura de zelo... não sei.


Itachi sinalizou para que se aproximasse, mas Sasuke não o fez, seguiu para a sala, sentou-se no sofá e deixou o tronco arquear para frente, tinha o rosto tapado pelas próprias mãos. Sentia-se culpado, sujo, raivoso e tenso.


– Eu não disse isso... é um absurdo.

– Sasuke.


Itachi aproximou-se dele com uma toalha enrolada na cintura, agachou-se diante dele e tocou-lhe os joelhos com as mãos.


– Sasuke, não é motivo para sentir vergonha, sinto o mesmo por você.

– MAS SOMOS IRMAOS!!

– E irmãos não podem se amar? São duas pessoas, Sasuke... têm coração, têm desejo. Eu te amo desde que era pequeno, sempre só tive olhos para você.

– Niisan...


Sasuke agora chorava, ainda com ambas mãos sobre a face úmida pelas lágrimas. Itachi gentilmente abriu o zíper da bermuda dele, expôs o membro dele segurando com uma das mãos e direcionou sua cabeça avermelhada para sua boca. Esfregou todo o corpo da língua ali, naquela cabecinha inchada e vermelha. Sasuke deixou ambas mãos tocarem o sofá e apertar o tecido dali entre os dedos, sua cabeça tombou para frente, seus lábios encontravam-se abertos, o ar parecia faltar.


– Apenas relaxe, Sasuke... vou ajudá-lo



E Itachi finalmente começou a engolir aquele membro carente de atenção. Na mesma proporção que engolia, sua língua o massageava de forma a intensificar o prazer do mais jovem. E era realmente isso que estava acontecendo, Sasuke contorcia-se de prazer. Suas pernas tremiam, sua testa suava e os gemidos pronunciados, o denunciavam.


– Nii... ani...

–...


E Itachi engolia cada vez mais depressa, até que o gozo inusitado do menor veio. Sasuke deixou o corpo encostasse-se ao encosto do sofá, tinha a fisionomia de alívio, de entrega.


– Aniki...


E fechou os olhos sentindo uma sonolência perturbadora. Itachi sentou ao seu lado, abraçou-o e acolheu-o em seus braços.


– Durma sasuke... Descanse otouto.


E os olhos do mais velho também umedeceram. Também sentia-se culpado, fraco e sujo. Era o mais velho, deveria dar o exemplo, educá-lo, mas não estava fazendo isso e este fato o perturbava profundamente. Amava o mais novo, mas também não queria forçá-lo a nada, mas agora percebeu que seria correspondido e por isto, talvez em seu coração, não esperava.


Agora não podia voltar mais atrás, tudo já estava consumado e uma nova relação nascia do amor proibido dos dois.


Continuação:


Sasuke acordou numa cama no terceiro quarto da casa. Sentou-se e ficou a encarar a parede diante dele, suspirou profundamente e soltou o ar devagar, olhou para baixo, na direção de seu membro sexual e ficou pensativo.


– Dois homens, né?


Fechou os olhos por alguns instantes, ainda segurando a borda do lençol que o cobria com a palma das mãos, de repente, apertou as mãos amassando o puro linho do qual era formado.


– Não é possível... dois homens... como seria? Falta alguma coisa, não?


Lembrou-se dos lábios de seu irmão em seu pênis, a língua, as mãos, o olhar de prazer que ele fez enquanto engolia-o.


– Os olhos do Itachi avermelharam-se...


Isso era bem comum entre os uchihas, o sharigan era comum de ser ativado nos momentos de deleite, de prazer, pois era o momento que qualquer Uchiha ficava fora de si, com altas doses de adrenalina no sangue. Era uma excitação muito parecida como a de uma luta.


– Hum...


Sasuke levantou-se e resolveu ir ao banheiro, tomaria um banho gelado e tentaria afastar aquela cena de seus pensamentos.


– Foi uma loucura... uma loucura...



Entrou no Box e abriu o registro da ducha. Só agora se lembrou de tirar a roupa, mas deixou-se molhar mesmo assim, foi agachando-se, ajoelhando-se, até se permitir tocar o próprio rosto com as palmas das mãos, seus olhos, agora, estavam úmidos, doloridos. Ele estava relembrando aquele momento que para ele foi traumatizante, seu irmão, agindo como um sem-vergonha qualquer. Ao menos era isso que se passava em sua mente.


– Não... NÃO!


Esmurrava a parede, batia nos azulejos com a face abaixada, jogada totalmente para frente. Ele estava tão ligado em suas próprias emoções e dores que nem percebeu que um vulto o observava encostado ao lado da porta semi-aberta do banheiro. Itachi o olhava calado, com os braços cruzados. Tinha uma fisionomia singela e até inexpressiva.


– Não... por que niisan? Por quê? Agora que estamos juntos... você me vem com essa nova tortura!?


Sasuke, agora, tocava o piso com as palmas das mãos. Chorava ainda, apertava forte os olhos, rangia os dentes.


– Por quê ?! Por que fez aquilo comigo? Me lambeu, me tocou... aquilo foi nojento!


Sasuke permitiu-se jogar o tronco para trás, as pontas dos dedos forçavam forte em sua face pálida e agora, devido ao choro, levemente avermelhada. Itachi entrou no banheiro, seguiu a passos lentos até o irmão, ficou a um passo da entrada do Box.


– Não ouse me tocar denovo!


Sasuke virou o rosto na direção do mais velho. Itachi sentiu o coração como se estivesse preso em arame farpado. Sasuke percebeu a expressão dolorida e o sorriso melancólico do mais velho que deu, quase que automaticamente, dois passos para trás. Itachi pareceu tropeçar em algo e acabou sentando-se sobre a tampa do vaso, levou uma mão ao peito e permitiu que seu tronco arqueasse para frente. Sua respiração estava suspensa, parecia indisposto até mesmo para puxar-lhe o ar.


– A... niki?


Sasuke percebeu a tamanha dor que o outro sentiu, sua face pálida, os lábios brancos. Itachi parecia estar passando mal, parecia estar realmente doente, frágil. Sasuke levantou-se e seguiu até o outro, mas viu-se molhado e catou logo uma toalha enrolando-a sobre o próprio corpo. Itachi olhou para ele e assim que o mais novo estava diante, bem perto dele, o mais velho direcionou ambas mãos até a cintura do outro. Retirava-lhe a toalha, depois a bermuda. Sasuke o olhava com os olhos arregalados.


– Mesmo... depois do que disse?


Itachi olhou para cima, com os olhos vermelhos, sim, o sharigan ativara-se, lágrimas rubras lhe brotava dos olhos.


– Cuidarei de você, otouto... mesmo que isso me custe a vida.


E sem mais se conter, abraçou o mais novo pela cintura. Acolheu a cabeça ali, na barriga do outro e apertou o abraço.


– Não consigo mais ficar longe de você... não sei mais viver sem você, Sasuke... se isso não for possível, me mate, por favor... me mate.



Sasuke franziu as sobrancelhas e tocou a cabeça do mais velho. Afagou-lhe o cabelo liso com a palma de uma das mãos. Itachi sorriu e fechou os olhos. Seu corpo tremia, toda sua pele latejava ao entrar em contato com a pele do mais novo.


– Eu te amo, Sasuke... eu sinto esse amor doloroso por você... você aceitando ou não.

– Anik...

– Não me chame assim... não agora... não agora...


Itachi virou a face na direção da barriga do outro e tocou a testa ali. Tinha ainda os olhos fechados.


– Não agora...

– Ita...


Sem mais se conter, o mais velho levantou-se e o abraçou fortemente, o puxando para si, beijando-lhe áspero, agressivo, desesperado. Sasuke surpreendeu-se ao se dar conta de que seus lábios eram devorados pelos do outro. Perdeu o equilíbrio e caiu na direção do chão, Itachi por cima dele, o devorando, roçando o seu corpo agitado no do mais novo, sentia seu membro duro, úmido por dentro da calça, latejava tanto que doía-lhe todo o baixo ventre.


–Sasuke...


E voltava a devorá-lo com a boca, o mais novo sentia faltar-lhe o ar com a língua agitava do mais velho, este se esfregava nele, até que num momento ele apoiou ambas mãos no chão do banheiro esticando os braços e permitiu-se “estocar” mesmo que por dentro de sua própria bermuda, olhava para o menor com desejo, a boca do mais velho mantinha-se numa forma de malícia, volúpia. Sasuke entendeu a mensagem, Itachi ajudara-o antes, e agora, era este que lhe pedia a ajuda, ao perceber isso, levou ambas mãos nas nádegas de Itachi e apertou-as ali, sentindo as abas contraírem-se para “enfiar-se” no menor.


– Itachi, solte o que está te fazendo sofrer... deixe sua marca em mim...


Itachi olhou com um brilho mais amoroso do que nunca, foi “abaixando-se” denovo ao dobrar os braços e acabou abraçando o mais novo.


– Me desculpe, Sasuke... eu te amo tanto...

– Ni... Itachi...

– Está tudo bem...


Um sorriso dolorido esboçou-se no rosto do mais velho.


– Vai ser a última vez... eu prometo, não haverá a próxima vez.

– Itachi?


E Finalmente uma estocada mais demorada deu um alívio imediato à angústia do mais velho. Itachi permitiu-se deitar sobre o mais novo, ficou com o queixo sobre um dos ombros de Sasuke, seu coração ainda batia acelerado e sua respiração mantinha-se descompassada. Porém, uma ação do mais novo o surpreendeu: Sasuke o abraçou, disse palavras calmas e amenas em um de seus ouvidos.


– Sente-se melhor? Está melhor, Itachi?

– Sasuke...

– Vamos terminar o banho? Você deve estar sujo, né?





Itachi apertou o abraço, a voz engolira-se em sua melancolia, sentia-se feliz, mas a angústia se mantinha. Será que Sasuke acabou ficando com pena do seu amor moribundo e incestuoso? Itachi sentiu o peito apertar, porém, ainda não queria se distanciar do menor. Ambos ficaram ainda um bom tempo ali deitados.


Seus corpos pediam por aquele calor morno, aquela proximidade tão desejada durante anos a fio.


Itachi foi o primeiro a se levantar, sentou ali mesmo, no chão do banheiro. Tinha uma expressão distante, vazia, olhava em direção ao chão, mantinha uma das pernas dobradas e um dos cotovelos sobre o joelho, a mão direita lhe tapava os lábios, pensava, pensava. Sasuke, ainda deitado, o olhava, direcionou uma das mãos para o mais velho e tocou-lhe a mão que estava livre e apoiada no chão frio do banheiro.

— Itachi, o que foi?
— ...
— Arrependido?

Finalmente o mais novo se sentou e continuou a encará-lo. Itachi virou a face na outra direção, sentia-se o pior dos mortais. seus olhos estavam levemente avermelhados, queria chorar, um amargor invadira sua boca, seu coração parecia enrrolado em fios de arame.

— Itachi?
— Sasuke...

AInda mantinha a face numa direção oposta à de Sasuke. Falava baixo, uma voz fraca e rouca.

— Estou bem.
— Não está não, me olhe! Itachi! O que é, agora está dando para trás? Agora?
— Sasu...ke...eu não... queria.

E a voz se abaixou mais e mais até que sumiu, agora o mais velho estava encolhido, tinha a face escondida atrás dos joelhos abraçados pelos braços. Ficara quieto. Sasuke se levantou e deu uma olhada para ele.

— Vamos tomar banho.
— Sa...suke... me perdoe.

Ainda tinha o rosto escondido, estava nitidamente envergonhado.

— Itachi... nao precisa ficar assim, aconteceu, certo? Olha.. depois acertamos os detalhes, o que iremos fazer, mas a principio estamos vivendo juntos e vamos superar isso juntos, certo niisan? Certo? Como nos velhos tempos... voce me protegeu todos esses anos, agora eu que vou protegê-lo e cuidar de voce. Vem! Se levanta!

Ofereceu-lhe uma das mãos, Itachi a principio continuou quieto, mas até que finalmente voltou o olhar lentamente para cima e acabou pro pegar na mão do irmão. Levantou-se. Seguiram para o chuveiro, ambos tiraram as roupas e dividiram a ducha. Itachi tentava não olhar o menor, temia atacá-lo e machucá-lo novamente, já Sasuke olhava o corpo do irmão tranquilamente, observava como ele estava bonito, alto, forte, de como havia se recuperado desde a ultima luta que tiveram.

— Niisan está tão bonito... hehe.
— ... acha mesmo, otouto?

Itachi esfregava a ponta dos dedos nos cabelos cheios de espuma.

— Sim. Alto e forte, orgulho do clã Uchiha.

O mais velho sorriu.

— Voce que está dizendo.

E finalmente olhou o corpo de Sasuke quando este virou-se para pegar o sabonete, tambem era bonito, inclusive suas nádegas alvas e virgens, parecia tao apetitosa que logo virou a face em outra direção, pois seu corpo ardia em chamas só de olhar para o corpo do outro.

Logo se enxugaram e vestiram ambos robes de seda, Itachi um azul marinho, já sasuke, um branco mármore. Caminharam para um dos quartos da casa onde haviam dois futons, deitaram-se ali, um em cada futon.

A noite começava naquele instante, as estrelas brilhavam lá fora e as cigarras cantavam anunciando um tempo chuvoso no dia seguinte.

Trovoadas e relâmpagos faziam barulhos característicos do lado de fora, o céu se escurecera completamente, até as estrelas haviam sumido em um véu azul escuro lácteo.


Ambos permaneceram deitados, um ao lado do outro, de frente para o teto. Sasuke não conseguia dormir, parecia mentira o que havia acabado de acontecer, seu irmão, agora, seu amante. O antigo inimigo, agora, como sendo a melhor compania e o pior de tudo, imaginar que seu nissan, tivesse um caso com Madara, praticamente o tio dos dois, visto que a família Uchiha era uma única família, assim como a Hyuuga. Ele refletiu consigo:


– "Já deve ter uma tendência a ser... diferente, a gostar de casos estranhos, nunca imaginei... nunca... beijar os lábios do Itachi, não que ele não fosse bonito, mas..."


Sasuke virou a face na direção do mais velho. O quarto estava escuro e não dava para ver a face do outro, se estava acordado ou não, mas apenas seu vulto, um certo volume cosporal por debaixo do endredon.


– "Mas... beijá-lo, vê-lo... goz... se aliviar em mim?!"


O mais novo levantou-se em um ato único, apertava a beirada do lençol na palma de uma das mãos e comentou baixo:


– Droga.


Uma vela foi acensa, para a surpresa do menor, ele olhou na direção da chama e lá estava Itachi, agachado, ao lado da vela.


– Quer me dizer alguma coisa, Sasuke?

– ... Itachi!


Berrou raivoso, não sabia administrar aqueles sentimentos e sensações em seu íntimo. Sentia-se tenso, agitado, seu coração pulava em seu peito.


– A gente fez uma coisa terrível, você... você é meu irmão!

– Eu sei, não fale como se eu não soubesse.


Os olhos do mais velho estavam vermelhos, pois era ele, na verdade, o mais agitado dali. Sentia receio de que sasuke o abandonasse, sentia medo do que o outro poderia fazer, seu coração comprimido doía.


– Itachi...


Sasuke apertou os olhos, sentiu-os arderem e mornos.


– Itac... por quê?


Itachi caminhou até o mais novo, a passos lentos, isneguros e acomodou-se ao lado dele sentando-se ali. Apoiou a palma de uma das mãos nos cabelos eriçados do mais novo.


– Calma, Sasuke, se continuar assim...

– Se continuar assim o quê?

– Voce vai... acabar se sentindo mau e..


Itachi não conseguia disfarçar mais sua própria dor, também mantinha uma expressão melancólica, entristecida, amargurada. Disse com uma voz fraca e ferida:


– A culpa é minha, deveria ter morrido.

– Ani...

– Sasuke... entenda, foi só aquela vez, eu... eu prometo que não importa o que eu tenha que fazer... não, não te desrepeitarei mais, eu... eu somente o tratarei como meu irmão mais novo... lembra-se? snif... lembra-se de quando... voce torceu o...


E o mais velho tapou o rosto com as mãos, Foi Sasuke que se reegueu parcialmente e retirou-as dali revelando um rosto amargurado e angustiado.


– Itachi...


E o encontro ocorreu, os lábios se tocaram para a surpresa do mais velho, Sasuke o beijava ternamente, bem devagar, sua língua massageava os lábios trêmulos do outro até invadir sua boca completamente. Itachi permitiu-se curtir aquele momento e, quem visse de fora, veria-os sentado, de frente um para o outro, os corpos distantes e o a única junção que ocorria era através das bocas.


Continuação:>>>>>>>>>>>


Sasuke levou uma mão até a face do irmão, a manteve ali enquanto o beijava ternamente, um beijo lento, demorado, vagaroso. O silencio era a unica testemunha daquele momento, uma brisa fria noturna entrava por uma fresta da porta semiaberta do cômodo no qual estavam, a chama da vela quase se apagou, mas foi suficiente para que Itachi cessasse o beijo e olhasse na direção dela. Sasuke estranhou a interrupção e perguntou baixo.


– Algo errado, niisan?

– Hum...


Itachi permaneceu um tempo olhando na direção de onde a luz brotava e finalmente voltou a olhar para o mais novo.


– Não é nada.


Comentou baixo voltando a se deitar em seu próprio futon.


– Boa noite, Sasuke.

– ...


Sasuke ficava encarando as costas do mais velho sem entender aquela atitude dele. Pensou consigo:


– "Será que ele não gostou do beijo? Acha que é errado? Será por isso?"


Sem mais se aguentar resolveu expor o que sentia.


– Itachi, eu não tó entendendo essa sua atitude.

– Está tarde, otouto, vamos dormir.


A palavra otouto (irmão mais novo) ecoou em seus pensamentos, chegou a doer no peito. Desanimado, abaixou a cabeça e finalmente se deitou. Ficou em silêncio e sentia algumas lágrimas mornas escorrerem pela face, fungou baixinho e deitou-se de costas para o mais velho. Itachi virou a face para um dos lados como se quisesse vê-lo mesmo que parcialmente, mas não se moveu muito e permaneceu em silêncio, suspirou e resolveu dormir.


Exatamente às três da madrugada, Itachi abriu os olhos e se sentou. Ficou um tempo olhando para um dos lados e se certificou que seu otouto dormia e isto era verdade, Sasuke estava completamente morgado em seus sonhos. Ele se levantou, caminhou até a entrada, calçou um par de tamancos de madeira e saiu dali, seguiu até uma árvore.


– Boa noite, Itachi-san.

– Madara.

– Finalmente encontrei-o, não sabia que preferia viver aqui, no mais antigo dojo do clan, por que fugiu naquela noite?

– Fugi?

– Sim, quero dizer, desapareceu com seu irmãozinho...

– Você nunca teve comando sobre mim, Madara. Sempre o vi como apenas um mestre ao acaso, o que faço só diz respeito a mim mesmo.

– E ao seu amante, o qual está deitado naquele quarto.


Itachi achou que havia sido rápido o suficiente para que o principal não fosse visto, sabia que o incesto era visto como o mais hediondo crime em praticamente todas as vilas. Era tarde demais, Madara sabia.


– E o que pretende fazer a respeito, contar a todos? Ver nossas cabeças anexadas na entrada de alguma vila?

– Acredite, Itachi, não tenho sangue de barata, no fundo ainda sou um Uchiha, sei como devemos nos apoiar, mas quero apenas uma pequena garantia que você pense, no mínimo, parecido comigo. Sinto que está arisco recentemente, isto me preocupa, não quero perder meu único “filho”. Fugaku não soube educar vocês...


Sem aguardar o término da enunciação do mais velho, Itachi comentou.


– E você quer ser o substituto dele? Não brinque comigo, Madara.

– Ele traumatizou vocês, eu mesmo não tive uma família decente que me desse apoio. Sim, quero ser algo parecido com um pai para vocês.

– Me fale suas verdadeiras intenções, para o quê pretende nos usar?

– Itachi...

– Me desculpe, mas não acredito em suas palavras.

– Eu te ajudei, não? Não mereço um pouco de crédito?

– Não.

– Obrigado pela sinceridade.

– Não ouse tocar no otouto ou usá-lo para seus ideais bizarros, entendeu? Não quero ter de usar a força.

– Usar a força, você diz... com esse kimono tão lindo, seminu...


Itachi o ignorou completamente, voltava para a casa que havia deixado antes. Caminhava tranqüilo, ameno e em silêncio.

































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