Quando Yaya acordou de manhã, pensou que os acontecimentos do dia de ontem haviam sido somente coisas de seus sonhos malucos. Mas, ao se levantar, percebeu que aquilo não fora um mero sonho, e sim, uma “bela de uma doença”, se é assim que posso descrever aquele resfriado, que acabou por não ser nem tão ruim assim. Quando olhou na sua mesinha de cabeceira, havia um pequeno pedaço de papel amarelo, desses que se usam para lembretes. Nele, havia uma caligrafia relaxada e uma letra deitada, dizendo mais ou menos assim:

“Querida Yaya,
Espero que você melhore pois, fiquei muito triste em ver você tão mal, então marquei um jogo hoje com os Guardiões para nos divertimos um pouco, te espero!”

Assim, Yaya pulou de alegria pelo seu quarto, com tanta agitação que fez sua chara Pepe, que outrora dormia, acordar, resmungando:

–Yaya-tan, o que aconteceu? - ela disse sonolenta.
–Err... N-nada Pepe-tan, apenas um jogo muito especial que me convidaram e...
–Yaya-tan! Yaya-tan!-a menina foi interrompida por Pepe.
–Mas o que foi Pepe-chi...
A garota interrompeu-se ao olhar para o relógio: Nove da manhã!
–PEPE-TAAAAAAAAAAAAAN! RÁPIDO COLOCA MEUS LIVROS NA MOCHILA QUE EU VOU INDO NO BANHEIRO! AH! EU TÔ MUITO ATRASADA!
–Tá bem então né! Yaya-tan não quis escutar Pepe-chi!-reclamou Pepe, voando (literalmente) para ajeitar os livros de Yaya, enquanto a mesma escovava os dentes com certa rapidez.

Ela sabia que chegaria depois das duas primeiras aulas do dia, mas não se importava com esse fato. A menina estava realmente ansiosa era pra ver Kukkai, no tal jogo que ele prometera.

Yaya desceu correndo as escadas, pegou duas torradas em cima da mesa e enfiou-as na boca apressadamente. Já estava calçando os sapatos e tentando dizer um "tchau" desajeitado quando seus pais a interromperam:

– Yaya querida, não corra tanto! Ontem você estava ardendo em febre e hoje já está com essa energia toda?! - exclamou sua mãe preocupada
– Pois é mãe, já tô bem melhor! - exclamou a Às - Aliás, bem melhor e bem atrasada também! Tenho que ir!
– Espere Yaya - chamou seu pai - Antes de você ir, precisamos conversar sobre aquele garoto que te trouxe rpa casa ontem.

Yaya levou um susto tão grande com a frase do pai que tropeçou nos próprios pés e caiu sentada no tapede de entrada.

– Yaya-tan você está bem?? - perguntou Pepe
– S-Sim... o que... o que tem ele, pai? - perguntou a menina fingindo-se de desentendida
– Quem era ele? Não me diga que estão saindo juntos?? - indagous eu pai indo direto ao ponto
– Que... c-como assim "saindo juntos"?? - Yaya continou a fingir que não estava entendendo - Você conhece ele pai, é o Kukai, ele fazia parte dos Guardiões lá da escola, lembra?
– Querida, seu pai e eu só estamos preocupados com você, não precisa ficar assim na defensiva... se gosta dele, pode nos contar - disse sua maãe gentilmente
– G-G-G-Go-go-gos... g-gost... - o susto de Yaya foi tão grande que ela "travou" naquela única palavra e só quando Pepe lhe deu um tapa nas costas ela prosseguiu - GOSTAR?! Q-Que absurdo mãe, a Yaya ainda é só uma menininha, viu?! Não diga essas coisas ridículas!!
– Querida, por mais infantil que possa parecer, você já é uma mocinha... não precisa ficar com vergonha só porque gosta de alguém - falou a mãe da garota com um sorriso meigo. Mal sabia ela que só estava deixando a filha ainda mais embaraçada.

Nesse exato momento, o irmãozinho de Yaya começou a chorar tão alto que o choro estridente do menino podia ser ouvido até do lado de fora da casa.

– Ihh mãe, o Tsubasa tá chorando, melhor você ir lá terminar de dar comida pra ele! - exclamou Yaya mudando de assunto
– Mas filha, nós ainda não...
– Não esquenta não mãe, depois a gente conversa! Agora vai lá ver o que o Tsubasa quer que eu tô mais que atrasada pra escola! Tchau, fui!

Sem dar tempo para os pais responderem, Yaya saiu correndo em direção á escola, agradecendo intimamente por ter um irmão mais novo tão útil.

Como ela imaginou, havia perdido dois tempos de aula quando chegou na escola, mas não se importou muito com isso. Copiou a matéria das outras aulas e até tentou prestar atenção em algumas, mas seus pensamentos estavam longe. Estavam todos concentrados nele. Ultimamente ela andava pensando muito em Kukai, e se perguntava o porquê disso, ao mesmo tempo em que torcia pra que não fosse o que todo mundo vinha insinuando ultimamente, e negando veementemente de que isso pudesse ser verdade.

Felizmente as aulas terminaram depressa e logo após a última aula, Yaya foi correndo em direção ao Royal Garden.

– Yahoo minna! - cumprimentou ela animada
– Olá Yaya-chan. Se sente melhor? - perguntou Nagihiko gentilmente
– Melhor como nunca, estou totalmente curada, Nagi!
– É, pelo jeito o "remédio" que te deram fez efeito mesmo né - comentou Rima com aquela cara de tédio de sempre - O "remédio do amor"... – acrescentou ela maldosamente
– Q-Q-Que negócio é esse de "amor", Rima-tan?! Tá parecendo até a Miki falando, cruzes!! - exclamou Yaya levemente corada
– Mas dessa vez ela tem razão, Yaya! - exclamou Miki - Nem adianta negar porque nós já estamos sabendo que o Kukai te levou pra casa ontem, viu?!
– O que... quem.. como... como sabem disso??? - exclamou a Às ruborizando mais ainda
– Então era verdade?! - perguntou Amu empolgada
– Que tonta, poderia muito bem ter simplesmente negado - comentou Rima calmamente
– Acho que a Yaya-chan não tem uma mente maldosa à esse ponto, Rima-chan - obsevou Nagihiko
– Mas se o Souma-kun realmente te levou pra casa ontem... então foi praticamente um encontro, não é Yuiki-san? - falou Tadase com aquele maldito sorriso extremamente meigo de sempre
– Tadaseeee!!! Até você, é?! - gritou a Às, vermelha até a raiz dos cabelos - Ahh já chega!! Como sabem disso afinal?!
– Ah bom... - começou Amu sem graça - É que nós... sabe, tipo assim... bem...
– Nós seguimos vocês, é claro - falou Rima na cara de pau
– Vocês o queeeee???!! - Yaya não estava mais só envergonahda, estava nervosa e começando a ficar zangada também
– Ihh nem olhe pra mim, a idéia foi dele - acusou Rima, apontando para Nagihiko
– M-Minha nada! A idéia foi da Amu-chan, eu só concordei! - tentou defender-se o Valete
– Nada disso. Lembro muito bem que você disse "gostaria de ver o que eles estão fazendo agora" e então a Amu disse "pessoal, o que acham de darmos uma espiadinha?". Se você não tivesse falado que queria ver o que eles estavam fazendo, a Amu não iria sugerir espiarmos os dois e nada disso estaria acontecendo - disparou a Rainha como se isso encerrasse a questão
– Nagiiii... quer dizer que foi idéia sua querer espiar a Yaya, é??? - berrou a Às com os olhos em chamas - Ora, francamente! E depois as garotas é que são fofoqueiras, você devia se envergonhar!!
– Ele parece que realmente age como uma garota às vezes, não acha? - comentou Rima maldosamente
– Ei, parou vocês duas!! - interrompeu o Valete aborrecido - Yaya-chan, se vai armar barraco por causa disso então brigue com todos, porque eu não te espiei sozinho!!
– Espiar? Quem você andou espiando, Fujisaki?

Yaya sabia quem tinha chegado antes mesmo de se virar para trás. Era impossível ela não reconhecer o dono daquela voz. Sentiu seu rosto esquentar antes mesmo de se virar para vê-lo. Ouviu seus amigos cumprimentarem o recém-chegado, confirmando suas suspeitas.

– Ahh Kukai! Chegou em boa hora, a Yaya está quase fazendo um escândalo aqui! - exclamou Amu para o amigo
– Escândalo, é? Bom, se você já está bem pra sair armando barracos por aí então já deve estar melhor da gripe né Yaya?
– S-Sim... e-eu já estou melhor - ela finalmente se virou de frente para o garoto, embora não conseguisse encará-lo nos olhos - O-Obrigada por ontem, Kukai
– Imagina, amigo é pra essas coisas! - disse ele sorridente.

"Amigo"?– repetiu Yaya mentalmente - É verdade que somos amigos... sempre fomos apenas amigos, desde sempre, e isso nunca me incomodou... pelo contrário, sempre gostei muito de ser amiga do Kukai, e poder estar sempre com ele, me divertindo ao lado dele. Mas agora... quando ele disse que é meu amigo... por que meu peito dói tanto? Por que... por que me fez sentir tão triste?"

– Ei, Yaya? Tá tudo bem mesmo?? - perguntou Kukai, e de repente ela percebeu que o garoto sacudia uma mão na cara dela
– S-Sim... estou bem melhor, obrigada - respondeu ela, forçando um sorriso
– Nee Souma-kun... quando você disse que tinha um jogo que queria jogar com todos nós, o que era? - perguntou Tadase
– Ah é! Também estou curiosa pra saber que jogo é esse! - exclamou Amu curiosa
– Hehehe... vocês já vão saber! - exclamou Kukai de um jeito misterioso - Esperem um pouco que eu vou aprontar tudo.

Kukai adentrou um pouco mais o Royal Garden, indo na direção da mesa onde eles tomavam chá e cuidavam da documentação. E quando voltou...