Capítulo 22: Velório

O silencio reinava sobre o velório, talvez não houvesse palavras que poderiam ser ditas em tal acontecimento, ou quem sabe a dor de todos ali era tão grande que nenhuma palavra seria forte o bastante pra expressar esse sentimento.

Pais, tios e tias, amigos, namoradas, era uma concentração de pessoas com tal dor que tornava quase insuportável ficar ali. Mais não posso negar ali vendo tantas pessoas sofrerem eu me senti bem, é cruel querer ver as sofrimento alheio eu sei, mas a sensação de saber que você não é a única a sofrer traz certo alivio.

O olhar de Tom caia sobre mim a todo o momento, como se em algum instante eu fosse desabar, o que era irônico sendo que dos dois era claramente visto que a pessoa que estava prestes a desabar não era eu.

_Talvez por um momento você devesse se deixar levar pelas emoções querido – sussurrei enquanto nós sentávamos ao lado de fora do velório.

_Não sei do que está falando minha pequena, mais acho que devemos partir nossa presença aqui já não é mais precisa – sua voz tão fria como o habtual, sem mostrar sentimento algum.

_Não precisa mentir Tom, sofrer não é nenhum tipo de fraqueza – minha voz era tão baixa que tinha minhas duvidas se ele estava realmente escutando.

_E porque motivo eu estaria sofrendo Lílian? – ele disse sorrindo cinicamente.

Não respondi, apenas o abracei, e pela primeira vez eu vi Tom Riddle chorar, suas lágrimas caiam sobre o meu vestido preto enquanto ele tentava as fazer para de cair.

_Lágrimas não significam que você é fraco Tom, qualquer um se machuca – eu me afastei limpando uma última lágrima que caiu do seu rosto – ele era seu amigo, depois de tudo ele ainda era seu amigo Tom, é normal que você sofra.

Ele apenas continuou calado enquanto observava o lago negro. Naquela noite as estrelas pareciam brilhar ainda mais, como uma última homenagem a todos aqueles alunos mortos, e isso deixava a noite mais trágica ainda.

_Como foi? – Tom disse derrepente, o olhei curiosa e ele apenas deu um fraco sorriso em resposta.

_Como foi o que Tom?

_Lidar com a morte dos seus pais, você ficou sozinha, abandonada, mais você seguiu em frente, como?

_Eu não lidei Tom, eu não segui em frente, estou apenas vivendo cada dia torcendo para que ele seja o último, mais eu não posso sair por ai lamentando pelos cantos.

_Está vendo Lílian? É por isso que eu não me permito sentir, não sei se conseguiria me prender a uma dor que nunca terá cura.

Não tive resposta, apenas peguei uma pequena foto que sempre levava comigo presa ao colocar que meu pai me dera há tantos anos atrás.

_São meus pais, essa é uma das únicas fotos que sobrou deles – Tom sorriu ao ver a foto em minhas mãos - Melinda e Leandre Baiocchi.

_Se parece com sua mãe, uma linda família – ele sussurrou, não pude evitar dar um fraco sorriso enquanto sentia as lágrimas escorrendo.

_A lembrança deles ainda me persegue Tom, a cada segundo, como um corte nunca cicatrizado, como uma dor que remédio nenhum poderá curar. Mais eu não me importo, porque isso tudo me faz lembrar que tudo que passei ao lado deles foi real – Tom me entregou a foto enquanto eu brincava cuidadosamente com o colar em minhas mãos – não precisa ser assim Tom, você não é uma pessoa má, ainda dá tempo de mudar o seu futuro.

Ele não respondeu apenas me beijou enquanto me levava carinhosamente até o salão comunal da sonserina que se encontrava vazio, e enquanto nós deitávamos no chão em frente à lareira pude perceber suas lágrimas caindo.