Eu ia voltar a ser como era antes. Certo, eu já tinha tentado isso uma vez. Mas agora é sério. Ok, da ultima vez também foi sério.. Enfim, agora é sério mesmo!

Fui ao salão e pintei meu cabelo de castanho. Não importaria se eu fosse me arrepender depois, já tava sem o Artur, sem o Pedro, sem ninguém a não ser minhas amigas e meus irmãos, não importaria se eu fosse perder outra coisa que eu gosto, no caso, o cabelo. E também minhas roupas, é, eu ia mudar meu estilo. E eu ia pra Londres também, morar com minha mãe. Eu não fiz isso da última vez. Tomara que não seja um completo desastre. Como tudo na minha vida é.

Fui pra escola e sentei na carteira. Logo alguém sentou do meu lado. Olhei pelo canto de olho e era o Artur. O que diabos ele tava fazendo sentado do meu lado?

– É.. Acho que não nos conhecemos. Você é nova aqui? Prazer, meu nome é Artur.

Ele achava que eu era outra garota? É isso mesmo? Virei meu rosto e assim que ele viu ele levou um susto.

– PUTA QUE PARIU! O que diabos você fez no cabelo?

– Ah, oi Artur, prazer, meu nome é Lara. – Disse com ironia.

– Meu Deus do Céu... – Ele continuava com cara de quem acaba de abrir o link da menina do Exorcista.

– Mereço. – Levantei da carteira e fui me sentar lá atrás.

Acho que ele esqueceu que tinha que sumir da minha vida pra sempre. Tá, ele não disse que ia sumir pra sempre. Só se afastar.

Cheguei lá atrás e o Rafa tava do meu lado

– Menina, o que houve com seu cabelo?

– Pintei Rafa, vou mudar.

– Lara, mas que porra é essa? – A Natália perguntou mexendo no meu cabelo.

– Hum.. Acho que é cabelo né.

– Mas por que você pintou? – Foi a vez de a Lorena perguntar.

Graça a Deus nem o Thiago, o Vinicius ou a Fernanda eram da minha sala, não agüentaria eles falando.

– Ficou bem bonita, Lara. – David disse.

Pelo menos um né! Pude sentir os ciúmes da Natália só no olhar.

– Obrigada, David. – Ele só deu um sorriso de canto e se virou. – Certo, agora vocês podem prestar atenção na aula, por favor? – Eu disse já ficando irritada.

No final da aula eu avisei a todos que queria eles na minha casa 20:00 porque queria falar uma coisa.

20:00 já estava todo mundo lá em casa então eu me levantei e disse:

– Gente, eu tenho uma coisa pra falar pra vocês.

– Pode dizer. – Falaram todos em coro.

– Amanhã, como é o último dia de aula, estarei indo pra Londres. Não tenho previsão de volta. Vou 14:00 da tarde.

– Você o que???????? – Falou a Lorena indignada

– Ah, não vai, não! – Natália disse no mesmo tom de voz.

– Lara, você enlouqueceu? – Fernanda disse com um tom nada diferente do das outras.

– Primeiro o cabelo, agora você vai embora? Poxa Larinha! – Rafa disse. Pude sentir a tristeza na sua voz.

– Vai não Lara. Aqui não fica legal sem você. – David disse no mesmo tom de voz de Rafa.

– Gente, eu amo vocês pra caramba mesmo. Mas eu não posso continuar aqui.

– Ok Lara. Estamos indo, tchau.

No outro dia, a notícia que eu iria viajar para Londres já estava correndo pela escola toda. Não que eu fosse popular, claro. Só um pouco. Um pouco demais, digamos assim.

Várias pessoas vieram falar comigo e meus amigos fizeram uma homenagem pra mim na frente de toda a escola. Foi lindo.

13:57 e nós estávamos no aeroporto.

A Lorena, Fernanda e Natália estavam chorando como uns bebês.

– Pro..pro..me...te.. que.. que... li...li..ga to..to..do.. di.. a? – A Lorena falou.

– Pro..meto – Eu também estava chorando.

– A gente te ama, tá, Lara? Muito! – O Rafa disse e eu abracei ele.

– Eu também amo vocês muito!

Chamaram meu vôo. Eu abracei todos e dei mais uma olhada no aeroporto. A única pessoa que eu queria que tivesse vindo não estava lá.

É, eu teria que me conformar. Dei uma última olhada procurando, depois dei mais abraços, chorando muito dessa vez, e saí.

Não consegui dormir. Fiquei ouvindo música, assistindo filme ou lendo.

Quando cheguei no aeroporto logo vi minha mãe e meu padrasto que eu não conhecia, com dois meninos, MUITO, EU DIGO, MUITO, MUITO, MUITO parecidos com o Chris Drew e o John Ohh. Quase me esqueci de respirar. Porque eu amo muito, muito, muito o Chris e o John. Certo, chega de “muito”. Mas eles eram tipo, idênticos ao Chris e o John. Sério.

– Mãe! – Eu disse dando um abraço nela.

– Oi filha! Esse é meu marido Jimmy. E esses são os filhos deles Chris e John. – Oi?!? Coincidências a gente vê por aqui.

– É.. oi. – Eu disse. Acho que estava parecendo um tomate de tão vermelha.

– Oi, Lara! – Eles falaram em coro e sorriram. Perdi o ar.

Na ida pra casa, Jimmy e minha mãe, Mary, foram na frente. E eu fui atrás com os meninos.

– Ér.. me desculpem comentar, mas, vocês não são nada parecidos.

– Somos filhos de mães diferentes. – Chris disse sorrindo.

– Ah, entendi. E quantos anos vocês tem?

– Chris tem 18 e eu tenho 19. – John falou.

– Eu tenho 16.

– É, nós sabemos.

– Ah.. – O assunto acabou. Odeio quando isso acontece.

Cheguei em casa e corri pro meu antigo quarto. Que ainda estava do mesmo jeito. Assim que encostei a cabeça no travesseiro, peguei no sono.

– Lara? Lara? – Ouvi a voz do Chris.

– Ahn.. oi? – Odeio quem me acorda, mas era o Chris né. Exceção.

– Nossa banda está lá embaixo – Banda? Ok, agora já é coincidência demais. Pra mim eles eram o Chris Drew e John Ohh de verdade. – Quer nos ouvir tocar?

– Claro! Já desço.

Desci e gelei, fiquei mais branca que um papel com o que vi.