O Amor É Clichê escrita por Juliiet


Capítulo 11
Meu Mistério Favorito


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :)
Bom, aqui tá mais um cap, desculpem a demora, mas eu acho que já expliquei que meu note pirou, então tô precisando usar o do meu irmão.
Só vou explicar uma coisa aqui antes,ok? Era pra vocês repararem desde o início, mas o Vicente é muito distraído meeesmo! Ele ainda não vai perceber que a Tina e a Tiffany são a mesma pessoa. E, de fato, ela ficou tão diferente que era quase como se fosse outra pessoa. Mas é claro que essa farsa não vai durar, né? Mas por enquanto o Vince vai dar uma de cego :S
Desculpem os erros, eu não tive tempo de revisar. Boa leitura :)
Leiam as notas finais, ok?



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– Mas que maldita diferença aprender números complexos vai fazer na minha vida? – perguntei frustrado, jogando a lapiseira na mesa e cruzando os braços. – Essa bosta não serve pra nada.

Maria Valentina nem ao menos levantou os olhos do livro que estava lendo, É Fácil Matar, de uma tal de Agatha Christie. Eu estava preso no quarto com uma sociopata?

– Maria Valentina! – gritei, querendo a atenção dela e irritado por ela mal ter olhado para mim, desde que chegamos em casa.

– Você é burro, por acaso? – perguntou calmamente enquanto virava uma página daquele maldito livro. – Não conhece uma coisinha chamada faculdade? Essa bosta, como você tão brilhantemente definiu, vai separar pessoas como eu de pessoas como você. Ou seja, pessoas que vão se formar na faculdade, ser alguém na vida e, provavelmente passar as férias num cruzeiro no Caribe, o que é o meu caso, e – olhou depreciativamente para mim – o próximo candidato ao bolsa família, o que parece ser o seu.

– Cala essa boca – resmunguei, descruzando os braços e levantando-me da cadeira em frente à escrivaninha para ir me sentar na minha cama, que era onde a abusadinha estava. Ela franziu o cenho, não gostava de me ter tão perto, mas dane-se, a cama era minha. – Eu sou rico, você sabe. E você também é, todo mundo na cidade sabe que seu pai é o neurocirurgião mais famoso do país. Além do mais, ainda faltam dois anos para nós acabarmos o colégio. Então esse seu sermãozinho sofre faculdade pode acabar, nós não precisamos disso.

Ela revirou os olhos.

– Nós? – repetiu incrédula e suspirou audivelmente. – Sabe de uma coisa? Nem vou gastar minha saliva discutindo com você. Você é uma vergonha para toda a espécie humana, seu atraso genético.

Como é? Essa garota é demente, por acaso? Como eu – euzinho, essa perfeição da natureza – posso ser chamado de atraso genético?

Irritado, levantei-me da cama, decidido a provar para a Maldita Valentina que ela não tinha noção do que estava falando. Parei em frente a ela, que baixou o livro, e puxei as mangas da minha camisa para cima, mostrando a ela os meus bíceps definidos. Ela pareceu engasgar, constatei com satisfação. Aproveitei o embalo para levantar minha camisa até o peito, mostrando meu abdômen dividido. De nenhum jeito essa menina idiota podia deixar de perceber minha beleza viril. Garota nenhuma resiste a mim.

Eu sei, sou demais.

– Ainda acha que tudo isso aqui é um atraso genético? – perguntei, vendo-a baixar o rosto e começar a...soluçar? Hahá, parece que tanta beleza emocionou a menina, coitada.

Enquanto eu estava lá, me sentindo o máximo, ela levantou o rosto e soltou uma gargalhada.

É, ela estava rindo de mim o tempo todo.

– Não – ela respondeu, tentando parar de rir. Sem sucesso. – Não, eu realmente não acho que você é um atraso genético. Agora eu tenho certeza! – riu mais um pouco enquanto eu a fitava, chocado. – Se importa de baixar a camisa, por favor? Eu já percebi que seus neurônios, entediados por falta de uso, foram parar nos seus músculos abdominais. Não precisa continuar com a exibição. – e riu mais um pouco da sua piadinha sem graça.

Desgraça, como essa menina é imune a mim?

Bufei e baixei a camisa, começando a achar que, talvez, minha atitude tenha sido meio infantil. Que seja, era a Maldita Valentina testemunhando aquilo, não ninguém importante. Voltei a me sentar ao lado dela, sem deixar de perceber que ela parou de rir, estremeceu e se afastou um pouco. A minha mera presença parecia ofendê-la. Tudo bem que a MV nunca foi muito com a minha cara, mas hoje a menina estava mais antipática do que imaginei ser possível.

É Fácil Matar? – falei, lembrando do título do livro que ela recomeçara a ler avidamente. Tentei espiar a página por cima dos seus ombros. – Planejando um assassinato?

– Sim, o seu – respondeu, levantando o rosto para me olhar. Como sempre, a luz refletiu em seus óculos de lentes muito grossas, me impedindo de ver seus olhos com clareza. – Vem cá, você não tem os exercícios de matemática para fazer? Ou já terminou? – seu tom era de incredulidade nessa última pergunta.

Suspirei e deitei de costas na cama, com as pernas para fora e as mãos atrás da cabeça.

– Ah, dá um tempo. Já fiz muito por hoje, agora estou cansado.

Imediatamente, Maria Valentina fechou o livro e se levantou, jogando-o na mochila e guardando o resto das suas coisas em seguida.

– Ei, aonde você vai? – perguntei, apoiando-me nos cotovelos para olhá-la.

– Para casa. Tenho mais o que fazer.

– Mas ainda está cedo! – protestei.

Odeio admitir, ainda que para mim mesmo, mas eu meio que gostava da companhia da Maria Valentina. Sei que o absurdo é total, mas eu sentia que podia ser mais eu mesmo com ela do que com meus amigos.

Além disso, eu tinha algo importante que...gostaria de dividir com ela.

– Você não quer estudar e é para isso que eu estou aqui – declarou convicta e depois acrescentou baixinho, mais para si mesma do que para mim. – E agora que minha irmã resolveu passar as tardes socada na casa da Sara, eu preciso levar a Pandora para passear...

Arqueei uma sobrancelha. Quem diabos era Sara? E Pandora? E a Maria Valentina tinha uma irmã? Que mais falta eu saber da vida dela?

Não sei...tudo?

– Meu pai chega mais cedo do trabalho hoje e...por que eu estou dando desculpas? Ah, simplesmente não quero mais perder meu tempo aqui!

Ela se virou e foi em direção à porta. Eu, ainda meio chocado com aquela mudança de humor brusca, me levantei e fui atrás dela. Mal tinha tocado seu ombro quando ela se virou, parecendo furiosa. Lembrei-me imediatamente do que acontecera na última vez em que eu toquei na garota. Inconscientemente, dei um passo para trás.

Eu não queria que ela detonasse minha outra sobrancelha, tá legal?

Maria Valentina parecia mesmo com vontade de quebrar alguma coisa.

– Qual é o seu problema? – perguntei exasperado. – O que foi que eu fiz? – eu estava sendo até bem decente hoje, não me lembro de tê-la ofendido nem uma vez.

Ela baixou o rosto e respirou fundo umas três vezes tentando se acalmar. O porquê de ela estar tão nervosa, eu não sabia. Vai que a menina é louca mesmo?

– Vicente – ela disse finalmente, parecendo mais calma. – Olha para mim – pediu.

– Mas eu estou olhando! – exclamei. Ela tinha fumado o grafite da lapiseira ou era doida assim o tempo todo?

– Não, não está! Olhe de verdade!

Rolei os olhos, mas fiz o que ela pediu. Passei rapidamente o olhar por toda a sua pequena e – por que não dizer deprimente? – figura. Maria Valentina estava com os cabelos escuros e permanentemente molhados (ela deve encharca-los de gel todos os dias) puxados, como sempre, para trás naquele coque apertado que só de olhar já me dá dor de cabeça. Aquilo não a machucava, não? O cabelo dela estava tão puxado que – com a ajuda daqueles óculos horrorosos – ela parecia um alienígena. Sério. Daqueles com uma testa enorme e rosto fino. Até já sei que fantasia vou obriga-la a usar no Halloween...

Ok, me distraí. Continuando. Como eu falei, ela estava usando aqueles óculos ridículos que cobriam seus olhos...castanhos? Sei lá, nunca os vi direito, mas sempre me pareceram meio sombrios, especialmente quando ela olha para mim. A camisa do seu uniforme era, como sempre, grande demais para ela, chegando-lhe quase aos joelhos, e por cima disso ela usava um casaco bege horrível que a deixava completamente sem forma. Tudo bem usá-lo no meu quarto, que estava meio frio por causa do ar condicionado. Mas ela estivera usando aquilo o dia todo, mesmo com o calor de matar lá fora. Estava tão quente que até o treino de futebol de hoje foi uma tortura à la...como era mesmo o nome da mulher que a MV disse ser a maior serial killer da história? Ela comentou sobre isso hoje mesmo, quando disse que gostaria de poder usar alguns dos métodos dela em mim...Elizabeth Bathory, é isso! O treino foi uma tortura à la Condessa de Sangue.

Parece que, além de se banhar no sangue das pessoas, essa doida gostava de enfiar pregos embaixo das unhas de suas vítimas. Entre outras coisas.

Bom, eu acho que prefiro levar uma pregada na unha do que vestir um casaco com esse calor.

Ok, viajei de novo e agora Maria Valentina parecia impaciente. Ela estava usando tênis da Nike velhos que, um dia, poderiam ter sido brancos, mas agora eram quase amarelos de tão encardidos. E em vez dos jeans folgados que normalmente usava na escola, ela vestia uma dessas calças de tactel preta, com elástico. Mais folgadas que os jeans, se é que isso era possível.

– É isso! – exclamei.

Ela abriu e fechou a boca, subitamente nervosa.

– E-eu... – balbuciou.

– Você está toda chateada porque eu não reparei que você trocou a calça jeans por essa aí! – revelei, orgulhoso da minha perspicácia em relação à confusa mente feminina. – Bom, mas essa não é folgada demais? Nem parece que você tem joelhos. Mas sabe, você me surpreende, Maria Valentina, eu achei que não ligasse pra essas merdas de mulherzinha. Pelo menos é melhor que a Roberta, que fica possessa porque eu não vejo diferença entre os esmaltes Vermelho Volúpia e Vermelho Sedução. Ou qualquer porcaria dessas...

Maria Valentina rosnou. Sério, ela rosnou de verdade. Mas que garotinha estressada, vou te dizer.

– Estou indo – ela disse, ainda rosnando e saiu praticamente correndo do meu quarto.

– Espera! – desci as escadas atrás dela. – Eu preciso falar com você!

Meu celular começou a tocar no meu bolso e eu praguejei antes de atender.

– O que é? – foi minha vez de rosnar. Pelo menos a nerd tinha parado antes de chegar à porta, e agora me encarava com raiva.

– Amorzinho – Roberta ronronou na linha. Eu me senti imediatamente enojado. Como fui capaz de namorar aquela criatura pegajosa e irritante? Sério, no que eu estava pensando? – O que foi? Por que está tão irritado? Quer que eu vá aí te alegrar?

Espera aí, eu ainda era namorado dela.

– Roberta, agora não é uma boa hora – resmunguei, decidido a falar com ela amanhã. Eu tinha me esquecido completamente dela.

– Ah, bebê, mas eu nem fui para a aula hoje, você não está com saudades? – ela disse, naquela voz manhosa que eu percebi que desprezava. Bom, pelo menos está explicado por que eu a esqueci completamente, Roberta não foi à aula.

E eu não podia me importar menos.

– Tchau, Roberta – disse e desliguei. Se eu passasse mais um segundo com ela no telefone, terminaria tudo imediatamente.

E eu não era tão canalha assim.

– Você precisa ser tão imbecil com a sua namorada? – perguntou Maria Valentina, olhando-me com desprezo, perto da porta.

Desci as escadas e fui ao encontro dela.

– Ela não vai ser minha namorada por muito tempo – esclareci.

Ela pareceu ficar surpresa por trás dos óculos.

– Vai terminar com ela?

– Já devia ter feito isso...

– Por quê?

– Conheci outra pessoa...e era sobre isso que eu queria conversar com você.

Ela pareceu ficar ainda mais surpresa. Chocada, eu diria. Até deixou a mochila cair no chão. Mas então colocou as mãos no quadril e olhou para mim com desconfiança.

– O que eu tenho a ver com isso? – soltou.

– Nada – dei de ombros. – É só que eu não tenho mais ninguém com quem possa falar sobre isso.

– E os seus amigos?

Fiz uma careta. Não conseguia nem imaginar como ia falar uma coisa dessas para eles. Sairia tipo “ei, eu estou apaixonado por uma garota que acabei de conhecer. Sabe, tipo amor à primeira vista?”

E aí eu seria zoado pelo resto da vida.

Não era como se eu estivesse com vergonha, era só que...eu sabia que não seria entendido.

E...não sei a razão, mas Maria Valentina, mesmo com essa antipatia toda e mesmo que ela não fosse minha amiga...eu sentia que talvez ela pudesse me entender.

Afinal, ela também estava apaixonada.

Por um nerd pra lá de esquisito, mas enfim, cada um com suas preferências.

E, por algum motivo, eu precisava dividir isso com alguém. Parecia que meu peito ia explodir. Eu estava começando a suspeitar de que talvez estivesse doente. Ou louco. Ou as duas coisas.

O negócio é que eu passei o tempo todo desde sábado – exceto os momentos em que passei ouvindo as ofensas da MV, juro essa abusada é um antídoto para qualquer coisa que possa passar pela minha cabeça – pensando em uma garota que, talvez, eu nunca mais fosse ver. E por quem eu estava completamente...arrebatado.

Tiffany ainda parecia ser fruto da minha imaginação, eu ainda não estava totalmente certo de que ela era real. Eu precisava que mais alguém soubesse como eu me sentia porque talvez assim eu me convencesse de que sim, aquela garota bela e misteriosa era de verdade.

– Não dá – respondi, incerto. – Vai ter que ser você mesmo.

– Ahn?

– Eu estou apaixonado.

– QUÊ?

Pensei que ela fosse cair, mas ela se apoiou na porta, olhando embasbacada para mim.

– É, eu conheci uma garota no sábado e... –

Antes que eu pudesse continuar, MV pegou sua mochila do chão numa velocidade que eu não imaginei ser possível e disparou contra a porta.

– Não quero ouvir, não tenho anda a ver com isso! – gritou, correndo pelo jardim, deixando a porta escancarada.

Olhei, estupefato, enquanto ela corria pela rua, até dobrar na esquina e desaparecer do meu campo de visão.

O que tinha acabado de acontecer?

Sério, Maria Valentina deveria ir consultar um psiquiatra, a menina tinha sérios problemas comportamentais, além de gostar de chutar canelas alheias e destruir sobrancelhas.

Fechei a porta, ainda chocado com a reação dela, depois me apoiei, exatamente como ela tinha se apoiado e comecei a pensar em Tiffany.

Do início ao fim, Tiffany era um mistério. De onde veio? O que fazia ali, numa festa onde não parecia conhecer ninguém? Como podia ser tão linda, tão encantadora, tão especial? O que ela tinha que me enlouqueceu tanto?

Eram perguntas para as quais eu podia nunca ter respostas.

Afinal, ela desapareceu na noite dentro de um táxi indo sabe lá para onde. Como eu fui estúpido! Deveria ter insistido em leva-la para casa ou mesmo seguido o táxi para saber onde ela morava...mesmo que isso fosse uma atitude de perseguidor.

Mas ela parecia tão...sincera quando disse que me acharia. Era quase como se ela estivesse me pedindo um voto de confiança...e eu não tive outra escolha, a não ser deixa-la ir. Não podia deixar de pensar se a veria de novo, mas sei que enlouqueceria no processo, com certeza.

Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Resolvi mergulhar na piscina, estava quente e nadar sempre parecia me acalmar. Apesar de suspeitar que nem isso seria o suficiente no momento. Foi só Maria Valentina sair da minha casa que eu voltei a pensar em Tiffany. Droga! Não deveria tê-la deixado ir, a nerd sempre parecia preencher meus pensamentos quando estava por perto, aquele jeito emburradinho dela sempre conseguia me distrair. Se ela estivesse aqui eu não estaria pensando na Tiffany!

Tirei a camisa, mas antes que pudesse mergulhar na piscina, meu celular tocou de novo. Era a Roberta mais uma vez, vi no identificador de chamadas, ficando mais irritado com isso do que imaginava. A pobre idiota não tinha culpa nenhuma, nada havia mudado nela desde que começamos a namorar. Mas eu mudei. E, apesar de sempre ter certeza de que não gostava dela, eu a fiz acreditar que sim, enrolei-a na minha teia de falsas esperanças como sempre fiz com as garotas. Tudo bem que eu nunca tinha declarado amor apaixonado, mas mesmo assim. Se eu estava namorando ela, era porque, teoricamente, eu gostava dela.

Mas nunca foi assim, eu só estava me divertindo.

Fiquei meio enojado de mim mesmo.

Bom, passado é passado. E desde que eu experimentei a emoção de verdade, eu não poderia continuar com a Roberta, uma pálida e fraca amostra do que a verdadeira atração devia ser.

Não atendi e desliguei o telefone, não queria mais ser incomodado. Deixaria para pensar no meu namoro amanhã, quando ele encontraria seu fim. Pulei na piscina, querendo não pensar em mais nada, forçando os músculos para nadar bem rápido. Mas antes mesmo que eu pudesse dar duas voltas na piscina, ouvi alguém me chamando. Parei na borda e olhei para Camile, uma das faxineiras da casa, a mais jovem delas.

– D-desculpe por interromper – falou com uma voz nervosa, segurando o telefone sem fio da sala nas mãos. – Mas é a...sua mãe. Ela quer falar com você.

Em meio segundo, eu já saía da piscina e tomava o telefone da mão de Camile, que saiu rapidinho dali.

– Mãe? – falei, meu coração batendo forte no peito. Fazia meses que eu não ouvia a voz dela.

– Estou chegando em uma semana – avisou, na voz indiferente e monótona de sempre. – Espero que não tenha arrumado problemas.

– Nenhum – respondi, o mais depressa que pude.

– Ótimo, tenho algo para você.

Meu coração parou. Minha mãe tinha...algo para mim? O mundo pirou? Virou do avesso? Como assim? Minha mãe nunca me deu presentes. Nunca. Eu quase não podia impedir o sorriso de se esboçar em meus lábios. Isso estava mesmo acontecendo?

– Mãe, é sério? – não consegui tirar a esperança da minha voz.

– Sim – ela respondeu sem alterar sua voz monótona, como se estivesse entediada de ter que falar comigo. – Tenho uma surpresinha para você – e desligou.

Estremeci.

Algo no tom dela quando disse a palavra surpresinha me fez ver que aquilo não iria ser nada bom. Minhas esperanças viraram fumaça e foram sopradas para longe. Larguei o telefone na mesa perto da piscina, depois me sentei numa das cadeiras, desgraçadamente arrasado.

Ela passa meses sem dar um sinal de vida e, quando me liga, nem ao menos pergunta como estou. Sempre é assim, eu sei, mas mesmo assim, não consigo me impedir de ter esperanças de que, dessa vez, ela vá pelo menos dizer um “sinto sua falta”.

Mas ela não sente. E não vê sentindo em mentir para me fazer feliz.

Odeio isso. Odeio essa fraqueza. Odeio o poder que ela tem sobre minhas emoções. Uma mãe de verdade não deveria ser assim. O que eu fiz para ela me desprezar tanto?

Num surto de raiva, virei a mesa, fazendo-a tombar de lado, derrubando o telefone e quebrando-o. Suspirei e voltei a pular na piscina. A água era gelada, ao contrário daquela piscina na casa do Tiago, mas eu não pude deixar que minha mente viajasse. Nunca uma piscina seria tão divertida.

Não sem a Tiffany.

Pensar nela fez a dor no meu coração se abrandar. Talvez...talvez era disso que eu precisasse para esquecer minha mãe e seu desprezo...

Eu teria de desvendá-la. Tiffany.

O meu mistério favorito.



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Notas finais do capítulo

Gente, eu recebi poucas reviews no cap passado e fiquei triste :((
Mas tudo bem, amei toooodos os reviews que eu recebi, sério mesmo, mas eu não to tendo tempo de responder. Desculpem mesmooo, mas eu amo cada reviewzinho que vocês mandam mesmo que eu não responda *-*
O próximo capítulo já tá pronto gente! *orgulhosa*, se vocês mandarem muitos reviews eu posto amanhã mesmo *-*
Vou deixar um spoiler pra vocês haha :)
" O que eu faço agora? - perguntei, sentindo que ia entrar em combustão espontânea a qualquer momento.
Tem certeza que você não sabe? Você é mesmo muito boba, Maria Valentina - ele disse, sem esconder o riso em sua voz. Senti seus braços apertarem mais ao redor do meu corpo. - É simples. Me beija."
Gostaram? *-*
Beijos, gente, até a próxima :)))