Meet Me At The Pier escrita por Miss Haner


Capítulo 8
Sábado com Bianca


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que gostem.
Boa leitura...



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Acordei com algum ser pulando em cima de mim e quase esmagando todos os meus ossos. O meu quarto estava claro devido a iluminação que vinha do que imaginei seu um belo dia de sol do lado de fora. Fechei meus olhos e em minha cabeça veio a lembrança da noite passada. Senti meu corpo arrepiar e novamente eu senti o cheiro de Matt (ok, isso já estava ficando estranho).

- Acorda dorminhoca! – Bianca saiu de cima de mim e puxou o meu coberto e meu travesseiro.

A xinguei mentalmente e me levantei. Olhei pela janela e era um típico sábado ensolarado com cara de Domingo. Fui até o banheiro e me olhei pelo espelho. Meu cabelo estava engraçado, parecia que eu havia tomado um choque depois de ter meu cabelo violentamente agredido por um leão. Tomei um banho rápido e troquei de roupa. Bianca ainda continuava em meu quarto, ela mexia no meu computador e havia colocado uma música bastante animada que eu nunca tinha ouvido. Aliás, eu não ouvia muito este tipo de música, música pop. No abrigo nós não ouvíamos nenhum tipo de música exceto musica gospel.

Comecei a arrumar minha cama e arrumar as roupas no guarda-roupa, já que na noite passada eu havia revirado tudo e nem me dei o trabalho de guardá-las de novo. Começou tocar outra música, esta mais agitada que a sua antecessora. Senti meu corpo se mover de acordo com as batidas da música e de repente eu já estava parecendo uma típica adolescente maluca arrumando seu quarto e dançando como se eu estivesse em meu próprio show lotado.

Bianca desligou meu computador e me olhou com uma expressão confusa. Ela parecia querer segurar o riso, mas não conseguiu por muito tempo. Logo estávamos dançando pelo quarto, bagunçando tudo de novo.

- Você é louca! – ela disse caindo dramaticamente em minha cama.

- E você acompanha a minha loucura. – disse pulando em cima dela.

Levantamos-nos e fomos para a cozinha. Alice estava na sala assistindo um desses programas de culinária. Peguei uma caixa de cereal e o leite na geladeira. Me servi e Bianca fez o mesmo. Comemos em silencio e depois limpamos tudo. Fomos para a sala e eu tentei me concentrar no programa. Coisa difícil já que Bianca ficava criticando tudo no programa.

- Como foi a noite meninas? – Alice desligou a televisão e se virou para nós.

- Foi ótima! Principalmente para Maria, né amiga? – ela disse e eu logo percebi do que ela estava falando.

- Como assim? – Alice perguntou divertida.

- Conta pra ela Maria, das suas novas amizades. – Bianca disse e sorriu maliciosamente. Ela era doida!

- Foi legal tia. Eu me diverti bastante e eu não fiz novos amigos! – lancei um olhar mortal para Bianca.

- Conheceu algum menino?

- Claro que...

- Não! Agora nós temos que ir. Até mais, Alice! – eu interrompi Bianca e me levantei puxando-a para fora de casa.

- Tá ficando doida, é? – eu disse dando uma tapa na cabeça dela enquanto nós íamos em direção a rua.

- Que tem você contar sobre os seus novos amigos ou novo amigo...?- ela disse fingindo inocência.

Bufei e continuei andando calada. Bianca cruzou nossos braços e nós fomos em direção até o centro da cidade. Andamos em silencio por algumas longas ruas e quando já estávamos no centro da cidade ela quebrou o silencio.

- O que rolou entre vocês?

- Nada. Eu não sei. Nós dançamos, é nós só dançamos. – eu disse insegura.

- Eu vi vocês quase se beijando – ela deu de ombros

- É. Acho que ele iria me beijar... – eu me encolhi ao lembrar do seu rosto tão próximo do meu.

- Provavelmente sim. – ela disse e parou de repente me obrigando a parar e olhar para ela. – Maria, eu sei que Matt é lindo, sedutor e um monte de outras qualidades, mas não se engane. Ele é um conquistador barato.

- Como você sabe...

- Maria, eu moro aqui desde pequena e ele também. Eu confesso que já fui apaixonada por ele, mas quem nesta cidade não foi. Ele está nos sonhos de todas as adolescentes da cidade e eu não duvido nada de que esteja nos sonhos das adultas também.  – ela me encarou cuidadosa.

Eu pensei no que ela tinha me dito. Matt parecia sim ser um menino cobiçado e o seu jeito fazia com que tudo o que os outros diziam fosse verdade. Eu me lembrei de quando eu o vi com uma menina no colo, depois disso eu não o vi mais com ninguém. Mas com certeza a menina era mais uma na lista dele. E eu, se continuasse daquele jeito, seria também mais uma na sua listinha idiota. E ele sem dúvida nenhuma seria mais do que apenas um menino com quem eu tive um pequeno relacionamento. Eu sentia algo diferente por Matt, meu corpo desejava pelo seu corpo, quando eu estava perto dele meus sentidos, minha sanidade ia embora e só voltava séculos depois.

E ainda tinha o fato de eu ter de alguma forma culpa pela morte de sua mãe. Por mais que eu tenha me livrado destes pensamentos, agora eles voltaram com tudo para me torturar. Eu devia ficar longe dele, talvez fosse eu a falsa e sem coração. Eu o enganaria, eu disfarçaria minha culpa e o deixaria ser leigo. Mas não. Era coerente eu me afastar, eu me esquecer que um dia ele existiu, que eu estava me apaixonando pelo cara que vê minha família já morta como uma família assassina, que vê meus pais com sangue nos olhos e nutre um ódio curro para com eles.

Mas ainda sim, a curiosidade me afetava. Eu tinha uma enorme curiosidade por ele. Matt parecia ser uma mascara. Parecia esconder dor por detrás daquele seu sorriso capaz de desarmar os maiores exércitos. Eu senti desejo, desejo em descobrir sobre ele, desejo em sentir como era o seu beijo, o seu toque. Desejo em estar com ele, em tê-lo para mim. Desejo este que parecia paixão. Ou até fosse. Eu me sentia egoísta. Mas sentia que era necessário. Eu poderia fazê-lo pensar diferente, pensar com eu pensava até pouco tempo atrás. Eu poderia mostrá-lo que não há culpados pela morte de sua mãe. Que a vida a tirou, que o seu tempo aqui já tinha acabado e que o destino é injusto mas nós podemos fazê-lo mudar. Eu e Matt. Eu estava decidida. Eu o faria mudar de idéia, e depois disso seriamos eu e ele. Sem nenhuma mágoa, apenas que o destino nos tinha reservado um para o outro.

Típico pensamento de uma adolescente virgem e apaixonada. Típico sonho impossível.

- Eu não estou apaixonada por ele Bianca. – eu disse não só para ela, mas tentando pela ultima vez me convencer. – É só curiosidade.

Ela me olhou séria e depois de u de ombros. Fomos até uma sorveteria, compramos sorvete e fomos nos sentar em uma das mesas que estavam espalhadas pelo passeio.

- E você tem curiosidade de que? – Bianca perguntou se sentando e já colocando uma colher de sorvete em sua boca.

- Curiosidade... Ele me disse que a mãe dele morreu em um acidente. – eu disse a encarando séria.

- Hm... É, a mãe dele morreu em um acidente de carro. Eles dizem que foi por causa de uma carro da frente, sei lá. Mas o que eu e minha mãe achamos é que ela estava embriagada. – Bianca disse se servindo de mais sorvete.

Espremi meus olhos e continuei a encarando. Desta vez minha expressão era de uma curiosidade ainda maior.

- Quero dizer, a mãe dele bebia. Ela vivia sozinha aqui e o pai de Matt não vinha muito para a cidade. Havia alguns boatos de que ele a traia e mantinha outra família na outra cidade. Ela procurar por ele e provavelmente descobriu que os boatos não eram apenas boatos. Bom, é o que uma mulher disse para minha mãe. Ela é bastante próxima a família de Matt.

- Por que o pai de Matt veio para cá então?

- Bom, o boato maior era de que ele tinha uma amante. Provavelmente ele se sentiu culpado e com pena de Matt, aí veio morar aqui com ele. – ela deu de ombros.

Senti uma pontada de felicidade dentro de mim. Talvez a culpa que eu carregava não fosse tão grande assim. Senti pena de Matt também. Ele não deveria saber de nada. Entendi o ódio dele por um momento.

Passamos o sábado na rua. Nós passamos em algumas lojas do centro e eu comprei o cd com as músicas que Bianca estava ouvindo no meu quarto. Comprei outros CDs, todos indicados por ela. Nós comemos um enorme hambúrguer de almoço e continuamos a nossa vagabundagem. A cidade ficava cheia no sábado e eu acabei conhecendo alguns outros amigos de Bianca. Não toquei mais no assunto Matt. Bianca me contou sobre a sua noite com Rafael. Realmente me pareceu ter sido uma ótima noite, para eles lógico.

No final da tarde, com o céu já escurecendo fui com Bianca até sua casa. Ela pegou algumas roupas e colocou dentro de sua enorme bolsa. Ela dormiria em minha casa esta noite. Nos despedimos de seus pais e fomos em direção a minha casa. No caminho e vi Mattew jogando basquete com alguns amigos dele. Bianca me puxou para perto da quadra onde estavam outras meninas suspirando pelos corpos lindos e bem torneados dos rapazes que jogavam basquete. Vi Rafael jogando também e entendi a reação de Bianca.

Ficamos vendo os meninos jogarem por mais alguns minutos. O time de Matt e Rafael estava na frente. A cada cesta que Matt fazia as meninas reagiam pulando e gritando o nome dele. Ele, por sua vez, fazia uma comemoração um tanto sedutora e piscava para elas. Em uma dessas comemorações ele encontrou o seu olhar com o meu e deu um sorriso torto que fez minhas pernas tremerem.

O jogo acabou e Rafael veio até Bianca. Ele veio me abraçar e eu recuei. Ele riu e foi abraçar Bianca com todo o seu suro. Eu ri da cara dela e ela me mostrou o dedo do meio. Fiz uma cara de ofendida e de repente estávamos rindo.

Ficamos ali por alguns minutos e alguém gritou que começaria outra partida. Rafael se despediu da gente e voltou para quadra. Olhei para a mesma e vi que Matt não estava lá. Olhei ao meu redor e ele estava perto das meninas histéricas que ficavam gritando o nome dele minutos antes. Elas sorriam feito idiotas e ele se achava. Bianca me puxou novamente para a rua e eu olhei novamente para Matt. Agora ele me encarava e quando meu olhar se juntou ao dele, Matt piscou e fez sorriu malicioso. Estremeci e senti minhas bochechas ganharem cor. Desviei meu olhar e sem conseguir me controlar, sorri feitas aquelas meninas próximas a ele.

Bianca disse alguma coisa e me fez voltar a realidade. Fomos para minha casa, mas sem antes eu me atrever a olhar para ele de novo. Matt acabara de fazer uma cesta e comemorou dedicando silenciosamente a cesta para mim. Eu ri de novo e acenei discretamente. Chegando em casa, eu e Bianca fomos direto para o quarto. Bianca correu para o banheiro.

Enquanto Bianca se banhava eu separei meu pijama e peguei minha toalha. Depois de um tempo Bianca saiu do banheiro e eu fui tomar banho. Voltei para o quarto e nós fomos até a cozinha. Ficamos conversando com minha tia enquanto ela preparava o jantar. Jantamos em silencio e após o jantar, quando eu e Bia estávamos lavando as vasilhas, ela deu a brilhante idéia de assistirmos um filme.

Alice desejou boa noite e foi se deitar. Estávamos eu e Bia assistindo um filme de comédia. Bia estava esparramada em meu sofá enquanto eu estava também esparramada, só que em uma cama improvisada no chão. O filme era entediante e eu já estava estufada de tanto comer. Meus olhos não agüentavam mais ficar abertos. Olhei para Bianca e ela já devia estar no seu milionésimo sono. Eu peguei o controle da mão dela e desliguei a televisão. Nem me dei o trabalho de ir para o meu quarto. O cansaço era tanto que assim que a sala ficou completamente escura, eu senti minha cabeça cair no travesseiro e a inconsciência chegar rápida e certeira.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.