Já eram quatro da tarde.

  Zacky tentava se acalmar no sofá. Só estava em casa de braços cruzados por que recebeu uma mensagem de Taylor que avisava que estava bem. Não era muita coisa, mas ele tentava não sufocá-la com tanta proteção.

  Ele já estava começando a pensar que ela não entende mesmo o amor que ele sente por ela, consequentemente sua preocupação evasiva. Mas, não era culpa dele: sempre soube que ela tinha um gênio difícil demais, porém isso não impediu-o de se apaixonar pela morena de olhos redondos e expressivos.

  Ele tinha medo, ao mesmo tempo.

  Medo de que ela nunca sentisse o que ele sente por ela. Tinha medo de que, mesmo esperando pacientemente, que Taylor não correspondesse. Matt e Rev disseram que era questão de tempo, e de que seria bem difícil já que, como todos sabem, Taylor pertence ás noites em boates do lugar. Mas Zacky não se importava; esperaria o quanto for preciso pela sua amada.

  Se deitou no sofá, respirando fundo, olhando pro teto.

  Apenas Brian estava em casa, ainda trancado em seu quarto. Matt havia saído com Valary e Johnny saiu junto com Rev e Leana.

  O quarto silencioso de seu melhor amigo agora emitiam alguns solos de guitarras impacientes. Brian errava, e começava tudo de novo. Não demorou para distinguir qual era a musica: Seize the Day.

  Estranho. 

  Por que ele estava errando uma musica que conseguia tocar de olhos fechados?

     ***

  Ela limpou as lagrimas.

  Se sentia vazia. Vaziamente fria, vulnerável, quebradiça. Não conseguia mover o pescoço direito, a cabeça encostada na parede do metrô.

  Rumava sua casa, agora.

  Kid havia deixado-a ir, depois de beber. Não havia feito nada além de beber e o ver pulando que nem um idiota, já pelo efeito da bebida. Ele também não tinha sido tão grosso, ou tentado tocá-la.

  Apenas beberam.

  Taylor se perguntava se ele estava tentando deixá-la com a pulga atrás da orelha de propósito.

  Limpou algumas lagrimas que escorriam.

  Se sentia terrivelmente cansada. A cabeça doía, o coração doía.

  Queria ele. Queria seu abraço quente e consolador, que preenchia seu coração, que a mantinha aquecida. Aqueles olhos verdes e iluminadores, examinando os seus... Queria seu anjo, seu protetor... O único fio de esperança em sua vida.

  Logo já estava em frente à casa. Remexeu a bolsa em busca da chave, e entrou dentro de sua mais nova casa.

  Passou pelo jardim e entrou na sala e deu de cara com a figura de Zacky estirada no sofá, dormindo profundamente, com o celular na mão.

  Taylor levou a mão esquerda à boca, ainda tremula pelo frio, e choramingou.

  Não, ela odiava as coisas que Kid poderia obrigá-la a fazer, mas... Veja ele... Tão preocupado com seu bem estar, sempre tão dedicado à vida quebrada dela... Seria injusto não fazer o que faz por ele.

  Se ajoelhou à sua frente, acariciando seus cabelos, chorando pela hipótese de vê-lo machucado.

  Se sentou no chão, enterrando o rosto nas mãos, tentando se aquecer naquela fria quinta feira.

  Zacky acordou depois de um longo tempo, mas ainda se sentia cansado. Já passavam das 20:30. Olhou por toda a sala, até perceber que estava vazia. Xingou mentalmente ao ver que Taylor não tinha lhe ligado ou mandado uma mensagem.

  Dolorido por ter dormido em um sofá menor que ele, andou pela casa por algum sinal de vida.

  O quarto de Brian agora era silencioso.

  Entrou em seu quarto e teve uma visão que o paralisou ali na porta.

  Taylor. De costas.

  Sem blusa alguma.

  Deu meia volta e fechou a porta. Escutou-a cantar.

-Forever can never be long enough for me…

  Sua voz ecoou em seu ouvido. Fina e pacifica, linda. Fechou os olhos, escutando-a.

-Feel like I've had long enough with you…

  Sentiu uma louca vontade de ter isso para sempre. Acordar com a linda voz de Taylor ecoando em sua cabeça, todas as manhãs... Sempre tê-la por perto, para chamar de uma vez por toda de ‘sua’. Queria tanto ter coragem, queria tanto ser o melhor para ela...

  Ele se colocou atrás da porta, espiando-a pela brecha.

  Penteava seus cabelos, lindos e secos, agora.

  Abaixou a cabeça, apoiando-a na parede, fechando os olhos fortemente.

  Seus pensamentos agora eram tomados de frases de coragem. Ele tinha que ir lá, tinha que falar logo tudo o que já não era novidade para ninguém, mas que ela precisava escutar.

  Zacky respirou fundo, longamente.

-Marry Me, Today and every day, Marry Me…

  Ela continuava a cantar.

  Zacky assentiu consigo mesmo.

  Não passaria de hoje.

  Entrou no quarto. Taylor se virou e abriu um sorriso fofo, falando:

-Hey, Zacky, você dormiu mui...

-Taylor. Eu amo você.

  Taylor franziu a testa, sentindo-se ficar vermelha. Colocou a escova em cima da mesinha, se levantando.

-Zacky, você cheirou o que hoje?

  Ninguém sabia, mas ela estava igualmente nervosa por dentro.

-Não. Eu só quero que você escute, tá legal?

-Ta, mas...

-Cala a boca escuta, Taylor! E-Eu sei que eu não sou tão forte quanto o Matt, ou tão bonito quanto o Brian, mas, Tay...

  Ele tinha uma expressão conturbada no rosto. Suas mãos suavam e ele gaguejava, completamente nervoso. Andou até ela, pegando sua mão gelada e a pousando em seu peito.

  Taylor conseguia sentir seu coração bater rápido, ali.

-Sou eu quem ama você. Sou eu quem ama você mais do que a própria vida, mais do que qualquer coisa do mundo, Tay, Tay... Minha Taylor, ah, como eu sempre quis falar isso...

  Taylor sentiu algumas lágrimas caírem de seu rosto.

  O rosto congelado, sua boca entre aberta e seus olhos vidrados nos de Zacky, ela falou:

-É a primeira vez que alguém diz que me ama, Zacky. Eu vou me lembrar disso para o resto da historia, tem certeza que não cheirou nada hoje?

  Ela tinha a voz tremida, o coração saltitava.

-Taylor, eu sou capaz de dizer isso todo dia, toda noite, todo segundo que eu respirar o mesmo ar que você.

  Taylor mal sentia suas lagrimas escorrerem. Chorava inconscientemente. As palavras de Zacky ainda vagavam pelo seu corpo. E a sua mão ali, sentindo o coração dele...

  Foi nessa hora que ela teve certeza de que, qualquer coisa que tivesse que fazer para salvar Zacky de Kid, faria.

-Mas... Eu entendo.

  Taylor franziu a testa.

-Entende?

-É, que... Bom, o que eu tenho a oferecer, certo? É claro que você nunca trocaria qualquer outro bom partido por um gordo de...

  Taylor foi tão rápida que Zacky arregalou os olhos ao perceber que seus lábios estavam juntos.

  Abaixou os ombros, erguendo uma mão e a pousando na bochecha de Taylor, a outra a segurando pela cintura.

  Sentia algo engraçado rolar em seu estomago.

-Você tem uma coisa que os outros não tem, Baker.

  Disse, sua respiração batendo no rosto do rapaz, seus dedos brincando com os cabelos de sua nuca.

-Você tem a mim. Tem meu coração, minha confiança.

  Seus olhos pararam de analisar todo o centímetro do rosto de Zacky e encararam seus olhos.

-O meu amor.

  Zacky puxou-a novamente, colando seus corpos e selando seus lábios de forma doce e apaixonada. Ela não pode deixar de comparar o jeito de Zacky, o seu jeito de abraçá-la e beijá-la, com os outros garotos que ela já tinha beijado.

  Havia algo romântico ali. Não havia a urgência de tirar a roupa e fazer tudo sem se preocupar com nada que nem os outros.

  Era algo novo para Taylor.

  Estava tão nervosa que mal sabia o que fazer.

-Não desmereça suas gordurinhas, Vengeance. Não gosto quando faz isso.

  Disse, entre beijos. Zacky riu, encostando sua testa na dela por um momento.

-Você não sabe o quanto eu esperei.

-Não espere mais, então.

  Zacky sorriu, empurrando Taylor em direção da cama enquanto seus dedos desabotoavam a blusa de Taylor.

  Taylor se deitou.

-Posso cantar Scream?

  Taylor soltou uma risada da piadinha de Zacky.

-Você não deixa de ser bobo nem numa hora dessas, Vengeance?

  Ele riu, enfim desabotoando a blusa de Taylor e a tacando longe.

  Taylor sentia borboletas pelo estômago, e sempre que escutava a respiração de Zacky arfar em seu ouvido, mordia o lábio inferior, corando. Não sabia o que esperar vindo de Zacky, uma pessoa com que já tem tanta historia.

  Seus casos geralmente tinham uma noite só.

  Suas mãos agarraram a barra da camisa de Zacky puxando-a para cima e a jogando no chão. Zacky uniu seus lábios novamente; suas mãos desceram por suas pernas, trazendo Taylor para mais perto de si. Sentiu seus beijos em seu pescoço, Zacky entrelaçou seus dedos com os dela.

  Taylor ainda estava atônita pela delicadeza que Zacky a tratava. Sempre tão gentil e fofo... Por um momento pensou se ele realmente merecia uma garota tão diferente dele como ela era.

  Quando Taylor sentiu as mãos de Zacky segurarem a barra de seus shorts, teve certeza de que, sim, era ele quem ela queria para toda a sua vida.