A Face Oculta Da Lua escrita por Lady Salieri, Nami Otohime


Capítulo 3
Capítulo 3: O reflexo opaco da lua minguante


Notas iniciais do capítulo

Nesse momento Lita apareceu e se transformou. Vendo isto, outro turbilhão de imagens veio na cabeça de Lyene que começou a doer de novo. Dessa vez ela teve um acesso de raiva e partiu para cima de Kitty, gritando. Esta, por sua vez, nem moveu-se, concentrou-se e lançou um raio de energia em Lyene que caiu no chão, inconsciente.



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Depois de muito pensar e brigar com a sua própria consciência, Lyene concluiu que devia desculpas ao pessoal. Não que ela realmente se sentisse mal pelo que acontecera, muito pelo contrário, porém, se existia alguma ligação entre ela e o tal Milênio, era somente eles que poderiam ajudá-la, se é que realmente não estava enlouquecendo de vez e merecia ser internada...

Como não sabia do paradeiro de nenhuma das meninas, e não tinha certeza de que voltariam a se encontrar, resolveu ir ao fliperama e, se desse sorte, encontraria o Darien, sozinho.


Andrew atendia um chato casal de namorados que não se decidia a respeito do pedido. Enquanto os olhava, pensava em Lyene, estava já com saudades da amiga. Apesar de dispensar pouca atenção a ela, uma vez que sempre tinha que atender alguém, lhe agradava muito seu jeito de ser, e o seu modo de colocar as coisas, sendo que o pouco tempo de que dispunham juntos fazia-o sentir-se muito bem. Além disso, ela queria falar com ele e ele estava preocupado com o que poderia ser... "Tomara que não seja nada grave", pensou, quando a porta se abriu e os contornos dela se tornaram nítidos diante das suas vistas.

Ele deixou o casal se decidindo e foi até ela:

– Lyene, não é por nada, mas fiquei preocupado com você. Você disse que voltaria mais tarde e há três dias não aparece!

Lyene abaixou a cabeça:

– É, Andrew, desculpa, esses meus dias foram cheios, estranhos e chatos, não necessariamente nesta mesma ordem...

Andrew sorriu:

– Ainda está preocupada?

Lyene olhou-o, contraindo o cenho:

– Sim, mas... Ai, Andrew, não sei se seria justo despejar um balde de problemas em você, ainda mais no seu horário de trabalho... E falar nisso, tem dois sebosos ali fazendo sinal pra você.

Andrew fez sinal para que outro os atendesse:

– Fiquei uma meia-hora segurando essa bandeja, esperando que eles se decidissem.

– Pelo visto, seu colega vai fazer o mesmo - disse olhando para o casal -... Mas, sinceramente, eles têm que priorizar, ou se grudam na boca um do outro ou fazem o pedido!

Andrew riu:

– Estava com saudade disso. Vamos nos sentar ali para conversarmos tranquilos.

Andrew a guiou até o lugar aonde havia apontado. Sentaram-se:

– Como está indo? Está melhor? - Ele disse.

– É o que eu te disse ali, Andrew.

– Não se preocupe, Lyene, é um prazer ajudar, sério...

Ela sorriu vivamente:

– Ah... Tenho sorte por tê-lo como amigo. Pois bem, conto: acontece que estou sonhando o mesmo sonho há quase minha vida inteira, há algumas nuances, mas são sempre as mesmas coisas. Um sonho maluco, estranho. Sabe, sinto como se uma coisa estivesse próxima de acontecer e o sonho quisesse me avisar, mas, sinceramente, não sei; não sei nem se entendo...

Andrew assentiu, sinalizando estar atento ao que ela dizia:

– Olha, Lyene, falando de forma bem franca com você, pode ser mesmo que esse sonho esteja querendo te alertar, mas te alertar para algo que não está bem em você mesma, não creio que seja especificamente de alguma coisa, como uma premonição. Tranquilize-se um pouco, tenta se estressar menos com as coisas e depois me diga se esse sonho ainda está a se repetir.

Lyene meneou a cabeça, um pouco descrente com a posição do amigo:

– É... Eu vou aceitar esse conselho enquanto não acontece o algo importante que eu espero.

Andrew suspirou. Não tinha jeito mesmo:

– Bem, pelo menos você me ouviu.

Lyene sorriu:

– É, eu ouvi... E, Andrew, mudando um pouco de assunto, você sabe aonde eu posso encontrar qualquer uma daquelas meninas da turminha da Serena?

– Não fala assim das meninas... São todas ótimas meninas.

– Tá, tá, tá... Mas você sabe o endereço delas?

– A Serena me deu o dela.

Lyene olhou-o de esguelha:

– Ah, foi?

– É, houve uma época em que ela era meio interessada em mim, daí queria que eu fosse fazer não me lembro do que na casa dela e me deu o endereço... - disse corado.

– Hmmm... Que bonitinho. E você foi? – Lyene era pura ironia.

– Não, eu tive de trabalhar no dia... - ele estava mais vermelho ainda.- Mas, claro que todo jeito não iria.

– Ah... Aí, está vendo? Ela fica dando em cima da metade de Tóquio e depois fica com ciúme do Darien... Ah, que saco!

– Lyene, mas eu não sou metade de Tóquio...

– É uma representação, Andrew, não falo propriamente de você...

– Mas você o quer?

– O Darien? - Disse num pulo.

– Não, Lyene, o endereço!

– Ai, Andrew, que medo! Não, obrigada, odiei aquela menina! De todas é a que eu menos quero ver...

– Como assim, o que houve?

– Ah, o mesmo de sempre... Eu e minha boca grande, o que haveria de ser? Mas também, tem gente que não agüenta a verdade, o que eu posso fazer?

– Tem a ver com o sábado?

– Sábado?

– É, você estava tão...

– ...Estranha?

– Não era bem isso que eu ia dizer.

– Mas pode dizer que eu aguento. Sim, estava estranha mesmo. E tudo tem a ver com sábado, sim. Acontece que quando eu vi o Darien me bateu uma sensação estranha demais, como se fôssemos amigos de muito tempo... Daí Serena apareceu e foi pior, mas ao contrário, como se eu sempre a tivesse odiado. Por isso eu fui embora por...

– Lyene, desculpa te interromper, - Andrew olhava a rua lá fora pelo vidro - mas você conhece a Lita?

– Sim, por quê?

– Bom, ela está passando pela rua nesse momento, se você correr a alcança.

Lyene se levantou de uma vez, e enlaçou o pescoço de Andrew por trás:

– Obrigada, amigo. Se eu dissesse que não sobreviveria em Tóquio sem você, você acreditaria?

– Absolutamente, não.

Ela riu:

– Por isso mesmo que eu gosto de você.

E saiu correndo.

Lá de fora gritou por Lita que a esperou. Lyene chegou até ela, ofegante:

– Oi, Lita... Obrigada... Olha... Serei breve... Pra não tomar... Muito seu tempo - respirou fundo - : eu gostaria de pedir desculpas e queria que avisasse o resto do pessoal sobre isso.

E tentou desenhar em seu rosto um sorriso, mas um tanto sem sucesso. Entretanto Lita pareceu ter acreditado, seu semblante se abriu e ela esboçou um sorriso:

– Ah, que bom, da minha parte está perdoada, eu sei que é muito difícil admitir um erro...

"Totalmente" pensou Lyene, sarcástica, enquanto permanecia com o mesmo semblante.

– Mas não faça isso de novo, não é legal.

– Não, pode deixar... Mas, então, é isso... Avisa as outras meninas... E o Darien também.

Lita franziu a testa. Forçou um sorriso:

– Pode deixar, e me deixa ir também porque preciso ir à casa da Mina ainda, senão ela me mata...

– Então, tchau.

Lita se virou e Lyene foi descendo em direção oposta. Estava contente porque era um problema a menos a ser resolvido. A verdade é que tinha medo de que Darien reprovasse seu comportamento e que não quisesse mais ser seu amigo. Sacudiu a cabeça pra espalhar estes pensamentos no vento. Por que queria ser amigo de uma pessoa que andava com meninas desse tipo? Tentava ordenar seus próprios sentimentos, quando, ao cruzar um beco, alguém saiu do nada e pegou-lhe em cheio tapando-lhe a boca. Lyene deu-lhe uma cotovelada nas costelas, livrando-se da captura. Virou-se e viu Kitty correndo. Gritou:

DESGRAÇADA!

E, de raiva, saiu correndo atrás dela, derrubando a todos que se colocavam no seu caminho.

Quando virou a esquina, viu Lita correr em sua direção, mas não havia tempo para esperar e continuou correndo.

Chegaram a um lote onde estavam começando a construir um prédio. Estava vazio. Kitty levitou e Lyene bocejou:

– Isso não me impressiona...

– Eu quase peguei o que queria...

– Você sabe que se fosse pra me deixar em paz até que não seria má troca? Mas, não, se alguém está tão interessado é porque ele deve servir pra alguma coisa. Conte-me que talvez eu te ajude...

– Como assim?

– Não. Já mudei de opinião, vá para o diabo e me deixe em paz.

Nesse momento Lita apareceu e se transformou. Vendo isto, outro turbilhão de imagens veio na cabeça de Lyene que começou a doer de novo. Dessa vez ela teve um acesso de raiva e partiu para cima de Kitty, gritando. Esta, por sua vez, nem moveu-se, concentrou-se e lançou um raio de energia em Lyene que caiu no chão, inconsciente.


(FLASHBACK)


"Era o mesmo cenário de sempre, o palácio mergulhado na escuridão salpicada de tons de vermelho, pelo sangue dos que lutavam na guerra. Lyene estava lutando com uma espada que tinha uma pedra azul, muito bonita. Havia morte seguida de morte. Ao seu lado estava um garoto de cabelos prateados. Via seus companheiros morrerem e ouvia os gritos de agonia daqueles feridos gravemente. Ia lutando como um demônio, como se cada um daqueles outros soldados fosse uma planta indesejada a bloquear-lhe o caminho até o palácio; até que foi atingida. Caiu no chão... Estava praticamente morta. E morta era como deveria estar quando começou a sentir dores terríveis pelos ferimentos que sofrera. Pegou sua espada que estava ao seu lado e, apoiando-se nela, levantou-se. Andou cambaleando em direção ao tal garoto de cabelos prateados e ele tinha umas dez lanças cravadas em seu corpo. Arrastou-o para longe dali, colocando-o para perto de uma garota de cabelos vermelhos que tinha a cabeça separada do corpo...”


(FIM DO FLASHBACK)


OS DOIS, NÃO!

Acordou arqueando as costas e sentou-se. Estava num sofá, olhou ao redor. Respirou fundo e deu-se por si, estava em um lugar completamente estranho. Neste minuto, Darien e as meninas apareceram para ver como ela estava.

– Está tudo bem? - Disse Darien ajoelhando-se na beirada do sofá.

Lyene ainda estava em choque, su corpo tremia sem que pudesse controlá-lo, ante a imagem dos dois cadáveres que doía além da dor dos ferimentos que pôde sentir e da ira que sentia por ver o lugar sendo totalmente destruído por sua culpa:

– Desculpa pelo que eu vou fazer – disse quase entre soluços.

E abraçou-o. Todas arregalaram os olhos, especialmente Serena.

– De todos os sonhos que eu tive, esse foi o pior, Darien... Por que simplesmente não posso ter as noites tranquilas, ficar em paz? – Apertava-o contra si, como se ele pudesse afastar aquelas imagens estarrecedoras e trazê-la de vez para a realidade.


Darien estava imóvel, definitivamente não sabia o que fazer... O último rosto que queria ver era o de Serena naquele momento. Sabia que a namorada era um pouco efusiva com relação a certos acontecimentos, e aquele ali era um dos piores que já lhe havia acontecido. Mas também não poderia desamparar Lyene, por quem sentia tamanha amizade. Separou-se dela devagar, segurando-a pelos braços:

– É passageiro, fica tranqüila. Prometo que vai passar. Está ouvindo o conselho de quem já passou pela mesma coisa, acredita em mim. Não são sonhos, são memórias...

Lyene respirou fundo, queria afastar aquelas imagens, ainda que não entendesse bem do que se tratava:

– Obrigada, Darien, mas eu gostaria que pelo menos uma destas memórias fosse verossímil...

– Tudo ao seu tempo, Lyene, tudo ao seu tempo...

Lyene olhou em volta novamente:

– Aonde eu estou?

Darien sorriu:

– No meu apartamento. O que te parece?

– Hmm, prefiro a minha casa.

Ele ficou com uma gota na cabeça.

– E quem são vocês?

– Somos AQUELE grupinho de guerreiras. - Disse Rei, ainda furiosa.

Lyene procurou Serena com o olhar, ela estava sentada na ponta do outro sofá com um semblante não muito animador...

– É melhor eu ir embora.

Mexeu-se e as suas costelas estalaram em dor. Ela engoliu o próprio ar de volta, levando a mão aonde doía.

– Kitty te atingiu aí - disse Darien.

– Atingiu em cheio mesmo, aquela desgraçada... Mas não me derrubou, vou-me embora.

Respirou fundo e levantou-se. Deu três passos e caiu ajoelhada no chão. Darien foi ao seu encontro e passou o braço dela pelo pescoço dele e enlaçou-lhe a cintura:

– Você não deve ir, Lyene, não está bem.

– Estou, sim. Não é uma bobeira dessas que vai me derrubar. Vou até o fliperama.

Não estava pretendendo ir lá. O único lugar que visualizava era sua própria cama e o silêncio da sua casa.

– Mas o que tanto você conversa com o Andrew? - Disse ele.

– Está com ciúme, querido? Andrew é só meu amigo - ela respondeu tentando mostrá-lo que não estava tão mal quanto aparentava, ainda que estivesse.

Darien enrubesceu, mas ainda disse, um tanto sentido:

– Pensei que eu era seu amigo também.

– Andrew é descompromissado - disse sorrindo e olhando em direção a Serena.

Darien respirou fundo e soltou-a. Sua colocação ia muito mais além da figura da Serena. Lyene saiu cambaleando vez ou outra.

Ele olhou para as meninas que entenderam a mensagem e foram atrás dela. Então ajoelhou-se de frente para Serena. Os olhos dela se encheram de lágrimas:

– Darien, confesse: Está apaixonado por ela.

Darien a abraçou e beijou-lhe os cabelos:

– Claro que não, meu anjo, claro que não.

Serena deixou-se abandonar:

– Então por que a trata daquela maneira?

– Não sei. É instintivo. Mas o que eu sinto por ela é carinho de irmão, meu bem, não me interprete mal.

– Mas ela está apaixonada por você, certeza!

– Também não, também não. E se estiver, não posso fazer nada porque já estou abraçado à mulher da minha vida e não quero me separar dela.

Darien puxou o queixo de Serena para si e se beijaram.

(FIM DO CAPITULO III)



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Notas finais do capítulo

Então, aproveitando a sugestão da Rumpelstiltskin, passo a colocar trechos significativos do cap nas notas iniciais, amei a ideia! Além disso, agradeço muito as leituras e comentem sempre, pq isso me deixa muito emocionada, e com muita vontade de continuar.
Abração
PS; Ah, e boas vindas aminha nova leitora, Rumpelstiltskin, e gracias mais uma vez pelos reviews =)