Fazia dois dias que Thalia fugia. Entrava na aula, não falava com ninguém, ignorava todos e não dava satisfações nem aos amigos. Deixara de atender ao telefone, não respondia mensagens. Estava se isolando.

 Percy avistou Thalia ao longe e foi falar com ela. Nico estava sem humor. Desde que descobrira que Thalia estava mal por sua causa, perdera qualquer vontade de tudo.

- Thalia! Vai falar com o Nico. Mancada. Ele tá mal pra caramba.

Ela olhou para o primo, que a ajudara a levantar. Suas pernas não respondiam mais por ela. Sabia que precisava falar com ele. Sabia que precisava esclarecer os problemas.

- Odeio quando você tem razão, Percy.

Thalia foi, e sentou-se do lado de Nico, com a cara fechada. Ele acenou com a cabeça para Percy, que só deu de ombros.

- Escuta, Thalia. Você entendeu tudo errado.

- Eu entendi errado? Nico, eu vi você com aquela menina lá.

- Ela fez dupla comigo na aula de ciências. Eu estava me despedindo dela. Ela havia me dito que iria embora, se eu não queria acompanha-la. Eu disse que não, porque iria acompanhar a minha namorada. Mas adivinha? Minha namorada não estava lá quando fui procura-la. Katie, que assistiu à aula de Inglês com você, disse que havia sido a primeira a sair e ainda me perguntou se eu sabia de algo! Mas eu não sabia de nada. Sobre a minha namorada! Preocupei-me. Liguei-te, mandei mensagens. Mas adivinha? Nada! Você não me atendeu. Você sequer falou comigo no outro dia! E no outro também não! E nas seguintes duas semanas também! Como acha que eu me senti? Até que antes de ontem disseram que você estava assim! Após aquele seu surto com Annabeth. Fiquei pior do que já estava! Não como faz dois dias, sabia?

Então Thalia fez algo que Nico não esperava: O abraçou. Ele esperava um tapa. Ou senão um grito. Mas não. Ela o abraçou.

- Desculpa, tá? Isso nunca mais vai acontecer. – Nico disse, com a voz trêmula.

- Tá, tudo bem. Eu te amo. – Thalia sorriu.

E Percy, que estava logo atrás fazendo gestos imitando alguém comendo pipoca e tomando refrigerante em um cinema, bateu palmas.

- Lindo filme, lindo filme. Romântico!

Thalia riu.

As merecidas férias chegaram e com elas um problema: Nico, Percy e todos os outros meninos iram para a faculdade, deixando as meninas no segundo ano.

Thalia estava chateada naquele dia sabendo que isso aconteceria. Não aguentaria ficar muito tempo longe do namorado. Fora se deitar mais cedo pra descansar um pouco. Mas não contava com um imprevisto: Esquecera o celular na sala.

Naquela noite, os pais ficaram até tarde assistindo um filme. 23h23min. Por que deixara o celular no alto? Por que não o pegara antes de subir? Por que fora se deitar mais cedo?

 “Hey, meu amor. Boa noite. Durma com os anjos. Estou pensando em você. Nico.”

O pai da menina gritou por ela. Estava muito nervoso. Thalia acordara assustada e descera correndo. Olhou para a mãe, que a olhava docemente, para o pai, que a encarava nervoso e para as mãos do homem. Estava um celular. Estava o seu celular. A menina arregalou os olhos, sabendo que veria o pior.

- Quem é Nico, Thalia?

- O quê?

- Quem. É. Nico?

- É um ami-migo do Per-percy, pai.

- ESTÁ MENTINDO! QUEM É NICO? SEU NAMORADINHO?

- E SE FOR, PAI? O QUE VOCÊ VAI FAZER?

- ELE É AMIGO DO PERCY! É MAIS VELHO QUE VOCÊ! ELE ESTÁ NA FACULDADE, THALIA! VOCÊ NÃO VAI NAMORAR UM GAROTO MAIS VELHO QUE VOCÊ.

- DOIS ANOS, PAI! DOIS!

- NÃO INTERESSA! NÃO VAI NAMORAR! VAI TERMINAR ESSE NAMORICO AGORA. VOCÊ ESTÁ PROIBIDA DE ENCONTRAR ESSE GAROTO.

- Você. Não. Manda. Em. Mim!

- ENQUANTO VOCÊ MORAR NO MEU TETO, EU MANDO SIM!

A mãe da menina percebeu que a filha iria chorar. Por mais que Thalia e ela não se dessem muito bem a maior parte do tempo, ela amava a filha.

- Vamos parar, sim? Querido, ela o ama. Você não pode fazer nada contra. Eles se amam. Aposto que ele cuida dela.

- Não interessa. Vai terminar e pronto acabou. E está proibida de encontra-lo, Thalia.

Thalia não escutou mais uma palavra. Subiu como o vento para o quarto. Trancou-se lá e chorou como nunca havia chorado. O pai não podia fazer isso! Não podia a privar de se encontrar com Nico. Não podia a privar de se encontrar com o menino que amava!

Mas eles se encontraram de novo. Thalia combinara de sair com Annabeth, mas encontrara com ele. Contara toda a história para o garoto, que só assentiu.

- Eu entendo a preocupação do seu pai, Thalia. Ele só quer o seu bem. Eu te amo. Ninguém vai mudar isso.

- Por favor. Diga-me. Afirme que não. Afirma! Jura! Jura que não vai deixar de me amar.

- Juro, Thalia! Você sabe que eu amo você mais do que qualquer coisa.

- Nico, eu odeio despedidas.

- Hey, Grace. Despedidas sempre anunciam um novo começo. Tenho certeza que voltaremos a nos encontrar de novo e tudo isso vai passar. Muita coisa ainda tem por vir. E não estamos terminamos! Só não nos encontraremos todos os dias. Acalme-se.

- Thalia, a hora.

- Certo, já vou Annie. – Thalia se aproximou de Nico e lhe deu um ultimo beijo. – Não esquece. Eu te amo mais que qualquer coisa.

 Nico assentiu e observou Thalia se afastar. A menina não olhou para trás uma única vez, talvez com medo de que se olhasse, quisesse voltar correndo. O menino suspirou e seguiu o rumo contrário da menina, sendo abraçado pelo melhor amigo. Talvez melhores amigos fossem para isso: Para consolar quando precisasse. Os melhores amigos são aqueles que estão ao lado da pessoa para sempre e para tudo que acontecer. Nico sabia que Percy era seu melhor amigo, seu irmão. E Thalia sabia que Annabeth era sua melhor amiga. Annabeth também se afastara de Percy. Não por causa dos pais da menina, mas devido à falta de tempo que Percy teria na faculdade. Tudo mudaria na vida deles. Tudo.