Dear Devil - The Last Hope escrita por Pode me chamar de Cecii


Capítulo 2
Capítulo Oitavo


Notas iniciais do capítulo

entaum, gente, naum demorei *-* milagreeeeeeeeeeeeeeee! shahshahshas
bem, espero q gostem...



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A brasa quente era a única coisa que restava de uma fogueira que havia pouco estava acesa. O amontoado de cinzas ainda estava avermelhado de tão quente e continuaria assim por algum tempo. Dentro do abrigo de pedra que haviam encontrado escavado em uma pedra qualquer, a dupla procurava se manter separada, cada um com suas preocupações.

Cassie mantinha os olhos baixos e as unhas cravadas na pele bronzeada. Pequenos buracos eram abertos com as navalhas que ficavam nas pontas de seus dedos, causando uma dor que, para ela, era deliciosa. De início, algumas finas e ralas gotas de salgue escorriam das aberturas, mas logo se fechavam e ela sorria, voltando a raspar a pele cada vez mais profundamente, quase expondo a carne viva que sempre se recuperava apenas para que começasse tudo de novo.

Ele já ignorava os atos dela, que desenhava com cortes padrões que logo sumiam de sua pele dourada. Estalava os dedos um por um sem subir os olhos para encarar seu rosto. Ela não falara desde o último incidente. Sem brincadeiras, sem sacanagens. A única diversão que ela tinha era perfurar a própria pele e provar de seu sangue dourado. Ele não se preocupava com o físico, mas sim com o que mudara tanto sua atitude.

Mas ainda pensava nas atitudes que a colônia teria ao vê-lo, levando alguém como ela. Seria como um presente de natal. Seu nome, provavelmente, entraria para a história. E tantos haviam tentado o mesmo que ele... De vez em vez um voluntário saía da colônia em busca de um sinal de esperança. Nunca havia sucesso. Se não morressem, quem morria era a criatura.

E ele estava na fase mais difícil. Conduzir um ser acostumado com o calor pela neve era como obrigar um peixe a viver em terra firme. Parecia impossível. A morena por um segundo retirou as unhas da carne e estendeu sua mão para Derek. Ele sabia o que ela queria. Sobrevivia por meio daquela droga. Não, isso não havia sido exatamente uma saída. Era mais do que simplesmente ir atrás de um homem sanguinário e usar da diplomacia para conseguir algum pó. Não.

A verdade era que, aos poucos, ela tinha os olhos mais vazios.

E, aos poucos, ela morria.

E, aos poucos, ele perdia a única fonte possível de informação que jamais tivera.

Ele finalmente subiu os olhos, observando o curioso ato da garota. Observou a palma alva da mão e desviou os olhos para a mochila amarronzada que continha o resto do produto. Mesmo com tantas nuvens no céu, o que o impedia de calcular o tempo pelo sol, e sem um relógio, ele sabia que ainda demoraria a chegar a hora marcada para supri-la mais uma vez.

– Não está na hora. – respondeu, seco, enquanto descia os olhos para seu canivete suíço que tinha em mãos, raspando um pequeno toco de madeira com 5 letras, um nome que lhe vinha à mente muitas vezes desde que partira.

Lá fora, a tempestade de neve era forte, o que os atrasava ainda mais. Cassie odiava a neve. Desceu os olhos também para o graveto. Sabia que o que estava gravado era um nome, mas ela precisava brincar. Não conseguia mais aguentar.

– E... Lli... e? – perguntou. – O que é isso.

Ele tentou esconder o objeto. Era uma informação sobre ele que ela não precisava saber. Mas a morena percebeu o gesto e apanhou o graveto antes que ele o escondesse, puxando-o para o outro lado para que Derek não o apanhasse.

– Vai lá, me fala. – riu, voltando a descer os olhos para ele. – Por favooooor.

Por um segundo, ele agradeceu mentalmente por ela ter voltado ao normal. Mostrava que ele não havia feito tanta besteira quanto pensava. E, sim, incrivelmente, ele se importava. Mas, logo depois, veio a preocupação. Ele não gostava da ideia de ter um ser como aquele sabendo algo sobre ele. Nada. Ela não devia saber nada. Tentou esticar o braço e apanhar o graveto. Sem sucesso. Ela riu mais.

– Não tem graça, garota. – ele suspirou. Ela fez um biquinho debochado.

– Te dou o que você quer se você me der o que quero, garotão. – Deu de ombros e riu mais.

– Não.

Ela suspirou e atirou-se novamente em seu lugar, brincando com o pedaço de madeira. Ellie... Quem poderia ser? Mãe, irmã, amante, amiga, inspiração... Alguém já morto? Possivelmente. Ela ria com sarcasmo e ele suspirou como se desistisse.

– Me conta algo sobre você? – ela pediu, piscando os olhos.

– Não.

– Por favooooor! – cantarolou. – Você sabe que eu vou descobrir, de qualquer jeito. Quer dizer, você vive dando má nota, como esse nome escrito no graveto ou então aquela foto. Qual era mesmo o nome do garoto? – ela desviou os olhos e Derek sentiu o corpo esquentar por dentro, olhando-a para ver se ela seguiria em frente. – Alex? É isso? – riu, mas ele não respondeu. Ela realmente queria provocar naquele dia. Porque estava com raiva. Com raiva dele, sim, por, mesmo que acidentalmente, ter dito algo que a atingisse. Tudo o que ela queria era atingir de volta. – Aquele mais ou menos assim...

Usando as habilidades que aprendera desde que se considerava viva (ou não, mas não vem ao caso), ela sentiu o fogo no peito iniciar uma ilusão. Ela não mudou, não daquela vez. Os caídos só podiam se transfigurar, inteira ou parcialmente, para suas formas originais. Mas Cassandra podia facilmente fazê-lo enxergar uma mentira. Para ela era fácil. Ela sentia o que ele sentiria ao ver aquilo. E, então, estava pronto.

Para Derek, o garotinho chorava. Eram exatamente as mesmas feições que ele vira naquela foto todos os dias de sua missão. Olhinhos azuis e cachinhos cor-de-mel caindo doces e mal cortados. Ele tinha os cantinhos da boca curvados para baixo e seus lábios estavam secos. Não havia umidade ao redor. Tudo era simplesmente seco.

Ela acertou apenas de início. Derek sentira comoção e medo. Dor, e saudades. Mas, depois, suas expectativas contrariaram os sentimentos dele e isso a fez parar a ilusão. Porque tudo aquilo que ele sentira se tornou raiva.

Em um movimento que ela jamais conseguiria prever, ele se levantou, raivoso, ao perceber que era apenas um truque daquele anjo, e largou suas mãos nas brasas ainda quentes, atirando-as na morena que mal teve tempo de se encolher. Os pedaços de cinza flamejantes, ao baterem contra sua pele, normalmente, não fariam qualquer efeito. Talvez fossem até mesmo prazerosos. Era o que ele esperava, ele não podia imaginar que, assim como sua própria mão, a pele da garota fosse queimada. E não se curou depois.

Cassie se encolheu contra a parede como fizera no dia em que perdera suas asas, e sentiu medo. Ele olhou para as próprias mãos, que, mais tarde, formariam bolhas, mas ele não sentia dor. Apenas imaginava como suas mesmas mãos pudessem ter feito um estrago, qualquer que fosse, em um anjo caído.

Ela tinha medo no olhar e, para ele, essa sensação era insuportável. Ele sempre inspirara respeito e admiração, mas nunca medo. Não por alguém tão indefeso quanto ela parecia naquele momento. Avançou um passo e ela recuou, arrastando-se na parede, para longe. Respiravam ambos ofegantes.

– É isso o que acontece quando se deixa as emoções tomarem conta e se faz coisas por impulso. – ela disse, a voz tremida por alguns breves soluços. Ele não entendeu na hora, mas Cassandra se referia a ela mesma.

Ele estendeu a mão e ela apenas observou por alguns segundos, tentando decidir se apanhava ou não. Não era, realmente, medo, o que ela sentia. Apenas... Susto, talvez. Ela jamais esperaria uma reação daquelas. Normalmente, o humano estaria tão absorto em suas emoções confusas que nem mesmo imaginaria que tudo havia sido apenas uma ilusão. E, mesmo que percebesse, não reagiria... Reagiria? Ele reagira.

Finalmente recuperada do choque, ela apanhou a mão estendida e se levantou. Não disseram mais nada. Ele procurou não se preocupar com as feridas de Cassie, que cuidavas das próprias com alguma pomada que restara no kit de primeiros socorros. Melhor dar a ela seu espaço e fechar os olhos para descansar por uma noite.

***

O dia pareceu começar mais cedo. Com as costas doendo após uma noite inteira deitado no chão, Derek se levantou e esfregou os olhos, analisando o lugar para encontrar o lugar onde a garota dormia. Naquele ambiente tão gelado, seria difícil, quase impossível ser encontrado por alguém, menos ainda por um inimigo, então era desnecessário que montassem turnos.

Ele se aproximou alguns passos com o intuito de acorda-la, mas a morena se virou antes que ele precisasse tocá-la ou dizer apenas uma palavra. Ela levantou e eles juntaram as coisas.

- Falta pouco. – ele avisou antes de saírem.

***

O ambiente ficou escuro. Aqueles túneis de pedra cinzenta ficavam cada vez mais frequentes no caminho. Pequenas estalactites cresciam e criavam sombras que começavam a tornar o lugar escuro. Ela parou na boca da caverna e respirou bem fundo antes de dar o primeiro passo. Não precisou dar muitos até que ele a parasse pelo mesmo motivo que ela o pararia: som de passos além das gotas de água que caíam insistentemente

Fosse o que fosse, estando ali, não poderia ser amigo. Talvez, dele, sim, mas, dela, jamais. Cassie tremeu. Ela não sabia como lidar com ninguém no frio. Com nada. Fosse o que fosse. E estava fraca, com queimaduras espalhadas pelo corpo e rasgos nas costas.

- Espere aqui. – ouviu a voz de Derek e simplesmente obedeceu. Ele avançou até a próxima curva, onde não podia mais ser visto. Ela tremeu. Estava frio, além de tudo. Ela passou as mãos pelos braços, procurando se aquecer. A imagem de Derek não aparecia pela curva que ele virara. Cassie deu um passo à frente e bateu o dedo em uma pedra. Recuou. Centímetros atrás, o calor humano de um corpo fazia com que o ar estivesse quente. Ela tentou gritar antes de mãos taparem seus olhos e boca.


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Notas finais do capítulo

MUAAHAHAHAHAHHAHA sou má... vo posta hj ainda, okk?????? um beijooooo



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