Chrono Crusade - After Heaven escrita por Mirytie


Capítulo 30
Capítulo 30 - Hospitalizados


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^-^



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Depois do encontro com Maria Madalena, Rosette foi imediatamente levada para um quarto “especial”, proibida de qualquer contacto com demónios ou, na verdade, com qualquer um que não tivesse permissão para abrir aquela porta. Só podiam lá entrar o Padre, um médico e uma enfermeira. Mais ninguém. Nem o próprio irmão.

Claro que não tinha sido uma decisão dela.

– Estou habituada a isto. – disse Rosette, enquanto a enfermeira enrolava ligaduras em volta dos seus pulsos – O sangue não vai parar.

– Veja também os pés. – pediu o médico, enquanto lia os antigos artigos sobre Rosette – Até o Padre não chegar, ela está proibida de sair daqui ou de ver alguém.

Rosette suspirou quando a enfermeira encontrou as chagas nos seus pés e começou a enrolar mais ligaduras.

– Já disse que não vai parar. – repetiu Rosette – É um desperdício de ligaduras. Vai ter de mudá-las daqui a algumas horas.

– Então o que é que tem em mente? – perguntou o doutor, já farto das queixas dela, apesar de terem-lhe dito para a tratar com os maiores cuidados – Nem sequer é maior de idade. Devia ficar em silêncio enquanto os adultos trabalham.

– Há uma rapariga chamada Trugy, lá fora. Tenho a certeza de que ela ainda não saiu. – disse Rosette, enquanto tentava não ser rude para o médico – Ela deve saber como parar isto.

– Ninguém tem permissão para entrar neste quarto. – continuou o médico – E quem é que te disse que nós queremos parar isso? Só o Padre é que pode decidir o que fazer.

– Não querem parar isto? – perguntou Rosette.

Agora que pensava bem, Trugy tinha-lhe dito que ela era praticamente uma arma que Ele mandava para avisar o Aion da sua presença. Porque é que a Ordem quereria parar isso?

– Eu perguntei se não querem parar isto! – repetiu Rosette, já que o doutor continuava em silêncio – Preferem que eu continue a sofrer com feridas que não param de sangrar. – ela levantou-se, fazendo com que a enfermeira se afastasse – Onde é que está o Chrno!? Perguntem-lhe! Estas estúpidas marcas nunca trazem nada de bom!

– Ele não pode entrar aqui. – murmurou o médico, fechando os arquivos de Rosette.

– Diga isso ao Aion! – exclamou Rosette – Se ele souber disto…!

– Senhora Rosette. – interrompeu o médico, olhando para ela – Apercebeu-se de que os poderes dos apóstolos também foram repostos no momento em que as quatro chagas apareceram? O seu irmão foi hospitalizado há pouco tempo. Com dois apóstolos aqui, a ala está completamente selada para todos excepto eu, o Padre e mais três enfermeiras. Do lado de fora estão dez seladores e cinco exorcistas, enviados pela Ordem de São Francisco. Por isso, peço que pare de pensar só em você e comece a pensar dos dois outros apóstolos que também estão confinados nos seus quartos, tal como a dezena de exorcistas que foram à procura dos restantes apóstolos antes que outro demónio os encontre.

– Pode deitar-se, outra vez? – pediu a enfermeira – Tenho que liga-la a este aparelho.

Enquanto pensava no seu irmão e na Azmaria, Rosette deitou-se e deixou que a enfermeira a ligasse à máquina que lia os batimentos do seu coração. Bip…bip…bip…

Perguntou-se se o irmão também estava ligado a uma daquelas máquinas.

O irmão não estava SÓ ligado àquela máquina. Também tinha duas agulhas espetadas no braço. Uma que ia dar a um saco de soro e outra que ia dar à medicina que esperavam que baixasse a febre espontânea.

– Como é que ele está? – perguntou o médico, que tinha acabado de sair do quarto de Rosette.

– Estamos a hidrata-lo. – respondeu a enfermeira responsável por Joshua – Mas a febre não baixa e ele parece não conseguir alimentar-se sozinho.

– Se continuar assim durante as próximas vinte e quatro horas, vamos ter que pô-lo em coma. – murmurou o médico para si mesmo – Continue a monitorizar os batimentos e a pressão dele. Se ele piorar, chamem-me.

Ao sair do quarto de Joshua, o médico suspirou e entrou no quarto ao lado, aonde Azmaria descansava. Ela era a única que não estava ligada a nenhuma máquina. Quando ele entrou, ela estava a olhar pela janela, para a cidade preenchida por sombras e sangue. A sua enfermeira pessoal encontrava-se sentada a um canto do quarto, a ler os arquivos de Azmaria.

– Menina Azmaria, como é que se sente? – perguntou o médico, obtendo a atenção dela – Sente-se fraca?

– Como é que sabe que eu não posso ajudar o Joshua? – perguntou Azmaria, surpreendendo o doutor – A enfermeira disse-me que ele está muito mal. Você sabe o que os apóstolos podem fazer.

– Não tenho autorização para deixá-la ver o Joshua. – disse o doutor, olhando de lado para a enfermeira – Mas, e como é que você está?

– O Aion não quer a Rosette. – disse Azmaria, surpreendendo-o outra vez – Desta vez ele não quer a Rosette. Afinal, ele já sabe como acabaria. Desta vez, ele está atrás do Chrno porque ele já tem os cornos. Por isso, porque é que nos estão a proteger e não a ele.

– Estou a ver que está bem. – disse o médico, chateado com ela – Se alguma coisa mudar, chamem-me.

No momento em que ele saiu, Azmaria sentou-se na cama e a enfermeira levantou-se imediatamente.

– Obrigada por não ter dito nada. – agradeceu Azmaria, enquanto a enfermeira lhe passava a mão pela testa.

– Tem a certeza de que não quer dizer nada? A febre parece estar a aumentar. – perguntou a enfermeira, puxando-a gentilmente para que Azmaria se deitasse e para que ela pusesse um pano molhado na testa dela.

– Eu vou ficar bem. – respondeu Azmaria, fechando os olhos – Como eu disse, o alvo é o Chrno, desta vez. Deviam estar a protege-lo. Não a nós.

– Com todo o respeito, o Chrno é um demónio. E um demónio forte. – lembrou a enfermeira – Não acha que ele pode proteger-se sozinho?

Azmaria olhou para a mulher e limitou-se a sorrir antes de fechar os olhos outra vez. Ela nunca tinha sido uma pessoa particularmente doente, como Joshua, mas parecia que não conseguia aguentar o poder que tinha vindo todo de uma vez. No entanto, não ia ocupar o médico apenas por causa de uma febre. Ele devia ficar à beira de Joshua 24/7.

E era verdade o que a enfermeira tinha dito. O Chrno era forte. Mas o Aion era esperto.

Chrno encontrava-se de momento proibido de entrar na ala onde Rosette se encontrava, tal como Trugy e até mesmo Madalena. Remington encontrava-se a falar com eles e com as irmãs Harvenheit e explicar a situação.

– Resumindo, não fazem a mínima ideia do que está a acontecer. – disse Satella, levando uma mão à cara – Outra vez. Como é que isto pode acontecer duas vezes?

– Bem, pensamos que as primeiras chagas emergiram quando ela teve contacto com a anterior reencarnação. – continuou Remington, fazendo com que toda a gente olhasse para Madalena – Os poderes dos apóstolos também voltaram por causa do despertar. Neste momento, a Azmaria, o Joshua e a Rosette estão a ser monitorizados.

– Posso ver o Joshua? – perguntou Fiore, imediatamente, antecipando-se a Chrno, que queria perguntar se podia ir ter com Rosette.

– O Joshua está em estado grave. – informou Remington, vendo as lágrimas a aparecerem nos olhos de Fiore – Mas eu vou lá dentro ver o que posso fazer. – depois olhou para Chrno, sabendo o que ele ia perguntar – Chrno, neste momento, ninguém, e quero dizer NINGUÉM, pode ver a “santa”. Foi o que os superiores disseram.

– E a Azmaria? – perguntou Satella.

– A Azmaria está óptima. – respondeu Remington, com um sorriso – Aliás, é a única que não tem nada ligado a ela. Bem, vou indo. Quando tiver mais novidades, venho ter convosco, entretanto, tenham paciência.

Trugy levantou o braço antes de Remington ter tempo de sair virar costas.

– Eu acho que posso ajudar a parar o despertar. – disse Trugy.

– Como eu disse, NINGUÉM pode ver a Rosette. – repetiu Remington.

– Mas ela já pediu por mim. – disse Trugy, surpreendendo Remington.

– Como é que tu sabes? – perguntou ele, desconfiado.

– Consegui ouvi-la. – respondeu Trugy, espreguiçando-se – Posso ir vê-la ou não? Pode ser uma questão de minutos até que a quinta marca apareça.

– Ela pode impedi-la. – disse Satella – Tenho aa certeza que sim. Deixe-a tentar.

– Eu vou perguntar-lhe. – disse Remington, passados alguns segundos de silêncio – Se ela concordar, vejo o que posso fazer.

Quando Remington entrou na ala, deixando-os na sala-de-espera, o silêncio instalou-se outra vez. A primeira a mexer-se foi Fiore, que levou as mãos à cara e começou a chorar. A irmã abraçou-a imediatamente e afastou-a do grupo para que pudessem ficar sozinhas.

– Não te afastes muito, Chrno. – avisou Trugy – O Aion está por perto.

Depois de dizer isso, dirigiu-se à saída para ajudar os seladores a acabar com alguns demónios e para dar a conhecer a sua presença a Aion. Se Remington saísse com mais notícias, ela conseguiria senti-lo.

Chrno e Madalena foram os únicos deixados para trás mas, ao contrário do que se podia pensar, ele afastou-se dela. Ainda descalça, Madalena seguiu-o e ficou em pé ao seu lado, quando ele se sentou.

– Foi o Aion que me acordou. – disse Madalena, tentando começar uma conversa, futilmente – Peço desculpa por ter causado o despertar da santa.

– Ela tem nome. – murmurou Chrno.

– Como? – perguntou Madalena, que não tinha ouvido.

– Ela tem nome! – exclamou Chrno, levantando-se – Eu sei que um dia também foste uma reencarnação, “Maria de Magdala”! Tu deste-me vida quando devia ter morrido! Não há um dia em que eu não me arrependa de te ter deixado morrer! Mas ela também me deu vida o entrar naquela tumba com o irmão e um sorriso na cara! Também não há um dia em que me não me arrependa de a ter matado porque tudo o que ela queria era ajudar as pessoas! Mas eu morri com ela! E, se ela tiver de morrer, não vou deixar que ela morra sozinha, percebes?

Madalena anuiu com a cabeça.

– Ela não é a santa. – murmurou Chrno, olhando para a porta que ia dar para a outra ala.

– Então fale com eles! – exclamou Rosette, quando Remington lhe disse que tinha de falar com a cede antes de fazer alguma coisa – Diga-lhes que eu não sou a santa!

Remington suspirou, enquanto a enfermeira verificava as feridas e mudava as ligaduras outra vez. Pegou no telemóvel mas, antes de sair, virou-se para ela.

– Uma rapariga chamada Trugy disse que queres vê-la. – referiu Remington – É verdade?

– Sim! – exclamou Rosette, sentando-se de repente e assustando a enfermeira – Traga-a até mim!

– Está bem. – concordou Remington, abrindo a porta – Eu vou falar com a cede. Espera um bocado.

Remington fechou a porta e marcou o número. Passados dois segundos, atenderam. Depois de lhes explicar a situação, houve um pequeno silêncio no outro lado da linha. Era óbvio que eles estavam a discutir.

«Temos de conseguir desta vez, Remington.» disseram finalmente «Já houve demasiados fracassos com as anteriores reencarnações.»

– E o que é que querem que eu faça? – perguntou Remington, com um mau pressentimento.

«Protege a Santa como deve ser, desta vez, Remington. Se percebemos o que disseste, esta rapariga já é uma antiga reencarnação o que torna tudo mais fácil, já que ela sabe o que se passa.» disseram eles «Espera que a quinta chaga apareça e depois fazemos nós próprios o despertar. Vamos antecipar-nos ao Aion. Afinal, ela é a arma da Ordem para matar demónios. Não é a arma do Aion.»

– Querem que eu a prenda? – perguntou Remington, em choque.

«”Prender” não. “Proteger.” E desta vez não deixes que aquele maldito demónio se aproxime dela.» disseram eles, referindo-se a Chrno «Percebido, Remington?»

– Percebido. – Remington fechou os olhos depois de ter terminado a chamada.

Teria de mover a Rosette para a Ordem de São Francisco e trancá-la num quarto, guardada por inúmeros exorcistas e seladores até a quinta chaga aparecer. Depois iriam fazer o ritual e ela tornar-se-ia um robô que acataria todas as ordens da Santa Igreja.

Não via Chrno a concordar com aquilo, mas a Cede faria de tudo para que ele não se aproximasse. TUDO!

Enquanto Remington pensava, Trugy olhou para o céu e sorriu depois de ter ouvido a inteira chamada.

Quando Remington entrou no quarto, Rosette tinha desaparecido e a enfermeira estava sentada no chão, como se tivesse visto um fantasma. O Padre percorreu o quarto com os olhos.

– Onde é que ela está!? – gritou Remington, olhando para a enfermeira.

– Uma rapariga. – respondeu a enfermeira – Uma rapariga vestida de preto apareceu e desapareceu com a Santa…

Remington rangeu os dentes ao pensar em Trugy e carregou no botão vermelho que se encontrava ao lado da porta, accionando o alarme da ala da Ordem.

Azmaria levantou-se imediatamente quando ouviu a sirene e abriu um pouco a porta, abrindo a boca quando viu a revolução que se passava nos corredores.

– A Santa fugiu! – gritou um dos médicos, percorrendo toda a ala – Fechem as portas do hospital!

– Rosette? – Chrno saiu da sala-de-espera e quase foi atropelado por uma enfermeira que corria freneticamente de um lado para o outro – Hei, o que é que se passa?

– A Santa desapareceu! – respondeu ela – Fiquem nos vossos lugares até a encontrarmos!

Chrno rangeu os dentes e a única pessoa em quem conseguiu pensar foi em Aion mas, quando ia dar um passo, Madalena abraçou-o por trás.

– Não podes ir até ela! – implorou ela.

Enquanto a confusão se instalava no hospital, Trugy puxava Rosette, que agora estava descalça, pelas ruas de Nova Iorque e os demónios se afastavam ao verem as chagas.

– O que é que estás a fazer, Trugy!? – perguntou Rosette, ainda com a roupa do hospital e as ligaduras ensanguentadas. Cada passo que dava era excruciante, mas deixava-se levar – Eu tenho de voltar para o hospital!

Trugy ficou em silêncio até estarem dentro da sua loja e ela ter trancado a porta. Depois virou-se para Rosette.

– Nunca mais podes voltar para a Ordem. – disse Trugy calmamente – Tens algum lugar para onde possamos ir?


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Notas finais do capítulo

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