Fuyu No Yoru. escrita por Yuee-chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Fiz ela ouvindo "River Flows in You" Yiruma.



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Abri meus olhos e vi que ainda eram quatro e meia da manhã. Olhei para o lado e vi que meu namorado dormia profundamente.

Levantei-me silenciosamente para não acordá-lo e fui até a porta da sacada. A abri e senti o vento acariciar-me, respirei fundo e sai. Estava nevando. Senti um pouco de frio e tremi, mesmo assim continuei lá.

A paisagem era linda, tinha uma vista de toda Tokyo. Morávamos no último andar de um apartamento luxuoso, por isso dava para ver tudo.

A paisagem me encantou, mesmo tão cedo Tókyo já estava iluminada, mas não tirou a agonia que pousava em meu coração. Esfreguei uma mão na outra para esquentarem um pouco, não funcionou muito.

Abracei meu corpo e deixei as lágrimas que eu tanto segurei finalmente escorrerem em meu rosto.

Sei que era para estar feliz com tudo que tinha. Um namorado, que me amava, que se importava e que era carinhoso comigo, um apartamento grande em Tokyo com uma bela vista e eu até estudava em uma faculdade próxima, mesmo assim eu tinha problemas, problemas com meu relacionamento com Isao. Eu o amo, e como amo. Mas ele é um importante chefe de uma importante empresa, se fosse visto com uma criança de apenas 19 anos iria ser mal para sua imagem - ele tinha 30 anos - , sem contar o fato que somos homens.

E não somos tão cuidadosos pois outro dia, quando fomos visitar seus pais, a moça da cozinha, uma velha senhora, nos pegou aos beijos. No fim passou um sermão em nós para sermos mais cuidadosos, mas disse que nos apoiaria e que não contaria a ninguém.

Mas... e se outra pessoa - não tão simpática e boa como a velha senhora - nos pegar?

Por causa disso estive me afastando de Isao nessas últimas semanas, ele não gostou nada e ontem mesmo me agarrou e acabei cedendo, não resisti.

Estou com medo, com muito medo.

O vento bateu em mim, tremi mas me senti bem. Sei que é meio bobo mas me senti como se estivesse voando.

As lágrimas ainda estavam caindo livremente pelo meu rosto, que já estava congelando.

Solucei, e logo tapei minha boca. Ouvi Isao se mover, olhei para trás e vi que ele só tinha se virado para ficar mais confortável.

Encostei a porta de vidro e pus-me a chorar, pensando que se fossemos separados não conseguiria mais viver. Pensando, que se fossemos descobertos, como ficaria a imagem dele e que iria ser culpa minha, culpa minha por não ter foças para sair dessa relação, culpa minha por ter esbarrado com ele e, com isso, ter derrubado café em sua camisa quando fui visitar meu pai na empresa. Se não fosse por isso nem teríamos nos conhecido.

Ainda me lembro de como foi aquele dia. Tinha 17 anos e estava em meu último ano do Ensino Médio.

“Era minha segunda semana de aula, tinha acabado de sair da escola e minha mão me ligou:

– Alô! Filho?

– Oi mãe. - Respondi sorrindo.

– Como foi seu dia na escola? - Perguntou-me.

– Foi legal...

– Ah! Que bom. Posso te pedir um favor?

– Claro mãe.

– Você poderia ir na empresa de seu pai e levar a pasta dele? Ele a deixou aqui.

– Posso sim mãe. Já passo ai.

Peguei um ônibus para minha casa, peguei a pasta e peguei outro ônibus para ir a empresa.

Cheguei lá e fui falar com uma moça que estava atrás de um balcão.

– Olá. Poderia falar com o Sr. Hidetaka?

Olhou-me feio.

– Quem deseja?

– Sou o filho dele.

Olho-me de novo. Mas dessa vez parecia estar esperando por algo.

Entreguei meus documentos.

– Está tudo certo. - Disse-me. - Quinto andar.

Peguei um dos elevadores e fui ao andar que me indicou. Avistei uma mulher, a única pessoa que não estava ocupada e fui falar com ela. Perguntei a ela se poderia dizer onde estava o Sr. Hidetaka, e quando soube que eu era seu filho me tratou muito bem. Segui-a e fui até uma sala que parecia ser a cozinha.

– Ah! Filho, ainda bem que veio trazer a pasta. Precisarei dela para uma reunião com o chefe. Muito obrigado. - Disse-me enquanto me abraçava. - Aceita um café? - Aceitei e me despedi.

Entrei no elevador e mamãe me ligou.

– Entregou meu filho?

– Entreguei sim mãe.

– Que bom! Aquele atrapalhado do seu pai... Ah! Venha logo que hoje fiz seu prato favorito.

Fiquei animado. Fazia anos que minha mãe não fazia macarronada.

Quando a porta do elevador se abriu sai dele depressa, queria chegar rápido em casa.

Mas, pensando nisso, acabei trombando em alguém e derrubei todo o café que tinha em minhas mãos.

– Ah! Meu Deus! Me desculpe, me desculpe! - Olhei para cima e vi um rosto aterrorizante me encarar.

Me curvei e pedi mais desculpas. E, em um ato desesperado, acabei arrastando-o em direção ao banheiro - era o que dizia a placa. Chegando lá peguei um paninho que carregava comigo molhei-o e comecei a passar em sua camisa, enquanto murmurava “desculpa”. Mas percebi, quando ele me parou, que aquele pano só estava piorando a camisa dele.

– Ah! Meu Deus! - Murmurei. Assim acabei o convidando para ir a minha casa, para lavar a camisa, no inicio ele recusou mas eu insisti tanto que acabei o convencendo.”

Foi assim que o conheci. Depois daquilo nós conversamos bastante e ele me pediu em namoro. Fiquei encabulado mas aceitei, pois nenhum cara jamais me fez sentir o que sentia quando estava com ele - sim, eu já sabia que era gay.

E foi apenas depois de dois meses de namoro, quando apresentei-o a meus pais - sim, eles também sabiam que eu era gay - , que descobri que ele era dono da empresa e chefe de meu pai.

Não sei o que fazer. Eu o amo e por isso não quero estragar sua imagem, mas eu quero ficar do lado dele por que o amo.

Ouvi a porta de vidro se abrir mas não me virei pois não queria que me visse chorado. Senti-o me abraçar por trás. Era quente.

– Kazuaki você está congelando. - Disse preocupado.

Acabei soluçando com isso. Ah droga como sou idiota.

– Por que está chorando? - Não agüentei e me virei, abraçando-o o mais forte que pude, encaixando meu rosto em seu peito.

– E-Eu não... q-quero estraga-gar sua imagem. - Disse em meio aos soluços. - M-Mas n-não qu-quero me se-separa de você. - Ele afagou meus cabelos e me abraçou.

– Você está mesmo preocupado com isso meu amor? - Perguntou-me carinhosamente. Fiz que sim com a cabeça ainda enterrada em seu peito.

– Então não se preocupe. - Disse-me. - E não me deixe, pois se o fizesse eu ficaria arrasado, deprimido, minha vida acabaria, não sairia mais daqui e ficaria comendo milhares de potes de sorvete. - Esse último comentário me fez sorrir, sorrir fraquinho mas sorrir. Ele limpou minhas lágrimas e me disse:

– Eu te amo, te amo mais que tudo em minha vida. - Fiquei surpreso e sorri muito, muito mesmo.

– Eu... Eu também te amo... mais do que tudo em minha vida. - Ele também sorriu.

– Agora vamos voltar para cama você está muito gelado. - Depois sussurrou: - Eu vou te esquentar. - Sorri novamente.

Dormimos colados um no outro.

Era incrível como simples palavras podem carregar grandes sentimentos devolvendo a paz e tranqüilidade de uma pessoa e deixá-la tão feliz.

“Eu te amo”.


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Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro por favor avisem.



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