Take My Heart -Em suas mãos tudo começou escrita por M Iashmine M


Capítulo 3
Capítulo 02 – Tomada de decisão


Notas iniciais do capítulo

Hi minna!Mil perdões pelo atraso.Estive viajando com a família e não tive contato com o pc nesse período, portanto só terminei de escrever este capítulo agora que voltei.Espero que gostem!



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Tomada de decisão: “Encontre um meio”

Ela não vai embora, pensou Henry. Ela não vai mudar de ideia.

Sim, ele reconhecera que a menina havia se decidido – seja lá qual fosse a razão para essa decisão – e não obedeceria qualquer ordem que a forçasse a fazer o contrário.

Henry relaxou a tensão em seu corpo e baixou a cabeça, deixando a franja loura prateada cobrir-lhe os olhos, apesar de seu cabelo não ser muito comprido.

Um instante silencioso. Um silêncio quase palpável fluía de Henry e a menina percebeu que, por sob a franja, os olhos do rapaz estavam vitrificados, como se tivessem presenciado a coisa mais chocante de sua vida até agora e qualquer reação fosse impossível expressar. Os bracinhos da pequena suavizaram-se um pouco com a calmaria e novamente colocou a lateral do rosto junto ao corpo do rapaz e seu abraço foi terno, cheio de compreensão. Henry estremeceu e cerrou os dentes, sentindo-se abalar por uma tempestade de sensações que nunca experimentara antes. Sua mente divagava - Seriam assim também os sentimentos dela por mim se ela não tivesse morrido?

– Qual é o nome dela? – Perguntou firmemente, mas sem levantar os olhos.

O delegado, que ainda mantinha sua atenção presa aos movimentos da menina, surpreendeu-se com a pergunta.

– Er... – procurou orientar-se um pouco e olhou novamente a ficha que lera momentos antes. – É Duran... Catherine Elizabeth Duran – respondeu, depois baixou a ficha e fitou di Castle, confuso. - Por quê?

– O que será feito dela? – Continuou o rapaz, ignorando as dúvidas do homem.

Antes de uma resposta, a menina abriu os olhos e sua feição de ternura deu lugar a uma expressão impassível... Estava atenta à nova e curiosa conversa que se seguia.

– Bem, acredito que, na atual situação, um orfanato seja a opção mais hipotética - Henry trincou os dentes ao ouvir aquela palavra, mas suspirou discretamente enquanto o delegado finalizava a sentença. – De fato, o mais provável é que ela seja adotada... Sim, não demoraria a aparecer algum casal, ou vários, interessados na “adoção” – o delegado demonstrou sua incredulidade no fato de algo legítimo ser firmado àquele respeito.

Neste mesmo instante Henry sentiu uma leve pressão às suas costas, pois as mãos frágeis que o abraçavam ternamente agora agarravam sua camisa debaixo do sobretudo bege que vestia. Ela não quer isso... Está com medo.

– É provável que o interesse destas pessoas venha a ser apenas a fortuna... Você também acredita nisso, não é? – di Castle ligava os pontos do raciocínio do delegado com suas próprias conjecturas e opinião.

– Exato. E, futuramente – o delegado tentou baixar ao máximo a voz, mas depois percebeu que seria inútil –, pode se tornar uma condição perigosa para ela, se você compreende.

– Sim – respondeu apenas.

Medindo o exato momento e calculando as probabilidades, di Castle começou a refletir. Ele responderia às suas próprias dúvidas e encontraria um desfecho mais adequado para este caso.

Após inúmeras possibilidades e considerações silenciosas, ele soube que o plano que havia elaborado seria em longo prazo, podendo gerar muitas consequências imprevisíveis, e que provavelmente o delegado ficaria surpreso, desaprovando a ideia. Ergueu uma das mãos que pendiam rentes ao corpo e pousou-a sobre a cabeça da criança.

– Não mais.

Suas palavras foram apenas estas, mas vinham preenchidas de um significado que poderia mudar completamente o rumo dos acontecimentos daquele dia. Um futuro e uma esperança de vida... falsos? Não mais.

Seis dias depois...

Quase uma semana havia se passado e Henry ainda enfrentava uma burocracia “chata e problemática” – como acabou chamando o processo.

Haviam se hospedado em uma hotelaria modesta, porém confortável – considerando todos os dias que se passaram desde aquele sinistro evento e as roupas novas que comprou para a pequena, o dinheiro da recompensa pela resolução do caso não duraria muito mais tempo naquele ritmo.

O que estou fazendo? Em vários momentos se pegou pensando em coisas assim. Isso não faz sentido... Eu não sou assim... Mas não importavam as circunstâncias e as consequências, Henry Dante di Castle não voltava atrás com uma decisão, e aquela fora tomada com uma convicção que chegou a pensar não ser a sua.

A garota não lhe dava o menor trabalho que fosse e gostava da sua companhia, obedecendo fielmente a cada ordem que lhe era dada – Isso chega a ser quase bizarro, impressionou-se o rapaz a dada altura. Mas a condição que o delegado lhe impusera - pelo menos pelo tempo em que ficassem em Copenhague – fora de que ele tivesse acesso à menina e que lhe fosse informado sobre cada “passo” dos dois nesse período, o que não era grande coisa: a menina ficava sempre no quarto da hotelaria e di Castle ia e vinha do local com papéis e mais papéis para resolver, salvo algumas saídas variadas que ambos davam para comer ou comprar algo necessário.

Tudo estava indo bem, mas o delegado ainda se incomodava com uma determinada coisa: a indiferença de di Castle; mesmo que a menina não exigisse coisa alguma, ainda assim o rapaz deveria dar-lhe mais atenção e verificar suas necessidades pessoais...

– Mas eu já faço isso! – Respondeu Henry às incisivas do homem dias antes.

– Não falo a respeito de cama, roupa e comida, rapaz...

– Veja bem, eu disse a ela que me pedisse caso necessitasse de algo, e ela apenas disse “Sim, senhor”. O que mais quer que eu faça, force-a a pedir algo? – Henry já começara a se irritar com aquela “perseguição”. Já não basta que eu tome essa situação para mim sendo que não é nem minha obrigação permanecer mais um segundo sequer aqui?, pensava ele nessas horas de pressão.

– Não foi o que quis dizer! – O delegado compreendeu que o outro já se sentia pressionado demais e que poderia desistir a qualquer momento, então decidiu continuar a conversa num ritmo mais tranquilo. – O que quero dizer é... Bem, ela não disse nada a respeito do incêndio ou de qualquer outra coisa do gênero, talvez algo que lhe pertencesse e quisesse procurar por lá?

Henry compreendeu, mas não tinha muito a dizer.

– Ela, às vezes – suspirou –, chama pela mãe enquanto dorme e começa a se remexer muito na cama, choramingando baixo... Chega a ser um pouco irritante.

– Hei!

– Mas já percebi que, quando pode abraçar algo, consegue ficar calma e dormir. Por isso, quando se esquece dele ou quando ele cai no chão, eu o coloco por perto...

– Coloca o quê por perto?

– O bicho peludo daquele dia...

– O coelho de pelúcia, você diz? Mas estava banhado em sangue!

– Não diga isso a mim, foi ela quem não se livrou daquilo. Mas, logo que chegamos, a dona da hotelaria viu e se ofereceu para limpar o trapinho.

– Oh! Entendo, ela também não largou em nenhum momento na delegacia, apenas quando...

O delegado se calou. Henry mantinha seu olhar ao longe, vago. Nenhum deles precisava finalizar aquela frase, pois ambos sabiam o significado dela... Ambos sabiam o significado de quando a garota largara sua querida pelúcia e tomara a atitude que os levara até ali.

Ficaram em silêncio por mais alguns minutos, apenas observando o movimento das pessoas passando pela varanda da hotelaria, sendo o único som o do tráfego de algumas conduções na rua.

– Quando pretendem partir?

...

Naquela tarde

...

– Partiremos ao anoitecer – disse Henry à sua nova protegida ao adentrar no quarto que haviam alugado. – Já acertei a conta e informei a proprietária, logo a última diária estará fechada; trate de arrumar suas coisas para não me atrasar.

Na verdade, Henry sabia que não haveria atraso, pois observara o comportamento da garota durante todos os dias desde que assumira o compromisso da adoção: obediente, silenciosa, tranquila e esperta. Ele havia comprado-lhe um livro para distraí-la – para não atrapalhá-lo – e ela se ocupara de lê-lo; entretanto, o livro não era exatamente uma literatura infanto-juvenil... Era um romance policial (“muito adequado” para uma jovem de dez anos que recém passara por um trauma assombroso), um dos favoritos de Henry: um volume da série Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle. O mais impressionante para o rapaz foi o interesse que a menina demonstrou pela leitura e a atenção que dedicou a ela. Logo teve de comprar-lhe outro da série, pois a menina gastava todo seu tempo lendo (de fato, não havia mais nada para se fazer durante tantas horas livres). Este segundo ela agora lia sentada na poltrona perto da janela, mas interrompeu a leitura logo que a ordem lhe foi dada.

Fechou o livro (dessa vez, um volume maior) e saltou do assento, encaminhando-se à mesinha de cabeceira ao lado da cama onde guardara o primeiro livro (com exceção às roupas novas que lhe foram compradas devido à horrível condição das suas antigas, esses livros foram “presentes” dados a ela pelo senhor di Castle, então dedicava muito cuidado ao guardá-los); juntando ambos, colocou-os dentro de uma das bolsas de tecido que Henry lhe emprestara. Ele observava cada movimento silenciosamente e quase admirado – não era acostumado a ter um “bichinho doméstico” tão obediente (às vezes, precisava tomar cuidado para não cometer o deslize de chamá-la assim). Tendo ajeitado rapidamente sua coisas e deixando-as sobre a cama, a pequena parou por um momento e se virou para seu tutor, aguardando algo – novas ordens, talvez?

– O que foi? – Questionou Henry, ao perceber o olhar fixo da garota.

Ela não respondeu nada, mas ele sabia que ela esperava por algo.

– Eu não quis dizer para você arrumar tudo agora – continuou, tirando seu trench coat bege e largando-o na outra poltrona. – Ainda temos umas três horas pela frente. Arranje algo para fazer ou durma, contanto que não faça barulho – disse, enquanto jogava-se na cama; – preciso descansar.

Ele não precisava dizer mais nada, pois ela compreendera imediatamente – afinal, o senhor di Castle passara tanto trabalho para tratar de todos aqueles documentos que a ajudariam a ficar com ele... Sim, ele se esforçara para tomar conta de alguém que recém conhecera e com quem não tinha nenhum vínculo senão aquele gerado por consequências da resolução de um de seus casos.

Ela não queria dar-lhe trabalho, pois sem ele provavelmente estaria sozinha agora... Não queria sem abandonada, não por ele.

Percebeu também naqueles dias que o rapaz andava com olheiras – será que não estava dormindo bem? Seria todo aquele processo de adoção? Seriam pesadelos, ou falta de sono? Não, não queria incomodá-lo, então saiu e foi até a senhora dona da hotelaria, passar o tempo restante com ela.

Ler não fora sua única atividade naqueles últimos dias. Logo ao alugar um quarto, o senhor di Castle não pode se ocupar dela, então a deixou com a senhora proprietária, que se ofereceu para limpar seu felpudo cinzento Ash, presente que ganhara de seu pai um ano antes. A senhora era uma mulher gentil e ficara sabendo de parte daquele dia horrível – com exceção à sua identidade.

– Então, pequenina... Como você se chama?

– C-catherine... – respondera hesitante.

– Então, senhorita Catherine, gostaria de fazer algo enquanto que esperamos sua pelúcia secar?

Ela não respondeu. Não sabia o que deveria responder nem o que deveria fazer. E se o senhor Henry ficasse bravo com ela? N-não...

– Está tudo bem, tenho filhos um pouco mais velhos que você, então tem alguns jogos guardados por aqui – respondeu a senhora gentilmente; seu sorriso era agradável, como raios de sol depois de um dia frio. – Deixe-me ver, só preciso procurar um pouquinho...

Ela ficou observando, sentada em uma cadeira, a senhora começar a mexer em alguns pequenos armários, murmurando sobre precisar de algo bom e adequado.

– Eu já percebi que o rapaz que cuida de você está sempre ocupado, então acho que não poderá lhe dar muita atenção... Aqui está! – Disse repentinamente mais empolgada, enquanto puxava uma caixa grande de madeira e um tabuleiro marcado por quadrados. – Gosta de xadrez, Catherine?

– E-eu não sei jogar...

– Não sabe? Oras, não seja por isso! Gostaria de aprender? É muito bom para a mente, melhora o raciocínio e é um jogo bem agradável em várias ocasiões. Uma jovem senhorita como você com certeza deve aprender – disse completamente animada com as próprias palavras.

Catherine ficara em silêncio por um momento.

– Papai disse que iria me ensinar no meu próximo aniversário... – Respondeu vagamente, como se estivesse apenas pensando alto.

– Oh, minha querida. Eu sinto sobre isso, eu não queria ter tocado num assunto delicado para você.

– Tudo bem – respondeu de volta. – Papai está bem, mas eu quase nunca o vejo, então...

– Então... A senhorita gostaria de outra coisa? Um chá, algum biscoito? Ouvir uma música? Podemos deixar o xadrez de lado, se a senhorita quiser...

– Eu... Eu gostaria... – Catherine suspirou por um instante e – Eu gostaria que a senhora me ensinasse xadrez, por favor.

– Ora, ora, meu bem! – A senhora sorriu. – Eu ficarei muito feliz! Vou até mesmo trazer algo para um lanchinho, o que acha? – Disse já indo para a cozinha.

Em resposta, a jovem sorriu, sentindo-se mais leve.

– Aliás, meu nome é Eleonora, mas pode me chamar de Dona Lori, ou só Lori, se quiser.

– Sim. A senhora pode me chamar de Cathie também.

Os dias seguintes foram muito agradáveis para Catherine e Dona Lori, com saborosos lanches e instrutivas partidas de xadrez.

Passaria aquelas últimas três horas na companhia de Dona Lori e seu tabuleiro de xadrez, conversando animadamente, enquanto o senhor di Castle descansava em paz no quarto.


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Notas finais do capítulo

Imagino que venham a me cobrar o próximo capítulo em breve, por isso já vou adiantando:Como já disse a uma das minhas leitoras, este semestre na Universidade será de matar e meu tempo estará estrangulado.Peço desde já a compreensão pelos meus atrasos.Mas vejam isso como um atraso para aumentar a vontade de ler ^^ (hehehe tenho que tentar ver o lado positivo XD).Muito obrigada a todos vocês!Estou realmente muito feliz como jamais estive ao escrever uma história.Espero de coração que continuem acompanhando.Amo vocês!MVampira-san



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