Take My Heart -Em suas mãos tudo começou escrita por M Iashmine M


Capítulo 13
Capítulo 12 – Intrincada revelação - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Chegou o capítulo deste mês. Espero que gostem de ler tanto quanto eu gostei de escrever *w*
Boa leitura! ;P



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Intrincada revelação: “A verdadeira forma das coisas” - Parte 2

Está tudo bem para você? Depois de romper o selo, não haverá volta.”

As palavras de Linus ecoavam pela mente de Cathie como um abismo repercutia uma voz perdida ao vento. Isso a incomodava, mas já tinha aceitado que não poderia ser evitado. Não podia adiar mais. Queria que sua vida fizesse mais sentido. Tinha milhares de perguntas sem respostas e talvez estivesse no caminho certo para obtê-las.

Estava sentada agora em um sofá de frente para a porta de entrada, no meio da sala, próximo à janela central. Linus estava sentado ao seu lado e segurava sua mão em forma de concha, onde no centro repousava o anel de prata.

Agora todas as janelas estavam cobertas por suas cortinas e a porta havia sido trancada. Aquilo não poderia ser interrompido por nada nem ninguém.

Se houver interferência externa durante o processo, qualquer coisa pode sair errada. Mesmo eu não poderei interceder por você até que tudo esteja acabado. O que estava ao meu alcance, o que eu poderia fazer para ajudá-la, já fiz. Agora dependerá das suas próprias forças para aguentar o que está por vir.

Catherine lembrou das palavras ditas por Linus minutos antes e tremia. Era assustador e estava completamente sem perspectivas do que estava por vir. Mesmo sem conseguir controlar sua ansiedade e seus tremores, estava decidida.

— Tudo bem. Podemos começar – sua voz também tremia, mas era inevitável.

— Certo. Para isso funcionar, precisamos do sangue dos envolvidos no selo. Isso inclui seu pai, sua mãe e nós dois aqui. Infelizmente, com o falecimento de sua mãe, não sei se teremos êxito, pois o correto seria utilizar o sangue de todos os envolvidos.

— Todos que criaram o lacre precisariam desfazê-lo – disse Catherine, tentando demonstrar que compreendera bem o ritual, apesar de soar óbvia.

— Precisamente, mas teremos que nos contentar com apenas nós dois.

Linus tirou uma pequena adaga do terno cinza e a desembainhou.

— Farei um pequeno corte no centro da sua mão, depois colocarei o anel sobre ele e cortarei a minha também. Deixe empoçar um pouco do seu sangue na palma. Farei o meu pingar sobre o anel que já estará molhado pelo seu.

— O que acontece em seguida?

— Como o selo foi lacrado pelo anel, supondo que o anel se desfaça.

— Se desfaça? O anel vai desaparecer de alguma forma?

— Sim, mas não sei como será. Pode ser que fique apenas a prata, enquanto o selo é destruído.

— Tudo bem. Não quero mais esperar – disse resoluta. – Vamos acabar logo com isso.

Linus acenou com a cabeça e procedeu como havia dito que faria. Quando a palma de Catherine foi cortada, ela fechou os olhos esperando pela dor, mas não sentiu nada. Quando olhou para o sangue que saía do corte, voltou-se para Linus confusa.

— Como...

— O anestésico já dominou todo seu corpo. A princípio não deve sentir quase nada agora.

A menina percebeu então que alguns de seus sentidos estavam dormentes, como tato, paladar e olfato. Visão e audição permaneciam, mas os pensamentos da jovem começaram a nublar. Seus movimentos se tornaram lentos e já não tremia mais. Sentiu em algum momento a mão de Linus segurando seu braço ao perceber tardiamente que seu corpo queria tombar para fora do sofá.

— Cuidado, tente manter um centro de equilíbrio – alertou o homem.

— Não sei... se consigo – respondeu a pequena com dificuldade. Seus lábios começavam a ficar dormentes também.

— Sem problemas. Vou segurá-la se for preciso.

Dito isso, Linus cortou a própria palma e deixou o sangue acumular um pouco. Em seguida virou a palma, deixando o líquido rubro verter sobre o anel. Ambos olharam com ansiedade, esperando o que viria a seguir.

As rachaduras que Linus disse haver no anel brilharam com uma luz branca e se tornaram maiores e mais fortes, até todas se juntarem e preencherem a superfície metálica. Em seguida a luz se tornou vermelha e o anel se derreteu em um líquido vermelho incandescente, misturando-se ao sangue empoçado na palma de Cathie. Ela não sentiu nada até o instante em que a mistura viscosa penetrou sua mão e o corte começou a se fechar.

Agora era o momento em que nada podia ser esperado. Linus e Catherine observaram o último resquício do corte desaparecer, então se entreolharam em expectativa.

Foi então que tudo começou.

Catherine sentiu um estouro interno, como se algo eclodisse dentro do seu pequeno corpo. Uma onda de choque balançou-a, seguida por muitas outras. A menina sentiu seu sangue ferver como se lava percorresse suas veias. Nada disso era perceptível a Linus, que observava apenas o terror nos olhos de Cathie, que agora eram a única coisa que ela podia mover. Seu corpo enrijeceu por completo e um turbilhão de cores mesclavam suas íris.

— Catherine? Pode me ouvir?

Mas ela não podia. Ela apenas piscou em resposta e tudo desapareceu. Seu corpo começou a cair rapidamente na direção do chão, dando tempo apenas para Linus amortecer sua queda com os braços.

— Catherine!

Naquele momento, tudo começou a se partir dentro de seu corpo: ossos, músculos e órgãos. Apenas ela ouvia a horrenda cacofonia interna. Com efeitos mais avassaladores do que o anestésico de Linus poderia conter, Catherine foi arrancada do estado de entorpecimento. Lágrimas se formaram em seus olhos, seus lábios se retorceram de dor e tudo se externalizou em um berro cortante.

Catherine começou a se retorcer no chão enquanto apertava os olhos e gritava. Tentou em vão abraçar seu próprio corpo para interromper a sensação de autodestruição, enquanto rolava de um lado para o outro sobre o tapete da sala. Terrificado, Linus começou a cercar a menina de almofadas para evitar que ela se machucasse.

Os berros se intensificaram de tal forma que os vidros das janelas começaram a vibrar. Logo todos no prédio saberiam que algo grave estava acontecendo. Linus tentou se antecipar. Correu para a porta, destrancou-a e viu que alguns homens fardados – guardas do prédio – começaram a subir as escadarias e vir na direção de sua sala.

— Senhor Linus, o que está acontecendo? Que barulho horrendo é esse? Parece um demônio! – exclamou o que parecia ser o chefe do grupo.

— E não duvido que possa ser – respondeu Linus por entre a porta. – Escutem! Não permitam que ninguém entre aqui até todo barulho cessar! Ninguém! Não importa de quem seja, protejam esta porta! Isso é uma ordem! – gritou para o grupo à sua frente.

— Sim, Senhor! – o grupo respondeu em coro.

Vendo que suas ordens foram acatadas, Linus voltou novamente para dentro da sala e trancou todas as três fechaduras da porta dupla. Droga, pensou ele olhando para a porta e depois para Catherine. Henry vai enlouquecer e vai com certeza tentar me matar por isso. Não preciso de clarividência para saber que ele chegará correndo aqui em alguns minutos para derrubar esta porta. Felizmente, estes homens também não são meros guardiões, concluiu ao olhar de volta para a porta. Talvez não consigam segurá-lo por muito tempo, mas vão atrasá-lo o suficiente até que tudo se acalme por aqui.

Por fim, nada podia fazer além de se aproximar da menina e observar enquanto ela gritava e se debatia desesperadamente.

Linus estava certo. O grito ecoou até o salão principal, onde o grupo de Henry aguardava. Os primeiros a ouvir foram Jullian e o próprio Henry.

— Mas o que é isso? – questionou Jullian assombrado. – Parece que há um demônio no prédio. Meu sangue chegou a gelar – comentou, olhando para Darell, que começava a ouvir lentamente.

— Que som é esse? Parece alguém gritando – comentou o rapaz indiano.

Quando perceberam o que poderia significar, olharam imediatamente para Henry que fitava o enorme candelabro do salão vibrar. Seu rosto parecia colérico e piorava a cada segundo.

— Essa não! – sussurrou Jullian baixando a cabeça.

As mãos de Henry fechadas em punho ao lado do corpo começaram a tremer intensamente; seu rosto ficou enervado e seus dentes começaram estalar enquanto cresciam uns contra os outros; seu cabelo louro perfeitamente liso eriçou-se selvagemente; seus olhos, antes azuis, agora quase pingavam com o tom vermelho sanguinolento enquanto ele olhava furiosamente para o teto, como se visse através dos andares superiores.

Antes que qualquer um naquele salão pudesse mover um músculo, Henry disparou escadaria acima como uma fera enlouquecida.

— Essa não! – disse agora Darell, correndo na mesma direção em que o amigo sumira. Rapidamente Jullian se juntou a ele e ambos começaram a subir em um ritmo desesperado, mesmo sabendo que não alcançariam Henry tão rápido.

Para impedir que outros fossem atrás, atraídos pela comoção ou pelo barulho, Jullian parou no topo da primeira escadaria e moveu as mãos no ar como se regesse uma orquestra invisível. Seus lábios moveram-se com palavras quase inaudíveis e uma fina camada de ar denso se assentou no salão. Tudo parecia calmo e era como se nada tivesse acontecido. Nem mesmo as vibrações do candelabro eram mais percebidas. Todos permaneceram fazendo o que estavam ali para fazer.

— O que você fez? – perguntou Darell quando Jullian o alcançou dois lances de escada acima.

— Não precisamos de mais plateia ou curiosos para interferir nisso. Precisamos ser discretos ou Henry terá muitos problemas. Precisamos pará-lo antes que algo grave aconteça.

Darell assentiu e completou:

— Não sei se chegaremos a tempo com a fúria dele despertada.

— Então é bom que nos apressemos.

Linus não sabia se se contorcia junto com Catherine ou se tentava algo para amenizar aquilo. A esta altura o corpo da menina estava maior e continuava a se dilatar. Estava ajoelhado perto dela observando o doloroso processo quando ouviu uma comoção no corredor.

— LINUS! – ouviu uma voz berrar do lado de fora.

Henry já havia chegado. Precisamos de mais tempo. Ainda não dá para interromper. Ele chegou rápido demais, pensou Linus olhando para a porta. Deve ter despertado quando ouviu os gritos. ­

— Você precisa aguentar, minha querida – disse o homem carinhosamente aproximando-se com cautela da jovem.

Catherine continuava a crescer: braços, pernas, tronco, cabelos, busto. Até mesmo suas unhas estavam compridas o suficiente para machucar alguém com seriedade. As costuras de seu vestido haviam estourado em vários pontos e suas meias estavam completamente rasgadas. As sapatilhas Linus havia tirado logo que percebeu a mudança de crescimento. Os pontos do tapete onde as unhas de Catherine arranhavam desfiaram ao ponto de abrir buracos.

— LINUS! – Henry berrou novamente do lado de fora da sala. – O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?

Neste momento Catherine começou a se debater com menos violência e seus gritos abrandaram. Linus suspirou de alívio ao perceber que tudo estava quase acabado e se aproximou da jovem, que agora já não tinha mais um corpo pequeno de uma criança de aproximadamente nove anos, mas aparentava ter quase quatorze anos e seu cabelo estava mais comprido do que qualquer outro que Linus já havia visto.

Um tumulto começou do lado de fora do corredor. Henry começara a lutar com os homens que guardavam a porta para abrir caminho até a sala.

— Vamos, menina – incentivou Linus, segurando a parte superior do corpo de Cathie em seu colo enquanto ela ainda agitava a cabeça em várias direções. – Está quase lá. Aguente só mais um pouco.

Catherine urrava de dor vez ou outra quando não conseguia fechar os lábios. Uma torrente de lágrimas caía de seus olhos quando as convulsões enfraqueceram. Catherine começou a retomar o domínio do corpo, arfando agora que seus pulmões estavam novamente sob seu controle. Em questão de poucos minutos conseguiu abrir os olhos, onde as cores ainda se agitavam indecisas. Agora repousava completamente seu corpo sobre o chão, com a cabeça apoiada por Linus. Tentou abrir a boca para pronunciar algumas palavras, mas nada saiu. Linus ouviu pequenos estalos vindos da garganta dela e tentou acalma-la.

— Não tenha pressa. Está quase tudo acabado. Não se esforce – disse, acariciando a testa da jovem.

Uma luta se seguia do lado de fora da porta. Henry estava com muitas dificuldades para passar pelos guardas, afinal estes também não eram simples sujeitos. Assim como Henry tinha suas habilidades especiais, estes homens haviam sido treinados dura e friamente para enfrentar tanto civis quanto seres de força sobrenatural.

Está quase acabado, pensou Linus, observando as íris de Catherine brincarem entre tons de prata e violeta. Foi quando ela começou a soluçar e sua voz se desprendeu.

— T-Tio, tio... – gemeu com dificuldade entre lágrimas, como se aquilo lhe rasgasse a garganta.

— Ssshhh. Fique calma e não diga nada. Já acabou. Vai ficar tudo bem agora.

— LINUS! – Henry berrou novamente.

Catherine se assustou e seu corpo deu um solavanco, mas o homem segurou-a nos braços e a carregou até o sofá.

— Calma. Vai ficar tudo bem. Apenas descanse. Você é uma menina muito forte.

Quando foi deitada no móvel com uma almofada sob a cabeça, Linus acomodou o cabelo de modo que não se enroscasse nela e cobriu o corpo com seu paletó, afinal seu vestido agora era um amontoado de tecido estraçalhado.

Certo, isso acabou. Agora preciso resolver este outro problema.

Ajeitando a gravata, Linus caminhou até a porta e a destrancou.

— Que barulheira toda é essa, Henry? – perguntou com seriedade ao sair pela porta.

— Maldito! Onde ela está? – gritou o rapaz, sendo segurado por todos os lados pelo grupo. Alguns dos guardas estavam desacordados no chão e muito feridos.

— Não grite. Ela está dormindo. Você a assustou agora há pouco – respondeu da forma mais tranquila que pode.

— O que fez com ela? – rosnou furioso.

— É complicado...

— COMPLICADO O INFERNO! O QUE FEZ COM ELA? – gritou novamente.

Em questão de um segundo, Linus transpassou a massa de homens que ocupava o corredor, apareceu ao lado de Henry e deu-lhe um soco na boca do estômago com tanta força que o rapaz se curvou para frente de dor.

— Eu disse para não gritar – disse Linus ao ouvido de Henry enquanto ele ia caindo.

Quando desabou de joelhos no chão, começou a tossir e se dobrou sobre o próprio corpo.

— Maldito, velhote! – rosnou Henry com o fôlego falhando. – Essa maldita força descomunal!

— Eu mandei você não gritar – respondeu apenas, abaixando-se ao lado do rapaz.

A esta altura, Darell e Jullian já haviam chegado ao mesmo andar e observavam tudo de longe, achando melhor não interromper agora que Linus e Henry estavam se enfrentando, pois sabiam que nada poderia ser feito.

— Você é um monstro! – acusou Henry.

— Já se olhou no espelho? – perguntou Linus sem emoção na voz.

A pergunta fez Henry erguer a cabeça para olhar o rosto de seu superior.

— Você deveria se acalmar antes de tentar reencontrar a garota – disse Linus em voz baixa. – Se ela ver você com essa aparência, vai ter medo de você e talvez nunca mais queira vê-lo. Talvez ela fuja. O que fará, Henry?

A cada palavra, Henry tremia e ia se encolhendo. Seus tremores violentos de raiva abrandaram, o cabelo tornou a cair e seus dentes foram regressando ao normal enquanto o rapaz voltava a sua verdadeira forma.

— Bom. Muito bom, Henry. Se não aprender a se controlar, vai perder o respeito e a confiança que essa menina tem por você.

— O que fez com ela? – perguntou de cabeça baixa.

— Não a machuquei, se é o que está pensando.

— Mentiroso!

Linus ergueu o rosto do rapaz com um dedo e olhou fixamente dentro dos olhos que ainda ardiam em tom escarlate.

— Eu não fiz nenhum mal a ela. Vai precisar acreditar em mim.

— Não pode me pedir isso quando o prédio inteiro foi abalado por aqueles gritos, Linus – disse Henry, com ameaça na voz.

— Não fiz nenhum mal a ela. O que aconteceu será explicado mais tarde. Ela está bem agora.

— Agora?! Onde ela está? Quero vê-la! – Disse Henry, a voz distorcida pela frustração.

— Mais tarde. Ela está dormindo, já disse. Não estou tentando enganá-lo. Quero o bem de ambos, nem que para isso alguém precise ser forçado a ceder.

Henry abaixou a cabeça até ela tocar o chão à sua frente.

— Ela está bem. Poderá vê-la quando acordar, o que será ainda hoje. Precisarei me reunir com vocês dois mais tarde, para que tudo seja explicado e todas as perguntas respondidas. Traga Darell junto com você, ou ele não entenderá o que aconteceu aqui.

Como se sua raiva fosse uma cota de energia com controle limitado à uma explosão extrema e repentina, Henry começou a chorar em silêncio e seus olhos voltaram ao normal. Linus voltou a ficar de pé e viu os dois homens que observavam tudo silenciosamente.

— Podem busca-lo – chamou Linus. – Ele precisará de ajuda para se recuperar desse ataque. Gastou muita energia. Façam-no descansar.

Darell e Jullian se adiantaram até onde o grupo estava e cada um sustentou Henry de um lado.

— Senhor Linus?

— Diga, meu caro Darell.

— A menina... – começou o rapaz em tom frio. ­­­— O que houve com ela?

— Como já disse ao nosso esquentado amigo aqui, ela está bem. Está dormindo. Passou por um momento difícil, mas está se recuperando. Precisam deixa-la descansar – Linus mantinha o tom de voz apático para tentar não demonstrar nada além do que eles deveriam saber. – Ela estará aos meus cuidados até acordar.

— Sim, senhor.

Linus mandou os guardas levarem seus colegas que estavam incapacitados no chão para serem tratados na enfermaria do prédio, alguns andares abaixo. Quando o grupo se dispersou completamente do corredor, ficando apenas os dois guardas que eram do andar, retornou à sua sala. Trancando a porta, suspirou pesadamente e olhou para a jovem inconsciente no sofá perto da janela. Caminhado até ela e sentando ao seu lado, Linus observou os traços de esgotamento e sofrimento de Catherine. Se Henry a visse daquele jeito, tentaria mata-lo novamente. Felizmente o rapaz não era páreo para enfrentar Linus, independentemente de sua força e fúria. Preciso providenciar algo para ela vestir.

Voltando até a porta, solicitou a um dos guardas que chamasse sua assistente pessoal, Kassandra. Em questão de alguns minutos, alguém bateu à porta. Uma mulher alta e esguia, de cabelos negros longos e lisos e olhos castanho-avermelhados se anunciou e entrou.

— Mandou me chamar, Linus? – perguntou com voz suave e imparcial.

— Mandei, sim. Preciso da sua ajuda.

Como Linus ainda estava sentado ao lado de Catherine e não fez menção de se mover, Kassandra tomou a liberdade de entrar e ir até onde seu mestre estava. Observando gradativamente com a aproximação, Kassandra analisou a jovem deitada ali.

— O que houve com ela? – perguntou no mesmo tom de voz imparcial.

— Estava sob um selamento muito forte desde muito pequena. Contudo, havia efeitos colaterais porque o selo estava se rompendo gradativamente.

— Precisou desfazê-lo?

— Sim.

— Como conseguiu? Geralmente selos só podem ser desfeitos por quem os colocou.

— Muito perspicaz, minha cara Kassandra. Mas isso não vem ao caso. Posso lhe dizer que ela é uma espécie de protegida minha, então pude interferir neste caso.

— Ela parece esgotada e com dor. Parece que teve algo destruído dentro dela.

— Sim. Seu olho está certo. Provavelmente ela foi inteiramente destruída por dentro. Literalmente.

— Como assim?

— Acho que o corpo dela foi totalmente reconstruído, pois era um corpo infantil e agora...

— Está em plena puberdade.

— Sim. Isso vai ser um abalo em todos os aspectos da vida dela.

— Precisa de mim para cuidar dela enquanto estiver aqui?

— Como esperado da minha assistente. Sabe das coisas que preciso antes mesmo de eu dizer – respondeu Linus, satisfeito com a percepção da mulher.

— Se eu não estivesse nesse nível, não poderia ser considerada sua assistente. É óbvio que devo elevar minhas habilidades e dons para melhor servi-lo. Retornarei em breve trazendo uma roupa adequada a ela. Alguma preferência?

— Algo lilás, que transpareça uma idade compatível com a atual aparência dela. – sugeriu Linus. – Os olhos ainda não se fixaram – finalizou sussurrando esta última parte.

— Senhor?

— Não, não é nada. Pode ir.

Kassandra acenou com a cabeça e se retirou. Retornou depois de meia hora trazendo uma caixa com um lindo vestido lilás com detalhes violetas e um par de botas brancas muito elegantes. Linus aprovou a escolha e deixou-a com Catherine para que ela pudesse vesti-la.

No fim da tarde daquele mesmo dia, Linus aguardava em sua sala quando Catherine despertou. Kassandra havia trançado seu cabelo para arruma-lo mais tarde, mas a pesada massa foi demais para Cathie se levantar.

— Deixe-me ajuda-la.

Catherine sentou-se oscilando e desorientada. Com os olhos semiabertos olhou para Linus sem expressar nada.

— Sabe quem eu sou? – testou o homem.

— Tio... Tio Lionel – respondeu a jovem, com a voz embargada. – Senhor Linus.

— Perfeitamente. Lembra-se do que aconteceu?

Catherine olhou para a frente sem realmente fitar algo e deixou seus pensamentos divagarem. De repente seu rosto se fechou em uma expressão triste e começou a soluçar.

— Nunca mais quero passar por isso! – disse cobrindo o rosto com as mãos.

— Compreendo, mas você foi muito forte... Aguentou tudo até o fim – elogiou Linus, tentando encorajá-la a falar.

— Não! Foi horrível! Eu estava morrendo e sendo refeita – respondeu entre lágrimas. – Meus ossos foram quebrados e meus órgãos foram rasgados! Não quero me lembrar!

— Tudo bem, não precisa lembrar – disse Linus, sentando-se ao seu lado e abraçando-a. – Esqueça que perguntei isso, está bem?!

Catherine apenas acenou com a cabeça.

— Tem alguém que deseja vê-la – informou Linus, afastando-se um pouco para olhar a jovem. – Posso mandar chama-lo?

Em resposta ela acenou novamente. Quando o homem se levantou para falar com o guarda no corredor, Cathie olhou para si mesma e levou um susto. Inspecionou lentamente seu novo corpo: tinha busto e curvas que não existiam antes; agora era indolor, saudável, perfeito... Sentia-se uma pessoa recém nascida descobrindo o mundo. Quando começou a mexer nos cabelos, Linus retornou e entregou-lhe um lenço e um copo de água.

— Não é bom uma jovem dama ser vista chorando quando está tão bonita. Pegue. Tente se recompor e mostre a eles o resultado de sua decisão. Não esqueça que sua vida a partir de agora será cheia de novas descobertas, então não se assuste. Está pronta?

Catherine não teve tempo de responder. Enquanto pensava na resposta, batidas foram ouvidas à porta. Linus se levantou e ficou na frente da jovem.

— Meu senhor, seus convidados chegaram – anunciou Kassandra entrando na frente.

— Muito obrigado. Deixe-os entrar.

Henry havia se recomposto e entrou calmamente. Darell veio logo atrás. A cortina atrás do sofá de Catherine estava fechada, então uma enorme sombra cobria ela e Linus. Ambos rapazes olharam rapidamente a sala e fixaram seus olhares no homem logo à frente escondido no breu.

— Onde ela está? – perguntou Henry, com uma pitada de ameaça na voz.

Linus se virou para trás, e estendeu a mão para Catherine.

— Venha – convidou.

Hesitante, a jovem pegou naquela mão e se ergueu. Linus acenou com a cabeça e Kassandra foi até janelas para abrir as cortinas. A luz do pôr do Sol inundou a sala deixando os convidados cegos por um breve instante. Quando seus olhos se acostumaram à claridade repentina, fitaram os contornos da jovem ao lado de Linus.

— Catherine? É você? – perguntou Henry, não tendo certeza do que via.

Linus aproximou a jovem dos dois convidados e ficou atrás da mesma.

— Está tudo bem – disse ele, colocando a mão sobre seu ombro. – Você não deixou de ser quem você é, apenas mudou de forma. Não precisa se acanhar por isso.

Quando viram nitidamente o rosto de Catherine, ambos rapazes ficaram chocados.

— Senhorita Cathie? É você mesma?

— Sou eu, senhor Darell. Espero não tê-los feito esperar muito. Desculpe pelo transtorno que devo ter causado antes com todo aquele barulho.

— É, é você mesma! – concluiu Darell feliz indo na direção de Catherine. – Mas o que houve com você? Envelheceu quase cinco anos! – exclamou, pegando as mãos da jovem nas suas e fazendo-a rodopiar em torno de si mesma. O gesto deixou-a feliz e mais à vontade.

— Eu sei que é difícil de acreditar, mas é por isso que chamamos vocês aqui, para poder explicar tudo – respondeu ela sorrindo.

— Impossível! – exclamou Henry baixinho, o que chamou a atenção dos presentes e fez todos olharem para ele. – O que significa isso?

— S-Senhor Henry? – gaguejou Cathie.

— Ela é só uma criança. É só uma menina! O que está acontecendo aqui, Linus? Onde está ela?

Linus deu um passo na direção de Henry, incrédulo por sua descrença, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, Catherine soltou-se das mãos de Darell e foi até o outro rapaz.

— Senhor Henry, sou eu, Catherine Elizabeth Duran, que veio com o senhor de Copenhague. Sou eu mesma – disse colocando a mão sobre o peito. – O senhor não está mais bravo por causa da estufa, não é?! – arriscou.

— Mas o que...

— É exatamente o que ela diz, Henry. Chamamos vocês dois aqui exatamente para explicar tudo o que aconteceu ao longo do dia de hoje – explicou Linus. – Muita coisa foi discutida e decidida. A nova aparência de Catherine é resultado de uma dessas decisões.

Henry se aproximou e tocou o rosto da jovem, que agora não batia mais na altura da sua cintura, mas sim do seu ombro.

— Cathie?

Em resposta, ela sorriu de forma radiante e segurou a mão de Henry sob a sua.

— Sim!


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? *w* Espero que não tenha ninguém querendo me esganar XD
Eu não sabia como ou quando ia fazer esta transformação acontecer, mas quando a ideia surgiu, comecei a escrever enlouquecidamente kkkkk
Foi muito difícil descrever os sentimentos e sensações pelos quais Catherine passou, e ainda acho que não consegui expressar direito, mas acho que consegui transmitir mais ou menos a ideia e a intensidade do momento ;)
Vejo vocês no próximo capítulo :D



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