As Sailors Lunares (lunar Senshi) escrita por Janus


Capítulo 5
Capítulo 5




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Amy chegou em casa por volta das oito horas da noite. - Oi querida – disse seu marido a beijando – vai jantar ou já está “jantada”?
- Engraçadinho – disse ela rindo – vou jantar sim. E as crianças?
- Os pequenos estão atazanando as duas lá em cima. Elas acabaram de terminar as tarefas de casa.
- Atrasaram desta vez.
- Elas estiveram na casa da Mina hoje. Chegaram as sete horas.
- Só vou cumprimenta-las. Pode ir preparando o meu prato! – disse ela enquanto subia as escadas.
Ela bateu na porta e, após Suzette avisar que podia entrar pois estavam decentemente vestidas – uma brincadeira comum dela – ela a abriu. As duas estavam, ou melhor, os quatro estavam jogando um virtua-jogo. Estava na cara que elas estavam deixando os pequenos ganharem.
- Boa noite meninas... e meninos.
- Mãe! – disseram os dois ao ouvirem a sua voz.
Eles largaram o jogo e correram para o seu colo.
- Calma crianças! Eu só tenho dois braços.
Eles a beijaram na face e ficaram falando um pouco do dia deles, de como brincaram com a Sereninha e que tinham aprendido a fazer “pudinzinho” na escola. Amy já antevia outro final de semana com a cozinha em frangalhos.
- E vocês? Tudo bem?
- Sim mãe – disse Anne – perfeito!
- Quase – completou Suzette – perdi minhas melhores miçangas.
- Seu cabelo fica melhor solto – disse ela.
- Você também acha?
- Os rapazes gostam de cabelos compridos e soltos – disse Anne – são bons para fazer carinho.
- E porque os seus são curtos?
- São mais fáceis de secar – respondeu sem pestanejar.
- É... vocês estão bem mesmo. Bem crianças, é hora de vocês dormirem.
- Há mãe...
- A-GO-RA!
- Tá bom.
Eles desceram do colo dela e beijaram as irmãs. Depois, foram para o banheiro escovar os dentes e logo depois iriam cair na cama.
- Ai que bom – disse Anne - Não agüentava mais ver o meu coelhinho fazer ui-ui-ui!
- Deu sorte de pegar o coelho. Tente jogar isso ai com o ganso.
- Bom, meninas, eu vou jantar. Há, Anne, recebi um recado de suas mães. Elas voltam semana que vem.
- Que bom! Assim não vou mais ouvir os roncos dessa ai!
- Eu não ronco! – reclamou Anne.
- Então você está dormindo com fome...
- Vocês duas se adoram mesmo – disse Amy rindo – não vão dormir tarde!
- Eu não posso. Amanhã é meu dia de limpeza na classe – disse Anne.
- Felizmente, não é o meu. Só no fim do mês – vangloriou-se ela.
- Isso quer dizer que você vai pajear os pirralhos sozinha...
- Ai!
Anne riu enquanto guardava o jogo. Sentou-se na sua mesa de estudos e ligou o seu console. A tela em três dimensões apareceu e ela iniciou suas pesquisas. Amy já tinha descido.
- Vai me dizer que está vendo sobre os Astecas de novo...
- Não – disse Anne – estou vendo sobre o Milênio de Prata.
- Sério? Eu quero ver também!
Suzette se sentou ao seu lado e viu o belo castelo que outrora ficava na Lua.
- Onde conseguiu isso?
- Sua mãe trouxe para mim ontem a noite. Quando você estava tomando seu interminável banho.
- Eu estava secando os cabelos!
- Tá vendo porque uso os meus sempre curtos?
- Vamos deixar isso para lá.
Anne digitou alguns dados e as ruínas atuais do Milênio de Prata surgiram.
- Puxa... só destroços – comentou Suzette.
- Eu adoraria ir até lá...
- Por que? Só tem pedras.
- É história! As ruínas nunca foram estudadas. Tudo o que temos a respeito são uns poucos dados fornecidos pela rainha e pelas sailors. E, ainda assim, de memória. Aquela imagem que você viu ainda foi fornecida por sailor Plutão. É um cristal holográfico que fica no hall principal do castelo de cristal. Com certeza, deve haver algum registro lá em algum lugar. Talvez alguma estátua, ou artefatos que sobraram da guerra. Meu sonho é ir lá algum dia, para pesquisar isso.
- Pensei que queria ser design de moda.
- E quero – olhou para ela sorrindo – mas também tenho outros sonhos.
- Hum... se este castelo ficava na Lua, como os habitantes vinham para a Terra?
- Já se esqueceu da aula de história do ano passado? Haviam portais para transportar as pessoas. Ei! Talvez algum deles ainda exista.
- Será?
- Só procurando. Talvez a princesa Serena saiba de alguma coisa.
- Vamos perguntar para ela amanhã – disse Suzette ficando empolgada – já pensou? Um passeio na Lua! Talvez a mãe dela possa nos levar até lá.
- Até que você tem boas idéias de vez em quando!
- Minha mãe é tão esperta quanto a sua!
- A minha é mais velha...
- Lá vamos nós de novo...


- Diana! – gritou Serena quando chegou em seu quarto – onde está você?
Olhou ao redor e não a viu. Estranho. Luna tinha dito que ela tinha ido para lá.
- Diana! Você está por aqui?
Nada.
Talvez ela tivesse saído para passear no jardim. Ultimamente parecia que ela andava meio chateada mesmo. Serena aproveitou que estava no quarto e trocou de roupa. Tirou a que tinha vestido para a “noite em família” – que ela costumava chamar de “dia e filar bóia” quando iam ao restaurante da Lita – e colocou uma mais simples. Ainda eram nove horas e ela estava sem sono. Até que, para a segunda semana de aulas daquele ano, estava encarando bem. Ainda queria entender quando e como foi que decidiram que o ano letivo começava em outubro e ia até julho.
Sentou-se na cama e pegou o seu visor doméstico. Queria bater papo com Joynah, que devia estar saindo de seu turno do restaurante. Como já estava bem mais animada do que durante o dia, queria participar a amiga a sua decisão.
Colocou o fone na orelha e puxou o microfone até ficar diante de sua boca. Parecia com um comunicador antigo usado por pilotos de avião, mas era muito mais reduzido. Apenas por hábito, colocou o visor diante dos olhos. Dá de Joynah querer mostrar alguma coisa...
Pressionou o pequeno botão atrás do fone e comandou:
- Joynah... ligação restrita.
Havia vantagens em ser da família real. Entre estas, a de poder manter suas chamadas em completo sigilo, mesmo dos sistemas de rastreamento – tudo bem que só podiam ser usados com ordem judicial, mas esta ordem não se aplicava a família real. Deitou-se na cama e esperou ela atender a ligação.
“- Quem é?” – ouviu a voz dela.
- Sou eu, sua úlcera particular.
“- Há princesa! Estou pedalando para chegar em casa” – ela podia ouvir o vento zunindo no microfone dela – “quase levei um tombo para para te atender. O que você quer?”
Um som estranho foi ouvido, como o grasnar de um pássaro.
- O que foi isso?
“- Acho que era uma cegonha” – respondeu ela – “pelo menos, era branca”.
- Cegonha? A noite? No meio da rua?
“- Fala logo o que você quer!”
- Tá bom. Eu vou mesmo namorar com o Yokuto!
“- Ai! Que maravilha! Já falou para a sua mãe?”
- Esta é a parte meio err.. ‘arriscada’ da coisa. Eu não vou contar para ela.
“- Não vai?”
- Não. Se eu contar, ela vai direto falar para Ray, e Yokuto não quer ainda falar para ela.
“- Por que?”
- Porque Ray está muito exigente com isso. Pelo que ele me contou, as regras para os filhos namorarem são: Apenas nas casas dos pais, voltar antes das sete da noite, e, passeios só durante o dia.
“- Ela está maluca? Aposto que ela não seguiu estas regras na sua juventude. SAI DA FRENTE!”
- Ande mais devagar, sua maluca.
“- Eu gosto de velocidade. Bom, vamos continuar. Eu disse que a mãe dele com certeza não seguia estas regras.”
- Bom, ela não tinha ninguém a quem se reportar, para falar a verdade. Só o avô.
“- E porque ela está com essa frescura toda para com os filhos?”
- Segundo o Yokuto, ela acha que eles são muito assanhados.
“- Eles! São os mais comportados da escola. Acho que foram os únicos que nunca tentaram espiar o nosso banheiro pela janela. Pelo menos, nunca flagraram eles...”
- Eu sei. Mas tente convencer a Ray disto. Ela meteu na cabeça que eles são assanhados e ponto final.
“- Hum... será que o Herochi vai ter o mesmo problema?”
- Com certeza. Mas... por que pergunta?
“- Nada não. Nada mesmo!”
- Joynah... Te conheço faz tempo. Me explica isso.
“- Peraí! Tem ponte baixa aqui”
Ponte baixa? Serena ouviu sons de asas de pássaros.
- Joynah! Onde diabos você está?
“- Perto de casa. Tinha um bando de pombos no caminho.”
- Como é que você pode achar tanto pássaro a noite? Isso aí que eu ouvi, foi o grasnado de um pato?
“- Você está ouvindo demais.”
- Eu conheço o grasnado de um pato! Alias, um pato migratório!
“- Como pode saber disto? Você não é formada em ornitologia...”
- Olha, eu já...quer dizer.. err.. – ela não podia falar que já tinha acompanhando um bando deles uma vez quando estava na sua forma de Ethernal Sailor Moon - já ouvi estes sons em documentários.
“- Bom, se quer saber, eu estou voando a sessenta metros de altura carregando minha bicicleta.”
- Voando? Com o que?
“- Duas asas de borboleta...”
- Larga a mão de ser palhaça!
“- Então, não me ai enche!”
- O que foi isso?
“- Acabei de aterrissar. Estou na rua de casa. Se mamãe souber que eu estava voando, vai me dar uma bronca daquelas.”
- Quer parar com esta brincadeira? A única pessoa que sei que pode voar é minha mãe!
“- E a sailor Moon” – disse Joynah – “hum.. quem sabe eu não sou parente dela?”
- Tenho certeza de que não.
“- Por que? Você conhece a família dela?”
- Conheço muito bem. Mas pare de mudar de assunto. Por que você perguntou do Herochi?
“- Bem... a gente andou saindo um pouco...”
- Mas... sua invejosa! Eu mal consegui um namorado e você já está me imitando dando em cima do irmão?
“- EU! Eu nem sabia dessa sua história! Só fiquei sabendo hoje.”
- Du-vi-do! Se está saindo com o Herochi, ele deve ter te contado que o Yokuto já estava saindo comigo.
“- Ele não me contou nada.”
- Tem certeza?
“- Acha que eu não teria certeza disto?”
- É... tenho que concordar. Desta vez.
“- Olha Serena, eu ainda tenho que tomar banho e cuidar de minhas irmãs, que, pelo que estou vendo daqui, estão na sala vendo filmes de terror de novo. A gente termina esta discussão amanhã. Ou melhor, vamos encostar aqueles dois na parede para saber se um sabia o que o outro estava fazendo.”
- Gostei. Amanhã fazemos isso.
“- Então, boa noite.”
- Boa noite.
“- Há... Serena?”
- Sim?
“- Patos migratórios tem penas azuladas?”
- Sim. Porque?
“- Nada não. Só curiosidade.”
Joynah desligou, deixando Serena curiosa. Ela retirou o fone do ouvido e, quando o estava guardando na sua cômoda, ouviu um choro. Ficou de pé no meio do quarto e olhou ao redor, para saber de onde ele estava vindo. Parecia que era da cama. Foi até ela e, um pouco assustada, olhou embaixo desta.
- Diana! Há quanto tempo está ai?
Ela não respondeu. Apenas ficou soltando as lágrimas e soluçando.
- Venha aqui – disse ela a pegando com as mãos e sentando na cama com ela no colo – o que aconteceu? Por que está chorando?
Diana olhou para ela, tentou falar algo mas seus lábios tremeram. De repente, ela se transformou, assumindo a forma de uma adolescente com seus doze ou treze anos, abraçou Serena e chorou de verdade, sem nenhum controle.
- Calma... calma...
Ela não sabia o que fazer. Nunca tinha visto ela assim. Estava pensando em chamar a mãe dela. Devia ter acontecido algo muito grave.
- Calma amiga, calma! Fique aqui que vou chamar a sua mãe...
- NÃO! – gritou ela por cima do choro – EU NÃO QUERO VER ELA! – depois voltou a chorar, abraçada nela.
- Nossa! O que aconteceu! Ela te deu uma bronca?
- Ela não quer me ouvir – conseguiu dizer entre soluços – ninguém quer me ouvir.
- Ouvir? Ouvir o que? O que está acontecendo?
Diana se afastou um pouco e a segurou nos ombros, olhando diretamente na sua face.
- Eu quero ter amigos! Amigos normais, amigos para conversar, brincar. Não agüento mais ficar sozinha.
Ela voltou a soluçar. Abraçando Serena e molhando o seu ombro direito com suas lágrimas. Tudo o que Serena podia fazer era afagar o seu pescoço – isso sempre a acalmava.
- Calma, calma... Diana, você tem amigos. Eu sou sua amiga! Minha mãe também, tem ainda o papai, a Sereninha e as sailors.
- E QUEM MAIS? – gritou ela se afastando – Eu sempre tenho que ficar sozinha quando você vai para a escola, sua mãe tem muitas obrigações para me dar atenção, e a minha também. Sua irmã também fica muito na escola, e eu sou mais velha que ela. Eu estou sozinha Serena. Quando éramos crianças, era ótimo, podíamos ir qualquer lugar juntas. Mas nós crescemos. Você até vai começar a namorar. E eu? Acha que vou querer atrapalhar você agora? Acha que vai ter mais tempo para mim? Você sente falta da Hotaru, mas tem outras amigas. Eu só tenho você...
Ela voltou a chorar sem controle, abraçando Serena mais uma vez.
- Eu tentei falar para minha mãe, mas ela não quer me ouvir. Ficou me falando que ela também teve que superar isso. Mas ela tinha o papai para lhe fazer companhia. Alguém como ela! Não tem ninguém como eu aqui. Ninguém... – ela ficou um longo período soluçando – nem posso ir na escola... você tem um monte a amigas de sua idade, eu só tenho você... e você tem que viver sua vida...
- Diana...
- O que eu faço Serena? O que?
- Boa pergunta... boa pergunta mesmo. Por que não me falou isso antes?
- Eu tentei. Mas sempre que eu começava a falar que estava sozinha, você dizia que sempre seria minha amiga, e não ouvia o resto. Nunca ouvia...
Serena ficou sem palavras. Nunca tinha percebido aquilo, mas era verdade. Ela era a única da idade de Diana que se relacionava com ela. Os filhos das sailors não sabiam que ela era uma felina capaz de falar e de raciocinar – bem como assumir a forma humana. Ela não tinha mais ninguém de sua idade. Não freqüentava a escola e não tinha uma vida normal como ela. Como foi capaz de nunca perceber isso? Como pôde deixar uma de suas inseparáveis amigas nesta agonia?
- Bem... – Serena ficou com o olhar duro – hoje eu ouvi. E prometo que amanhã mesmo isso vai mudar. Vamos.
- Aonde?
- Dar uma dura na sua mãe e na minha.
- O QUE?
Serena arrastou Diana com as mãos para fora do quarto.
- E não ouse voltar a sua forma felina – disse ela duramente.

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