Lembro-me de quando nos conhecemos. Você era tão irritante... sempre foi.

Admito, fiquei com ciúmes quando foi para a mesma casa de Lílian, eu gostava dela, você percebeu e ficou irritado. Por isso você e aquele grupinho sempre pregavam peças em mim. Lembro-me que desde aquele dia que salvou-me daquela “brincadeira” idiota de Black você agia estranho, começou a se aproximar mais de mim. Achei suspeito e ia afastando-me mais e mais de você, que ficou estranhamente triste.

Seu amigos culparam-me de ter te jogado um feitiço mas você... você defendeu-me... Idiota, olha só o que você está fazendo, me fazendo chorar. Droga.

Ah, fiquei tão assustado e surpreso quando você acariciou-me de forma tão carinhosa e logo beijou-me também. No dia seguinte eu me afastei mais ainda, confesso que estava com nojo de você, mesmo assim... mesmo assim você me puxou para ti, me segurou e não soltou. Beijou-me intensamente até eu corresponder-te, não resisti e pude sentir você dando um pequeno sorriso no meio daquele beijo tão excitante.

Lembro-me de sua língua quente explorando minha boca. Quando nos separamos estávamos ofegantes e você olhou pra mim e sussurrou em meu ouvido:

- “Tão sexy” - Estremeci e o empurrei, correndo dali mas ainda pude lhe ouvir dando uma gargalhada e gritando: “Nos vemos á noite, na estufa” . E eu sorri.

Lembro-me que na estufa eu me senti um idiota pensando que você iria até lá, já estava saindo quando a porta abriu e fechou “sozinha” e você apareceu “do nada” e sorriu-me pedindo desculpas e dizendo que foi difícil sair com Black e Lupin pegando no seu pé.

Cobriu-me com aquela capa e quando vi estávamos indo em direção ao salgueiro lutador. Pensei com raiva que era tudo armação e você, como se lesse meu pensamento, sussurrou:

- “Acalme-se, não é uma pegadinha.” - E eu relaxei.

Passamos pelo salgueiro depois de você tê-lo feito parar de se mexer e fomos parar em uma casa estranha e quanto perguntei-lhe onde estávamos você nada disse, apenas atacou meus lábios e eu correspondi. Nossa primeira vez foi naquela noite. Tão quente, tão sensual, tão erótica.Você deitou-me em um sofá velho, meu coração estava batendo tão rápido... nossos corpos nus e suados batendo um contra o outro, seus lábios úmidos percorrendo meu pescoço.

No dia seguinte, em Hogsmead, descobri onde havíamos ido. Acabei ouvindo uma conversa sua e de um cidadão de lá. Ele dizia que na noite anterior os gemidos e gritos vindos da Casa dos Gritos foram os mais altos e aterrorizantes, pois dessa vez ouviram um nome, e esse nome era seu, Potter. Você me viu e sorriu, eu corei violentamente, pelo menos foi o que a temperatura de meu rosto denunciou.

Mas é claro que um dia tudo tem de acabar. Eu sempre soube que nunca poderíamos ficar juntos.Não apenas por que somos dois homens, isso era o de menos, mas também por que sabia que trilharíamos caminho diferentes.

Tentei tratá-lo da forma mais fria que conseguia. Mas você não se deixava magoar, parecia que não percebia como estava sendo difícil para mim. Ah droga, e como era.

Lembro-me de uma vez que tentei acabar tudo.

“- É isso mesmo Potter, eu não sinto nada por você. - Disse com um sorriso frio. Você me olhou interrogativo.

– É mesmo? - Perguntou-me com um sorriso dançando nos lábios.

– Já disse que sim. - Respondi-lhe com desdém.

– Então não se importaria se eu fizesse isso. - Aproximou-se de mim e colocou sua mão em meu membro.

– O-O que pensa que esta fazendo Potter? - Perguntei corando. Você nada disse, apenas abaixou minha calça junto com minha roupa íntima e colocou-o em sua boca fazendo leves movimentos. - Mmn, p-pare P-Potter. - Tentava com todas as minhas forças fazer tirar sua cabeça do meio de minhas pernas, mas foi em vão e logo cheguei ao ápice.

Fique bravo e você pediu tantas desculpas que foi até engraçado, mas depois de um tempo ficou irritante. Então, para ficar quieto, o abracei contra meu peito e pude sentir você sorrindo.”

Mas eu sabia que tudo aquilo tinha que acabar, por isso comecei uma discussão, gritei e até chorei mas você nunca cedia até que quando fingi quase desmaiar consegui o que queria, ou o que achava que deveria fazer.

Mesmo sabendo que fui eu quem terminou senti como se uma faca entrasse em meu peito quando soube que você estava namorando Lílian Evans.

Quando terminamos o colégio tomamos caminhos completamente diferentes, como havia previsto.

Anos mais tarde soube de seu casamento. Fui até sua casa, no dia anterior a ele. Não sabia e ainda não sei de onde tirei coragem de ir até lá e perguntar:

“- Gostaria de uma despedida de solteiro?”

Quando recusou-me fique arrasado e você, vendo isso, puxou-me para dentro de casa e beijou-me ferozmente. Poderia dizer que aquela vez foi tão boa quanto a primeira, graças aos nossos gestos de saudade. Nem sei dizer quantas vezes fizemos, mas, infelizmente, aquela noite chegou ao fim.

E nem imagina como fiquei quando soube que teve um filho. Harry.

E por causa desse garoto estamos aqui, você caído nesse chão sujo e eu debruçado sobre ti. Derramando essas malditas lágrimas.

Você o amava mais do que a mim, não é? Seu filho.

Como o odeio. Como sinto ciúmes.

Mesmo assim irei protegê-lo o máximo que puder, pois foi por ele que deu sua vida e, se algo o acontecesse isso não teria sentido.

~~*~~

Snape levantou-se assim que ouviu o barulho irritante de uma moto, conhecia esse barulho, era a moto de Sirius.

Olhou para o corpo mais uma vez antes de se virar. Sentiu uma brisa suave acariciá-lo, olhou ao redor e viu que a brisa não balançava nada mais.

Não teve medo.

Não teve medo pois sabia que era seu amado em uma confissão de amor. Colocou uma mão sobre seu rosto, como se algo lhe acariciasse naquele ponto e sussurrou:

“Eu também te amo.”

Derramou uma lágrima.

Dezessete anos depois juntou-se novamente com aquele que sempre amara.