Behind Your Walls escrita por salinaak


Capítulo 1
Behind Your Walls


Notas iniciais do capítulo

Como dito no disclaimer, as passagens escritas em itálico pertencem a um texto de autoria da Amy Fariatto.



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Sua alma nunca me foi tão transparente.

  

Bill estava sentado de frente para a extensa penteadeira branca. Os variados tipos de maquiagem estavam espalhados desorganizadamente sobre o móvel enquanto o rapaz olhava fixamente para sua imagem refletida no espelho sem verdadeiramente enxergar.

Seus pensamentos estavam perdidos, caminhando solitários em algum lugar distante. As lembranças se remoíam dentro de seu coração. Ele estava preso. Preso por seus próprios sonhos, acorrentado pelo que ele acreditava ser suas próprias convicções.

E parado próximo a porta de acesso ao banheiro, fingindo não prestar atenção, Tom observava aquele momento. Ele sempre percebeu.

Eu suspiro aquilo que me esconde e ouço os berros de socorro aprisionados.

O rapaz de tranças deixou um suspiro escapar por seus lábios. O som pareceu despertar o irmão de seu estado de torpor.

Bill finalmente se mexeu, inclinou a cabeça melancolicamente enquanto procurava o removedor para limpar o lápis que escurecia seus olhos.

Tom se desencostou do batente e caminhou lentamente pelo quarto, indo se sentar na beirada da cama, próximo a penteadeira.

O vocalista ergueu a cabeça, deixando que seu olhar se encontrasse com o dele através do espelho. O mais velho sentiu como se uma grande mão rompesse seu peito e apertasse seu coração entre os dedos.

Nos seus olhos se ocultam as estrelas e seu sorriso expele desespero.

Até quando?

O brilho não estava mais ali.

Aquele brilho único que Bill possuía nos olhos, aquele encanto. Tudo isso havia sido tomado com o tempo. Talvez fosse o pagamento pelo sucesso. O preço de um sonho.

Mas o golpe de misericórdia estava por vir quando o jovem vocalista deixou os dentes aparecerem em um sorriso. Vazio.

Até quando seria necessário? Por quanto tempo Bill pretendia permanecer refém de seus próprios fantasmas?

É tão difícil suportar a dor sozinho...

Tom se remexeu inquieto. Aquela angústia era insuportável.

É, não era nada fácil ver o irmão definhando daquela forma e saber que o verdadeiro problema estava diante de seus olhos, porém distante demais para que ele pudesse alcançar.

Estava lá, bem fundo, dentro da alma de Bill.

Mas, por favor, apenas sinta: eu estou aqui para juntar os pedaços que se espalharam de você e te proteger do escuro quando seus temores vierem te assombrar.

O de tranças abriu a boca na tentativa de dizer algo e imediatamente o vocalista se levantou, abandonando o algodão úmido de demaquilante sobre a penteadeira.

— Estou cansado, podemos dormir? – Bill disse sorrindo.

Cada sorriso era como uma facada em Tom.

— Uhum. – O mais velho concordou, levantando-se em direção ao interruptor com a intenção de apagá-lo enquanto Bill ia para a própria cama.

Escuro.

O guitarrista caminhou em passos lentos para sua cama, que mais cedo ele empurrara para próxima à do mais novo. Deitou-se sob as cobertas, estreitando os olhos para que pudesse enxergar o rosto do irmão. Seus olhos eram sempre os últimos a se fecharem naquele quarto.

Aquele era o momento em que Bill retirava a máscara. Enquanto dormia, as rugas em sua testa e os olhos apertados com força denunciavam os pesadelos que o consumiam.

Eu vou cantar enquanto dorme e te beijar ao despertar. E nada mais importa. Serei seu anjo pessoal.

Tom começou a cantarolar rouco e baixo. Aquilo já havia se tornado um hábito. Sua voz preenchia o quarto com a canção que haviam escrito juntos. A canção deles.

E enquanto o som escapava por seus lábios ele podia ver a expressão do outro que aos poucos relaxar. Lentamente voltava a ser o anjo sereno com o qual ele crescera e acompanhara toda a vida. 

E assim que a lua partia e os feixes de luz voltavam a invadir o quarto, os olhos mais velhos eram também os primeiro a se abrirem, esperando feliz o momento do despertar do gêmeo para que pudesse beijar-lhe calorosamente a bochecha alva.

E receber então seu precioso sorriso sincero. O único do dia. Insuficiente, mas com força o bastante para não permitir que ele desistisse.

Eu vou te guardar, te proteger e te amparar.

E enquanto ele ainda pudesse ver aquele sorriso simples brincar nos lábios do irmão pela manhã ele sabia que havia pelo que lutar. Sabia que havia esperança.

Tom se sentou sobre a cama e espreguiçou-se demoradamente, coçou o peito nu enquanto esperava o sorriso Bill desaparecer aos poucos e o mais novo então vestir a máscara invisível.

Voltou o olhar para o mais novo, fitando os olhos castanhos sem vida. Como queria poder destruir as paredes que o outro criara em volta do próprio coração.

Estreitou os olhos. Havia algo diferente no vocalista.

E onde quer que você vá, ao seu lado eu vou para sempre estar, porque meus braços são seu esconderijo.

Estava ali, bem no fundo. Por trás da máscara, encoberto pelo castanho opaco. Uma luz fraca, trêmula.

Os olhos de Tom se arregalaram. Os de Bill estavam marejados.

O mais novo virou ou rosto ao perceber o que havia feito. Estava fraquejando. Mostrara nitidamente sua dor a Tom.

O de tranças não deixou que o outro se levantasse. Imediatamente envolveu-o em seus braços, apertando-o forte contra o corpo.

— Vai, pode chorar. Você não precisa ser forte o tempo todo. – Murmurou contra os cabelos negros, agarrando-se as costas do mais alto.

Os orbes castanhos ainda se alargaram hesitantes antes de se fecharem bruscamente. Bill abraçou o gêmeo de volta e enterrou o rosto em seu pescoço. Deixou que seu peito se esvaziasse. Permitiu-se, mesmo que por alguns breves segundos, dividir seus temores com alguém.

Tom pressionou os lábios no topo da cabeça do irmão antes que este se separasse dele de repente, secando os olhos com um pouco de agressividade.

Não importava, afinal, quanto tempo demoraria para que Bill se abrisse completamente. Para que compartilhasse, enfim, suas preocupações, seus medos, suas incertezas.

Tom estaria ali. Sempre estaria ali.

Aqui ou em qualquer lugar, para sempre eu vou te amar.


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Notas finais do capítulo

Extremamente curta, exageradamente fail.

Mas quando eu li o texto da Amy ele praticamente gritou pra mim "Escreva uma fanfic!". Só queria ter escrito algo melhor com um texto tão bonito.

Enfim, eu queria e estava no espírito para escrever algo deste gênero. Então escrevi.
(Mas acho que foi bom pra entender que não devo tentar fazer isso novamente... SAHUSHAUSHUAS)

É isso :]

Ps.: Essa é a segunda vez que estou postando essa fic aqui :)