Azarath Metrion Zinthos! escrita por Julibella


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Azarath Metrion Zinthos é a palavra que Ravena usa toda vez que vai atacar. '-'



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- Ravena, prove esse doce que fiz. - pediu Estelar sorridente, enquanto pulava na frente da moça com uma tigela na mão. Não era novidade para alguém que a comida que Estelar fazia era horrível.

- Estelar... eu estou meditando... - disse a voz rouca, um pouco irritada.

- Vou procurar o Robin para provar então... ROBIIIIIIIIIN - saiu gritando, enquanto Ravena fechava novamente os olhos e se concentrava em sua áurea.

 Muito tempo havia passado desde a ultima vez que havia enfrentado seu pai. Necessariamente três anos... três anos que haviam passado como três segundos.

 Desde esse tempo, sentia uma sensação diferente, como se tivesse o medo que todo aquele inferno que havia presenciado, voltasse. Medo que desta vez não fosse forte e se rendesse aos poderes do pai.

- Pare Ravena... isto é uma besteira.

 Ravena era a mesma de sempre. Vestia uma capa negra que escondia todo seu corpo e seus cabelos. A voz continuava rouca e fria, como se não estivesse ligando para nada. Mas, a sua convivência com os Titãs mudou, e muito, como se depois de tanto tempo havia aprendido á dar valor para a amizade sincera e pura que recebia.

 Em um todo... os Titãs estavam maduros e crescidos. Robin, Estelar, Cyborg, Mutano e Ravena estavam com a idade aproximada de 19 á 20 anos.

 Conforme os anos passavam, Ravena ficava ainda mais fechada e receosa, com medo que seu pai, Trigon, voltasse. Mas isso era percebido pelos seus amigos, que tocaram no assunto certo dia. O primeiro a falar foi Robin:

- Rae... não precisa ter medo. Se Trigon voltar, iremos derrota-lo como da ultima vez.

- Não seja tolo, Robin. Se ele voltar, quer dizer que nunca o derrotamos... - murmurou sombriamente, enquanto a capa negra tapava quase todo o rosto pálido dela.

- Não seja pessimista, Ravena! Você ao menos sabe se ele vai voltar ou não... HEY CYBORG, LARGA O CONTROLE REMOTO!

- Fiquem tranqüilos... vão fazer o que vocês iam fazer... - murmurou mais uma vez, enquanto já deduzia que todos os amigos tinham planos para aquele sábado de manhã. Não se surpreendeu quando viu que Estelar ia ao shopping, Cyborg e Mutano iam assistir TV e Robin...

- Ravena, eu ficarei aqui com você.

- Não Robin, não é preciso. Eu ficarei aqui e você vai fazer... o que quiser fazer...

- Eu quero ficar aqui com você, pode ser? - disse firme, enquanto olhava fixamente para ela. Não era possível ver os olhos cinza da moça, mas sabia que o olhar era correspondido.

- Obrig... - mas não concluiu, pois fechou os olhos e começou sua meditação. Robin ficou ali, olhando-a, vez ou outra se distraindo com um livro ou alguma coisa qualquer. Não sabia porque, mas sentia uma enorme paz quando olhava Ravena meditar.

 

 

- Rae... porque você não solta os cabelos? - sugeriu certo dia Estelar, enquanto fuçava nas coisas que tinham no quarto de Ravena.

- Porque não fico bem, Estelar. E largue as minhas coisas... já se sinta feliz de ter permitido que entrasse no meu quarto.

- Mas eu nunca te vi assim... porque não tenta?

- Eu não sou bonita, é uma coisa simples. Sendo filha de quem sou... não é possível haver alguma coisa boa em mim... alem do dom de fazer o mal para todos.

- Esse é o seu problema. Não faz nada para mudar... é como se estivesse satisfeita com o que é e com o que sente. Tente mudar um pouco, Ravena.

- Não gosto que se metam em minha vida, Estelar. Agora, se me der licença...  - disse despreocupada, fazendo sua habitual posição no ar, murmurando - Azarath Metrion Zinthos.

- Saiba que assim, Ravena, nunca arrumará um namorado. - bufou Estelar, saindo do quarto da moça.

- Bah... que tola... como se eu precisasse de algum tipo de afeto como esse...

 Era como se Ravena se fechasse para qualquer tipo de sentimento bom. Não era vaidosa, quase não mostrava nada de belo em seu corpo e quase nunca sorria. O único que às vezes lhe arrancava alguns sorrisos era Robin, que por mais que não falasse nada de engraçado como Mutano, era gentil e obtia o mesmo resultado.

 Ficavam muito tempo conversando juntos. O assunto poderia ser qualquer um, mas o rumo da conversa chegava á tomar proporções absurdas, como o de amanhecerem na sala, jogando conversa fora.

 Certo dia, na sacada, Ravena estava pensativa e nervosa. Estava sentindo uma negatividade vindo da cidade, quase igual ao que ela havia sentido quando tinha 16 anos. A capa, como sempre, tapava seu corpo, da cabeça aos pés, mas daquela vez seus olhos estavam á mostra, com um brilho intenso e assustador.

 Robin, á pedido de Estelar, foi conversar com a amiga, já sabendo quase todas as respostas de suas possíveis perguntas.

- Trigon vai voltar, não é mesmo?

- É tão visível assim, é? - riu sarcasticamente, enquanto tapava o rosto com a mão.

- Digamos que te conhecemos o suficiente...

- Ele vai voltar... só que não sei para quê. Ele não pode me usar mais... não para o que ele quer...

- E o que ele quer?

- Me matar.

- Como te matar... Ravena, explique isso, por favor. - Robin estava corado e nervoso. Não, não poderia ocorrer nada com Ravena. Se algo acontecesse... ele não saberia o que fazer. Tentou esconder o nervosismo da moça, e teve uma ótima brecha quando um vento forte jogou a capa de Ravena longe. Correndo para pega-la, Robin pode notar que uma onda de cabelos negros e lisos inundara o rosto frágil de Ravena. Para sua surpresa, Rae estava com os longos cabelos soltos, que corriam do ombro até a cintura. Afinal, ela tinha cabelos compridos?

- Tome sua capa... ér... lindos cabelos.

- Não, eles não são Robin. Estelar escondeu a presilha de mamãe para eu não prendê-los hoje. Fui obrigado á ficar com eles.. assim...

- Fique com eles assim... você fica muito linda... ér... digo... fica bem... - disse desconcertado, enquanto Ravena corava violentamente. Os dois ficaram alguns minutos sem falar nada, até que Robin decidiu voltar a falar:

- Ér... estaremos aqui para o que der e vier, viu?

- Obrigada Robin.

- E... ér... ér... aqui está a sua capa.

- Ah sim... hum...

 O que era aquilo que estava acontecendo entre os dois amigos? Nunca faltava assunto para ambos... mas Robin estava chocado com a beleza meiga e pura que Ravena tinha, e ela estava desconcertada pelo elogio repentino de Robin. Mais alguns penosos minutos se passaram, até que Ravena dobrou a capa e olhou para Robin:

- Vou meditar. Preciso controlar minhas emoções...

- Posso.. ér... tipo... posso te acompanhar?

- Mas... claro que sim Robin. - sorriu surpresa, enquanto os dois saiam para a sala. Estelar, Mutano e Cyborg julgaram-se loucos quando viu os dois juntos, meditando.

- É impressão minha, ou ta rolando clima? - riu Mutano, enquanto Estelar tapava sua boca com as mãos.

- Cala a boca e vamos pra cozinha. - e assim deixaram os dois em paz, sobre o dom de ”Azarath Metrion Zinthos.”

 

 

  Ravena acordou naquele dia terrivelmente pálida. Estava ainda mais gelada e sombria do que geralmente era. Dava impressão que estava doente e fraca, e isso ficou notável quando ela caiu no chão da sala, quase que inconsciente.

 O primeiro á acudi-la foi Mutano, que chamou logo Robin com um grito:

- ROBIN, RAVENA ESTÁ MAL!

 Não foi surpresa que ele surgiu rapidamente na sala, logo abaixando para socorrer a moça. Em pouco tempo também ficou pálido, com uma expressão de medo notável no rosto.

- O que houve, Ravena, acorde.

- Robin, é o Trigon, não é?

- Creio que sim... Ravena me disse que ele quer matá-la.

- Mata-la para que?

- Meu pai sabe que não pode me destruir diretamente. Só quando eu estiver morta, que ele poderá ser livre para dominar o mundo. Eu sou a parte boa de sua alma, e eu o impeço de dominar tudo. A única forma de me matar é dominando alguém para que me mate. É a única forma... e ele fará isso... hoje... pois apenas hoje ele pode. - gaguejou Ravena abrindo os olhos, enquanto Mutano e Robin olhavam para ela, aflitos.

- Não diga isso, Ravena, nunca permitiríamos isso.

- Robin, ele pode dominar qualquer um de vocês... para me destruir.

- E não há alguma forma que possa impedi-lo?

- Há... é uma forma impossível.

- Mas fale Ravena, podemos ter uma chance...

- Robin, uma pessoa como eu nunca teria as chances necessárias para derrotar meu pai. Sentimentos puros não fazem parte da minha vida...

- Sentimentos puros?

- A única forma de deixar meu pai incapacitado... é sentimentos puros... como amor. Isso o impede de me matar... e se ele não me matar hoje... ele não pode me matar nunca mais, o que o tornará fraco.

- Amor? - sussurrou Robin enquanto apertava forte a mão de Ravena.

- Sim... coisa impossível de acontecer. Nem a amizade consegue ser tão forte do que ele... nem a amizade...

- Acharemos uma forma de impedir isso, Ravena... iremos derrota-lo. - prometeu Mutano, enquanto olhava para os amigos. Queria fazer alguma gracinha para quebrar aquele clima pesado... mas não poderia fazer isso. Estava triste. Todos ali estavam. Qual seria o futuro do mundo? Qual seria o futuro de Ravena?

 

 

- A hora está chegando... - falava para si mesma, olhando pela janela da Torre. Não vestia a capa, e nem estava com os cabelos presos. Estava vestida normalmente, com uma saia até os pés e uma blusa. Pelo menos uma vez na vida pensou em mudar, já que aquela poderia ser a ultima chance para isto.

 Estelar, Mutano e Cyborg olhavam aflitos para Robin. O rapaz não estava normal, era visível. Já era difícil de esconder do pessoal dos Titãs (menos de Ravena, claro), que ele amava a amiga. Ravena ignorava isso, embora sentisse uma coisa muito semelhante que a dele. Talvez fosse por isso que, pela primeira vez na vida, sentiu medo de morrer.

 O céu estava escurecendo rapidamente. Um tom de vermelho tingia o céu, mesmo com o pôr-do-sol. Um tremor foi sentido por todos e uma risada alta e maligna anunciava que Trigon estava de volta.

 Os quatro titãs se levantaram do sofá e foram até Ravena. Ela olhava o nada quando Robin anunciou:

- É a hora. VAMOS TITÃS.

 Saíram correndo da Torre, ofegantes e aflitos. Ravena voava, olhando para o esforço dos amigos. No meio do caminho, ela parou, e gritou para eles:

- SUMAM DAQUI.

- Está louca, Ravena? Ficaremos para te ajudar.

- PARE DE SER TOLO, ROBIN. VOCÊS MORRERÃO, TRIGON NÃO TERÁ PIEDADE.

- Iremos ficar com você como prometemos. Se morrermos, morreremos juntos.

 Ravena pousou no chão e chutou uma pedra com raiva. Lágrimas corriam em seu rosto, por mais que ela tentasse segurá-las. Robin não agüentava ver Ravena daquele jeito, e como sempre, foi falar com ela, tentando ajuda-la.

- Por favor Ravena...

- Colabore, Robin. Não quero ver vocês morrerem... ainda mais você... argh...

- Não iremos morrer. Estamos aqui para ajudar, não esqueça disto...

- Queria ter um pouco do seu otimismo, Robin. - murmurou, abaixando a cabeça. Em um gesto involuntário, correu até Robin e deu-lhe um abraço apertado. O rapaz não teve chances de negá-lo, uma vez que era o que ele mais precisava. Os outros Titãs olhavam para alguma coisa que se aproximava deles, mas não havia dado muito tempo para avisar o casal. Quando deram por si, estavam sendo atacados.

 Ravena soltou Robin e pode ver os amigos serem lançados para longe por um raio vermelho. Quando olhou a fonte do raio, deparou-se com Trigon, rindo.

- Não vai dar um abraço no papai, filhinha?

- DEIXE RAVENA EM PAZ. - gritou Robin, com raiva. Pode notar que os amigos estavam caídos no chão, e o que mais temia naquele momento, era que eles estivessem mortos.

- Eu não farei nada á Ravena, rapaz. É você que fará... - riu mais uma vez, se aproximando dos dois aos poucos. Os olhos de Ravena assumiam um horror á cada passo ou palavra dada por aquele homem.

- Por favor... Robin não... - implorou, enquanto via que Robin era levantado no ar pelo pescoço.

- ”Azarath Metrion Zinthos... RAZ”. - bradou Trigon, enquanto Robin gritava de dor. Sua máscara havia caído no chão, o que permitiu que Ravena fitasse o rosto do rapaz (uma vez que ele nunca o mostrava).

- DEIXE-O EM PAZ, POR FAVOR. - pedia, mas era inútil. Os olhos de Robin já estavam sem vida e era possível que estava dominado pelas forças de Trigon. Prova disso foi que se livrou das mãos de Trigon voando, coisa que normalmente não fazia.

- Que coisa emocionante... ter minha filha morta pelo meu genro. Uma luta emocionante que irei ver de camarote. - ironizou a criatura, enquanto se sentava e ria de tudo.

- Robin, sou eu, Ravena... por favor...

- ”Azarath Metrion Zinthos.” - gritou, atacando em Ravena uma luz que a jogou para o outro lado do campo. Estava desprevenida, e era quase que impossível derrotar Robin, uma vez que ele usava os mesmos poderes que ela.

- Robin... não deixe que ele o manipule... lembra que me prometeu que não iria me deixar...

- Apenas os burros prometem o que nunca irão cumprir. - sorriu, voando até ela e a chutando.

- Faça o que quiser, eu não vou te atacar.

- MORRA.

 A raiva era visível nos olhos sombrios de Robin. Não havia mais aquele brilho encantador e corajoso que era um dos traços marcantes daquele rapaz de vinte anos. O Robin que algum dia haviam conhecido, havia morrido.

 Ravena era atacada sem revidar. Sentia cada parte de seu corpo doer, mas não gritava ou praguejava o inimigo. Ficava de olhos fechados, apenas esperando que o destino fosse lhe buscar.

 Em um dos ataques, Ravena chocou-se contra uma parede, deixando que um fio de sangue escorresse pela sua testa. Robin correu até ela e a prendeu na parede, mas, em um segundo de lucidez, olhou-a com tristeza, como se não tivesse escolhido nada daquilo. Secou o sangue com a luva e olhou-a ternamente, mas logo o ódio lhe dominava conta, fazendo com que socasse a barriga da moça.

 Ela caiu no chão quase desmaiada. Já era na hora de por um basta em tudo aquilo. Trigon acenou para Robin e, formando uma bola de luz enorme com as mãos, ele se afastou cada vez mais de Ravena. Quando mais se distanciava, mais ela aumentava.

 Tentando se levantar do chão, Ravena olhou para Robin. Ele fixou seus olhos nos dela, e por um momento, era como se estivessem tendo uma conversa telepática.

 - Só não esqueça que te amo... - foi o que gritou, segundos antes de ser atingida pelo golpe que iria tirar sua vida.

 Um barulho oco foi ouvido, um barulho semelhante ao de quando um corpo se choca com o chão. Os cabelos longos de Ravena tampavam seu rosto, que agora estava sem vida. Estava caída no chão, machucada e morta. Robin e Trigon deram uma risada alta e escandalosa. Robin foi olhando em volta e ainda ria, mas era notável que sua risada não era de felicidade. Algumas lágrimas desceram pelo seu rosto e seus olhos voltaram a ter o brilho de antes, mas estavam tristes. Ainda rindo, Robin se virou para Trigon:

- ESTÁ SATISFEITO TRIGON? MATEI A RAVENA, A MULHER QUE EU AMAVA. AGORA VOCE PODE DOMINAR O MUNDO.

 Aquelas palavras atingiram Trigon em cheio. A parte que ele revelava o amor por Ravena era mais torturante. Não poderia cala-lo.

- ESTÁ FELIZ? EU PRETENDIA CONSTRUIR UMA VIDA COM RAVENA, A MULHER QUE EU AMAVA.... PRETENDIA FAZE-LA FELIZ, APAGAR O PASSADO QUE VOCE DEU Á ELA, MAS AGORA ISSO NÃO EXISTE MAIS.

- Pára, PÁRA.

 Robin tomou fôlego e lembrou de quando Ravena disse que sentimentos bons faziam mal para Trigon. Apenas seu amor poderia derrotá-lo.

- O QUE FOI TRIGON, ESTÁ SE SENTINDO BEM? ESTÁ FELIZ PELO FATO DE EU AMAR RAVENA E DE TER COMPARTILHADO OTIMOS MOMENTOS AO SEU LADO?

 Trigon colocava as mãos na cabeça, estava se sentindo horrivelmente mal. Conforme Robin dizia com toda raiva e emoção que amava Ravena, Trigon ia cada vez mais gritando de dor. Estava ajoelhado no chão quando Robin gritou o mais alto que pode:

- EU AMO A RAVENA.

 Era como se as palavras de Robin fossem veneno. Um berro alto e amedrontado de Trigon ecoou pela cidade, e isto anunciava que mais uma vez, um sentimento bom havia vencido. Trigon limitou-se apenas em fumaça, enquanto Robin corria até o corpo de Ravena.

- Ravena, eu fiz tudo que eu pude... eu destruí Trigon... mas o que me serve disto se foi eu que te matei? - se culpava, enquanto abraçava as próprias pernas e, pela primeira vez em toda sua vida, chorava.

 A fumaça da destruição de Trigon dominou o lugar, passando por Ravena. Robin estava de olhos fechados, enquanto pequenas gotinhas molhavam sua calça.

 A noite estava voltando ao normal. Deveriam ser quase uma da madrugada. As estrelas estavam ainda mais vivas, como se estivessem felizes pela chegada de uma nova companheira. Robin parou de olhar para baixo e olhou para o céu, enquanto fechava os olhos e murmurava:

- Azarath Metrion Zinthos...

 Uma repentina crise de tosse tomou conta do lugar. Robin virou-se para o corpo de Ravena e viu que era a boca da amada que emitia tal som. 

- Ravena?

 Ela nada disse. Robin afastou os cabelos do rosto da moça e viu que os olhos de Ravena estavam brilhantes e sua pele não estava mais fria. Ela estava viva.

- VOCÊ ESTÁ VIVA.

- Digamos que... você aprendeu... muito... - gaguejou, enquanto tossia um pouco mais. Levantou a mão lentamente e a pos no rosto do rapaz, enquanto voltava a falar. - Não sei como... agradecer... você me trouxe de volta... e matou Trigon.

- É... Ravena, eu quase te matei...

- Eu morri, Robin. Você me trouxe a vida... novamente. Obrigada.

- E o que vai acontecer?

- Entrarei... num sono profundo... estou... muito ferida. - disse aos poucos, enquanto mexia a mão que estava sangrando. - Não sei quanto tempo... irá durar... mas sei que voltarei.

 Robin abaixou o rosto próximo ao de Ravena e olhou fixamente para os olhos dela, que estavam um pouco mais brilhantes do que o normal. A pele de Ravena, que era habitualmente fria, estava quente, como se todo o sangue do corpo da moça estivesse se concentrando na face. Os lábios de Robin foram pouco a pouco se aproximando nos de Ravena, até que se tocaram. Foi um beijo doce e rápido, o suficiente para que ravena fechasse os olhos e adormecesse. Havia entrado, naquele momento, no sono que havia falado.

 

 

- RAVENA ACORDOU, RAVENA ACORDOU. - gritou Estelar ao ver que os olhos da amiga estavam abertos. Ravena olhou para ela sonolenta, colocando as mãos nos ouvidos.

- Estelar, não grite, por favor.

- Como não vou gritar, Ravena, você está dormindo á 5 meses.

- 5 meses... hum... estive fora mais tempo do que deduzi.

- AMIGA RAVENA ACORDOU! - gritou mais uma vez, pulando na cama da amiga. Ravena tentava não ficar enjoada com o movimento da amiga, enquanto falava:

- Vocês estão todos bem?

- Sim sim, Ravena. Quando acordamos naquele dia... eu, Cyb e Mutano estávamos bem. Nos levantamos e vimos que Robin estava caído no chão, visivelmente fraco, e você estava do lado dele.

- E como está Robin? Ele está bem não é? - perguntou aflita, começando a se apavorar.

- Sim, está. Mas desde que você caiu nesse sono... ele não sorri.

- Não?

- Ah... não sei o que houve naquele dia... mas... eu gostaria de saber o que vocês...

- Eu o amo, Estelar. - disse naturalmente, se levantando.

- COMO? - Estelar estava visivelmente chocada, enquanto parava de pular e sentava no chão.

- Ah, não me diga que é surpresa...

- Não, nunca. Eu já sabia, eu percebi que vocês estavam unidos por algo alem da amizade... mas nunca imaginei que você iria um dia admitir isso.

- Quando morremos, voltamos, e sabemos que é o amor que lhe salvou... você começa a achar que todas as outras coisas, como o orgulho, são totalmente idiotas.

- Ah... que lindo, amiga Ravena.

- Onde ele está? Irei levantar desta cama agora...

- Ele está na sacada. Ele vive lá, olhando para a cidade...hey... - mas antes que pudesse terminar de contar, Ravena saiu correndo do quarto.

 Robin estava parado defronte a paisagem da cidade. Estavam sem o uniforme e sem a mascara, como se não fosse mais o Robin, e sim um rapaz normal de 20 anos. Ela se aproximou lentamente, e murmurou:

- Não existe o fim... e sim novos começos. [N.A / Se lembrarem, Ravena fala essa frase para Robin no final do capitulo em que eles derrotam Trigon]

 Antes que pudesse falar qualquer coisa, os dois correram um ao encontro do outro e se abraçaram. Um beijo era o que precisavam naquele momento para demonstrar toda a alegria que estavam sentindo. Ficaram se olhando alguns momentos e, agarrando a mão de Robin, pulou da sacada, gritando:

- Azarath Metrion Zinthos!

- Você está louca, Ravena... - gritou, enquanto voava com a moça.

- Ah, relaxe e repita comigo...

- Azarath Metrion Zinthos! '-'

 

 


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Notas finais do capítulo

Comentários fazem beeem ao meu core o/ Espero que gostem.