Kimi Ni Watasu? escrita por kawaiizudabaka


Capítulo 2
Capítulo II




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O dia havia amanhecido e Yasaka não havia nem encostado em sua cama. Se tivesse feito isso certamente não estaria de pé para o seu primeiro dia de aula. A garota pegou suas coisas e bateu a porta de seu quarto enquanto ia em direção ao quarto de Kiyo, onde bateu duas vezes na porta e entrou em seguida. O rapaz ainda estava dormindo, mas era por pouco tempo. A jovem colocou sua bolsa no canto da parede e  foi até a cama do rapaz, puxou o lençol lentamente para não acordá-lo, deitou-se ao lado dele sorrateiramente. Yasaka o abraçou carinhosamente.

 

─ Hm... Kiyo-chan... Kiyo-chan...

 

Ela dizia em tom de sussurro perto do ouvido do rapaz. Sudakiyo abria os olhos lentamente e ainda com a visão embasada, dava um pequeno sorriso para a garota em sua cama. Ao ver que se tratava de sua amiga, o rapaz pulou da cama assustado.

 

─ Y-yasaka! O que faz aqui?

 

─ Vim te acordar. – dizia enquanto se sentava ao lado dele.

 

─ Desse jeito? Seus pais não te ensinaram a não entrar no quarto de um homem.

 

─ Ensinaram, mas como você não é um homem e sim um garoto, eu entrei.

 

─ Ah sua pirralha...

 

─ Já estou indo. Nos vemos mais tarde.

 

Ela levantou-se e foi para a porta, pegou suas coisas e saiu do quarto do rapaz.

 

─ Espe...re.

 

Na escola não havia ninguém conhecido e sua turma não era a mesma da de Sudakiyo. Ele havia ficado na sala da frente e isso deixava a menina frustrada. A única pessoa que conhecia tinha que ficar justamente em outra turma?

Cabisbaixa, a jovem ia para sua sala. Ainda não havia ninguém lá, então, resolveu se sentar em uma das ultimas cadeiras. Abaixou a cabeça e fechou os olhos para poder descansar um pouco. Depois de alguns minutos os alunos começaram a entrar na sala e a escolher seus lugares e a carteira ao seu lado já estava ocupada por um garoto que estava na mesma posição que ela estava antes. Parecia que não era a única cansada dali. O professor entrou na sala e todos se calaram; o garoto continuou cochilando por um longo tempo até que o professor jogou um giz em sua cabeça.

 

─ Quem foi o imbecil?

 

─ O imbecil sou eu, senhor Tatsuya. ─ disse o professor.

 

Yasaka levantou o olhar ao ouvir aquele nome familiar e olhou para o lado. Era ele! O mesmo Tatsuya da noite passada, o mesmo que a fizera chorar. O rapaz pediu desculpas para o professor e tudo voltou ao normal, menos a expressão da garota. Ainda estava assustada por vê-lo ali, não esperava encontrá-lo tão cedo e muito menos que este fosse da sua sala e que estivesse sentado do seu lado. Ele se sentou e percebeu o olhar fixo em sua direção e ao virar-se, o olhar dos dois se encontraram. Tatsuya olhava incrédulo por um breve segundo, mas logo um sorriso apareceu em seus lábios, Yasaka correspondeu o sorriso e virou para frente.

 

Na saída, Kiyo iria ficar pra treinar basquete com o time então Yasaka voltou sozinha para casa. Estava morrendo de sono, tudo que queria era dormir. Na metade do caminho, ouviu passos vindo correndo em sua direção, assustada, olhou para trás para ver quem era e lá estava ele.

 

─ Ya-chan! Me espere!

 

─ Me assustou, Tatsuya-san...

 

─ Já disse para me chamar de Tatsuya. Posso levá-la para casa?

 

─ Claro, Tatsuya.

 

Caminharam lado a lado e tudo que Yasaka fez foi olhar para frente. Tatsuya segurou na mão da menina e a puxou para ele.

 

─ Me diz, por que não falou comigo hoje?

 

Ela deixou sua bolsa cair. Sua pele enrubesceu e o tempo parecia que havia parado naquele momento.

 

─ Fiquei sem saber o que dizer. Estava envergonhada... ainda estou...

 

─ Por que? ─ disse dando um beijo em sua bochecha a abraçando em seguida.

 

─ T-ta-tsuya... não faz isso comigo. V-você sabe o que eu sinto....

 

Ele a soltou. Pegou a bolsa dela e voltou a caminhar. Logo estavam na porta da casa dela mais uma vez.

 

─ Chegamos. Então, até amanhã. ─ disse ele.

 

─ A-até.

 

─ Olha, o que acha de sair comigo amanhã a noite? Eu venho te buscar.

 

─ Sair? Mas você...

 

─ Eu sei, eu tenho namorada. Ela anda meio distante ultimamente. Eu sou um cara abandonado, sabia? ─ ele riu ─ Mas nós vamos apenas sair, não é um encontro nem nada. Você é uma boa companhia; uma boa amiga.

 

─ Amiga... Tudo bem. Até amanhã.

 

Ela bateu a porta, triste. Era mesmo necessário ele dizer que ela era apenas sua amiga? Aquilo machucava muito. Correu até seu quarto e jogou-se na cama, deixando com que as lágrimas caíssem. Chorou até adormecer.

O tempo foi passando e mais um dia amanheceu. Ela estava cansada demais pra ouvir Kiyo a chamar para ir para a escola, estava cansada demais pra tudo. Kiyo já havia voltado e ela ainda não levantara, foi até o quarto dela com um copo de água na mão, abriu a porta e jogou a água na cabeça da garota.

 

─ Ah! Tá maluco?

 

─ Maluca tá você, garota. Isso lá é hora pra tá dormindo? São sete da noite, imbecil!

 

─ Sete horas? Ah! Droga! A escola...

 

─ Eu disse que você estava passando mal, não se preocupe.

 

─ Obrigada, Kiyo-chan!

 

─ Que isso! Além do mais, aquele garoto, aquele tal de Tatsuya perguntou por você hoje e pediu pra eu te avisar que vem te buscar as sete e meia.

 

─ Obriga... ─ ela arregalou os olhos ─ SETE E MEIA? Por que não me acordou mais cedo?

 

─ Eu tentei, só a água funcionou. Você desmaiou.

 

─ Sai daqui! Deixe-me me arrumar!

 

Ele bateu a porta e ela jogou tudo para cima. Saiu correndo para o banheiro e tomou um banho rápido, foi para o guarda roupa e colocou uma saia, uma meia calça preta e uma blusa de manga comprida com uma bota de salto alto. Uma roupa boa para um passeio comum com o garoto que gostava. Kiyo tinha ido até o quarto avisar que Tatsuya havia chegado e ela pediu para que pedisse para ele esperar, no final desceu oito horas.

 

─ Desculpa a demora é que eu...

 

─ Estava dormindo. O Sudakiyo me falou.

 

─ Kiyo-chan...!

 

─ Bom encontro! ─ ele disse saindo da sala.

 

─ Isso não é um encontro, idiota!

 

Ele riu.

 

─ Vamos! ─ ele disse.

 

Eles foram para uma famosa lanchonete do público jovem. Comeram batatas fritas, tomaram refrigerante e riram muito de muitas besteiras que Tatsuya falava. Ele era perfeito. Cada vez mais Yasaka se apaixonava por ele, era inevitável.

 

─ Tatsuya, como vai o namoro?

 

─ Quer mesmo falar disso?

 

─ Ué, não somos apenas amigos?

 

─ Mas você gos...

 

─ Tá tudo bem. Já entendi que não posso ter nada de você a não ser sua amizade. Tá tudo bem. Eu quero saber mais de você.

 

─ Bom, ela é bem legal.

 

─ Como se conheceram?

 

─ Uma amiga nos apresentou e desde então nos apaixonamos e estamos juntos a seis meses.

 

─ Já a traiu alguma vez?

 

─ Não! Eu nunca trairia uma namorada.

 

─ Ah... você realmente a ama, não é?

 

─ Amo.

 

─ Bom, eu realmente desisto. Espero que seja feliz com ela.

 

─ Eu vou ser.

 

─ Amigos?

 

─ Com certeza!

 

Uma semana depois...

 

─ Tatsuya! O que trouxe para o almoço hoje?

 

─ Nada.

 

─ Eu sabia! Assim vai acabar adoecendo. Vem, eu fiz algo para nós dois.

 

─ Garota, você me mima demais, vou acabar me apaixonando por você assim.

 

─ Eu sei, eu sei. Eu sou perfeita. Pode se apaixonar que eu deixo.

 

─ Tem um filme legal no cinema, quer ir comigo?

 

─ E a Yomi-san? Sua namorada não vai gostar disso.

 

─ Ela não quer ir. Disse que o filme é chato. Ah, vai comigo, vai!?

 

─ Que filme?

 

─  Aquele de ação que saiu semana passada.

 

─ Cara, to louca pra ver esse filme! É claro que eu vou.

 

─ Viu? Você é perfeita! Perfeita...

 

─ Hoho... eu disse. Agora come!

 

Eles almoçaram e depois da aula voltaram juntos. Pararam em um parquinho cheio de crianças brincando e resolveram tomar um sorvete.

 

─ Eu lembro desse parque. Eu vinha aqui com o Kiyo-chan toda tarde...

 

─ A amizade de vocês é um exemplo para qualquer um.

 

─ Que isso! Nós brigamos todos os dias, além disso, nem sempre o vi como amigo. Antes de viajar eu me declarei para ele, mas ele também me disse que entre nós só poderia haver amizade.

 

Um silêncio repentino dominou o local.

 

─ E o que houve depois?

 

─ Bom, eu chorei por dias. Ele era tudo que eu tinha; meu primeiro amor. ─ ela deu uma pequena pausa e suspirou. ─ Uma semana depois meus pais me comunicaram que iríamos morar em Kanagawa, e como eu estava sem falar com o Kiyo-chan, acabei indo sem dizer nada. Quando eu entrei no trem ele estava no meio da multidão me gritando, mas já era tarde. Depois ele me ligou e nos acertamos. Sabe, acho que essa história de amor não é pra mim.

 

─ Ah, vai ver que você só não encontrou o cara certo.

 

─ É... ele poderia ser você mas...

 

─ Tsu-chan! ─ gritou uma voz a interrompendo.

 

─ Yomi!? ─ Disse Tatsuya.

 

─ Pena que também não é. ─ Ela se levantou e começou a caminhar.

 

─ Também não é você o que? ─ Comentou Yomi confusa.

 

─ Onde você vai, Ya-chan?

 

─ Pra casa, onde mais? Bom namoro.

 

─ Espe...

 

Yomi pulou no pescoço de Tatsuya e selou seus lábios. Yasaka ainda era perdidamente apaixonada por ele, mas se fazia de forte. Deu um sorriso sem graça e deu as costas para ele. Deixou o sorvete cair no chão e correu o mais rápido que pode. Com certeza Yoko sabia o que ela sentia pelo seu namorado e fazia de tudo para maltratá-la ainda mais. Quando Tatsuya gritou o nome da garota ela o segurou.

 

─ É sempre assim: Yasaka! Yasaka! Eu sou sua namorada, não ela!

 

─ Infelizmente eu sei disso. Você não tá nem ai para mim. Sabe quantas vezes eu te chamei para fazer alguma coisa? Quantas vezes eu fui atrás de você? Ela sempre respeitou os seus sentimentos, nunca me beijou, nunca mais disse que me amava mesmo eu dando encima dela. Eu sou um idiota!

 

─ Esquece ela. Eu te perdôo por tudo. Você sabe o quanto eu te amo, o quanto eu sempre te amei...

 

A cada palavra da menina a imagem de yasaka voltando para casa chorando era tudo em sua mente. Aquela pessoa a sua frente já não era mais a pessoa mais importante para ele, o coração dele era feliz quando estava com a garota que conhecera há uma semana atrás. Ela era carinhosa, estava sempre ao seu lado, tentava agradá-lo. Ela sempre fez de tudo para que realmente pudessem ser amigos.

 

─ Acabou, Yomi.

 

─ Você não pode fazer isso.

 

─ Eu posso sim. Você não me merece. A Yasaka não merece isso. Acabou! Some da minha vida!

 

─ Hurf! Dane-se! Você sempre foi um idiota mesmo.

 

Ele correu para tentar alcançar a pessoa que realmente amava. Yasaka era tudo que ele precisava. Foi até a casa dela mais ela ainda não havia voltado. Correu em todos os lugares que haviam ido juntos, ligou várias vezes para ela mas não adiantava. Ela não o atendia. Correu para todos os lugares possíveis, chegou até a pensar que ela poderia ter feito alguma besteira, mas ela não seria capaz de algo tão radical a aponto de tentar suicídio, não por ele.

 

─ Yasaka, cadê você, garota?

 

Resolveu voltar até a casa dela. Já que não a encontrara era melhor esperar, mas cedo ou mais tarde ela apareceria. Kiyo abriu a porta para ele.

 

─ Ela ainda não voltou.

 

─ Já imaginava. Kiyo, pela amizade de vocês, me diz onde ela está. Você a conhece melhor do que ela mesma, você sabe aonde ela iria?

 

─  O que você fez?

 

─ Nada! Minha namorada apareceu quando estávamos tomando sorvete e eu pedi para ela esperar, mas ela foi embora. Eu discuti com a Yoko e sai correndo para alcançá-la mas ela já havia sumido. Kiyo, eu amo sua amiga, me diz, por favor.

 

─ Você é um idiota. Deixa que eu vou atrás dela, é melhor conversarem amanhã. Ela deve está muito mal e a última pessoa que iria querer ver agora é você.

 

─ Eu realmente sou um idiota, mas...

 

─ Eu falo que você a procurou até não agüentar mais. Vá para casa agora.

 

Ele bateu a porta e Tatsuya desceu os degraus. Deu um soco na parede e foi para casa.

Kiyo sabia exatamente aonde ir. Quando eram pequenos, ela costumava ir chorar dentro do pingüim gigante do parquinho, mas ela precisava ficar um pouco sozinha. Depois de duas horas, ele foi atrás dela.

 

─ Não acha que já está na hora de procurar um lugar mais ‘’grandinho’’ pra chorar?

 

─ Me deixa, Kiyo-chan...

 

─ Ele foi te procurar, sabia?

 

─ Eu o vi correndo, ai me escondi aqui.

 

─ Amanhã vocês conversam. Vem, eu te levo nas costas como antigamente.

 

─ Eu não sou mais criança...

 

─ Eu deixou você ser só por hoje.

 

Ela saiu de dentro do brinquedo e abraçou o amigo. Ele abaixou para que ela pudesse subir em suas costas e assim ele caminhou lentamente. Ela encostou a cabeça em seu ombro e o deixava molhado a cada lágrima.

 

─ Eu nunca vou ser feliz, não é? Primeiro foi você e agora ele. Eu sou uma idiota.

 

─ Yasaka...

 

─ Eu já sei o que vai dizer. Não se preocupe. Dessa vez eu desisti de verdade.

 

─ Yasaka....

 

─ Ia ser tudo tão mais fácil se fosse você...

 

─ É disso que eu quero falar. Me ouça!

 

Ele já estava de saco cheio. Segurou no rosto da menor e a beijou. Yasaka ficou surpresa com o que seu amigo estava fazendo. Tentou se separar mais era praticamente impossível. Acabou cedendo as suas carícias e retribuiu o beijo carinhosamente. Quando o ar tornou-se escasso se separaram.

 

─ Quando você foi embora, fui atrás de você para dizer que te amava; que sempre te amei.

 


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Notas finais do capítulo

Hm... é mesmo? Depois de três mil anos aí está o segundo capítulo. Final tenso, eu sei, mais foi o que deu pra fazer. Terceiro capítulo com um flash-back. Bai bai õ/



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