- É nosso dever. Por que eu pensei que algum dia você entenderia? É claro que você teve um trauma, todos na organização tem um trauma. Só que você ainda não sofreu o suficiente para entender o porquê de fazermos isso. É tão simples.

- Não é como se o meu passado fosse melhor que o seu.

- Eu nunca disse isso. Só estou dizendo que você precisa se esforçar mais para nos entender.

- Eu já estou me esforçando o bastante.

- Bom, não me parece ser o suficiente.

- Ta... Eu estou dentro.

Leah caiu pesadamente em sua cama. Ela ainda se lembrava do sorriso sombrio e frio no rosto de Megan. A morena era sua melhor amiga agora, mas também poderia ser sua pior inimiga mais tarde.

Sua cabeça se mantinha rodando entre as palavras que Megan havia lhe dito naquela noite. Em todas as promessas feitas pela morena e em todas as explicações que ela havia dado. Será que a loira havia feito a escolha certa? E se sua decisão fosse tão precipitada? Tomada as pressas por uma mente que apenas não queria se sentir inferior a uma garota californiana que parecia conhecer o mundo melhor que ela própria.

Ela tinha medo que a resposta a sua decisão fosse essa. Se isso fosse mesmo real e não apenas um truque de sua mente, poderia Leah arcar com as conseqüências de uma guinada tão drástica em sua tão inconsciente vida?

A garota tinha realmente medo do que o futuro lhe reservava, e naquela noite quando adormeceu na escuridão de seu quarto ainda não sabia de onde arranjaria tamanha coragem que os dois irmãos demonstravam. Afinal, matar pessoas? Mesmo não sendo inocentes, isso lhe parecia uma tarefa muito traumatizante.

A manhã veio tão rápido quanto no dia anterior, parecia que Leah mal havia pregado os olhos de tão pesado que tinha sido seu sono. A loira se levantou, perambulando pelo quarto até seu banheiro e ouvindo os passos de Clarisse pelo apartamento enquanto tomava seu banho.

Já trocada e pronta, Leah se viu sozinha mais uma vez em sua casa. Se é que ela podia chamar aquele apartamento de lar.

A garota tomou sua vitamina matinal tranquilamente, e passeou pelo apartamento recolhendo algumas coisas suas de escola que tinha deixado em qualquer lugar na tarde anterior. Uma campainha estridente soou, e a loira congelou por um momento ao som do interfone. Ela não estava acostumada com visitas.

- Alo? – ela perguntou hesitante.

- Senhorita, Auferiam. – o porteiro disse sua voz soando grossa. – Um senhor Black esta aqui para vê-la.

Senhor Black? Leah pensou consigo mesma. Ela não conhecia ninguém com aquele sobrenome.

- Claro, mande-o entrar. – Leah disse, parecendo mais confiante dessa vez.

A garota refletiu por um momento, enquanto escovava seus dentes no banheiro e dava um jeito rápido em seu cabelo. Quem quer que fosse não merecia seu pior estado de manhã, certo?

Leah começou a pensar seriamente, que talvez pudesse ser um dos parceiros de trabalho de Clarisse, e que talvez sua avó apenas tivesse se esquecido de avisar a neta que ele passaria por ali. Ela avisaria não é? E ela diria o motivo, qualquer que ele fosse para aquele homem estar entrando em seu apartamento, às 7 da manhã.

A campainha do apartamento tocou, e Leah se sentiu estranha ao ter que andar despreocupadamente até o hall de entrada e abrir a porta para um total estranho. Mesmo assim, ela o fez, respirando fundo o caminho todo.

A loira abriu a porta confiante, e a pessoa parada na sua frente na entrada não era nada do que ela poderia imaginar.

O senhor Black, não usava um terno chique como ela tinha imaginado rapidamente em sua mente. Muito pelo contrario, ele usava um jeans velho e rasgado e uma blusa de moletom xadrez. O homem também não tinha o cabelo engomado e a atitude disciplinada, na verdade o termo homem estava bem errado ao se tratar aquele ser. Muito pelo contrario, ele tinha a idade de Leah, com os cabelos negros e rebeldes e uma atitude displicente.

O senhor Black, era ninguém mais ninguém menos que Sean. Sean Black, para ser mais exata. Leah confessaria a qualquer um que quisesse ouvi-la, que naquele momento quando correu os olhos pelo garoto, ela havia se controlado incessantemente para não deixar que seu queixo caísse.

Sean por outro lado, fingia não estar nem um pouco interessado na loira. O que não era a mais pura verdade. O garoto agora odiava sua irmã, por tê-lo feito ir até a casa da loira. Odiava-se ainda mais, por não conseguir tirar seus olhos negros, dos olhos cinza dela e queria ao máximo puxar a arma em seu cinto e dar um tiro em alguma coisa. Apenas pelo simples objetivo de se acalmar.

- Sean? O que esta fazendo aqui? – Leah perguntou, achando sua voz novamente.