Como Conquistar Uma Terráquea escrita por Laura Mello xD
Ichigo fora para a escola, no outro dia, muito confusa. Tinha realmente dito “tudo bem, amanhã?” para o inimigo? Não qualquer inimigo, mas Kisshu?!
Eu tenho Aoyama-kun, que diabos estou fazendo?, esbravejou em pensamentos consigo mesma.
- Ah, Momomiya-san, olá! – cumprimentou-a Masaya na entrada.- Estou muito agradecido por ter cuidado de mim naquele dia. Hoje me sinto ótimo!
- Erhm, de nada, Aoyama-kun! – respondeu em seu constrangimento feliz normal por estar perto dele.
- Estou livre hoje à tarde, será que poderíamos...?
- Oh, Aoyama-kun, claro, claro que sim!
- Então tudo bem. Passo na sua casa às duas horas, acho que algo legal está passando no cinema.
Ele sorriu e distanciou-se. A menina riu sozinha por algum tempo até lembrar quem era e onde estava. Logo vieram mais detalhes, como certo alien feliz acima do normal que a tinha chamado naquele mesmo dia para “sair”.
Oh não. O que vou fazer?
Uma e meia. Ichigo, por incrível que pareça, não estava atrasada. Se arrumara rápido: um charmoso vestidinho vermelho, cabelos soltos, perfume, sandálias brancas... Kisshu vai entender. Ele sabe que Aoyama-kun é único para mim.
O alien, por outro lado, passara a noite toda sonhando com sua gatinha, e estava agora mesmo teleportando para o quarto da mesma. Ela só soube disso quando ouviu um “pooof” no chão. Kish, literalmente caindo de amores pela menina em cima do tapete.
- Ko-ne-ko-chan!- ele anunciou, dramático, abrindo os braços – Você está TÃÃÃÃO INCRÍVEL!
- Kisshu, eu...
De repente, sentiu-o por trás, abraçando-a por cima dos ombros. O estrangeiro baixou o tom de voz.
- Fez tudo isso por mim, querida? – apesar de sério, o tom transbordava de alegria. – Por mim! AWN! – ele se deleitou nas próprias palavras.
A garota estava quase se sentindo culpada. Kisshu realmente pensava que ela tinha se arrumado para sair com ele?
- Será possível que vou levar a menina mais bela do planeta para um passeio hoje? – ele continuou, aspirando-lhe as madeixas.- A menina mais bela e que cheira a morangos e jasmim. Awwwr, Koneko-chan, você só pode estar querendo me matar!
Ichigo se desvencilhou e respirou fundo. Tinha que falar. Virou-se, para, chocada, perceber que Kisshu estava um pouco apreensivo do modo como tinha agido. Talvez não tivesse sido tão “humano”.
- Eu sinto muito, milady. – e ergueu a mão – Vou parar de agir como se a caça às raposas tivesse começado ontem.
Aquilo pareceu tão decorado de algum filme antigo que ela não conseguiu sufocar as gargalhadas.
- Kish... Kish, eu não posso ir com você. – tentou forçar o tom sério.
O sorriso picante dele deu lugar à uma expressão confusa. Foi quando a campainha tocou.
Atento à nova curiosidade, o alien já estava descendo as escadas flutuando ( como se a casa fosse dele), quando Ichigo saltou em sua frente com um “grawr” cheiro de censura.
- Eu mesma atendo, nya!- anunciou enérgica.
Ele suspirou e permaneceu no ar, observando. Ichigo o empurrou para trás do sofá.
A porta foi aberta.
- Momomiya-san!
- Aoyama-kun!
De algum canto da sala, um gemido de puro sofrimento e ódio se fez ouvir. Aquilo foi ignorado.
- Vamos ao cinema, então? – a menina miou.
- Na verdade, Momomiya-san, eu tinha esquecido de que hoje era a coleta seletiva organizada na qual me inscrevi mês passado.
O rosto da menina ficou choroso. Não só não iria sair com seu Aoyama-kun: além disso, não teria desculpas para negar a Kisshu.
- Ma-mas eu vou junto! Eu ajudo na coleta! – tentou.
- Desculpe, mas era algo para o qual precisava da inscrição. – ele deu de ombros.- Quer sair amanhã então?
- Tudo bem. Amanhã. – havia algo de nostálgico naquela cena.
Os olhos âmbar, que a tudo espiavam, fecharam-se instantaneamente quando o garoto Masaya se inclinou sobre Ichigo, obviamente para beijá-la.
Não posso permitir isso.
De repente, Kisshu encontrava-se beijando Aoyama.
--
A boca de Ichigo se abriu. Não acredito nisso!
Na ânsia de “salvar” a menina dos lábios inimigos, em fração de segundos, nosso alien predileto havia empurrado-a para o lado – sem notar que tomara o lugar dela, e que Aoyama não havia percebido nada. No entanto, dois segundos mais foi o que bastou para que os dois estivessem separados e BEM confusos. Masaya, discreto, limpou a boca na manga da blusa. Quem ou o quê eu beijei? Questionou mentalmente, com os olhos maiores que a cara.
Kisshu foi um pouquinho mais dramático.
- AAAAARGHHHHH, EEEEEEEEK! – gritou enojado, atirando-se no chão e começando a espernear loucamente.- MEU DEUS, MINHA BOCA ESTÁ APODRECENDO!
Ichigo revirou os olhos e mordeu os lábios de repente. O que faço? O que faço? Alguém precisava dar uma explicação, e esse alguém com certeza era ela.
- Como... – Aoyama começou.- O quê...? – ele não tinha uma pergunta pronta e educadinha para aquela situação. E não era fácil pensar quando um ser estranho que você acabou de beijar está proclamando deuses desconhecidos para “livrá-lo daquele tormento”.
- Nya, Aoyama-kun, você não ~nya~ tinha que ir à coleta ~nya?! – Ichigo emendou, furiosamente corada e desesperada. Orelhas, controlem-se!, implorou a menina.
Masaya assentiu, muito devagar. O clima era mais do que tenso.
- Depois ~nya~ conversamos ~nyah!
Ele foi empurrado para fora da casa, ainda que com delicadeza. A porta se fechou. Ichigo estava de costas para Kisshu, que, jogado no chão, lamentava e resmungava sobre coisas desconexas. Logo, virou-se para o mesmo.
Tinha fogo no seu olhar.
- AAH! – o alien gritou, pondo-se a tentar flutuar – pouco antes que sua gatinha estivesse sobre ele, segurando seus pulsos.
- NYAWR! – rugiu ela – KISSHUUUUUUUUUUUU!
Seus olhos estavam presos aos dele. Dava pra sentir a aura de ódio da garota. O estrangeiro tinha os olhos arregalados, e, antes que pudesse fazer qualquer coisa, ela acertou-lhe uns arranhões nos braços e no peito.
- SEU... SEU! – não havia adjetivo, não havia palavra para aquilo.- COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO COMIGO?!
Os arranhões continuavam. Cada vez mais fortes, cada vez mais profundos. E Ichigo continuava gritando.
- MALDITO! DESDE QUE ENTROU NA MINHA VIDA VOCÊ...! VOCÊ...!
A menina-gato se sentia mais triste e menos irritada à medida que continuava o ato. Kisshu já tinha várias marcas vermelhas, até mesmo algumas pelo rosto. Sua pele era um tanto sensível. Aquilo a fazia sentir a pior do mundo, mas...
Com um último arranhão forte e caprichado, ela pôs-se a chorar.
- Seu... Metido... Co-como vou explicar...? Co-como, hein...?
O alien suspirou, fitando o rosto molhado e triste de sua Koneko-chan. A amava tanto. E ela precisava tanto de amor. Seria tão mais fácil se pudesse aceitá-lo...
A menina sentiu sua mão ser segurada. Agora os soluços já estavam mais compassados, menos violentos. Mirou os olhos de Kish. Estavam sérios e profundos, o que era difícil de se ver vindo dele. Ela poderia se perder naquele olhar... As mãos foram guiadas de encontro ao peito dele novamente. Devagar, o próprio Kisshu fez com que ela o arranhasse mais uma vez.
- Sente-se melhor agora? – perguntou, carinhoso.
Ichigo sentiu seu coração bater mais rápido. Ele não se importara em sentir dor para... Acalmá-la?
Estou perdida...
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