Como Conquistar Uma Terráquea escrita por Laura Mello xD


Capítulo 4
Pequeno incidente




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    Ichigo fora para a escola, no outro dia, muito confusa. Tinha realmente dito “tudo bem, amanhã?” para o inimigo? Não qualquer inimigo, mas Kisshu?!

    Eu tenho Aoyama-kun, que diabos estou fazendo?, esbravejou em pensamentos consigo mesma.

- Ah, Momomiya-san, olá! – cumprimentou-a Masaya na entrada.- Estou muito agradecido por ter cuidado de mim naquele dia. Hoje me sinto ótimo!

- Erhm, de nada, Aoyama-kun! – respondeu em seu constrangimento feliz normal por estar perto dele.

- Estou livre hoje à tarde, será que poderíamos...?

- Oh, Aoyama-kun, claro, claro que sim!

- Então tudo bem. Passo na sua casa às duas horas, acho que algo legal está passando no cinema.

    Ele sorriu e distanciou-se. A menina riu sozinha por algum tempo até lembrar quem era e onde estava. Logo vieram mais detalhes, como certo alien feliz acima do normal que a tinha chamado naquele mesmo dia para “sair”.

    Oh não. O que vou fazer?

    Uma e meia. Ichigo, por incrível que pareça, não estava atrasada. Se arrumara rápido: um charmoso vestidinho vermelho, cabelos soltos, perfume, sandálias brancas... Kisshu vai entender. Ele sabe que Aoyama-kun é único para mim.

    O alien, por outro lado, passara a noite toda sonhando com sua gatinha, e estava agora mesmo teleportando para o quarto da mesma. Ela só soube disso quando ouviu um “pooof” no chão. Kish, literalmente caindo de amores pela menina em cima do tapete.

- Ko-ne-ko-chan!- ele anunciou, dramático, abrindo os braços – Você está TÃÃÃÃO INCRÍVEL!

- Kisshu, eu...

    De repente, sentiu-o por trás, abraçando-a por cima dos ombros. O estrangeiro baixou o tom de voz.

- Fez tudo isso por mim, querida? – apesar de sério, o tom transbordava de alegria. – Por mim! AWN! – ele se deleitou nas próprias palavras.

    A garota estava quase se sentindo culpada. Kisshu realmente pensava que ela tinha se arrumado para sair com ele?

- Será possível que vou levar a menina mais bela do planeta para um passeio hoje? – ele continuou, aspirando-lhe as madeixas.- A menina mais bela e que cheira a morangos e jasmim. Awwwr, Koneko-chan, você só pode estar querendo me matar!

    Ichigo se desvencilhou e respirou fundo. Tinha que falar. Virou-se, para, chocada, perceber que Kisshu estava um pouco apreensivo do modo como tinha agido. Talvez não tivesse sido tão “humano”.

- Eu sinto muito, milady. – e ergueu a mão – Vou parar de agir como se a caça às raposas tivesse começado ontem.

    Aquilo pareceu tão decorado de algum filme antigo que ela não conseguiu sufocar as gargalhadas.

- Kish... Kish, eu não posso ir com você. – tentou forçar o tom sério.

    O sorriso picante dele deu lugar à uma expressão confusa. Foi quando a campainha tocou.

 Atento à nova curiosidade, o alien já estava descendo as escadas flutuando ( como se a casa fosse dele), quando Ichigo saltou em sua frente com um “grawr” cheiro de censura.

- Eu mesma atendo, nya!- anunciou enérgica.

    Ele suspirou e permaneceu no ar, observando. Ichigo o empurrou para trás do sofá.

    A porta foi aberta.

- Momomiya-san!

- Aoyama-kun!

    De algum canto da sala, um gemido de puro sofrimento e ódio se fez ouvir. Aquilo foi ignorado.

- Vamos ao cinema, então? – a menina miou.

- Na verdade, Momomiya-san, eu tinha esquecido de que hoje era a coleta seletiva organizada na qual me inscrevi mês passado.

    O rosto da menina ficou choroso. Não só não iria sair com seu Aoyama-kun: além disso, não teria desculpas para negar a Kisshu.

- Ma-mas eu vou junto! Eu ajudo na coleta! – tentou.

- Desculpe, mas era algo para o qual precisava da inscrição. – ele deu de ombros.- Quer sair amanhã então?

- Tudo bem. Amanhã. – havia algo de nostálgico naquela cena.

    Os olhos âmbar, que a tudo espiavam, fecharam-se instantaneamente quando o garoto Masaya se inclinou sobre Ichigo, obviamente para beijá-la.

Não posso permitir isso.

    De repente, Kisshu encontrava-se beijando Aoyama.

--

    A boca de Ichigo se abriu. Não acredito nisso!

Na ânsia de “salvar” a menina dos lábios inimigos, em fração de segundos, nosso alien predileto havia empurrado-a para o lado – sem notar que tomara o lugar dela, e que Aoyama não havia percebido nada. No entanto, dois segundos mais foi o que bastou para que os dois estivessem separados e BEM confusos. Masaya, discreto, limpou a boca na manga da blusa. Quem ou o quê eu beijei? Questionou mentalmente, com os olhos maiores que a cara.

Kisshu foi um pouquinho mais dramático.

- AAAAARGHHHHH, EEEEEEEEK! – gritou enojado, atirando-se no chão e começando a espernear loucamente.- MEU DEUS, MINHA BOCA ESTÁ APODRECENDO!

    Ichigo revirou os olhos e mordeu os lábios de repente. O que faço? O que faço? Alguém precisava dar uma explicação, e esse alguém com certeza era ela.

- Como... – Aoyama começou.- O quê...? – ele não tinha uma pergunta pronta e educadinha para aquela situação. E não era fácil pensar quando um ser estranho que você acabou de beijar está proclamando deuses desconhecidos para “livrá-lo daquele tormento”.

- Nya, Aoyama-kun, você não ~nya~ tinha que ir à coleta ~nya?! – Ichigo emendou, furiosamente corada e desesperada. Orelhas, controlem-se!, implorou a menina.

    Masaya assentiu, muito devagar. O clima era mais do que tenso.

- Depois ~nya~ conversamos  ~nyah!

    Ele foi empurrado para fora da casa, ainda que com delicadeza. A porta se fechou. Ichigo estava de costas para Kisshu, que, jogado no chão, lamentava e resmungava sobre coisas desconexas. Logo, virou-se para o mesmo.

     Tinha fogo no seu olhar.

- AAH! – o alien gritou, pondo-se a tentar flutuar – pouco antes que sua gatinha estivesse sobre ele, segurando seus pulsos.

- NYAWR! – rugiu ela – KISSHUUUUUUUUUUUU!

    Seus olhos estavam presos aos dele. Dava pra sentir a aura de ódio da garota. O estrangeiro tinha os olhos arregalados, e, antes que pudesse fazer qualquer coisa, ela acertou-lhe uns arranhões nos braços e no peito.

- SEU... SEU! – não havia adjetivo, não havia palavra para aquilo.- COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO COMIGO?!

    Os arranhões continuavam. Cada vez mais fortes, cada vez mais profundos. E Ichigo continuava gritando.

- MALDITO! DESDE QUE ENTROU NA MINHA VIDA VOCÊ...! VOCÊ...!

    A menina-gato se sentia mais triste e menos irritada à medida que continuava o ato. Kisshu já tinha várias marcas vermelhas, até mesmo algumas pelo rosto. Sua pele era um tanto sensível. Aquilo a fazia sentir a pior do mundo, mas...

Com um último arranhão forte e caprichado, ela pôs-se a chorar.

- Seu... Metido... Co-como vou explicar...? Co-como, hein...?

    O alien suspirou, fitando o rosto molhado e triste de sua Koneko-chan. A amava tanto. E ela precisava tanto de amor. Seria tão mais fácil se pudesse aceitá-lo...

A menina sentiu sua mão ser segurada. Agora os soluços já estavam mais compassados, menos violentos. Mirou os olhos de Kish. Estavam sérios e profundos, o que era difícil de se ver vindo dele. Ela poderia se perder naquele olhar... As mãos foram guiadas de encontro ao peito dele novamente. Devagar, o próprio Kisshu fez com que ela o arranhasse mais uma vez.

- Sente-se melhor agora? – perguntou, carinhoso.

    Ichigo sentiu seu coração bater mais rápido. Ele não se importara em sentir dor para... Acalmá-la?

Estou perdida...


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