Oh... but the clouds pulled in and the sky got dark

Then it kind of seemed like the wind picked up

A cold wave was coming¹

A expressão de cada um do trio que tinha recebido aquela resposta foi tomada pela apreensão, até mesmo a de Hyreon, sempre tão despreocupado.

–Tem certeza disso? – perguntou Kitsuni, meramente aflito

–Absoluta. – confirmou Nick – É como se um poder sombrio tivesse acabado de se libertar... E isso colocasse a todos em risco.

–Temos que voltar logo para casa e avisar aos demais. – disse Juno, já montando em seu dragão

O garoto, sem muito mais alternativas, imitou o gesto, e o dragão azulado não resistiu a uma provocação.

–Desistiu de voltar nadando? – zombou, rapidamente alçando voo

–Como você ainda consegue fazer piadas quando acaba de saber que uma guerra começou? – questionou Nick

–Ah, você olha muito pelo lado sombrio das coisas. – desdenhou Hyreon

–Era realmente melhor eu ter voltado pelo mar... – suspirou o keyblader, ao que o dragão riu com gosto

Os dois jovens não demoraram a chamar os pais e reuni-los, tendo escolhido como local para a reunião a área onde os dragões ficavam. Ao que todos estavam juntos, contaram de maneira sucinta o que tinha acontecido naquela noite, assim como tiveram que se desculpar por esconder sobre a premonição de uma nova batalha e sobre os dois ‘visitantes’.

Em dado momento, Kairi virou-se para a filha e perguntou algo, porém ela não respondeu. Seu olhar estava vazio, como se sua mente estivesse em outro lugar. De fato, esta tinha se ‘desligado’ do corpo, se transportando para outro lugar, que Juno automaticamente reconheceu devido à luz alaranjada. Encontrava-se na área em frente à entrada da estação central de Twilight Town, e se surpreendeu com a visão que tinha. Diversos heartless estavam cercando Lukas e Brendah, ambos já com suas armas em mãos. Moveu seu olhar para a torre do relógio, para descobrir m que momento aquilo aconteceria. Não conseguiu evitar que o nervosismo a dominasse. O relógio marcava 9:45. Sabia que tinha entrado em casa e chamado os pais pouco antes de 9:30. Então, essa cena se concretizaria... Em alguns minutos! Antes que pudesse tentar pensar no que fazer, ouviu a voz de sua mãe, e sua visão voltou a ser Destiny Islands.

–Filha?! Está tudo bem? – Kairi indagou, preocupada

–Não. Twilight Town está em perigo! – exclamou, fazendo os demais mudarem sua expressão para uma mistura de preocupação e confusão

–Como você sabe? – Sora verbalizou a pergunta suspensa

–Não é hora de explicar, eu simplesmente sei. – respondeu a garota – O problema é que não sei como chegar até lá em pouco tempo.

–Se está se referindo a cruzar a fronteira entre os mundos, nós temos uma solução. – interviu Kitsuni – Eu e meu irmão conseguimos ver e passar por diversas fendas que ligam um ao outro, assim como aconteceu quando caímos nessa dimensão.

–Mas tem um problema nisso. Como vamos saber qual é a certa para esse mundo? – questionou Hyreon – Poderíamos gastar horas até descobrir.

Ao ouvir a questão, Juno sentiu a resposta vindo em sua mente, como uma intuição.

–Você e Nick têm como saber. – disse, ao que ambos a olharam sem entender – Nick, você consegue perceber onde a escuridão está mais forte. Conecte-se mentalmente com Hyreon e descubra em qual das fendas sente isso.

O garoto ainda hesitou um pouco, mas, ao pensar em sua cidade natal em perigo, fechou os olhos e se concentrou naquela sensação que há pouco tivera. Conectado a Hyreon, pode perceber sutis diferenças na visão de dragão, como as cores mais fortes e o ambiente mais detalhado, além das ‘fendas’ no céu. Em cada uma delas, sem exceção, conseguia sentir a presença da escuridão, por mais leve que fosse. Porém, em uma, ela começara a se fortificar e ficar mais evidente. Não teve nem dúvida. Aquele era o caminho para Twilight Town.

–Sigam-me! – falou, subindo novamente em Hyreon

–Pai, mãe, avisem ao rei que fique alerta. – pediu Juno – E digam que logo entraremos em contato.

Dito isso, os dois dragões decolaram novamente.

Uma brisa suave soprava no pátio em frente à estação. Ela parecia trazer alguma mensagem, algo que se espalhava pelo ar, embora não fosse nem sequer um vento forte o suficiente para levar seu cabelo, embora este estivesse mais curto que o habitual, com um corte em v. Sem querer, tinha chegado mais cedo do que combinara de se encontrar com o namorado, então se sentara na mureta que rodeava o local para observar a cidade enquanto o esperava. E ficara com essa sensação girando em sua mente, só saindo dessa corrente de pensamento ao ouvir Lukas a chamando.

–Hey, o que houve? – indagou seu companheiro, que percebera seu olhar perdido – Você me parece preocupada.

–Não sei exatamente. – confessou a garota, voltando o olhar para o horizonte – Parece que... Tem algo errado.

–Ora, vamos. – o loiro fez com que ela olhasse para si, com o seu habitual sorriso brincalhão – Não é como se os heartless tivessem voltado.

Brendah assentiu, em seguida colocando-se de pé ao seu lado. Ele tinha razão. Deveria ser só uma sensação sem sentido, algo que deveria ignorar. Provavelmente, seu contato com a escuridão deixou-a alerta e preocupada demais.

Porém, não teve muito mais tempo para decidir-se por ignorar sua intuição. Deram poucos passos e sombras apareceram no chão, os cercando. Logo os seres de olhos amarelos se ergueram, enquanto Lukas suspirava.

–Eu deveria ter ficado de boca calada...

Rapidamente, ambos se armaram, a keyblade e as adagas reaparecendo em suas mãos depois de tanto tempo sem manuseio.

–Antes de qualquer coisa... – começou o loiro – Quero dizer que é um prazer estar lutando ao seu lado.

–Igualmente, Lukas. – concluiu a ruiva

Quando começaram a lutar, era notável como o estilo de luta deles combinava. Ambos eram rápidos, baseavam-se na agilidade e nos movimentos letais, este último sendo característica mais forte na garota.

Pouco depois de terem começado a destruir os seres negros, ouviram um barulho. Mais especificamente, um rugido. Porém, não conseguiram discernir que tipo de animal o emitia. Ao menos não até Kitsuni destruir os heartless que restavam com uma potente rajada de fogo. Não puderam deixar de ficar surpresos ao verem um dragão, principalmente depois de notarem quem estava montada nele.

O dragão roxo pousou imediatamente após o ataque, e Juno não tardou em descer, ainda um pouco zonza, sem estar completamente acostumada com decolagens e pousos.

–Juno? O que faz aqui? – ouviu a voz de Brendah por trás de si

–E desde quando você tem um dragão de estimação? – acrescentou Lukas, ao que Kitsuni bufou

–Veja bem quem você chama de animal de estimação. – rosnou ele

–Ignore ele. Meu irmão não tem senso de humor. – interviu Hyreon, aparecendo na rua principal acompanhado de Nick, e logo completando – Até porque, você tá é com inveja.

–Por que estou sentindo como se tivesse sido transportado de novo para Warfang? – indagou o loiro após alguns instantes

–Longa história. – suspirou Juno – E que pretendo contar só uma vez. Onde poderíamos entrar em contato com o rei?

Tanto Roxas quanto Namine não puderam evitar a surpresa ao ver quem acabara de entrar em sua casa. Porém, antes mesmo que eles pudessem perguntar por que Juno e Nick estavam ali, ou ainda como tinham chegado, foram barrados pela fala dos mesmos que explicariam tudo tão logo entrassem em contato com Disney Castle. Logo estavam seguindo para o porão da casa, onde se encontrava uma grande tela usada para a comunicação entre mundos. Em poucos instantes, ela foi preenchida com a imagem do camundongo, que parecia estar aguardando-os.

–Seus pais há pouco me informaram que queria me alertar de algo. – informou Mickey

Tentando resumir o máximo possível, a garota contou a todos sobre seus sonhos, começando do que encontrara a profecia, e depois falou sobre Kitsuni e Hyreon. Enquanto terminava, dizendo sobre o que Nick sentira, a rainha apareceu na sala de comunicações principal do castelo, com expressão nitidamente preocupada.

–Ainda bem que já estamos nos comunicando com vocês. – disse ela, aflita – Will acaba de nos contatar. Radiant Garden está com problemas.

–E Tabitah? – perguntou Juno, sem que soubesse o porquê disso – Onde ela está?

–Pelo pouco que ele falou, é algo relacionado a ela. – respondeu Minnie

Quando ouviu isso, a garota automaticamente ligou os fatos. Havia mais um sonho, do qual não tinha falado, pois não conseguira entender. Pelo menos, não até aquele momento.

–Mas como iremos para lá? – indagou Nick – Sem chance que conseguirei saber qual fenda é a de Radiant Garden.

–Na verdade, você já sabe. – argumentou sua companheira – Foi lá que a escuridão se libertou.

Todos os integrantes da conversa olharam-na atônitos, a pergunta de como ela podia afirmar isso nítida em seus rostos.

–Eu tive outro sonho... – contou – Foi há alguns meses atrás, bem antes de Kitsuni ou Hyreon aparecerem... Eu estava em um lugar frio, e encontrei uma garota chorando. Quando tentei animá-la, dizendo que eu iria ajudá-la, ela rebateu, dizendo que sempre esteve sozinha... Ela se levantou e ergueu o rosto, e foi quando vi seus olhos amarelos. A chuva que caía se tornou gelo, e a garota me disse que as pessoas não iriam mais ignorá-la, fosse por bem ou por mal. – a ruiva nem precisava ter completado para que soubessem de quem estava falando – Eu sabia que a conhecia, mas só agora percebi. Era a Tabitah no meu sonho.

–Mas eu não senti alguém sendo dominado pela escuridão. – contrapôs Nick – Eu senti ela se libertando, como se estivesse presa dentro de alguém.

–Ela não está sozinha nisso. – Juno precisou respirar fundo antes de completar – Acho que tem um dragão do lado dela, e algo me diz foi ele que fez Tabitah seguir esse caminho.

–Até porque, ela seria facilmente influenciada por alguém que tivesse algum controle sobre a escuridão. – interviu Brendah

–E por que diz isso? – questionou Lukas, ao seu lado

–Na época, eu achava que era uma impressão minha, já que aquela garota me odeia. – começou ela – Mas eu sempre senti um calafrio quando chegava perto de Tabitah. Eu sei que talvez devesse ter falado, mas eu realmente achava que era uma cisma minha... Mas agora eu sei. O calafrio era o sinal de que a escuridão estava ali, dentro dela, esperando o momento certo para dominá-la.

–É melhor irmos logo para Radiant Garden. – comentou a keyblader – Will poderá nos informar melhor do que aconteceu, e então pensaremos em como agir.

Todos assentiram, e então Juno e Nick se despediram, seguindo rapidamente para encontrar-se com seus dragões e viajar para Radiant Garden.

Não demoraram muito para entrarem na atmosfera nublada do dia naquele mundo. Pousaram na área em frente ao centro de comunicações, onde se encontrava Will, acompanhado por Evey, que se recusou a deixar o garoto sozinho no estado em que estava.

Assim que desmontou de Kitsuni, uma sensação estranha se apossou dela, como se sua mente se desligasse do corpo. Era a mesma sensação de quando viu Twilight Town poucos momentos atrás, e logo se transformou em uma visão também. Estava em uma floresta densa, e era noite, então mal conseguia discernir muitos detalhes do lugar. Ouvia o barulho de água corrente, e havia uma névoa pesada arrastando-se acima do solo do lugar em que estava. Havia um vale estreito ao seu lado, onde um rebanho de cervos estava repousando na grama.

De repente, uma explosão quebrou o silêncio da noite, fazendo os animais dispararem. Um jovem caçador apareceu, saindo das sombras fornecidas pelas árvores, provavelmente desesperado por ter perdido seu alvo. Em um momento, parou e lançou uma flecha, fazendo-a se perder na escuridão. Depois de praguejar, o rapaz virou-se na direção da explosão, seu arco em prontidão.

Um grande círculo de árvores, muitas desprovidas de seus galhos, e grama ardia, mesmo que sem chama. Uma coluna de fumaça subia, deixando o ambiente com aspecto de queimado. No centro do lugar onde ocorrera a explosão encontrava-se uma pedra azul polida. Até mesmo no escuro ela parecia brilhar.

Depois de alguns instantes, ele se aproximou cautelosamente, afrouxando a tensão de sua arma. Com uma flecha, tocou a pedra e saltou para trás, esperando alguma reação. Como nada ocorreu, ele pegou a pedra com o máximo cuidado, e então a garota foi despertada por um grito.

–O que um dragão como esse está fazendo aqui? – vociferou Will, apontando sua espada bordejada por fogo para Kitsuni

–E qual é o seu problema comigo? – rosnou o dragão roxo, se sentindo provocado

–Além de você ser igual ao dragão que acaba de levar minha irmã? – replicou o moreno – Nenhum.

–Não é muito aconselhável ser um guerreiro quando se sofre de daltonismo, sabia? – intrometeu-se Hyreon

O garoto ainda ia rebater de maneira mais agressiva, mas foi barrado pela loira, que o fez baixar a arma e se calar.

–Por favor, acalme-se. – suplicou ela, quase em tom de choro – Já basta tudo o que aconteceu hoje, não vamos arranjar mais problemas.

–E se você pudesse não provocá-lo também seria de grande ajuda. – repreendeu Nick, dirigindo-se ao dragão azulado

–Hey, só disse a verdade! – defendeu-se – Ou quer me dizer que existe outro dragão roxo por esses mundos sem ser meu irmão e meu pai?

–Vamos deixar isso de lado por um momento. – interviu Juno, percebendo que Will iria rebater e reiniciar uma discussão – Nós temos que saber o que aconteceu primeiro.

Respirando fundo, o garoto contou sobre o ocorrido daquela manhã, assim como o que acontecera com Tabitah anos atrás, confirmando o que Brendah sentira. Porém, infelizmente, nada do que ele tinha dito os ajudava a pensar no que fariam em seguida.