O Maior Presente. escrita por Cari-chan
Notas iniciais do capítulo
A minha primeira fanfic SasuIno!
Espero que vos agrade.
Boa leitura meus amores! ♥
Ninguém gosta de entrar em hospitais. Onde não há sonhos. O cheiro da doença empastado nas paredes. As faces sem cor os olhos sem brilho. Podia haver salas que denunciavam o nascimento e o regresso. Naquela sala era o fim. O fim de uma vida. A mulher sentia as mãos a tremer ao entrar no compartimento. A melancolia expandia-se dentro daquele aposento. A condenação do negro desalento.
Estava frio. Baixou a cabeça para não se atrever a cair no abismo da saudade.
Estavam destroçados. Alguns aliviados.
Procurou na parede a gaveta onde jaziam os corpos. Desejou naquele instante pedir um último sorriso do seu olhar. O sorriso que guardaria para recordar-se vez ou outra, quando a chuva caísse, quando o vento sopra-se, quando a saudade ácida corroesse para lhe recordar o inevitável adeus.
Uchiha Sasuke.
Puxou-a devagar. Os seus olhos não queriam encher-se de gritos surdos aos deuses pela injustiça da recolha da sua alma. Ele não merecia morrer. Ninguém merecia morrer. Queria tocar-lhe devagar no braço e descer até á sua mão para a apertar. Estava gelado, tão frio e gelado. Desejou com a inocência que só o amor é capaz de nos encher que abrisse os olhos e deixasse ver o brilho da sua alma reflectida nos seu olhar cor de ébano.
- Sasuke-kun, por favor, oiça…
Impávido, mantinha-se perante a sua súplica. Continuando estranho ao tenebroso desespero da voz. A paz pálida do seu rosto os lábios num fino fio no adeus mudo á vida. Uma lágrima escapou-se dos seus olhos cor do céu ao recordar-se dos seus gestos. Só podia desejar que ele estivesse naquele lugar. Onde podia prosseguir a vida sem sofrimento.
Ninguém ainda tivera coragem para olhar o corpo de Uchiha Sasuke. Nem Naruto, nem a própria Sakura, que dizia amá-lo tanto. Não devíamos estar com quem mais amamos até ao final?! Não era desse modo que devemos proceder?
Doía. Como magoava.
- Eu gostava que soubesse o quanto o amei, Sasuke-kun.
Os cabelos impecavelmente presos num longo rabo-de-cavalo, num corpo cheio de curvas, o corpo que ansiou que um dia ele fizesse seu numa longa noite de amor, os lábios que se encheriam de palavras apaixonadas, o seu sonho de menina. Não devia ter sido tão fútil e tão imatura. O que podia fazer? Era uma apenas uma garotinha.
Agora ele estava ali. No seu sono eterno.
Estava a treinar uma nova técnica que o seu pai a havia proibido de executar. Ao reler os arquivos do seu clã descobriu uma técnica mental secreta, mas que, tinha sido retirada pelos seus superiores. O risco era elevado.
Entrar na mente de um morto.
“Você se entrar, pode nunca mais voltar. Nunca experimente fazer isso.”
Era o mesmo que pedir a um pássaro que deixasse de bater asas em busca de liberdade. O mesmo que exigir a um rio para não se finalizar no mar. Pedir a uma mulher apaixonada que não veja o último pensamento do amado sem se importar com as consequências dos seus actos.
Qual seria o tamanho do seu desespero. Desejava saber qual era o seu sonho. Nunca, nem podia deixar de acreditar, que o Uchiha carregava no seu coração algo maior, algo que o fazia viver. Ninguém pode estar neste mundo sem ter uma réstia de esperança. O seu coração não era de aço.
Deixou os seus olhos caírem uma vez mais na sua face enquanto apertava suavemente a mão que ainda segurava. Ele era o amor da sua vida. Não se importava com o que encontraria, apenas desejava, se conseguisse, realizar alguma das suas últimas vontades. Não seria apenas uma mera espectadora. Se se perdesse, viveria eternamente na sua mente.
- Deixe-me ir até você, meu amor.
*
Onde estou? Para onde vim?
A luz irritava os seus olhos. A luminosidade impedia-o de conseguir ver nitidamente onde estava. Os seus ombros não estavam tensos. O nó que por vezes tinha na garganta devido ao rancor já não existia. O que é que se passava?
O cenário que via á sua frente deixou-o surpreendido.
Não estava no meio de uma guerra?!
O campo de flores estendia-se até ao horizonte. O sol aquecia ternamente a face chegando mesmo ao coração. Aquela sensação não lhe era estranha, apenas, tinha-se esquecido como era bom senti-la. Quando olhou para a mulher que estava á sombra debaixo de uma árvore recordou-se o motivo daquele sentimento.
- Você já chegou, Sasuke-kun.
Aproximou-se e enroscou-a nos seus braços.
O vento soprou levemente agitando os seus cabelos, enquanto a grama movia-se com graciosidade, o pólen que caia de flor em flor, em beijos secretos e tímidos.
- Sasuke-kun, você, está feliz?
- Obrigado por me dar esta sensação.
- O que quer dizer?
- Eu estou morto, não estou?
A mulher desceu o olhar para o seu colo. O moreno segurou nas suas mãos entrelaçando-as, os dedos a unirem-se, as palmas das mãos a tocarem-se. O reconhecimento daquele calor.
- Sabe, eu não sou dado a muitos sentimentos. Mas ela fazia-me realmente muito feliz. Obrigado, por me deixar a ver uma vez mais.
Uma criança rechonchuda agarrou-se á perna do moreno. Os olhos límpidos. O sorriso leve e fácil. O brilho dos cabelos como os dela. Os olhos escuros e curiosos como os seus. Ficou a observar por momentos aquele ser pequeno.
- É…?
- É o nosso filho.
O calor amistoso chegava ao seu peito. Pegou ao colo aquele ser tão frágil e ainda tão pequeno. Devia ter pelo menos um ano. A mão segurou no seu dedo. O bebé riu-se deleitosamente ao olhar para o Uchiha.
- Pa… pa… papai.
As lágrimas chegaram ao canto dos seus olhos. Afastou-as para que não as vissem. Olhou para a jovem a seu lado que lhe sorria abertamente. O sol que o aquecia em dias de Inverno. Um estranho arrependimento chegava.
- Eu perdi tudo isto.
- Você não perdeu nada. – a mulher olhou-o. – Você pode ganhar muito, ainda.
- Estou morto. – a criança imune ao momento agitava o dedo do Uchiha com alegria. – Como posso lhe dizer o quanto a amo? O quanto queria ter um filho seu?
- Onde você gostaria de estar?
- Com… com você. Com você em vida.Com o nosso filho. E que isto fosse realidade.
- Os sonhos só acabam quando as pessoas desistem. Relaxe. Tudo estará bem.
Quando olhou ao longe conseguia distinguir os seus corpos. A sua família estava a acenar. O sorriso caloroso da mãe. Os olhos alegres do pai. O seu irmão a agitar a mão numa alegria extrema. Os seus familiares a chegarem aos poucos. Os seus rostos pacíficos e felizes.
- É isto a felicidade? É isto que sentimos quando realizamos todos os nossos sonhos?
- Não pense em felicidade, Sasuke-kun. Pense em momentos felizes. É isso que existe. Pense neste momento.
O corpo da mulher começava a desaparecer. Uma agitação de medo cobriu o moreno. Olhou para a criança ao colo e o mesmo começava a passar-se.
- Você tem de ir, não é?
- Sou ainda um sonho por realizar, Sasuke-kun. Não deixe a tristeza acomodar-se outra vez no seu coração.
- Posso, posso falar com você como se fosse ela?
- Eu sou ela. Eu sou o seu sonho por realizar. Ela ouvira tudo o que disser, se fizer com o coração. Vai desistir?
- Já desisti de muitas coisas. Agora já não vou fazer o mesmo. Quero lhe dizer que, nunca me rendi ao seu amor. Apenas não vi o que era realmente verdadeiro e puro. Espero-a aqui um dia, enquanto isso… - beijou a testa da criança com ternura. – quero que ela seja feliz. Quero que o Naruto e a Sakura saibam que também estou feliz. Eles foram a família que eu não tive.
Ele estendeu a criança á jovem que a pegou com carinho. O bebé enroscou-se junto do seu peito enquanto começava a chuchar no dedo entrando num sono profundo.
- Vocês são o meu maior presente, Ino. Vou esperar-vos eternamente.
O homem levantou-se indo de encontro á família de quem tinha saudades. Olhou para trás e ilusão de Ino acenou-lhe uma última vez. Aquele sonho não seria esquecido. Algo dentro do seu íntimo sabia que também Ino não o esqueceria. Começou a correr e sentiu a paz que perdera, o sorriso que se desvanecera, a segunda oportunidade de ter tudo o que perdeu a encher o seu coração de satisfação.
*
Ino permaneceu com os olhos fechados. O peito enchia-se de uma alegria e uma quietude. As lágrimas que tentou resguardar caiam copiosamente. Teria gostado de se aproximar e ter falado com Sasuke. Apesar da vontade, sabia que aquele momento pertencia-lhe. Os seus sonhos. Reencontrar a família. Ter um filho. Um filho seu. Estar com ela. Impressionou-se ao não sentir a frustração, o ódio, a injustiça de não ter podido compartilhar uma vida futura com Sasuke. Sabia que se ele tivesse permanecido na terra o seu sofrimento não teria fim. A amargura, mesmo estando ao seu lado, permaneceria.
Para ser sincera, nunca pensou, que faria parte dos sonhos do moreno. Estava á espera de encontrar alguma dor, talvez um reencontro com Sakura e Naruto, uma declaração á sua companheira de time. Afinal, ela sempre fora um sonho que quis realizar.
- Sa-Sasuke-kun… - encostou á sua face á dele, e não a sentiu fria, mas quente, o calor da vida quando nos dá esperança. – Eu estarei com você, algum dia, prometo. Nós teremos o filho que tanto deseja. Que eu também desejo.
*
As cortinas moviam-se com o vento. O sol entrava docilmente. A pele da cor do mais pálido pêssego, a boca pequena como uma framboesa, os cabelos esvoaçantes, loiros, as pestanas tão pequenas como o tamanho da unha do seu dedo mendinho. Inspirou devagar. A pacificidade que era ter um recém-nascido a dormir nos nossos braços. Tinha-o ao colo como se fosse feito de algodão doce. Graças aos seus conhecimentos como médica tinha conseguido gerir o fruto do amor. O seu filho e o de Sasuke.
Um leve bater na porta fê-la levantar a cabeça. Uma cabeleira rosada aparecia na porta. Sorriu. O bebé começou a chorar, o choro entrecortado, simples, a sua maneira de chamar a sua atenção. A loira tocou levemente no rosto e começou a dar-lhe de mamar.
- Posso entrar, Ino?
- Claro.
- O seu filho é lindo. Parabéns.
- Obrigada, testuda!
A Haruno encostou-se perto da janela sentindo o ar fresco. Olhou novamente para Ino e a pergunta corroía a alma. Não sabia se teria ou não o direito a perguntar, mas, teria de arriscar.
- Você conseguiu entrar na mente do Sasuke-kun, não foi? Porque você quis ter um filho dele?
- Sakura, há coisas que não se conseguem explicar. Desculpe.
A rosada não entendia. A amiga teria de criar o filho sozinha. Vê-lo a crescer sem a figura paterna. Sem o próprio Uchiha a seu lado para a ajudar. Veria no rosto daquela criança o moreno. Como conseguiria suportá-lo?
- Foi isto que você queria receber da vida?
- Sim.
- E o que é você queria?
- Considerar-me amada. – sorriu olhando a amiga. – Sentir-me amada. Foi por isso que decidi ter um filho do Sasuke-kun.
Podia muitas vezes ter vontade de chorar. Podia muitas vezes sentir falta do abraço carinhoso. Só que ela teria o amor ali á sua frente.
O seu maior presente. A maior oferta que o Sasuke lhe podia dar.
Fim.
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Olá queriiiidos! ♥
Para quem não ficou esclarecido, em itálico, é o pensamento digamos,o último pensamento que o Sasuke teve depois de morrer. A mulher com quem falava era Ino, mas, era uma ilusão, visto que, a loira não morreu. Não podia encontrar-se realmente com ele. Ino simplesmente assistiu á cena.
Ela foi simplesmente um sonho que ficou por realizar. Até um dia. :-)
Enfim...
Só espero qe tenha gostado!
Não esqueçam dos vossos reviews que amo e adoro! ♥
Beijinhos,
Cari.