Um mês depois ...

- Lovato! – repreendeu minha melhor amiga, antes da voz ser abafada. – Aaagh, se eu te pegar.

Desloquei o olhar observando a figura morena de Miley dentro da piscina, onde se encontrava ligeiramente brava demais para sair e a imagem risonha de minha namora ao lado de fora, exibindo seu sorriso contagiante.

- De novo? – zombou Emily entregando uma pequena garrafa de refrigerante de cola para Demi, que apenas acenou a cabeça em positividade. – Eu disse para não ficar tão distraída, Miley.

- Ninguém joga uma Cyrus na piscina e sai ileso. – avisou a morena lutando para sair das propriedades do grande buraco.

- Já é a terceira vez que diz isso. – riu Demi abrindo a garrafa de plástico.

- Quarta. – corrigi recebendo um olhar mortal de Miley. – Ok, parei.

- Sua namorada esta morta Selena. – Miley passou ao lado de Demi, os olhos focados desafiadoramente nos dela.

Ri voltando a minha concentração antes atrapalhada, fazendo logo o sorriso desaparecer.

Foquei meu celular onde a tela avisava uma mensagem recebida.

“Saudades filha. Vou pegar o avião talvez amanhã.”

Sorri quase forçadamente ao ver o nome do contato: mãe.

Os três meses já estão praticamente esgotados e na época que pensei estar animada por voltar a New Jersey e reencontrar todos, a única coisa que sai de mim é um suspiro cansado. 

As saudades de minha mãe me matavam e, as vezes, me pegava na segunda hora numa conserva por telefone. Mas aqui era tudo o que procurava e queria, onde me senti completa e finalmente... em paz.

Embora a briga com minha irmã não ajude quando o pensamento de paraíso chegasse em mim uma outra completava o vazio: Demi.

Observei quase surdamente a cena de minha namora pegar uma Miley desprevenida pelas costas a jogando pela quinta vez na piscina, arrancando um urro bravo da mesma. As gargalhadas encheram o ambiente e não consegui conter a minha com a cena da garota morena e molhada correndo atrás da de cabelos negros.

Miley nunca consegue pega-la, pensei ao ajeitar os óculos aviadores de sol em minha face.

Sentada naquela espreguiçadeira, num momento construído para o relaxamento, sentia medo.

Medo de minha volta, de minha ida, dos meus reencontros, dos meus encontros, do meu coração deixado para trás e já projetando a despedida com todos.

Não queria ir, mas não podia ficar.

Minha mãe viajaria para ficar ao meu lado na viajem mais importante: a minha volta. E não consigo imaginar a expressão em seu rosto quando der a noticia que não votaria.

Não. Eu iria voltar e sabia que Demi ficaria bem com minha decisão até porque já a deixei ciente de tudo e, embora eu estivesse em prantos, ela simplesmente sorriu e me assegurou que ficaria bem. Que nós ficaríamos bem.

Não seria a distancia a separar um relacionamento tão bom quanto o nosso e isso também saiu de sua boca, junto com a palavra mais forte que já usara para descrever nossa relação: o verbo adorar. “Você tem um pedaço muito grande de meu coração, eu te adoro.” Foram suas palavras.

Mas mesmo sabendo que ficaríamos bem a distancia me atrapalhava. Não queria trocar fotos e vídeos, e sim construir tudo com ela. Ao seu lado.

- Pare. – repreendeu uma voz perto demais.

- Que susto. – sorri dando um espaço da espreguiçadeira que logo foi tomado pelo corpo ligeiramente preocupado de minha namorada.

- Sei no que estava pensando, e pare. – repetiu. – Não gosto quando fica triste.

- Não estou triste. – tentei mentir sabendo que fracassaria.

- É claro, acredito em você. – ironizou arrancando um sorriso verdadeiro de meus lábios. – Aaah, agora sim.

- Qual seu problema? – bati brincalhonamente em seu braço.

- Você. – respondeu. – Não é um problema ruim, mas é você.

- Linda. – biquei sua bochecha.

- Não tente mudar de assunto. – apontou um dedo autoritariamente para mim. – Nós vamos ficar bem.

- Mas New Jersey não é perto. – suspirei ao admitir a culpa.

- Nem longe. – pegou mais mãos. – Esqueça isso por enquanto ok? Aproveite os últimos dias porque são merecidos.

Sorri novamente ao receber um beijo demorado da mesma.

Subi encima de Demi, sentando-me em sua barriga.

- O que esta fazendo? – perguntou confusa.

- Esquecendo tudo. – mordi seu lábio inferior. – Me ajuda?

Não esperei sua resposta rápida, sabendo que com ela viria um novo jogo de flertes.

Seus dedos pousaram gentilmente em minhas coxas expostas pelo biquíni numa caricia fofa com o polegar. Fazia do beijo continuo segurando em seu pescoço negando qualquer movimento que não seja em meus lábios.

Meu coração estava tão acelerado sem motivo, o que fez minha atenção ser ligeiramente dispersa do contato. Não tinha mais aquele medo de mostrar o que sentia, mas isso ainda me fazia ficar desconfortável.

Toda explicação para essas sensações estranhas estão tão próximas de mim, mas não consigo agarrá-las. Como se algo me impedisse ou simplesmente a negação estivesse atuando tão inconscientemente que escondesse tudo.

- Pegação. – gritou a voz risonha de Emily fazendo-nos dispersar.

- Engraçada. – zombei.

- Gosto desses óculos. – disse ao pega-los de mim e vestindo na base do nariz. – E ai?

- Quente. – admiti parando-a quando senti o movimento de mãos que ameaçavam tirar as lentes escuras. – Não, fica.

O sorriso malicioso em seus lábios foi escondido pelos meus repetindo os mesmo movimentos que me causavam borboletas no estomago. Os dedos agora roçando em meu abdômen.

Nobory Pov

Taylor vomitaria em pressão sobre a cena se não fosse Selena, que a salvava.

Suspirou tomando um gole longo no copo em suas mãos, focando novamente a cena da sacada de sua casa.

Selena sobre sua namoradinha, Lovato.

Poderia até tentar prestar atenção nos movimentos da morena que fazia seu coração acelerar para reproduzi-los em seus sonhos se não fosse pela força que aplicava na tentativa falha de tirar os olhos do corpo esbelto vestido num biquíni.

Lovato parecia estar gostando do toque sexy de Selena e Taylor reparou, a raiva começando a brotar novamente.

Selena merecia tudo do melhor, tudo o que o mundo há para oferecer e Demi não podia proporcionar isso não só pela incapacidade mental, mas sim porque na cabeça de Taylor... ela simplesmente não era perfeita.

Nem ela era perfeita para Selena, mas era melhor que a de cabelos negros pois se em algum momento seu pensamento concreto visse estar errada mudaria completamente o jeito. Se Demi fosse melhor que Taylor, a loira veria e as deixaria em paz.

Taylor daria tudo para estar embaixo do corpo da morena agora. Daria tudo para ter seu coração nas mãos e ter o prazer de cuidar melhor que o próprio.

Um estalo é ouvido pelos tímpanos quase surdos da loira, pelo pensamento prolongado.

O copo, já vazio, estava quebrado em suas mãos. Os cacos grandes demais para cortar assustaram a garota, que logo sorriu com o pensamento do coração de Demi em suas mãos. E, como se lesse seu pensamento, seu celular vibrou no bolso; o identificador brilhando com o nome que mais queria ver depois do amado “S”: Vanessa.

- Pronta loira? – perguntou sem hesitação.

- Perfeitamente pronta. – sorriu dando uma ultima observada das garotas da casa ao lado.