True Life escrita por JoyceSantana


Capítulo 3
reconciliação?




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– Nick, cadê você, velho? – murmurei procurando por todos os lados.

Não o achei em lugar nenhum. Eu não iria ficar ali, então resolvi arrumar uma carona. Fui até o lado de fora e avistei Lauren, a garota que conversou comigo no bar. Como eu ia pedir algo depois do fora que dei nela? Essa menina colocava as pessoas na saia justa sem perceber!

– Olá garotas! – cheguei na maior cara de pau. Apenas suas amigas sorriram de volta, elas estava de costas para mim.

– Senhor Complicado! – disse ao me reconhecer – Então, pensou na minha proposta de dançar?

– Na verdade... – suas cantadas eram um tanto cretinas – Eu queria ir embora, essa festa já deu pra mim... Podem me dar uma carona?

– Claro, entra aí. – disse ela abrindo a porta do passageiro e entrando. Rapidamente fui para o banco de trás.

Eu percebi que as amigas de Lauren não sabiam disfarçar. Na verdade, ninguém daquele carro sabia. Elas me olhavam com tanto desejo frustrado que fiquei com pena. Elas eram todas lindas, mas eu já tinha uma garota para desejar frustrantemente.

– É aqui. – quebrei o clima ao indicar meu prédio.

Desci e ouvi uma porta se fechando além da minha. Virei e vi Lauren na minha frente.

– Então você mora aqui... – disse ela checando o prédio com as mãos no bolso de trás da calça.

– É...

– Bom saber. – olhou para mim.

– Eu já vou, então. – falei depois de um silêncio inesperado.

Ela assentiu e veio em minha direção, segurou na minha cintura e me deu um beijo no canto da boca.

– Só não te convido para uma festa porque sei que vai dizer não e eu não curto dois foras em uma mesma noite do mesmo cara. – sussurrou em meu ouvido e se afastou para seu carro – Tchau!

Acenei para ela e entrei em casa. Minha mãe já estava dormindo. Olhei no relógio, 23:30. Fiquei pouco tempo lá, mas foi o bastante para tornar-se insuportável. Tomei um banho e fui dormir, pois tinha escola e trabalho no dia seguinte.

Acordei atrasado para a escola outra vez. Vesti qualquer coisa e arrumei o cabelo no caminho. Eu até passaria na casa da Mel, mas o clima entre a gente ainda não estava bom.

Levei uma advertência por chegar atrasado pela terceira vez mas não me importei. Naturalmente, procurei Melanie por todos os lados, mas ela não estava lá. Estranhei por ela ter faltado, já que era conhecida como a “frequência perfeita” da escola.

Na hora da chamada, até o professor estranhou sua ausência:

– Melanie!

– Faltou. – falei escrevendo no caderno.

– Sério? Nossa... – murmurou marcando a falta na caderneta – Sabe porque ela faltou, Derek? Você são tão próximos...

Os 29 alunos restantes começaram a me provocar com insinuações sobre eu e a Mel. Apenas os ignorei e falei para o professor:

– Não, não sei de nada. – o resto da aula foi normal.

Quando acabou a escola fui direto para casa, afinal tinha que trabalhar. Eu trabalhava no shopping local, numa loja que vendia materiais esportivos. Se eu não tinha visto Melanie na escola de todo jeito eu a veria no shopping, ela trabalhava numa cafeteria lá também.

Cheguei em casa, almocei e me troquei rapidamente. Minha mãe já tinha cumprido seu horário de almoço, então eu estava sozinho.

Depois de me trocar, escovei os dentes e arrumei o cabelo com a mão mesmo. Antes de sair, chequei a caixa postal:

...– parecia alguém apenas respirando no telefone, como se quisesse falar alguma coisa mas não conseguia. Esperei por algo mais claro –Tu, tu, tu...

Fiquei intrigado. Procurei pelo identificador de chamadas para saber quem era.

Petrifiquei quando finalmente reconheci o número. Aquela respiração era de Melanie. Era ela que queria falar algo mas não conseguia. Saí correndo de casa ao ver que tinha perdido muito tempo.

– Oi Derek! – disse Rachel enquanto batia seu ponto. Ela sempre gostou de mim.

– E aí, Rach. – bati meu ponto e ela sorriu abertamente – Deixa eu ir agora senão eu levo uma bronca.

Ela assentiu ainda sorrindo e eu assumi meu lugar atrás da bancada. A loja era bem enfeitada, as paredes lembravam um campo de futebol com o papel de parede de grama e atrás de onde eu ficava tinha um gol enorme, com rede e tudo.

Olhei para o relógio, 14:00. Era o horário de Melanie na outra loja. Quando a vi batendo seu ponto e entrando respirei mais aliviado.

Enquanto ela me olhava de relance do outro lado – as escadas rolantes separavam nossas lojas – eu mantinha meu olhar fixo. Será que ela não iria falar comigo? Nem acenar? Nem tentei nada, não queria ficar no vácuo.

Quando o primeiro cliente entrou, interrompi os olhares rapidamente, não queria queixas de clientes na caixa de sugestões. De novo.

– Moço, tem o tamanho 39? – disse um garoto experimentando uma chuteira e vendo que tinha ficado pequena.

– Vou lá ver no estoque, ok? Segura aí. – levantei e olhei para a cafeteria, como de costume.

Fechei a cara ao ver que Johnson tinha ido visitá-la. Como não tinha ninguém na cafeteria eles estavam trocando carinhos e carícias. Johnson até extrapolava um pouco na mão boba mas Mel afastava-a. Ao ver que eu estava olhando, Melanie o empurrou brutalmente, deixando-o confuso. Olhei para o chão frustrado e segui para o estoque meio desorientado.

Depois de vender a chuteira para aquele garoto fiquei olhando a Mel, como sempre. E então ela saiu, seguindo para a praça de alimentações. Eu precisava falar com ela, pelo menos um cumprimento.

– Rach! – chamei-a na loja ao lado, que veio correndo com o sorriso rotineiro – Tem alguém aí na loja?

– Não, porque? – perguntou curiosa.

– Eu estou com sede, pode olhar aqui um pouco enquanto eu vou ali na praça de alimentações? Vai levar dois segundos.

Ela nem esperou eu terminar de falar e soltou um “Claro, vai lá!”. Sorri abertamente e corri até lá. Procurei Mel por todos os lados até encontrá-la num restaurante fast-food.

– Não vai nem me dar um oi? – perguntei sem olhá-la tomando posse de um cardápio.

– Oi. – disse friamente – Uma água, por favor. – falou desta vez docemente para a garçonete.

– Eu quero o mesmo. – aproveitei o pedido e voltei para Mel – Porque não foi na escola? Fiquei preocupado.

– Tão preocupado que nem se importou em me visitar. – riu sem humor – Acordei indisposta, se quer saber.

– Deve ter bebido na festa ontem, não é?

– Só um pouco. – respondeu colocando o cardápio no lugar e as mãos no rosto.

Fiz um gesto para a mulher dos pedidos apressando a primeira garrafa de água. Ela logo me atendeu e eu a peguei.

– Vem, vamos sentar ali. – apontei para um sofá ali perto. Ela assentiu e fomos.

Abri a garrafa de água e coloquei-a em sua mão, incentivando-a a tomar um gole. Ela tomou e sorriu fraco para mim.

– Você me trata como se eu fosse uma menininha de três anos. – disse referindo-se ao meu gesto com a garrafa.

– Para mim, você é. Agora bebe. – empurrei a garrafa novamente.

Percebi que um casal adulto nos olhava discretamente e sorria. Tentei adivinhar o que estavam pensando:

– Acho que aquele casal pensa que somos namorados. – sussurrei em seu ouvido apontando discretamente. Ela os viu e sorriu contida.

– Não vamos dar a ideia errada, né? – sussurrou de volta e levantou. Fiquei sentado por alguns segundos digerindo aquilo – Vamos? Estamos em horário de trabalho, não acho que o chefe vai gostar de ver os funcionários passeando.

– É... Pegação na cafeteria também não. – comentei referindo-me ao acontecido na cafeteria com Johnson. Ela fechou a cara querendo dizer “Não começa!”. Eu apenas ergui as mãos em rendição – Desculpa. Vamos.

Paguei a garrafa de água e ignorei a outra. Segui Melanie em direção às lojas.

– Quer ir embora comigo hoje? – perguntei com o braço entrelaçando seu ombro.

– Claro! Veio de carro? – perguntou com os olhos fixos numa vitrine.

– Haha, não. Se não quiser andar, só de ônibus. – falei num tom consolador.

– Ou de cavalinho!

Não entendi sua última fala até sentir seu peso em minhas costas. Segurei suas pernas rapidamente e ela entrelaçou meu pescoço. As pessoas nos olhavam estranho mas quem disse que ligávamos? Tive que ir até sua loja, já que não queria descer de jeito nenhum.

– Desce logo, Melanie!

– Na-na-ni-na-não, só lá dentro. – disse quase me enforcando. Tirei suas pernas que estavam cravadas na minha cintura e ela desceu.

– Até depois, então.

Disse e comecei nosso toque. Diferente dos que aparecem por aí, com tapas na mão ou soquinhos, nosso toque era simplesmente um simples beijo na testa de cada um. Eu beijava sua testa facilmente, mas como era alto tinha que abaixar um pouco para que o toque pudesse ser completo.

Me despedi e fui para minha loja sorrindo feito um bobo. Nem liguei para a leve bronca de Rachel por ter demorado tanto, apenas agradeci meio avoado e corri para atrás da bancada.

Depois de um dia tedioso e longo, era o fim do meu período. Assim como todos os dias, meu chefe chegou lá para fazer a relação de vendas do dia, fechar o caixa e checar a quantidade de produtos no estoque. Me perguntava toda vez sobre o movimento, as vendas... Minha resposta era um “tudo ótimo” mecanizado.

Melanie sempre saía primeiro, e desta vez não foi diferente. Foi até me buscar!

– Senhorita Parker! – ouvi meu chefe dizer animadamente e levantei a cabeça intrigado.

– Apenas Melanie, sr. Morgan. Como vai? – perguntou arrumando a alça da bolsa no ombro.

– Tudo ótimo, veio buscar o Derek?

– É, vim buscar este lerdinho aqui. – respondeu chegando perto e me dando um peteleco.

– Eu não tenho culpa se as pessoas não sabem colocar os sapatos nas caixas!

– Arruma isso logo, preciso falar com você. – pronunciou a última frase em um tom mais baixo e discreto.

Tratei de acelerar a arrumação, talvez até colocando pares em caixas erradas. Me despedi do sr. Morgan e chamei Mel para irmos embora.

O começo do percurso foi silencioso, até meio constrangedor. Eu via que Mel tentava achar as palavras certas para começar a conversa. Esperei intrigado com a cabeça baixa.

– Derek? – ela começou, levantei a cabeça – Johnson me fez uma proposta.

– O quê? – perguntei assustado.

– Ele quer que eu viaje com ele, uma pousada em Pittsburgh.

Minha expressão desfaleceu no mesmo segundo. Do jeito que eu – e muita gente – conhecia Johnson, Mel seria obrigada a dar um passo a mais no namoro.

– E você vai? – perguntei com a última gota de auto-controle.

– Bom, - aquilo já valia como resposta – semana que vem terá um feriado prolongado... Eu estou precisando de um descanso e Pittsburgh é um lugar ótimo.

Ela disse sim. Eu não estava acreditando. Olhei para o chão frustrado e ela percebeu.

– O que foi? O que o Johnson fez para essa implicância toda?

– Nasceu... – murmurei irritado.

– O quê? – perguntou confusa.

– Eu só não gosto dele! Não acho que ele é a pessoa certa para você. – temi ter extrapolado nas palavras.

– E você não acha que deveria me apoiar independente de minhas decisões? – sua frase tinha um tom retórico mas nem liguei.

– Sim, desde que estas “decisões” sejam inteligentes. Johnson não é uma decisão inteligente. – e não era mesmo.

Ela parou de andar e me lançou um olhar bravo. Logo andou rápido e nem se deu o trabalho de me esperar.

– Foi você que perguntou, pra começo de conversa! – gritei em defesa.

– Vai se ferrar! – gritou em resposta.

Estranhei seu ato e a vi sumir nas ruas da cidade. Respirei fundo e fui embora me xingando profundamente.



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Notas finais do capítulo

ok, ai está mais um capítulo!
acho que se essa fic fosse movida a reviews eu já teria apagado... e já pensei nisso. Nenhum ;/
Mas tem um pessoa que está acompanhando, e, se você estiver lendo isso, é por sua causa que eu estou postando. É você que está me motivando. Obrigada e não me deixe haha
Espero que apareça alguém, a fic tá tão legal...
Amo vocês!



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