Voleur Sinderella escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 18
Capítulo 18 - Bottle It Up


Notas iniciais do capítulo

E aqui está um capítulo quentinho! Passei a tarde toda nele, espero que gostem e mandem reviews (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/168359/chapter/18

Auckland, Nova Zelândia. 3 de novembro.

A manhã daquele dia foi clara e simples apesar dos gritos incessantes de Maxine Oitava. Cada vez mais os berros e as exigências atolavam nos ouvidos de Charles que, para cumprir todas as demandas, faltava mais à faculdade. Principalmente naquele dia, logo após o almoço.

- Charles, querido, o que pensa que está fazendo ultimamente?! – ela arranhou a garganta, jogando o jornal em cima da mesa que ele limpava. – Se tem tanto tempo para aparecer assim, certamente tem tempo para lavar meu carro, não é?! E que tal ir comprar novos estofados para ele, o couro rasgou ontem. E que tal cortar melhor a grama e a cerca viva?!

Ele passou por cima do que ela falou e pegou o jornal. Havia uma foto com ele e Ian fugindo dos fotógrafos e uma matéria boba de fofoca falando sobre Dannika.

- Sim senhora, minha boa madrasta. – falou ele com sarcasmo.

- Não pense que acabou! – Maxine continuou a gralhar – Eu encomendei novos porta-retratos e molduras numa loja no centro, quando as encomendas chegarem troque todas as fotos, inclusive a maior do hall de entrada.

A maior era quase um quadro de 1,20m de Maxine seminua com várias penas de ganso ao redor. Fora ele, devia haver quase 50 porta-retratos espalhados pela casa, em cima de prateleiras ou pendurados nas paredes.

- Sim senhora...

Quando assentiu, foi caminhando lentamente para a pia da cozinha apenas escutando os passos apressados do salto pesado de Maxine. Por um segundo ele respirou sem pressão. Até que Rhonda e Rose chegaram com mais barulho ainda.

- Cãozinho, faz aquele chá vermelho pra mim. – Rhonda ordenou, sentando-se com os pés descalços em cima da mesa de vidro.

- Eu também quero! – Rose disse animada.

Ele olhou por cima dos ombros, vendo a cena das duas garotas começando a brigar pelo controle da televisão.

- Não esqueçam que ele é doce demais, e vocês tem que se alimentar melhor. – Charles soltou um risinho, mas acabou abrindo a prateleira mais próxima e começando a preparar com calma o chá.

Ligaram a televisão e começaram a passar os canais aleatoriamente. Ele pensou que Rhonda estivesse com o controle, como de costume.

De repente, Rose berrou:

- Ei ei! Volta dois canais! Acho que a Dannika Jewel apareceu!

Ele retorceu a espinha rapidamente, vendo de canto a televisão também.

- “A modelo internacionalmente famosa, Dannika Jewel, passou a noite da sexta, dia 2, para sábado, hoje, internada no Hospital Saint Lourent localizado no centro de um dos bairros mais famosos de Auckland. Seus médicos afirmaram ter contrato de sigilo sobre o motivo da internação, mas sua agente afirmou que tudo será esclarecido durante a coletiva desta noite.” – a repórter falava, mostrando imagens da frente do hospital e da multidão de jornalistas e papparazis a procura de uma brecha na segurança.

Tudo parecia normal, até que rapidamente Charles apareceu tentando sair pela porta principal de Saint Lourent acompanhado de Ian, fugindo de câmeras e microfones.

Rhonda pausou a televisão de imediato, focando na imagem do rapaz.

- Eu-não-a-cre-di-to! – Ela e Rose disseram em uníssono e com as bocas dramaticamente abertas.

As duas praticamente voaram para cima de Charles, encostando-se na pia com ele, uma de cada lado.

- O que estão fazendo? – ele murmurou, se fazendo de desentendido.

- Como assim você estava no mesmo hospital que a Dannika Jewel?! – Rhonda berrou, batendo no braço do rapaz.

Ele deu entre ombros.

- Cãozinho, não minta para nós! – Rose de recostou nele – Sabemos tudo sobre você! Sabemos quando você mente!

“E como sabem!” ele pensou, rindo sozinho.

As duas bateram no braço dele, indignadas.

- Não é nada, ela é só uma amiga de infância minha... – Charles admitiu sem maldade.

Seus queixos caíram e, mais uma vez, bateram nele.

- COMO ASSIM?! E você nunca nos apresentou ela?! Que tipo de cão é você?! – Rhonda bateu os pés no chão com fúria.

- Apresentar vocês?! Eu não a vejo há quase dez anos. Achei que vocês duas fossem se lembrar dela... – ele disse, dando uma leve pausa. As duas, entretanto, não o responderam. – Vocês não fazem idéia de quem ela é?! Quando Maxine casou com meu pai, ela era minha amiga.

Além dos queixos e das bocas abertas, seus olhos saltaram para fora das órbitas, seguindo gritos esganiçados.

- Ela era aquela menina que vivia com você?! – Rose pulava sacudindo as mãos – Ouviu isso, querida irmã?! Nós conhecemos Dannika Jewel quando ainda éramos pequenas!

- Imagina se ela resolve chamar a gente para essas festas incríveis que ela dá?! Consegue imaginar?! Nós duas chegando numa limusine com vários fotógrafos nos seguindo e perguntando de quem são os nossos vestidos!

- E melhor! Dannika de mãos dadas conosco, apresentando os amigos modelos!

- Nós vamos para a França e para a Inglaterra com ela! Com a nossa Dandan! – Rhonda passava as mãos pelo cabelo. – Então eu conheço meu futuro noivo, Príncipe Harry, e nossa madrinha será Dannika Jewel!

E começaram a gritar, arrancando risos de Charles como há muito ele não ria.

- Do que está rindo? – Rose se acuou entre os ombros.

- É, do que está rindo, cãozinho?! – já Rhonda rosnou.

 -Não estou rindo de nada! Nada! – ele continuava rindo – Podem continuar com... A visão do futuro se vocês!

Charles tentou afanar o riso, principalmente depois que Rhonda se aproximou dele lentamente com um olhar pretensioso no seu rosto fino.

- Cãozinho, qual é exatamente a sua relação com Dannika Jewel?! – ela murmurou, apontando os dedos magros e compridos para o peito dele.

Rose veio logo atrás, abrindo os olhos de curiosidade.

- Se é o que está pensando, não há nada entre... – mas antes que ele pudesse terminar a frase, sentiu o celular antigo vibrar no bolso de sua calça. De imediato ele o pegou, pensando ser Marianne. – nós...

Quando viu o nome escrito na tela, Charles se assustou. Não pensou que fosse possível aquilo acontecer.

- Quem é, cãozinho?! – Rhonda bufou, tomando o celular para si e tomando um susto ao ver a identificação da ligação. – Me diga, desde quando você conhece Claire Perrault?!

.

Alguns instantes antes...

Claire Perrault olhou através do vidro e viu uma imensidão. Auckland estava ainda mais bela com aquele clima de frio, poucos pingos de chuva e quantidade bela de nuvens no céu. Não queria estar em casa, e toda vez que queria passar o tempo pensando apenas ia parar ali: Sky Tower.

Lá de cima era quase possível ver um mundo, quase a cidade inteira. A altura fazia extremamente bem à moça.

- Matando o tempo? – Allen pigarreou ao lado de Claire, que tomou um ligeiro susto.

- Você gosta muito de quebrar o meu clima de tranqüilidade, não é, Torrance?! – ela sorriu para a amiga. – O que está fazendo aqui?

Allen revirou os olhos e passou a mão nos cabelos dourados.

- Um cara me chamou para tomar café da manhã no bistrô daqui. Gostei da comida, odiei o cara. E você, onde está seu noivo?

- Não tão longe quanto eu queria. – Claire falou e a outra assentiu com a cabeça.

- Quer dizer que veio sozinha outra vez? Amiga, eu sei que você gosta de vir para cá e tudo mais, mas isso está começando a me assustar. Nunca achei que você fosse meio altista, sabe.  – Allen dramatizava, batendo a cintura na de Claire.

A moça riu.

- Também não queria estar sozinha, então para!

Allen apenas franziu as sobrancelhas, indagando:

-Pra quem você quer que eu te convença a ligar?!

- Como assim?! – Claire riu, recostando-se na barra de segurança que havia.

- Claire, eu te conheço e não é de agora. Se você quer que eu saiba de algo você faz esse joguinho. Se você não quer que eu saiba de algo, simplesmente disfarça. – Allen disse sorrindo e também se recostando de costas na barra – Vamos, desembucha, pra quem é?!

 - Posso fazer pelo menos um discurso para provar minha inocência, Srta. Torrance?! – Claire riu-se e a amiga assentiu com um movimento de cabeça – Era uma noite bela e estrelada quando a pobre Claire Perrault aceitou se casar com Paul Wolfgang – e no segundo que pronunciou o nome do noivo, fez cara de vômito – e, desde então, viveu diversas emoções. Seu pai foi roubado, seu grande amigo está ficando depressivo e sua melhor amiga admitiu que só se interessa por caras bonitos e sem cérebro.

- Isso não é totalmente verdade, mas prossiga. – Allen reclamou.

- É assim que a pobre coitada Claire encontra um cara que lhe pareceu extremamente bipolar e que se ofereceu para ajudar seu amigo, Rato. – nesse momento, Allen revirou os olhos já imaginando do que se tratava o discurso – Esse cara se mostra insuportável e idiota, até que ela começa a conversar melhor com ele. Então, Claire Perrault, tadinha, começa a se interessar pelo rapaz, sem se lembrar de que está noiva.

- Agora me diga, foi um interesse momentâneo ou surgiu a curiosidade e um pequeno desejo de conhecer melhor o indivíduo? – Allen falou levemente e recebeu um sorriso da amiga como resposta. – Tadinha. Pobre coitada da Claire Perrault.

As duas começaram a rir.

- E então, espero ele me ligar? – Claire falou, desencostando-se da barra.

- Com certeza, amiga! Você já foi desesperada demais da última vez para marcar um encontro e ele ainda mudou o dia, te deu um fora legal!

Claire revirou os olhos e começou a andar para dentro da Sky Tower outra vez. Parecia um shopping ali dentro, cheio de restaurantes e lojas, fora a vista magnífica pelas janelas.

 - Antes eu não estava nem um pouco interessada nele, na verdade não queria vê-lo nem um pouco. Mas, fala sério, ele é bonito de verdade. – falou ela antes de pegar a escada rolante, sendo seguida por Allen.

- Amiga, eu apoio totalmente isso de você querer sair com ele outra vez porque eu o achei uma gracinha. Agora, só lembrando você de um pequeno detalhe, você tem um noivo. Um noivo que não te ama e não quer saber de você, mas é um noivo.

- Não vou reclamar, ele pode não ser o melhor cara do mundo, mas é um bom noivo... Ou se mostrou ser até agora. – ela pegou o celular ao sair da escada e parou num lugar, olhando fixamente para ele – É melhor mesmo não ligar. Vai que meu pai descobre.

Allen pegou o celular da mão de Claire de uma vez, rindo.

- Nunca disse para você não ligar. Quis dizer que você tem um noive e tem que ser acobertada pela minha pessoa! – ela disse, andando no meio do corredor com o celular na mão. – Charles Gareth, certo?

Claire bateu no próprio rosto e seguiu Allen até que esta parou de andar e jogou o celular para Claire de uma vez, fugindo logo em seguida.

- Alô?! – ela ouviu o som da voz do rapaz no celular vindo claramente. Era um pouco rouca, mas era a voz dele.

Rapidamente, um frio subiu pelas pernas de Claire, antes que ela mesma pudesse responder.

- Alô, Charles?! Desculpa ter ligado essa hora, foi uma amiga minha que tentou ligar para o namoradinho dela, mas ligou para você, que atendeu antes que eu conseguisse desligar. – ela riu, tentando disfarçar.

- Ah, entendo... Então não vou ocupar a linha, ela deve querer ligar para o namorado, certo?!

- É, tem razão. – mas antes que pudesse desligar, ela respirou fundo – Mas, aproveitando que estou falando com você, eu estava pensando que a gente tem que terminar aquela conversa sobre o Rato.

- Alguma novidade?! Ele falou com você?

Por um instante, Claire ficou quieta.

- Não, ele ainda não falou comigo. – ela falou com um tom de conformidade, apenas esperando que ele prolongasse a conversa.

- Huum, sei. É, podemos marcar algum dia, mas agora não é a melhor hora, desculpe-me. – ele estava tentando não ser indelicado, estava claro demais isso.

- Conversamos sim. Até a próxima...

Ao desligar o telefone, suspirou pesadamente, pensando apenas em matar Allen com suas próprias mãos.

Pegou novamente o celular e discou números rapidamente.

- Wallace, preciso que mande um carro me buscar aqui na Sky Tower. Diga também para o Sr. Wolfgang que vou almoçar com ele e com o Cloud.

- Sim, senhorita. Por sinal, seu pai pretende convocá-la para a reunião das 16h, devo comunicá-lo da sua disponibilidade?!

- Diga a ele que estarei na sede da empresa na hora, obrigada.

E lá estava ela novamente só. Pensou em ligar para Allen e pedir para ela voltar ali, mas tinha que deixá-la um pouco. Rato seria a melhor opção para chamar para fazê-la companhia, mas ele estava cada vez mais estranho.

“Tenho que me lembrar de falar para o Charles que encontrei com Rato no hospital...” ela pensou, mas rapidamente sacudiu a cabeça “Eu não vou voltar a falar com Charles tão cedo. Não tem nem mesmo um motivo para ele saber que Rato encontrou a Dannika!”.

Sentiu até um pouco de vontade de encontrar com ele, Charles Gareth. Sentia que era uma boa companhia. Ela tinha realmente gostado da conversa que tivera com ele, era como se já o conhecesse... Mas aquela não era hora para falsos sentimentos nostálgicos. Acabou por conter o interesse pelo rapaz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bottle It Up é uma música da Sara Bareilles (: engraçado foi que eu estava escutando ela e já tinha terminado o capítulo com essa história de "conter o interesse"... Bottle it up é uma expressão para "conter" haha, ficou tão bonitinho!
Não esqueçam das reviews, leitores lindos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Voleur Sinderella" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.